segunda-feira, 15 de julho de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 15 - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capitulo 15 – Revelação

Verônica subiu para o apartamento. Seu irmão Fabrício tinha passado dos limites novamente. De repente, o pai de Verônica, Dr. Eduardo entrou, voltava do trabalho. Verônica, percebendo a presença do pai, levantou-se e foi ao seu encontro.
— Pai, por que voltou tão cedo? Ainda são três horas da tarde.  – perguntou, lembrando-se, logo em seguida, da ligação que recebera do pai naquela mesma manhã.
— Fabrício chegou? – perguntou ele sem que respondesse à pergunta da filha.
— Sim, ele estava na academia do prédio... Eu vou chamá-lo. – disse, indo em direção à porta, mas vendo Fabrício entrar logo em seguida.
Eduardo olhou para o filho com olhar de poucos amigos.
— Venha para o escritório. Preciso conversar com você. – disse, se retirando.
Fabrício continuou parado.
— Você não vai? – perguntou Verônica. – Ele realmente está irritado. Se você demorar muito, eu não sei o que vai acontecer...
Fabrício respirou fundo.
— Infelizmente, eu tenho que enfrentá-lo.
Verônica parecia preocupada.
— Você não vai brigar com ele de novo, não é? Prometa que vai fazer o máximo para não entrar em conflito com ele.
— Mana, eu não posso prometer isso. – disse, enquanto se dirigia para o escritório do pai.
Não demorou muito para que Fabrício se encontrasse em pé em frente à mesa do pai. Eduardo pegou um papel e colocou na mesa para que Fabrício pudesse ver.
— Você sabe o que é isso? – perguntou o pai, olhando sério para ele.
Fabrício olhou de relance.
— Um extrato bancário.
— E o que você tem a me falar? – perguntou Eduardo, tentando manter a calma.
— Sobre o que exatamente o senhor quer saber?
Eduardo se manteve sério.
— Fabrício, eu tenho suportado o seu mau comportamento em memória a sua mãe. Mas para tudo existe um limite.
— O senhor está irritado por causa de R$ 500.000? Desde quando dinheiro tem sido um problema para o senhor? – perguntou Fabrício em tom rebelde.
Eduardo que estava sentado, levantou-se irritado.
— Você sabe que dinheiro não é problema nessa casa! – disse, aumentando o tom de voz. – Mas, R$ 500.000 não é uma quantia que se possa gastar em um dia! Eu quero saber exatamente onde foi parar esse dinheiro!
Fabrício olhou desafiador para o seu pai.
— E se eu não quiser dizer?
Eduardo olhou para o filho impaciente.
— Então, terei que tomar algumas providências.
— Do que o senhor está falando? – perguntou Fabrício, não entendendo o que pai queria falar.
— A partir de hoje, você não vai receber nenhum centavo meu. E a conta que era de vocês dois vai ficar apenas para a sua irmã. Se quiser algum dinheiro vai ter quer trabalhar! Ou isso ou você me fala o que fez com o dinheiro.
Fabrício não esperava por aquilo, mas não era o tipo de pessoa que se deixava manipular facilmente.
— Faça como quiser. – disse ele, saindo e batendo a porta.
***
Passaram-se alguns dias, e já era uma sexta feira. Emanuela e Mariana passavam mais tempo no hospital do que em casa. As duas conversavam com o pai no quarto, quando alguém bateu na porta. Era Fabrício que havia passado para fazer uma visita. Depois de cumprimentar Rogério, ele e Emanuela foram para fora do quarto conversar.
— Não tive a oportunidade de lhe agradecer corretamente. Muito obrigada. – disse Emanuela, logo que saíram do quarto. – Você passou alguns dias sem vir... Desculpa pelo agradecimento atrasado.
— Eu tive alguns problemas pessoais, por isso que só passei por aqui agora. Mas, não precisa me agradecer.
— Claro que precisa. Você fez tudo isso por pessoas que mal conhece. O meu conceito de você mudou completamente.
Fabrício pareceu ficar um pouco sem jeito.
— Ah... E quanto ao tal do Fernandes? Ele apareceu novamente?
— Sabe que não? O que é estranho... Tenho medo que isso só seja uma calmaria antes da tempestade. Possivelmente, está preparando algum tipo de vingança.
— Não se preocupe. Isso não vai acontecer. – disse Fabrício seguro de si mesmo.
Emanuela estranhou aquela afirmação tão confiante.
— Como pode estar tão certo disso?
— Bem... – disse ele tentando consertar. – Já que ele não fez nada até agora, pode ser que esteja ocupado com seus próprios negócios.
