segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 36 - PRIMEIRA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 36 – Aventuras

Já estava quase na hora do almoço, quando o telefone tocou na mansão. Rute, uma das empregadas, atendeu.
— Viviane. – disse a empregada a Viviane que não fazia muito tempo que havia chegado da faculdade. – É sua amiga Verônica ao telefone.
Viviane correu para atender.
— Alô? – disse, ficando em silêncio por alguns minutos.
Viviane desligou o telefone, parecia radiante.
— Mariana! Desça aqui! – gritou, fazendo com que a menina viesse correndo do andar superior.
— O que aconteceu? – perguntou Mariana, descendo afobada.
— Fabrício! Fabrício voltou! Parece que ele conseguiu se livrar de vez do Fernandes! – disse sorrindo.
— Sério? – Mariana não acreditava no que estava acontecendo. – Mas tão rápido?
— Sim! Verônica acabou de avisar. Vamos pegar a Manu e ir direto para lá vê-lo!
As duas saíram depressa. Camila vinha descendo, quando viu as garotas saírem da mansão muito alegres.
— O que aconteceu? – perguntou ela a empregada que estava na sala.
Rute riu.
— Acho que o amigo que estava desaparecido foi encontrado.
— Hum... Parece que tudo deu certo... Elas parecem estar se dando muito bem também.
— Tem razão. – disse a empregada sorrindo. – Depois que essas meninas vieram para cá, a atmosfera da casa também mudou.
Camila sorriu enigmática.
— Com certeza. Isso é muito bom.
Demorou um pouco até que Mariana e Viviane chegassem onde Emanuela trabalhava.
— O que estão fazendo aqui, meninas? – perguntou um pouco surpresa. – Aconteceu alguma coisa?
— Manu, o Fabrício está livre do Fernandes! – disse Mariana.
Emanuela parecia chocada.
— Sério?
Mariana riu.
— Manu, você parece que está emocionada demais.
— Sim, estou muito feliz. – disse sorrindo – Mas por que vieram até aqui? Poderiam ter telefonado.
Viviane estava empolgada.
— Viemos aqui para te levar! Vamos! Verônica está esperando na casa dela para irmos juntos ver o Fabrício.
Emanuela, Mariana e Viviane passaram na casa de Verônica e de lá foram ao apartamento de Fabrício. Ao tocarem a campainha, o rapaz atendeu. Ele pareceu ficar um pouco surpreso ao ver as três garotas ali.
— Todas vocês aqui?
— Viemos fazer uma surpresa. – disse Vivi sorrindo. – Como você está depois de ter passado pelo vale da morte?
— Vale da morte? – perguntou ele confuso.
De repente, Fabrício percebeu que Emanuela também tinha vindo.
— Oi. – disse ele.
— Oi. Você está bem?
Mariana olhou para Viviane.
— Nossa, que coisa mais fria... Nem um beijinho, nem nada. – disse para que a irmã ouvisse.
— Pois é. Isso é jeito deles se cumprimentarem depois do que aconteceu? – Viviane entrou na brincadeira.
— Mas, garotas, isso pode ser só encenação... Quando eles ficarem sozinhos... – disse Verônica, sorrindo maliciosa.
— Calem a boca. – disse Fabrício.
As quatro meninas riram.
Todos e entraram e Emanuela pode contar tudo o que realmente acontecera.
— Então, meu pai realmente ajudou...  – comentou Fabrício distante.
— E como ele não ajudaria o próprio filho? – disse Emanuela.
— Foi o que eu disse a ele. – concordou Verônica.
— Só um favor político poderia tirar você das mãos daquele homem. Fernandes é um homem muito perigoso. Tome cuidado. É difícil dizer se ele vai parar apenas com isso. De qualquer forma, tudo é graças a seu pai. – disse Emanuela.
— Viu, Fabrício? Papai se importa com a gente. – disse Verônica.
— Eu sei, ok? Não precisa ficar repetindo a mesma coisa o tempo inteiro. Eu vou dar um jeito de falar com ele, está bem?
