Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 60
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DR. MACIEL
DOMINGAS
DUDA
DAMIÃO
RITINHA
PAULA
CARMEN
DR. BARBOSA
DELEGADO FALCÃO
BRANCA
JOÃO
CENA 1 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - SALA - INT. - TARDE.
Ritinha deixou Coroado sem que ninguém percebesse. Era tardinha. No fim da noite, o pai regressou a casa, embriagado. Domingas, sonolenta, entregou-lhe a carta da filha.
DR. MACIEL - O que você quer, sua fuxiqueira? Eu devia pôr você por esta porta a fora... e não sei por que não faço isso.
DOMINGAS - Eu tinha que contar á sua filha. Duda não podia continuar do jeito que tava.
DR. MACIEL - Você só quis pôr minha filha contra mim. Você não vale nada. E eu estou cansado de você... (passeou os olhos pela casa) Cadê ela?
DOMINGAS - Não está. Foi embora pro Rio de Janeiro... e lhe deixou esta carta...
DR. MACIEL - (atônito) Ela foi sozinha?
DOMINGAS - É. Sozinha. Fiz tudo prela não fazê esta viagem tão longa, tão arriscada... mas não teve jeito. Ela teimou e foi mesmo.
O médico tomou-lhe a carta das mãos e abriu-a, nervosamente, rasgando parte do papel.
DOMINGAS - Ela foi de carro... Arranjou um que vai levá ela até Belo Horizonte. De lá ia vê se conseguia um avião pro Rio, pra não se cansá. Mesmo assim, acho que mulhé no estado dela não pode fazê dessas extravagância.
DR. MACIEL - Cale a boca! Me deixe ler isto! (ordenou, procurando um ponto mais iluminado. Era como se ouvisse a voz da filha) “Pai, vou embora, quase em desespero, pra não ter que lhe acusar de novo. O senhor é a atrapalhação da minha vida. Sinto ter que dizer isso. É duro, mas o senhor só dá fora. Tudo o que faz contribui para minha infelicidade. Eu não perdôo o senhor pelo que fez contra o Duda. Ninguém me tira da cabeça que foi uma vingança sórdida. É difícil eu viver ao seu lado, com o peso dos seus erros me massacrando, Primeiro, a vida de minha mãe, depois, meu casamento... e agora... essa maldade que o senhor fez com Eduardo. Pode ser que, um dia, eu consiga perdoar tudo isso, porque o senhor é meu pai. Por enquanto... eu não posso. Tenho que ficar junto do Duda numa situação destas. Ele está arriscado a perder a carreira, por culpa do senhor. Adeus. Sua filha... Rita de Cássia.”
Finda a leitura, o médico amassou a carta, atirando-a no cesto de lixo.
DR. MACIEL - A que horas ela partiu?
DOMINGAS - Há umas três... Porque Duda vai ser operado amanhã, bem cedo. Ela foi certa de chegar a tempo.
CORTA PARA:
CENA 2 - RIO DE JANEIRO - HOSPITAL - SALA DE OPERAÇÕES - INT. - DIA.
E o tempo correra... De Coroado para a sala branca, imaculadamente branca, da casa de saúde do Rio. Duda dormia, plácidamente, sob as atenções do anestesista. Apenas o campo operatório, logo abaixo do joelho esquerdo, mostrava-se aos olhos argutos dos médicos e da equipe de auxiliares. A intervenção começara há alguns minutos. O ortopedista trabalhava seguro e com alguma habilidade. A todo instante solicitava novos instrumentos aos ajudantes.
Tudo corria bem. A bala se encravara na junção da tíbia com o perônio, mas os recursos da cidade eram bem diferentes dos de Coroado. Agora o chumbo ali estava, extraído, na bandeja cromada, ao lado de chumaços de algodão e gazes. A operação findara com êxito.
CORTA PARA:
CENA 3 - RIO DE JANEIRO - HOSPITAL - QUARTO - INT. - DIA.