Emanuela parecia pensativa.
“Fernandes não é assim. – pensou - Esse tipo de comportamento não é lógico e não condiz com sua personalidade. Será que aquela mulher tem a ver com ele? Também não. Fernandes não é do tipo que faz rodeios, ele sempre vai direto ao ponto. Então, aquela história é verdadeira? Não... É muito surreal para que seja verdade, a menos que haja um bom motivo para inventar aquela história incrível.”
— Emanuela? – chamou Fabrício, tentando chamar a atenção da garota. – No que estava pensando?
Emanuela sorriu.
— Nada demais.
De repente, Fabrício lembrou-se de algo. Tirou do bolso uma foto e estendeu-a a Emanuela. A garota pegou a foto surpresa.
— Essa foto...
— Uma mulher na boate me deu para lhe entregar.
Emanuela olhou curiosa para Fabrício.
— Quando você a encontrou?
— Ah... Eu a encontrei por aí... Na rua. Você sabe.
Emanuela pensou em dizer algo, mas conteve-se.
— Entendo. – disse por fim.
— Mas, você quer comer alguma coisa? – perguntou Fabrício - Bem, você já deve ter tomado o café da manhã, mas não faz mal tomar um suco agora, né?
— Tudo bem, vamos então.
 Quando Mariana saiu do quarto, ela ainda pode ver Emanuela se afastando com Fabrício. Sem perceber, ela suspirou.
— Se não quer que sua irmã descubra não deveria suspirar tão alto.
Mariana tomou um susto ao ver o Dr. Rafael ao seu lado.
— Dr. Rafael? Você sabia que pode matar as pessoas do coração assim?
Ele riu.
— Não, não se preocupe, você me parece muito saudável para ter problemas no coração. Mas, diga-me, o que aquela sua amiga decidiu? Ela vai desistir?
— Minha amiga? – perguntou confusa e lembrando-se da conversa anterior que tinha tido com o médico - Ah... Não é óbvio? A felicidade da sua prima-irmã está acima de qualquer coisa.
Rafael a observou pensativo.
***
Érica estava na mansão, quando Dr. Tarcísio saiu do escritório do Dr. Otávio. Ao passar pela sala, ele a olhou de forma que ela pudesse entender que queria falar com ela. Tarcísio saiu da mansão e foi acompanhado por Érica.
— Bem... – disse ele limpando a garganta. – Acabei de confirmar algo para o Dr. Otávio e como você queria saber também... Aqui está o resultado do teste de DNA. – disse entregando um envelope.
— Eu não quero esse envelope. – disse ela recusando - Acreditarei se me disser de forma simples e direta. Então, as suspeitas estavam certas?
Tarcísio pareceu um pouco constrangido pela forma tão direta de Érica.
— De fato, o que suspeitávamos estava correto. Mas, o que pretende fazer? Você realmente vai conseguir que as netas do Dr. Otávio venham de livre e espontânea vontade?
— É claro. Afinal, eu tenho uma incrível capacidade de manipular pessoas, não é?
Tarcísio riu-se.
— Não se superestime.
— Você é tão ingênuo. É claro que estou brincando. – disse ela rindo. – Mas, não se preocupe, possivelmente terei sucesso na minha missão.
— Você não me dirá o que pretende fazer?
Érica riu-se.
— Não seja tão curioso, Tarcisinho. – disse ela, pegando o envelope das mãos de Tarcísio. – Vou ficar com isso de recordação.
Érica entrou na mansão, enquanto Tarcísio a observava apreensivo.
***
André, depois da aula, foi à casa de Gabriel entregar alguns convites para uma festa que ia ter na casa de um amigo deles.
— Que tipo de festa é essa? – perguntou Gabriel, que estava sentado na sala com o notebook em seu colo.
— Não sei se você vai se interessar... É uma festa organizada pelos “velhos”... Você sabe, Black Tie e afins...
Gabriel riu.
— Não me diga que é quase que um encontro às escuras? Esse pessoal pensa que estamos em que século?
André deu de ombros.
— Bem, o fato é que o pai dele é diretor geral de uma multinacional... Com certeza quer um bom partido para o filho... Apesar de que eu concordo com você de que essa festa vai dar o que falar. Mas acho que a gente não perde nada indo. Pode ser que tenha umas gatinhas por lá... – e notando Gabriel muito concentrado no que estava fazendo. – Mas o que é isso que tanto faz? Já faz alguns dias que você está misterioso...
Gabriel olhou para o amigo.