Verônica riu.
— Acho que tudo acabou bem. – e olhando para Emanuela. – Mas devo admitir Emanuela que você é muito corajosa. Com certeza, Fabrício não é adequado para você. Você merecia um cara bem melhor que ele. Bem mais responsável, maduro, consciente...
— Qual é, Verônica? – Fabrício olhou para Verônica. – Eu também merecia uma irmã melhor. Onde já se viu uma irmã queimar o filme do próprio irmão?
Verônica fez careta para o irmão.
— Ainda bem que não estamos em público. – disse Viviane. – Porque eu fingiria que nunca conheci vocês na minha vida.
— E a Viviane como sempre se sobressaindo... Acho que seu complexo de superioridade nunca vai ter cura, não é? – disse Mariana rindo.
— E você? Como sempre não fez nada. Sua irmã teve que fazer tudo e pensar em tudo. Sua coadjuvante inútil.
— Coadjuvante? Eu sou protagonista da minha própria história, ok?
— Claro, claro, claro... Daquelas protagonistas que não vê um palmo na frente do nariz. Onde já se viu a protagonista colocar o mocinho na friendzone? Isso faz sentido? Até mesmo sua irmã já percebeu.
— Como sempre, não faço ideia do que está falando Viviane. – retrucou Mariana, e olhando para a irmã. – Você sabe do que ela está falando?
Emanuela sorriu dando de ombros.
— É por isso que eu chamei você de coadjuvante. – disse Viviane, mostrando a língua para Mariana e fazendo os outros três rirem.
***
Bernardo se encontrou novamente com sua “cliente” no restaurante já conhecido pelos dois. De longe a viu se aproximando.
— Srta. Vitória. – disse, assim que ela chegou.
— Por favor, me chame de Rebeca. Alguém pode ouvir.
— Claro, Rebeca.
— Então, por que me chamou? – perguntou um pouco preocupada.
Bernardo colocou um convite em cima da mesa. Vitória pegou o papel.
— Reconhece essa letra?
— Sim... – disse um pouco confusa. – Parece com a letra da minha irmã.
— Sim. Conseguimos isso com as gêmeas que foram criadas com elas. Agora podemos comparar essa letra com a letra da carta e descartar a hipótese do envolvimento dela. No entanto, realmente seria muito melhor se tivéssemos as cartas da sua irmã.
Vitória suspirou.
— Como eu disse ao senhor, todas elas estavam no carro e o senhor sabe muito bem o que aconteceu a ele. Talvez com esse convite, não haverá qualquer suspeita sobre a minha irmã.
— Pode acontecer o contrário também. Se for comprovado que as letras são as mesmas, então seria um indício que sua irmã estaria participando de um golpe de tráfico humano.
— Eu já disse que minha irmã seria incapaz disso.
— Sim, claro. É por isso que vamos verificar. Em todo caso, o que acreditamos é que seja uma carta falsificada a fim de envolver sua irmã nisso. Desconfia de alguém em específico?
Vitória ficou pensativa.
— Não penso em ninguém. Claro, se for querer que eu liste pessoas que eu suspeito de serem os mandantes, você sabe que posso lhe dar vários. Mas como covardes, eles não se envolveriam diretamente. De qualquer forma, eu só tinha contato com minha irmã por cartas.
— E as cartas não mencionavam ninguém em especial que poderia ter feito isso? Alguém que faria coisas estranhas que sua irmã tenha mencionado?
— Não, nada do tipo. Ela só mencionava as duas amigas de vez em quando, a Beatriz e a Tânia. Em todo caso, não acho que ela mencionaria algo do tipo em cartas.
— Tem razão...  – disse ele pensativo.
***
A semana passou rápido. No intervalo das aulas, Viviane e Verônica estavam na cantina da faculdade conversando.