Horas depois, Duda recobrava os sentidos e divisava, entre a nebulosidade da anestesia, o velho Damião.
DUDA - Hã... como é, velho? E a operação?
DAMIÃO - Dr. Barbosa disse que ta tudo bem. Retiraram a bala. Eu vi a bandida...
DUDA - Eu falo... do futuro. Ele não disse o que vai acontecer depois disso? Se vou voltar a jogar...
DAMIÃO - Com certeza que vai. Não fique tão preocupado. A operação deu certo, graças a Deus.
A cigarra soou surdamente. Damião ergueu-se para atender á porta. Ritinha e Carmen entraram a um só tempo.
DUDA - Ritinha! Ritinha... você, aqui! (tentava levantar-se, sem se aperceber da perna recém-operada e do efeito paralisante da anestesia. Abraçaram-se, emocionados) Que surpresa! Quase que você me mata de susto!
RITINHA - Tinha que vir, benzinho! Não tinha?
CARMEN - (sorrindo) Eh... amorosos... eu também existo!
DUDA - Olá, Carmen... desculpe. É que eu podia esperar tudo, menos que Ritinha viesse me ver. (virando-se para o acompanhante) Dami... essa é a minha cara-metade...
DAMIÃO - (aprovou) Hum... hum!
RITINHA - Vim pra ficar com você!
DUDA - (afagou-lhe os braços) Fez bem. Me deu uma grande alegria. E o nenê, não estrilou?
RITINHA - Se estrilou! (sorridente) Não gostou do avião. Reclamou á beça.
DUDA - Veio sozinha, sozinha?...
RITINHA - Eu e ele, ora...
Duda estendeu os braços e Ritinha se ajeitou entre eles, encostando seu rosto ao do esposo. Conversavam, unidos.
DUDA - Foi ótimo você vir. Estou precisando de apoio moral. Tou na fossa. Eu sei que eles escondem, mas há perigo de eu não voltar a jogar direito.
RITINHA - Não diga isso, Eduardo, pelo amor de Deus! Eu ia me sentir responsável!
DUDA - Você não pode ser responsabilizada pelas burradas do seu pai...
RITINHA - A gente reza... reza pra que isso não aconteça. Você vai ver... vai ser o maior campeão do mundo. Vai jogar na próxima Copa e trazer a taça pra gente, de novo!
DUDA - É o meu maior sonho, benzinho!
CORTA PARA:
CENA 3 - RIO DE JANEIRO - HOSPITAL - QUARTO - INT. - DIA.
A porta se abriu e o Dr. Barbosa entrou, acompanhado de Paula e Hernani. Ritinha mal conteve a raiva. Paula a viu logo á entrada. O médico examinou a perna operada.
PAULA - Já disse ao Duda, Dr. Barbosa? A verdade sobre a situação dele?
DUDA - (arregalou os olhos, com o coração disparado) Que verdade?
PAULA - Você nunca mais vai poder jogar como antes... (apontando para Rita) Está condenado pelo pai dela!
DR. BARBOSA - (reagiu enèrgicamente) Eu não lhe autorizei a dizer isso!
DUDA - É verdade, doutor?
DR. BARBOSA - Claro que não é verdade!
PAULA - Ele está enganando você, Duda. Acabou de me dizer lá fora...
O especialista desnorteava-se, ante a atitude maldosa da mulher.
DR. BARBOSA - Eu disse... que ele podia correr esse risco... mas tem grande chance de se recuperar, totalmente.
PAULA - Uma em mil!
A revolta de Ritinha nasceu, incontrolável. Ela percebia até onde a ex-amante do marido desejava chegar, para atingi-la, atingindo o esposo. Foi com ódio na voz e na expressão que se dirigiu á mulher.
RITINHA - O que você está pretendendo, com isso?
Paula ignorou a pergunta.