— Estou criando um blog. Imagina como é o título dele?
— Não faço a mínima idéia. – disse André com pouco interesse.
Gabriel riu e virou o notebook para que o amigo pudesse visualizar. André tomou um susto.
— “O blog da princesinha”? – e olhando para Gabriel. – Estou desconhecendo você, cara! Por acaso resolveu mudar de time? Por que se for, por favor, me avisa, não quero que pensem...
 Gabriel fez cara de poucos amigos.
— Não é nada do que você está pensando não. – disse - Esse é um blog só para mostrar qualquer coisa que envergonhe aquela garota irritante.
André não entendia.
— Gabriel, acho que você está exagerando um pouquinho... Isso já está virando paranóia...
Gabriel riu sarcástico.
— Paranóia ou não, eu vou fazer aquela princesinha passar a maior vergonha da vida dela!
André compreendeu o que estava acontecendo.
— Isso tudo porque ela foi a única garota que não caiu a seus pés?
Gabriel pareceu discordar.
— Você acha realmente que me importo com isso? Isso tudo porque ela é irritante e precisa de alguém para lhe dar uma lição. E eu como um bom cara, vou apenas ensinar algumas coisas. Ela acha que pode esnobar quem ela quiser só porque é rica.
— Mas, você também é rico.
— Mas, não sou como ela. Ela é prepotente, arrogante, mimadinha e detestável. O tipo de garota que realmente detesto.
— Pois, para mim, sendo garota e bonita é o suficiente. Mas, você não está exagerando? Ela sempre me pareceu uma garota legal, apesar de ter uma personalidade um tanto forte.
Gabriel suspirou.
— Não, não estou exagerando. E não, ela não é legal. Conheço garotas legais e definitivamente não é legal.
— Ainda acho que está levando isso muito a sério... Mas, me diga, qual vai ser o primeiro post desse blog?
— Segredo, meu caro Watson, mas com certeza algo realmente interessante. E quando eu postar, não só você, mas toda a faculdade vai ficar sabendo. E isso é só o começo...
André riu, imaginando o real motivo de tanta aversão àquela garota.
***
Dr. Rafael encontrou-se por acaso no corredor do hospital com Fabiano.
— Como vai, Dr. Fabiano? – cumprimentou. – Não me diga que já foi visitar novamente a Bela Adormecida...
Fabiano não entendeu a piada do colega.
— De quem você está falando?
— De quem mais? Como é o nome dela... Ah, Rebeca! Um nome bonito não acha? Mas, não demonstre demais... Alguns médicos já perceberam o seu estranho interesse naquela paciente.
O Dr. Fabiano ficou um pouco constrangido.
— E por que não teria interesse? É um caso raro de perda de memória. E além de tudo, fui eu quem a operou, apesar de não ser mais o seu médico responsável.
Rafael sorriu.
— Não tente esconder de mim, Fabiano. Você é péssimo em falar mentiras. – e olhando discretamente para ambos os lados. – Mas, você sabe que não é muito ético esse tipo de relacionamento com pacientes...
Fabiano parou de repente.
— Você está imaginando demais, Rafael. Eu não tenho esse tipo de interesse naquela paciente.
Rafael deu de ombros.
— Tudo bem. Você pode continuar negando... Mas, só um conselho de amigo, enquanto ela for paciente desse hospital, seja um pouco mais discreto. Eu sei que você não tem más intenções, mas não acredite que os outros médicos vão pensar o mesmo...
Fabiano olhou para Rafael sério.
— Não se preocupe. Como eu disse, eu não tenho esse tipo de intenção.
Rafael deu de ombros.
— Ok. Não está mais aqui quem falou. Vou acreditar que você não sente nada por ela...
De repente, Fabiano sentiu um perfume familiar.
— Quem é ela? – perguntou uma voz feminina conhecida.
Os dois se viraram e viram Érica.
— Érica! – exclamou Rafael. – Há quanto tempo!
Fabiano olhou sério para Érica.
— O que está fazendo aqui em meu ambiente de trabalho? Não se esqueça que isso é um hospital.
Érica sorriu.
— Não vou me esquecer, meu querido... Mas, por que está tão irritado? Você não gostou da minha visita? Dessa vez, eu resolvi invejar um pouco a sua querida sobrinha... – e olhando para Rafael. – ...visto que ela também tem um motivo em especial para vir aqui.
— Você quer se comparar com a Viviane? – perguntou Fabiano impaciente. – Não faça isso, Érica, é ridículo na sua idade. – disse, se afastando.
