sexta-feira, 22 de julho de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 38



Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 38

 PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

JOÃO
JERÔNIMO
RODRIGO
POTIRA
RITINHA
PAULA
HERNANI
DUDA
DALVA
MARIA DE LARA
PADRE BENTO

ESTELA
DELEGADO FALCÃO
JUCA CIPÓ
SEBASTIÃO
JAGUNÇOS
GARIMPEIROS


CENA 1  -  RANCHO CORAGEM  -  QUARTO DE JOÃO  -  INT.  -  DIA.

João se preparava para a cerimônia de casamento, preocupado com as perspectivas de uma possível represália do coronel. O homem não sabia perder, e muito menos perdoar aos que o conseguiam superar. Jerônimo o ajudava a se vestir. Incomodava-o o nó apertado da gravata; o sapato pesava-lhe nos pés.


JOÃO  -  (convidou o irmão)  Cê num vem, irmão?

JERÔNIMO  -  Só se for preciso.

JOÃO  -  Eu quero sua presença.

JERÔNIMO  -  Prefiro ficá com os home tocaiando a casa. Qualqué enguiço, eu entro na festa!

JOÃO  -  Assim não. Se ajeite bem e vem comigo...

JERôNIMO  -  Na casa de Pedro Barros?  Não, eu tenho vergonha.

JOÃO  -  Isso é indireta?

JERôNIMO  -  Você tem seus motivo. Eu não tenho.

CORTA PARA:

CENA 2  -  RANCHO CORAGEM  - SALA  -  INT.  - DIA.

Rodrigo aparecia para oferecer sua ajuda e se despedir. Viajaria para o Rio no dia seguinte. Viera dar um abraço no amigo que casava e na mestiça que amava profundamente.


RODRIGO  -  Você me espera, índia. Vou e levo você no meu pensamento. É sua imagem a única recordação boa que levo daqui. Sua inocência, sua pureza me dão a esperança de que é possível uma vida melhor. Uma vida de que eu preciso, índia. Calma, simples, pura... pra compensar todo o ódio que guardo dentro de mim.  (estreitou a noiva nos braços)  Adeus, índia. Eu volto.

CORTA PARA:

CENA 3  -  RIO DE JANEIRO  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  SALA  -  INT.  -  TARDE.

   
RITINHA  -  Desde a manhã estou tentando uma ligação com Porto Alegre, moça. Será que vai demorar tanto assim?  (fez uma pausa)  É este número mesmo... é de um hotel... Oito horas! É muita coisa. Mas tente, por favor!

Ritinha sentia o corpo estranho dentro de seu lar. Paula, lixando as unhas displicentemente, deixava escapar pelo nariz afilado dois jatos de fumaça esbranquiçada.

PAULA  -  (irônica)  Conseguiu a ligação?

RITINHA  -  (com azedume)  Não.  Há demora de oito horas e eu não agüento mais uma hora em sua companhia.

PAULA  -  (sugeriu displicente)  Só há uma solução, minha cara...

RITINHA  -  A minha raiva é que nem a polícia me ajudou. Nem deram bola. Acho que pensaram que fosse trote.
 
PAULA  -  (riu gostosamente)  Simplesmente... eu telefonei depois desmentindo sua queixa. Questão de cabeça, linda menina da roça... Questão de cabeça...

Hernani acabava de chegar e, sem permissão, penetrou no apartamento.

HERNANI  -  Paula, vim te buscar.

PAULA  -  Pra quê, irmãozinho?

HERNANI  -  Você não pode ficar aqui, Paula. Isto não está direito!

Hernani falava com sinceridade e procurava sensibilizar a irmã para a situação da rival.

HERNANI  -  Dona Rita de Cássia, eu não estou de acordo com isso...

Ritinha se descontrolou de vez com a chegada do homem que Eduardo detestava por motivos óbvios...

RITINHA  -  Agora é que eu não fico nem mais um minuto aqui. Os dois... é que eu não agüento. Você soube dar o golpe, Paula. Você venceu. (voltou-se para a cozinha)  Isaura! Venha me ajudar a arrumar as malas! Vamos de qualquer jeito mesmo. Vai levando tudo isso para o elevador.  (agrupou algumas malas e embrulhos junto á porta de saída e a criada os levou para o hall de espera)  Vamos sair daqui, imediatamente.

Rita de Cássia tirou o fone do gancho e discou.

RITINHA  -  De onde fala? A Carmen está? Não? Vai demorar?  (a expressão era de desespero ao ouvir o que lhe informavam do outro lado)  Foi viajar? Pra onde? Petrópolis? Como? Um mês fora? Não, não quero deixar recado... Não, obrigada.

Hernani se aproximou, prestativo.

HERNANI  -  Posso lhe ser útil em alguma coisa?

RITINHA  -   (com raiva, olhos faiscantes)  Não Você e sua irmã só atrapalham a minha vida!

PAULA  -      (maliciosa)  Quer a chave? Pode levá-la no meu carro, Hernani .  Ela precisa de sua ajuda, maninho. E muito...

RITINHA  -  Mas eu não quero ir no carro de ninguém. E não preciso de sua companhia!  (a voz lhe embargava)  Eu... me arrumo sozinha. Não sou tão tonta como vocês pensam!

Hernani estava penalizado com a situação da moça. Buscava um meio de ganhar-lhe a confiança e de lhe ser útil na trama enredada pela irmã.

HERNANI  -  Eu a levo para um lugar decente...

Ritinha não acreditava na atitude leal do rapaz.

RITINHA  -  Mas eu não quero! Não preciso.

HERNANI  -  Orgulho nesta hora não vai adiantar... Vamos, dê-me esta mala.