DR. BARBOSA - A senhora está tirando conclusões erradas, por sua conta. É claro que a situação não é das melhores... mas existem tratamentos de recuperação, a que ele será submetido, naturalmente. Vamos recorrer a todos os recursos para colocá-lo em forma, novamente. É interesse do clube... que ele volte a jogar em ótimas condições.
DUDA - (desesperando-se) Eu quero a verdade, doutor!
O médico pediu, cortêsmente, a saída de todos do quarto.
DR. BARBOSA - Eu preciso falar com ele, a sós. As senhoras, por favor... saiam por um instante.
PAULA - (voltou-se para o ex-amante) Duda... me perdoe...
DUDA - (impaciente) Some daqui! Já não ouviu o doutor dizer?
O Dr. Barbosa rodeou a cama, puxou uma cadeira e sentou-se ao lado do paciente.
DR. BARBOSA - Duda... não vou dizer que isso que lhe aconteceu não é nada. Que podia ser pior... que você não corre risco de ser prejudicado... Não, o caso é sério, muito sério. Uma lesão tem que ser encarada com gravidade. Mas, como lhe disse, há recursos... recursos que a medicina nos oferece e aos quais vamos recorrer.
Duda balançou a cabeça, desconsolado. Pelas palavras do operador, sem convicção, pudera traçar um esboço da situação: estava acabado.
DUDA - Estou perdido... estou perdido, doutor.
DR. BARBOSA - Você tem que ajudar...Tem que querer voltar a jogar. Compreende, Duda? Você tem que ajudar. Prove a si mesmo que ainda vai ser, por muito tempo, o maior jogador do Brasil. Depende apenas de você...
DUDA - Mais do que eu quero? Sabe o que o futebol é pra mim, não sabe?
CORTA PARA:
CENA 4 - HOSPITAL - QUARTO - INT. - DIA.
Ritinha retornara ao quarto, depois das confidencias profissionais do médico.
RITINHA - Eu te desculpo, você está nervoso e não sabe o que está dizendo. Pode deixar, doutor. Eu não deixo ele desanimar...
DR. BARBOSA - Amanhã já pode ir pra casa, rapaz. Eu volto, antes disso. Agora, queiram me dar licença pra me retirar.
Duda desabafou, ao ver sair do quarto o Dr. Marcelo Barbosa.
DUDA - Aquele velho safado... aquele vigarista.
Rita de Cássia estremeceu, ao ouvir os impropérios proferidos contra o pai. Era seu pai, apesar de tudo.
RITINHA - Ele errou muito, mas eu gostaria que você não falasse assim, dele. Me magoa.
Eduardo desabafava as emoções contidas.
DUDA - Você pediu pra seu pai me inutilizar, pra que voltasse a me ter, em casa, longe das atribulações de um jogador de futebol! (Ritinha, cabisbaixa, não falava) Olha aqui, Ritinha, a gente vai fazer um trato. Por causa do desaforo de teu pai... só por causa do desaforo... daquele velho sem-vergonha: eu fico com você se voltar a ser um bom jogador de futebol. Se por acaso ficar mesmo inutilizado... eu nunca mais quero te ver...
Era demais, A jovem esposa, em adiantado estado de gravidez, não poderia suportar tal coisa.
RITINHA - Você tem coragem de dizer uma coisa destas... pra mim... que não tenho culpa de nada? Quer castigar a mim, Eduardo, por causa de uma vingança contra meu pai?
DUDA - Eu também vou ser castigado. Mas prefiro comer o pão que o diabo amassou, sem você... do que dar o gosto, àquele cachorro... de ser um garimpeiro. Se quiser viver comigo... reze, Ritinha, reze... pra eu voltar a ser o mesmo de antes...
CORTA PARA:
CENA 5 - COROADO - DELEGACIA - INT. - DIA.
O interrogatório para apurar o crime de Lourenço polarizava o interesse da gente de Coroado. João era ouvido e acareado insistentemente. Para Branca D’Àvila era o assassino do marido. E exigia sua prisão definitiva. Maciel foi chamado ás pressas para depor.
