sexta-feira, 30 de setembro de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 68


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 68

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

DELEGADO FALCÃO
DIANA
FAUSTO PAIVA
MOREIRA
DR. RAFAEL
DALVA

CENA 1  -  COROADO -  DELEGACIA  -  INT.  -  DIA.

Diogo Falcão jamais poderia identificar naquela mulher contida, tímida, pesarosa, vestida com simplicidade e moderação, a outra, atrevida, satânica, desbocada. Para ele, a mulher que ali estava era...


DELEGADO FALCÃO  -  ... Dona Lara, boa noite! Que prazer em rever a senhora!

Estendeu a mão, mas a mulher recuou, num gesto brusco. Falcão encolheu-se.


DIANA  -  Quero ver meu marido!

DELEGADO FALCÃO  -  Que pena! Sinto muito, Dona Lara, mas não é possível.

DIANA  -  Por quê?

DELEGADO FALCÃO  -  Porque... ele está proibido de receber visitas. Sabe, andou fazendo besteiras... agredindo meus homens. É uma puniçãozinha necessária.

Aos poucos, Diana se revelava. E a atitude sarcástica do delegado contribuía para isso.


DIANA  -  Quer tirar a máscara, Falcão? Você foi proibido por Pedro Barros de me deixar entrar. Recebeu ordem dele, não?

DELEGADO FALCÃO  -  Dona Lara, a senhora me ofende!

DIANA  -  Você pensa que eu não sei quem você é, Falcão? Você está tirando sua vingança pessoal pra cima do João!

DELEGADO FALCÃO  -  Dona Lara!

DIANA  -  Que dona Lara, nem meia dona Lara! Me deixa ver João antes que eu acabe com essa porcaria desta cadeia.

DELEGADO FALCÃO  -  Eu não posso deixar a senhora entrar.

DIANA  -  Seu vendido! Seu sujo! Vou chamar o advogado! O juiz! O promotor! Você vai ser obrigado, por lei, a me deixar entrar! Seu calhorda!

No interior da cela João levantou-se e segurou as grades, fortemente. Ouvira a voz da esposa. Seus dentes trincaram-se e os punhos fecharam-se diante da total impossibilidade de reação.

CORTA PARA:


CENA 2  -  RIO DE JANEIRO  -  MARACANà -  EXT.  -  DIA.

Torcedores, aos milhares, se agrupavam diante dos grandes portões internos do Maracanã, á espera da saída dos jogadores. A partida fôra duramente disputada e, apesar dos esforços do time e da força moral da torcida, o Flamengo havia perdido por um a zero. Bandeiras em preto e vermelho haviam enchido tres quartas partes do “Maior Estádio do Mundo” e, findo o jogo, seguiam elas, tristonhas, para o longo descanso dos derrotados.

De repente, a massa humana agitou-se sobressaltada e o corpo metálico do ônibus emergiu do subsolo. No alto, á frente, em letras negras lia-se CR FLAMENGO. Batedores da polícia abriram caminho para a passagem do coletivo. Cabisbaixos os jogadores evitavam os olhares críticos daqueles a quem deviam riqueza, prestígio e fama.


Fausto Paiva entrou no Dart azul-metal. Irônico. Com um sorriso de lado a lado na boca antipática. Notou a aproximação de Paulo Moreira. O diretor do Flamengo acabava de engolir um comprimido. Doía-lhe a cabeça. Fausto arrancou uma primeira lenta e aproximou-se do homem.


FAUSTO PAIVA  -  Convencido agora?

MOREIRA  -  Não. Ainda não.

FAUSTO PAIVA  -  Então, continue insistindo com ele. Continue e vocês vão entrar por um cano que não tem mais tamanho.

Moreira voltou-lhe as costas, fugindo á gozação do técnico e á indiscrição da torcida que já se avizinhara do local. Fausto encaixou uma segunda e deslizou em direção ao portão central.

Quieta e desiludida, a multidão deixava o estádio.

CORTA PARA:

CENA 3  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  CASA-GRANDE  -  QUARTO DE LARA  -  INT.  -  NOITE.

O médico reconheceu que a moça fingia dormir. E não poupou palavras rudes. Diana deitara-se pouco antes, ao regressar de suas andanças pelo centro de Coroado. Rafael segurou-lhe os pulsos com brutalidade.