Segurou-a pelo braço, evitando o safanão que a jovem ameaçou dar. A criada tremia de medo, encostada á porta do elevador.

HERNANI  -  (puxando-a com força)  Ora, vamos indo...

Rita chorava ao cruzar o grande portão de ferro espelhado do edifício.

CORTA PARA:

CENA 4  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  SALA  -  INT.  -  TARDE.


O telefone tilintou duas, três vezes. Paula arrancou o fone do gancho, enfurecida.


PAULA  -  Alô! Ah, de Porto Alegre? Pode ligar.

Duda entrou na linha.

DUDA  -  Alô, Ritinha? Ela não está? Quem está falando? Paula? Que é que você está fazendo ai? O que?
 
PAULA  -  (explicava, histérica e mentirosa)   Sua mulher acaba de sair daqui, agora mesmo. Ela quis desocupar o apartamento. Disse para esperar por você. Nada fiz para obrigá-la, meu bem.

DUDA  -  Por que... ela fez isso? Para onde foi?  (aguardou resposta)  Não sabe? Como é que pode? Quem levou? Hernani?

A revelação descontrolou-lhe os nervos. Duda gesticulava e cerrava os punhos, como se discutisse com alguém a poucos centímetros de suas mãos.

DUDA  -  Mas... eu disse a ela que não tinha de aceitar favores do Hernani. E você fez muito mal em fazer negócio com o apartamento que eu alugava. Vamos ajustar as nossas contas!  Agora, quero saber o que foi feito da minha mulher.  (gritava nervoso do outro lado do bocal)  É isso mesmo! O que foi feito da minha mulher? Se ela sumir... você é quem vai me pagar, está me ouvindo? Você e aquele calhorda do seu irmão. Manda ele ligar pra mim. Manda ele ligar! Imediatamente!

Duda desligou, possesso.

CORTA PARA:

CENA 5  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  QUARTO DE LARA  -  INT.  -  TARDE.
   
Dalva manifestava seu desagrado com o casamento de Lara e confessava isso á sobrinha nos instantes que entecediam a cerimônia. Não perdoava a atitude submissa de Pedro Barros. Para ela, a união de Lara com João Coragem era uma desgraça...


DALVA  -  Você está se deixando dominar completamente pela “outra”. Não devia aceitar essa união.

MARIA DE LARA  -  Não posso mais fugir a isso.

DALVA  -  Porque gosta dele...

MARIA DE LARA  -  E que culpa tenho disso?

DALVA  -  Então, confessa duma vez. Você ama esse sujeito!

MARIA DE LARA  -  (confessou, cabisbaixa)  Pelo menos não consigo deixar de pensar nele.

DALVA  -  (maldosa)  Sabe o que é isso?  É a outra sujeita. Vai acabar perdendo sua própria personalidade. E nunca mais quero olhar para você, porque sinto nojo de gente dessa espécie!

MARIA DE LARA  -   (implorou, com os olhos marejados)  Titia, por favor, não me torture mais.

DALVA  -  Lembre-se. Eu não vou descer... Até o último momento, você pode desistir. Se não conseguir, é uma prova de sua fraqueza.

CORTA PARA:

CENA 6  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  SALA  -  INT.  -  TARDE.

   
Os poucos convidados conversavam baixinho, aguardando o início da cerimônia. Padre Bento pediu silencio.


PADRE BENTO  -  Dona Estela... acho que não é preciso apresentar João...

ESTELA  -  (sorrindo graciosa para o garimpeiro)  Já nos conhecemos.

João fez as apresentações.

JOÃO  -  Meu pai, minha irmã de criação...

Olhou para trás e viu a jagunçada de Lourenço armada até os dentes. Juca Cipó se destacava, impaciente.

DELEGADO FALCÃO  -  (interpelou o noivo)  Sabe? Casamento desta espécie é palhaçada.

JOÃO  -  Talvez o senhor teja querendo o meu lugar...

DELEGADO FALCÃO  -  Voce me roubou ele... não é natural que eu queira reaver?

JOÃO  -  Pra isso trouxe a jagunçada?

DELEGADO FALCÃO  -  Quem sabe?

João sorriu. Fez um discreto sinal para as bandas do terreiro.


JOÃO  -  Pois bem... acho então que tenho o direito de me defender...

Lentamente, os garimpeiros assomaram á porta da casa-grande, armados de facas e revólveres. Padre bento se espantou e fez o sinal da cruz.

PADRE BENTO  -  Meu Deus do céu, mas o que é isso?
  
JOÃO  -  (para todo mundo ouvir)  São meus convidados,  Padre Bento. (e dirigindo-se aos companheiros)  Vocês não provoque, mas reaja, em caso de necessidade.

Braz antecipou-se, como sempre ansioso pela vingança.


BRAZ  -  Pode deixá, João! A gente sabe se portá como gente... Lá fora tem mais home, mas acho que não vai sê preciso fazê entrá...


FIM DO CAPÍTULO 38 
O casamento de |João Coragem e Maria de Lara

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

JOÃO CORAGEM E MARIA DE LARA CASAM-SE.

DUDA CHEGA AO SEU APARTAMENTO, ENCONTRA PAULA  E FICA POSSESSO AO SABER QUE RITINHA FOI EMBORA DEIXANDO UMA CARTA DE DESPEDIDA!


NÃO PERCA O CAPÍTULO 39 DE

2 comentários:

  1. Que chatinha essa tia Dalva, cheia de preconceitos! E Maria de Lara, coitada, que pessoa problemática! E Ritinha, sempre chorando. Muito legal Toni.

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  2. Interessante seu comentário, Maria do Sul... as mulheres dessa história são bem problemáticas, né! rsrsrs

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