DR. MACIEL - Estou ás suas ordens, delegado. Pra que me mandou chamar?
DELEGADO FALCÃO - Para que nos diga a data da morte de Lourenço.
DR. MACIEL - Não há, propriamente, uma data certa do crime. Posso dizer que ele foi assassinado, aproximadamente, entre os dias 20 e 22 do mês passado.
BRANCA - (anunciou, alto e forte) No dia 20 João esteve na minha casa.
Falcão se encaminhou até João Coragem, visivelmente contrariado.
DELEGADO FALCÃO - Você está em liberdade... embora provisória, João. Está proibido de deixar a cidade, sem minha ordem. E tome cuidado com o que vai fazer doravante. Sua fama de santo... está decaindo.
JOÃO - (bateu com o lenço na bota empoeirada e ajeitou os cabelos negros) Por Deus, que preciso mesmo sê um santo... pra agüentá tudo isso! Um santo bem santo, mesmo!
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
*** PEDRO BARROS OBRIGA ESTELA A ESCREVER UMA CARTA DE DESPEDIDA PARA A FILHA, LARA, E A DEIXAR A CASA-GRANDE PARA SEMPRE!
*** MARIA DE LARA PEDE A JOÃO QUE AJUDE-A A FAZER DIANA VOLTAR, PARA DESCOBRIR O QUE ACONTECEU NA NOITE EM QUE LOURENÇO FOI ASSASSINADO.
Ritinha deixou Coroado sem que ninguém percebesse. Era tardinha. No fim da noite, o pai regressou a casa, embriagado. Domingas, sonolenta, entregou-lhe a carta da filha.
DR. MACIEL - O que você quer, sua fuxiqueira? Eu devia pôr você por esta porta a fora... e não sei por que não faço isso.
DOMINGAS - Eu tinha que contar á sua filha. Duda não podia continuar do jeito que tava.
DR. MACIEL - Você só quis pôr minha filha contra mim. Você não vale nada. E eu estou cansado de você... (passeou os olhos pela casa) Cadê ela?
DOMINGAS - Não está. Foi embora pro Rio de Janeiro... e lhe deixou esta carta...
DR. MACIEL - (atônito) Ela foi sozinha?
DOMINGAS - É. Sozinha. Fiz tudo prela não fazê esta viagem tão longa, tão arriscada... mas não teve jeito. Ela teimou e foi mesmo.
O médico tomou-lhe a carta das mãos e abriu-a, nervosamente, rasgando parte do papel.
DOMINGAS - Ela foi de carro... Arranjou um que vai levá ela até Belo Horizonte. De lá ia vê se conseguia um avião pro Rio, pra não se cansá. Mesmo assim, acho que mulhé no estado dela não pode fazê dessas extravagância.
DR. MACIEL - Cale a boca! Me deixe ler isto! (ordenou, procurando um ponto mais iluminado. Era como se ouvisse a voz da filha) “Pai, vou embora, quase em desespero, pra não ter que lhe acusar de novo. O senhor é a atrapalhação da minha vida. Sinto ter que dizer isso. É duro, mas o senhor só dá fora. Tudo o que faz contribui para minha infelicidade. Eu não perdôo o senhor pelo que fez contra o Duda. Ninguém me tira da cabeça que foi uma vingança sórdida. É difícil eu viver ao seu lado, com o peso dos seus erros me massacrando, Primeiro, a vida de minha mãe, depois, meu casamento... e agora... essa maldade que o senhor fez com Eduardo. Pode ser que, um dia, eu consiga perdoar tudo isso, porque o senhor é meu pai. Por enquanto... eu não posso. Tenho que ficar junto do Duda numa situação destas. Ele está arriscado a perder a carreira, por culpa do senhor. Adeus. Sua filha... Rita de Cássia.”
Finda a leitura, o médico amassou a carta, atirando-a no cesto de lixo.