DR. RAFAEL  -  Não acha que está passando dos limites? Até quando teremos de suportas as suas loucuras? Sabe o que eu vou fazer com você? Vou mandar trancá-la, não na clínica de repouso, mas no hospício. Ouviu? No hospício. Vou chamar os homens do seu pai para colocá-la no carro e levo você comigo para a capital, agora!

DIANA  -  (abriu os olhos, agressiva)  Experimente, se for homem...

Tentou levantar-se. Rafael agarrou-a com firmeza.

DR. RAFAEL  -  Você não pode comigo, Diana.

DIANA  -  Você passou pro lado deles. Estão todos contra mim e fazendo o possível pra calar minha boca. E você os está ajudando!

DR. RAFAEL  -  Não há nada que você possa fazer a favor de João.

DIANA  -  Mas desmascaro Pedro Barros!

DR. RAFAEL  -  Quer você queira ou não, Pedro Barros é seu pai. E não é justo que você faça escândalo em torno do nome dele.

DIANA  -  Já vi tudo!  Você passou, sim para o lado dele. (saltou, lépida, para o chão, e ameaçou, decidida)  Lara não vai mais voltar.

DR. RAFAEL  -  (endireitou-se e respondeu com severidade)  Pois bem... serei obrigado a cumprir minha palavra.

Com os olhos vidrados, Diana apressou-se a obstruir a porta com o corpo.

DIANA  -  Você não pode ter coragem...

DR. RAFAEL  -  Necessito falar com Lara!  Se você não a deixar voltar, faço o que prometi.

A moça, aveludou a voz e modificou, abruptamente, a atitude.


DIANA  -  Eu sou Lara...

DR. RAFAEL  -  (segurou-a pelos braços e balançou-a como a um ramo de arbusto)  É muito cínica! Você não é Lara, é Diana!  Mas vai fazer com que Lara volte, neste instante. Vai dormir, Diana, e deixar Lara dominar seu corpo...

A moça virou o rosto e fechou os olhos. Rafael tentava impor sua vontade.

DIANA  -  Você não me domina...

DR. RAFAEL  -  Olhe para mim... olhe firme... (tomou-lhe o queixo entre as mãos e fitou profundamente os olhos da mulher)  Olhe firme, Diana... olhe bem. Você é mulher, fraca, não pode comigo. Relaxe-se bem... relaxe-se... isso, assim. Vai dormir, Diana... para ir embora... e só voltar quando eu quiser. Entendeu bem? Quando eu quiser... Quando eu chamar... só quando eu chamar. (bateu de leve no rosto inerte da paciente)  Lara! Lara! Que está sentindo?

Lara encolheu-se, apertando o crânio entre as mãos finas. Gemia e choramingava, ante os olhos atentos do médico.

MARIA DE LARA  -  Minha cabeça dói... dói muito!

DR. RAFAEL  -  Pode se levantar, Lara. Você já vai melhorar.

Lentamente, Lara sentou-se, enfraquecida. Rafael autorizou a entrada de Dalva no quarto extremamente confortável e decorado com requinte.


DALVA  -  Lara!

DR. RAFAEL  -  (disse à tia)  Lara precisa da senhora.  Não a faça falar, nem lhe pergunte nada. Precisa descansar.

Lara permanecia paralisada, com as mãos friccionando as têmporas, completamente alheia ao mundo.

FIM DO CAPÍTULO  68
Diana (Glòria Menezes)


E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

*** JERÔNIMO E BRAZ ESTÃO DECIDIDOS A TIRAR JOÃO DA CADEIA, MES ESTE RESISTE À IDÉIA DO IRMÃO.

*** RODRIGO LEVA POTIRA E SINHANA PARA VER A CASA ONDE VAI MORAR COM  A ÍNDIA APÓS O CASAMENTO.

NÃO PERCA O CAPÍTULO 69 DE

2 comentários:

  1. Toni, deu uma peninha de João Coragem, na prisão! E a cena com Diana xingando Falcão, foi ótima! Muito bom! Bjs

    ResponderExcluir
  2. Achei legal tb a cena de Diana tentando se passar por Lara!Bjs!

    ResponderExcluir