— Ah... – gemeu Viviane entediada. – Estou cansada. Uma semana inteira de provas, provas, provas... E nem um descanso depois daquele final de semana exaustivo que passamos. Nenhum pingo de consideração. Mundo cruel. Sabe o que eu acho? Às vezes, acho que os professores têm um prazer sádico em nos ver sofrer. Queria ter uma micro câmera para filmá-los na sala deles. Tenho certeza que eles ficam rindo com aquela risada maquiavélica, enquanto a gente fica aqui se torturando, pensando nas notas que vamos tirar.
Verônica suspirou.
— A vida é assim, querida. Não há descanso. Quanto ao meu irmão, ainda bem que tudo acabou bem para ele. Às vezes, tenho a impressão que tudo foi como um sonho.
— E aí? Você nem me disse se seu pai e seu irmão fizeram as pazes.
— Bem, depois de relutar um pouco, meu irmão foi ver o nosso pai. Eles conversaram amigavelmente. Meu pai como sempre, sério. Por milagre, ele não parecia irritado com Fabrício. Mas disse que ele não deveria se meter de novo em algo assim. Fabrício também não foi grosso. Acho que os dois estão começando a se entender. Para falar a verdade, os dois são bem parecidos. Todos os dois são teimosos.
— Que bom para eles. Parece aqueles finais de novela onde tudo começa a dar certo para todo mundo.
— Acho que não Vivi, o clímax da trama ainda está por vir. – disse Verônica, vendo Emily se aproximando. – A sua antagonista está vindo lhe cumprimentar.
— Eu devo ter jogado pedra na cruz para merecer essa garota. – disse Vivi entediada.
Emily se aproximou e colocou um convite em cima da mesa que estava próxima às duas garotas.
— Aqui está. – disse ela.
— O que é isso? – perguntou Vivi pouco interessada.
— Não está vendo? Convite para minha festa de aniversário. Embora eu ache que você não vá, não é?
— Então, porque está me dando esse convite?
— Gabriel pediu para eu ser educada, então, estou lhe dando para provar que não guardo rancor. Afinal, pessoas de nível superior como eu sabem ser educadas, diferente de netas ilegítimas como você.
Viviane riu. Verônica percebeu que ela estava realmente irritada.
— Ah, é? – disse, pegando o convite e rasgando em pequenos pedaços na frente de Emily, que se manteve impassível, enquanto Verônica ficava boquiaberta sem saber o que dizer. – É isso que eu faço com seu convite. Afinal, acho que uma neta ilegítima como eu não merece ir a uma festa como a sua, não é?
Emily olhou com raiva para Viviane, mas não fez nada.
— Faça o que quiser. Pelo menos, Gabriel teve a prova de quem você é de verdade.
— Do que está...? – disse Viviane, logo percebendo que Gabriel observava tudo um pouco distante.
O rapaz balançou a cabeça negativamente e se afastou.
— Ga... – Vivi ainda tentou chamá-lo. – e olhando para Emily – Você me irritou de propósito.
— Quem sabe? – disse ela, se afastando com um sorriso no rosto.
— Que garota irritante! – disse Viviane.
Verônica ainda permanecia estupefata.
­— Por que fez isso?
— O quê? – perguntou Vivi, não entendendo a reação da amiga.
— Você picou o convite. – disse, olhando para os pedaços na mesa. – Tem ideia do quanto vai ser difícil entrar na festa dela agora? Você tem noção do que você fez? Como vai atrapalhar os planos dela com o Gabriel agora?
Vivi abriu a boca estupefata.
— O que eu fiz?
— Foi isso que eu acabei de perguntar.
— Ah... – disse ela, choramingando, enquanto pegava os pedacinhos na mesa, tentando juntá-los inutilmente. - Não dá nem para colar... Que burra que eu sou.
— Viviane, esse seu temperamento é um caso sério. – disse Verônica, balançando a cabeça negativamente.
Viviane se recompôs.
— Tudo bem. O que não tem remédio, remediado está. Eu vou dar outro jeito de entrar naquela festa.
— Mesmo assim, um desperdício.
— Quero uma máquina do tempo... – disse Vivi, fazendo cara de choro, enquanto olhava os pedaços picados de papel sobre a mesa.