DR. MACIEL - A que horas ela partiu?
DOMINGAS - Há umas três... Porque Duda vai ser operado amanhã, bem cedo. Ela foi certa de chegar a tempo.
CORTA PARA:
CENA 2 - RIO DE JANEIRO - HOSPITAL - SALA DE OPERAÇÕES - INT. - DIA.
E o tempo correra... De Coroado para a sala branca, imaculadamente branca, da casa de saúde do Rio. Duda dormia, plácidamente, sob as atenções do anestesista. Apenas o campo operatório, logo abaixo do joelho esquerdo, mostrava-se aos olhos argutos dos médicos e da equipe de auxiliares. A intervenção começara há alguns minutos. O ortopedista trabalhava seguro e com alguma habilidade. A todo instante solicitava novos instrumentos aos ajudantes.
Tudo corria bem. A bala se encravara na junção da tíbia com o perônio, mas os recursos da cidade eram bem diferentes dos de Coroado. Agora o chumbo ali estava, extraído, na bandeja cromada, ao lado de chumaços de algodão e gazes. A operação findara com êxito.
CORTA PARA:
CENA 3 - RIO DE JANEIRO - HOSPITAL - QUARTO - INT. - DIA.
Horas depois, Duda recobrava os sentidos e divisava, entre a nebulosidade da anestesia, o velho Damião.
DUDA - Hã... como é, velho? E a operação?
DAMIÃO - Dr. Barbosa disse que ta tudo bem. Retiraram a bala. Eu vi a bandida...
DUDA - Eu falo... do futuro. Ele não disse o que vai acontecer depois disso? Se vou voltar a jogar...
DAMIÃO - Com certeza que vai. Não fique tão preocupado. A operação deu certo, graças a Deus.
A cigarra soou surdamente. Damião ergueu-se para atender á porta. Ritinha e Carmen entraram a um só tempo.
DUDA - Ritinha! Ritinha... você, aqui! (tentava levantar-se, sem se aperceber da perna recém-operada e do efeito paralisante da anestesia. Abraçaram-se, emocionados) Que surpresa! Quase que você me mata de susto!
RITINHA - Tinha que vir, benzinho! Não tinha?
CARMEN - (sorrindo) Eh... amorosos... eu também existo!
DUDA - Olá, Carmen... desculpe. É que eu podia esperar tudo, menos que Ritinha viesse me ver. (virando-se para o acompanhante) Dami... essa é a minha cara-metade...
DAMIÃO - (aprovou) Hum... hum!
RITINHA - Vim pra ficar com você!
DUDA - (afagou-lhe os braços) Fez bem. Me deu uma grande alegria. E o nenê, não estrilou?
RITINHA - Se estrilou! (sorridente) Não gostou do avião. Reclamou á beça.
DUDA - Veio sozinha, sozinha?...
RITINHA - Eu e ele, ora...
Duda estendeu os braços e Ritinha se ajeitou entre eles, encostando seu rosto ao do esposo. Conversavam, unidos.
DUDA - Foi ótimo você vir. Estou precisando de apoio moral. Tou na fossa. Eu sei que eles escondem, mas há perigo de eu não voltar a jogar direito.
RITINHA - Não diga isso, Eduardo, pelo amor de Deus! Eu ia me sentir responsável!
DUDA - Você não pode ser responsabilizada pelas burradas do seu pai...
RITINHA - A gente reza... reza pra que isso não aconteça. Você vai ver... vai ser o maior campeão do mundo. Vai jogar na próxima Copa e trazer a taça pra gente, de novo!
DUDA - É o meu maior sonho, benzinho!
CORTA PARA:
CENA 3 - RIO DE JANEIRO - HOSPITAL - QUARTO - INT. - DIA.
A porta se abriu e o Dr. Barbosa entrou, acompanhado de Paula e Hernani. Ritinha mal conteve a raiva. Paula a viu logo á entrada. O médico examinou a perna operada.