Rafael olhou para Érica logo depois que Fabiano já não estava longe o bastante.
— Você não veio por ele, não foi? – perguntou ele.
— Do que está falando? – perguntou ela, fingindo não entender a pergunta do médico.
Fabiano suspirou olhando para Érica.
— Eu vi você marcando uma consulta com um especialista...
— Não fale nada! – Érica o interrompeu antes que ele continuasse. – A última coisa que eu quero é que alguém saiba disso. Além de tudo, não quero que Fabiano tenha pena de mim.
Rafael parecia um pouco impaciente.
— Não seja tão infantil, Érica. Pelo especialista que você procurou, o seu caso parece ser muito grave. – disse ele preocupado. – Não é algo que se possa esconder durante muito tempo.
Érica riu.
— Não se meta onde não é chamado, Dr. Rafael... – e um pouco mais séria. –  De qualquer forma, não estou aqui apenas para isso... E aproveitando que lhe encontrei, gostaria de uma informação.
— Que informação?
— Já que você sempre está dando apoio aos outros médicos, você deve saber... Por acaso, você sabe em que quarto está o paciente que é sempre acompanhado de duas irmãs gêmeas? Emanuela e Mariana, esses são os nomes.
Rafael ficou pensativo e curioso.
— Sei sim... Mas, porque gostaria...?
— Não se preocupe com isso. – disse Érica séria. – É algo de certa forma urgente. Pode me dizer?
— Bem, se você diz que tem alguma urgência... É o quarto 308.
Érica sorriu.
— Obrigada. Até logo, Dr. Rafael. – disse, se retirando.
***
Viviane, de repente, ligara para Verônica chamando-a para fazer compras. As duas estavam no shopping andando, enquanto Viviane olhava com interesse as vitrines.
— Viviane, você não acha que já compramos demais? – disse Verônica, parecendo um pouco desanimada, enquanto levava algumas sacolas.
Viviane olhou para Verônica intrigada.
— Demais? Claro que não. Você esqueceu que hoje é o nosso dia de comprar até ficarmos satisfeitas?
Viviane olhou para Verônica que estava com o olhar vago.
— Mas, o que aconteceu, amiga? Você sempre gostou de fazer compras comigo, por que parece tão desanimada? Assim não tem graça.
Verônica sorriu.
— Hoje, não estou com um bom humor...
— É para isso mesmo que servem as compras. – disse Vivi – Mas, me diga, o que aconteceu? Vamos ali conversar.
Vivi e Verônica se sentaram em um banco próximo à loja.
— É o Fabrício de novo... Brigou com o nosso pai novamente. Eu realmente não suporto ver isso.
— De novo?! – e um pouco indignada. – O Fabrício já está muito grande para fazer as pessoas ficarem preocupadas assim. – e como que mimando a amiga. – Minha Verônica nem está sorrindo mais. – disse fazendo bico.
Verônica sorriu.
— Só você, Vivi, para me fazer sorrir quando estou assim.
— Claro. Porque é minha amiga-irmã. Você sabe que eu te amo muito. Não trocaria nossa amizade por homem algum.
— Mesmo pelo Rafael?
Viviane sorriu.
— Tenha a opção de pedir ajuda aos universitários nessa pergunta?
— Sua falsa!
As duas riram. De repente, Viviane ficou um pouco mais séria.
— Mas, mudando de assunto, Vê...
— Sim.
Vivi olhou para os lados como se certificando de que ninguém estava prestando atenção a elas.
— Enquanto estamos aqui no shopping, você não sentiu como se alguém estivesse nos vigiando?
Verônica balançou a cabeça negativamente.
— Não. Por quê?
— Eu não sei... Mas, ultimamente eu sinto como se estivesse sendo seguida, na faculdade, na escola...
— Isso é paranóia da sua cabeça, Vivi. – disse Verônica, de repente, pensando que não deveria ter dito aquilo. – Quer dizer... Desculpa, eu me esqueci daquele incidente.
 — Você tem razão. Pode ser paranóia da minha cabeça. Vou tentar esquecer isso, afinal, não posso ficar vivendo na sombra do que aconteceu no passado, não é?
— É isso aí! Então, vamos às compras? – disse Verônica, levantando-se.
— Sério?
— Muito sério. Agora, prepare-se, que Verônica está de volta!
As duas riram.
***
Érica chegou no quarto de hospital e bateu na porta. Ao abrir, viu as duas garotas sentadas ao lado do pai. Uma lia um livro, enquanto outra via se o pai estava confortável. Uma das garotas se dirigiu a porta.
— Com quem quer falar?