***
O domingo estava passando rápido na mansão Alcântara. Mariana passou a tarde conversando com o avô sobre diversos assuntos. Viviane, por sua vez, preferiu ficar no quarto. Quando Vivi desceu, Mariana estava sentada, vendo uma revista.
— Que milagre você ler essa revista... É raro não ver você estudando ultimamente.
— Tem razão, mas hoje, definitivamente, não estou para estudar. Também sou uma criatura que merece descanso.
— Não precisa se esforçar tanto... Embora a faculdade que eu frequento seja considerada uma das melhores, não precisa tirar a nota máxima no exame para entrar. No final, não passa de uma organização com fins lucrativos.
— Eu sei. Mas não posso confiar só nisso.
Viviane sentou-se em uma poltrona da sala e suspirou.
— Que tédio... Verônica também só vive ocupada agora. Se não é uma coisa é outra. Hoje ela teve que ir a uma festa de formatura... – de repente, ela se levantou. – Ah, é mesmo! A festa! Como eu pude ter esquecido!
Mariana olhou curiosa para ela.
— Festa? Que festa?
Vivi olhou para Mariana e sorriu. Aquilo assustou Mari.
— Por alguma razão tenho um mau pressentimento sobre esse sorriso. – disse Mariana receosa.
Viviane continuou sorrindo.
— Por favor, para... Está me assustando. – disse Mariana, enquanto se levantava devagar e se preparava para sair.
— Parada aí! – disse Vivi de repente. – Você vai vir comigo.
— Eu? Por quê? Para onde?
— Vai ser divertido, eu te garanto! – disse Vivi, sorrindo e se aproximando.
Mariana olhou desconfiada para Viviane.
— Quem me garante que eu não vou ser a diversão? Bulling é crime, sabia?
— Você é desconfiada mesmo, hein? – disse Viviane, fazendo um muxoxo.
— Bem, quem me garante que a antiga Viviane não voltou? Quando a oferta é grande, o cego desconfia.
Viviane colocou a mão no ombro de Mariana.
— Águas passadas não movem moinhos, minha querida, águas passadas. Já ouviu? Vamos pela lógica, por que eu faria algo contra você, quando eu tenho uma boa utilização para a sua pessoa?
— Utilização? Eu sou uma coisa agora? Onde estão os direitos humanos?
— Ah, deixa de drama. Bem, que seja, você vem ou não vem? Você disse que estava cansada de estudar. É bom espairecer um pouco, ver pessoas, socializar, entende? De que adianta a vida, se você não a aproveita? Hein?
Mariana pareceu pensar um pouco.
— Tudo bem. Mas você tem que prometer que a gente não vai se meter em nenhuma confusão, certo?
— Prometo. – disse Viviane rapidamente. – Juro pela minha tia-avó! – disse, beijando os dedos em cruz.
— Espera.
— O que foi? – perguntou Vivi confusa.
Mariana semicerrou os olhos, enquanto olhava desconfiada para Viviane.
— Você concordou rápido demais. – e olhando bem para Viviane – Você não tem tia-avó! – disse, querendo sair correndo.
— Vamos logo! – disse Viviane, puxando pela blusa.
Vivi a levou para o quarto para escolherem as roupas. Em todo caso, Mariana não tinha nada para fazer, já que Emanuela, como geralmente fazia aos domingos, saíra com o namorado. Depois de se arrumarem, Mariana resolveu avisar Gabriele antes de sair.
— Pronto. Acho que está tudo bem. Mas não podemos voltar muito tarde.
Viviane riu.
— Vem cá, quantos anos você tem? Você já tem 18, minha querida. – disse, enquanto pegava a chave do carro.
— Você vai dirigir? Não vamos com o motorista? – perguntou Mariana um pouco apreensiva. – Tem certeza que pode fazer isso?
Viviane sorriu.
— Não precisa se preocupar comigo. Não tenho mais fobia para dirigir.
— Não. Não é exatamente com você que eu estou preocupada. – disse Mariana com um sorriso nervoso.
As duas saíram.

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