PAULA - Já disse ao Duda, Dr. Barbosa? A verdade sobre a situação dele?
DUDA - (arregalou os olhos, com o coração disparado) Que verdade?
PAULA - Você nunca mais vai poder jogar como antes... (apontando para Rita) Está condenado pelo pai dela!
DR. BARBOSA - (reagiu enèrgicamente) Eu não lhe autorizei a dizer isso!
DUDA - É verdade, doutor?
DR. BARBOSA - Claro que não é verdade!
PAULA - Ele está enganando você, Duda. Acabou de me dizer lá fora...
O especialista desnorteava-se, ante a atitude maldosa da mulher.
DR. BARBOSA - Eu disse... que ele podia correr esse risco... mas tem grande chance de se recuperar, totalmente.
PAULA - Uma em mil!
A revolta de Ritinha nasceu, incontrolável. Ela percebia até onde a ex-amante do marido desejava chegar, para atingi-la, atingindo o esposo. Foi com ódio na voz e na expressão que se dirigiu á mulher.
RITINHA - O que você está pretendendo, com isso?
Paula ignorou a pergunta.
DR. BARBOSA - A senhora está tirando conclusões erradas, por sua conta. É claro que a situação não é das melhores... mas existem tratamentos de recuperação, a que ele será submetido, naturalmente. Vamos recorrer a todos os recursos para colocá-lo em forma, novamente. É interesse do clube... que ele volte a jogar em ótimas condições.
DUDA - (desesperando-se) Eu quero a verdade, doutor!
O médico pediu, cortêsmente, a saída de todos do quarto.
DR. BARBOSA - Eu preciso falar com ele, a sós. As senhoras, por favor... saiam por um instante.
PAULA - (voltou-se para o ex-amante) Duda... me perdoe...
DUDA - (impaciente) Some daqui! Já não ouviu o doutor dizer?
O Dr. Barbosa rodeou a cama, puxou uma cadeira e sentou-se ao lado do paciente.
DR. BARBOSA - Duda... não vou dizer que isso que lhe aconteceu não é nada. Que podia ser pior... que você não corre risco de ser prejudicado... Não, o caso é sério, muito sério. Uma lesão tem que ser encarada com gravidade. Mas, como lhe disse, há recursos... recursos que a medicina nos oferece e aos quais vamos recorrer.
Duda balançou a cabeça, desconsolado. Pelas palavras do operador, sem convicção, pudera traçar um esboço da situação: estava acabado.
DUDA - Estou perdido... estou perdido, doutor.
DR. BARBOSA - Você tem que ajudar...Tem que querer voltar a jogar. Compreende, Duda? Você tem que ajudar. Prove a si mesmo que ainda vai ser, por muito tempo, o maior jogador do Brasil. Depende apenas de você...
DUDA - Mais do que eu quero? Sabe o que o futebol é pra mim, não sabe?
CORTA PARA:
CENA 4 - HOSPITAL - QUARTO - INT. - DIA.
Ritinha retornara ao quarto, depois das confidencias profissionais do médico.
RITINHA - Eu te desculpo, você está nervoso e não sabe o que está dizendo. Pode deixar, doutor. Eu não deixo ele desanimar...
DR. BARBOSA - Amanhã já pode ir pra casa, rapaz. Eu volto, antes disso. Agora, queiram me dar licença pra me retirar.
Duda desabafou, ao ver sair do quarto o Dr. Marcelo Barbosa.
DUDA - Aquele velho safado... aquele vigarista.
Rita de Cássia estremeceu, ao ouvir os impropérios proferidos contra o pai. Era seu pai, apesar de tudo.
RITINHA - Ele errou muito, mas eu gostaria que você não falasse assim, dele. Me magoa.
Eduardo desabafava as emoções contidas.