— Você é a Emanuela?
— Não, sou a Mariana. Minha irmã está ali.
Érica olhou e percebeu que Emanuela deixara de lado o livro e vinha em direção à porta.
— O que foi Mariana?
— Essa mulher... Parece que ela quer falar com você.
— Emanuela? Podemos conversar um pouco?
Emanuela assentiu. As duas saíram do quarto e Manu a seguiu até a lanchonete do hospital. Depois, Érica sentou-se e pediu para Emanuela se sentar.
— Com licença, o que a senhora gostaria de falar comigo...
Érica sorriu. Era óbvio que Emanuela ainda não percebera que quem falava era a “Elisa”.
— Emanuela, não faz muito tempo que nos encontramos e você não me reconhece.
Emanuela parecia confusa.
— Do que está falando? Eu lhe conheço de algum lugar?
— Da última vez que eu me apresentei a você foi com um nome falso: Elisa.
Emanuela olhou para Érica sem esboçar muita surpresa.
— Elisa?
— É impressionante a sua capacidade de não demonstrar emoções. Uma personalidade muito rara para uma pessoa do sexo feminino.
— Desculpe, mas é sobre minha personalidade que queria falar?
Érica sorriu.
— Não, é claro que não. Primeiramente, gostaria de pedir desculpas.
Emanuela pareceu não entender.
— Pelo quê?
Érica sorriu.
— Da última vez que fui a sua casa, peguei uma escova de dentes.
Emanuela permaneceu calada.
— Não vai me perguntar por quê?
— Deve ter tido uma razão para isso, não?
Érica olhou para Emanuela curiosa e sorriu.
— Primeiramente, quero me apresentar. Meu nome é Érica Alcântara, esposa de Marcos Alcântara, que é irmão e sócio de Otávio Demontieux Alcântara.
— Que é o dono do Grupo Demontieux. – completou Emanuela.
— Isso mesmo.
— E o que eu e minha irmã temos a ver com vocês?
Érica tomou um pouco do suco sobre a mesa.
— Tudo.
— Tudo?
— Sim. Foi feito um exame de DNA com a escova que eu peguei na sua casa.
— Exame de DNA? Não me diga... – disse Emanuela, parecendo entender tudo.
Érica ficou surpresa.
— Você é realmente inteligente. Eu nem precisei dizer toda a informação e já entendeu tudo. Sim, é exatamente isso que está pensando. O Dr. Otávio queria adotar vocês, mas não por causa do que eu lhe falei antes, mas porque vocês são de fato netas delas.
— Isso não pode ser possível. Essa história é mais irreal do que a última que inventou. Minha mãe era...
— Uma garota de programa. – interrompeu Érica. – E devo acrescentar que era uma garota de programa de elite. Se ela fosse uma mulher comum, eu também diria que é quase impossível ela ter se encontrado com um milionário, se apaixonado por ele e ter tido duas filhas. Mas, para uma garota de programa assim, a possibilidade de ela se envolver com homens muitos ricos é muito grande. Você ainda acha que é impossível?
Emanuela permaneceu calada.
— Percebe como há lógica no que eu disse? – disse Érica.
— Então... Se isso é verdade... Por que fez todo aquele teatro da última vez?
— Estava apenas seguindo ordens do seu avô. Ele me contratou para simular uma história, assim vocês duas poderiam morar na mansão e só depois ele falaria a verdade.
— Isso não faz sentido. Por que ele não falou diretamente?
Érica sorriu.
— Entendo o que está falando. Eu também não vejo lógica nisso. Mas, uma coisa eu sei. Ao contrário de nós duas, existem pessoas que colocam a emoção acima da razão. Dr.Otávio é uma dessas pessoas. Possivelmente, ele está com medo de ser rejeitado. Pelo que ouvi, o seu falecido filho Jorge não se dava muito bem com ele. Talvez, ele queira que vocês o conheçam primeiro antes de revelar a verdade.
— Então, ele não sabe que você está me dizendo isso.
Érica sorriu novamente.
— Não. E não sei o que ele faria se soubesse que estou dizendo toda a verdade. Ele pensa que estou lhe dizendo uma história fictícia, para convencê-la a ir até ele.
Emanuela levantou-se, seguida de Érica.
— Para onde vai?
— Vou cuidar do meu pai. Está na hora de ele tomar o remédio dele e minha irmã pode ser um pouco esquecida às vezes.
— Então, qual é a sua resposta? Você concordaria em se encontrar com o Dr. Otávio?
Emanuela olhou inexpressivamente para Érica.

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