DUDA - Você pediu pra seu pai me inutilizar, pra que voltasse a me ter, em casa, longe das atribulações de um jogador de futebol! (Ritinha, cabisbaixa, não falava) Olha aqui, Ritinha, a gente vai fazer um trato. Por causa do desaforo de teu pai... só por causa do desaforo... daquele velho sem-vergonha: eu fico com você se voltar a ser um bom jogador de futebol. Se por acaso ficar mesmo inutilizado... eu nunca mais quero te ver...
Era demais, A jovem esposa, em adiantado estado de gravidez, não poderia suportar tal coisa.
RITINHA - Você tem coragem de dizer uma coisa destas... pra mim... que não tenho culpa de nada? Quer castigar a mim, Eduardo, por causa de uma vingança contra meu pai?
DUDA - Eu também vou ser castigado. Mas prefiro comer o pão que o diabo amassou, sem você... do que dar o gosto, àquele cachorro... de ser um garimpeiro. Se quiser viver comigo... reze, Ritinha, reze... pra eu voltar a ser o mesmo de antes...
CORTA PARA:
CENA 5 - COROADO - DELEGACIA - INT. - DIA.
O interrogatório para apurar o crime de Lourenço polarizava o interesse da gente de Coroado. João era ouvido e acareado insistentemente. Para Branca D’Àvila era o assassino do marido. E exigia sua prisão definitiva. Maciel foi chamado ás pressas para depor.
DR. MACIEL - Estou ás suas ordens, delegado. Pra que me mandou chamar?
DELEGADO FALCÃO - Para que nos diga a data da morte de Lourenço.
DR. MACIEL - Não há, propriamente, uma data certa do crime. Posso dizer que ele foi assassinado, aproximadamente, entre os dias 20 e 22 do mês passado.
BRANCA - (anunciou, alto e forte) No dia 20 João esteve na minha casa.
Falcão se encaminhou até João Coragem, visivelmente contrariado.
DELEGADO FALCÃO - Você está em liberdade... embora provisória, João. Está proibido de deixar a cidade, sem minha ordem. E tome cuidado com o que vai fazer doravante. Sua fama de santo... está decaindo.
JOÃO - (bateu com o lenço na bota empoeirada e ajeitou os cabelos negros) Por Deus, que preciso mesmo sê um santo... pra agüentá tudo isso! Um santo bem santo, mesmo!
FIM DO CAPÍTULO 60
Falcão (Carlos E. Dollabela) e Branca (Neusa Amaral) |
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
*** PEDRO BARROS OBRIGA ESTELA A ESCREVER UMA CARTA DE DESPEDIDA PARA A FILHA, LARA, E A DEIXAR A CASA-GRANDE PARA SEMPRE!
*** MARIA DE LARA PEDE A JOÃO QUE AJUDE-A A FAZER DIANA VOLTAR, PARA DESCOBRIR O QUE ACONTECEU NA NOITE EM QUE LOURENÇO FOI ASSASSINADO.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 61 DE
Toni, fiquei com pena de Ritinha coitada, depois de uma viajem cansativa, no estado dela, ouvir aquelas palavras duras de Duda, que por sua vez estava numa situação aflitiva. Que drama! Muito bom! Bjs.
ResponderExcluirOlhando as fotos aqui;Vi Neuza Amaral então quis saber dela; fui no google e ela está bem faz pequenas participações e mora em Araruama bom; isso em 2008; atualmente não sei....
ResponderExcluirMaria: é mesmo, a coitada da Ritinha sofre! E mesmo grávida, vem nova separação aí, do marido! Aguarde! rsrs
ResponderExcluirMari: Neusa Amaral é uma grande atriz! Lembro dela, ainda moleque, tocando bumbo em "Bravo!". Acho que ela ficava maluca, não sei bem... Deve estar bem velhinha, né... Pena que tenha poucas vovós nas novelas. Não sei se é impressão, mas acho que antigamente haviam mais, como Henriqueta Brieba, Elza Gomes...
Antonio; em 2008 ela estava com 78 então hoje ela tem 81; grande atriz Neuza Amaral..bjos.
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