terça-feira, 19 de agosto de 2014

O HOMEM QUE DEVE MORRER - CAPÍTULO 46 - TONI FIGUEIRA


Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 46

Participam deste capítulo

Baby  -  Claudio Cavalcanti
Inês  -  Betty Faria
Mestre Jonas  -  Gilberto Martinho
Rosa  - Ana Ariel
Padre Miguel  - Artur Costa Filho
Ester  -  Gloria Menezes
Cândida  - Monah Delacy

 CENA 1  -  PORTO AZUL  -  IGREJA  -  SACRISTIA  -  INTERIOR  -  NOITE

A DECISÃO ESTAVA TOMADA E BABY NÃO ARREDAVA PÉ. POR QUE NÃO ENFRENTAR A REALIDADE? MESTRE JONAS, O PESCADOR, DE HÁ MUITO BUSCAVA UMA RAZÃO PARA A VINGANÇA. NÃO ACEITAVA QUE A FILHA, SUBMETIDA AOS CAPRICHOS DE UM MOÇO RICO, CONTINUASSE A SERVIR DE DISTRAÇÃO, APENAS DISTRAÇÃO, PARA OS MOMENTOS DE FOLGA DE LIBERATO. BABY NÃO DEIXARA DE SE ENCONTRAR COM INÊS, E AGORA MUITO MENOS, DEPOIS DA AMIZADE QUE O UNIA A DANIEL E A TODO O GRUPO DE MINEIROS QUE FORMAVA O SEU BANDO DE HOMENS DE CONFIANÇA. TUDO MUDARA EM POUCO TEMPO. BABY TINHA UM SÓ OBJETIVO – PROGREDIR COM A COMPANHIA E DESTRUIR O PRIMO. TRANSFORMAR OTTO MULLER NUM MISERÁVEL PEDINTE. IDEIA FIXA.

NAQUELA NOITE, DEPOIS DE BEBER MUITO, BABY LEVOU INÊS À IGREJINHA DE PORTO AZUL E, DE MÃOS DADAS, ESTAVAM DIANTE DO PADRE MIGUEL.

BABY  -  Eu vou me casar com Inês!

PADRE MIGUEL  -  Ótimo, meus filhos! Maravilhoso! Fico muito alegre quando dois jovens decidem se unir pelos santos laços do matrimônio!

BABY  -  (nervoso) Olha aqui, padre, olha! Estou querendo me amarrar nela... porque a gente passou uma noite fora ... e os pais dela... quero dizer... estão pensando que eu... que eu... sou um aproveitador... explorador de mocinhas ingênuas. Eu tenho má fama, padre!

PADRE MIGUEL  -  (com olhar simpático) Ah, meu filho! Você está provando o contrário. Com um ato deste, você está salvando a sua alma! (virou-se para a moça que até então não dera um pio) E você, Inês, está disposta a se unir a ele?

INÊS  -  (queria acreditar que não sonhava) Eu? Padre, sei lá! Ele é meio doido! É capaz de tá fazendo isso e se arrependendo amanhã!

PADRE MIGUEL  -  Baby Liberato é um bom rapaz. Um rapaz de bem, minha filha. Ele vai cumprir a palavra que deu a você. E já que estão decididos, o que resta a fazer é deixar comigo os papéis... ambos já são maiores de idade.

BABY  - (intrigado) Os papéis?

PADRE MIGUEL  -  Documentos de identidade...

BABY  -  Ah, sim! Documentos de identidade... (rebuscou os bolsos, desajeitadamente; caiu sentado contra o banco da sacristia, enquanto procurava a carteira no bolso traseiro da calça jeans) Ôpa! (riu ao tombar sobre o banco) Ah, aqui está!

PADRE  -  E os seus, minha filha?

JONAS E ROSA ACABAVAM DE ENTRAR APRESSADAMENTE NO TEMPLO, AINDA NÃO ACREDITANDO NA DECISÃO INACREDITÁVEL DO PRESIDENTE DA COMPANHIA DE MINERAÇÃO.

MESTRE JONAS  -  (gritou de longe, ao ouvir o pedido do padre) Os documento dela... tá tudo aqui!

PADRE MIGUEL  -  (explodiu de contentamento) Mestre Jonas! Dona Rosa! Que felicidade!

BABY ABRAÇOU O HUMILDE PESCADOR APERTADAMENTE.

BABY  -  Meu sogro! Estou emocionado!

ROSA  -  (sorridente) Calma... ainda não se casaram!

BABY  -  (feliz) Ainda não?! Pensei que só em falar com o padre a gente já estava amarrado!

PADRE MIGUEL  -  Não, meus filhos... temos alguns dias pela frente. Até lá podem pensar... para que não haja arrependimento depois.

MESTRE JONAS  -  (sério, a voz firme e equilibrada) Não vai havê arrependimento, seu padre. Pode tocá o bonde!

PADRE MIGUEL  -  Então... daqui a alguns dias... depois que eu falar com o juiz... podemos realizar o casamento... aqui mesmo, na Igreja da Lagoinha (benzeu o casal com um sinal da cruz no ar) Vão com Deus, meus filhos... e que Deus os abençoe.

BABY PEGOU DO BRAÇO DA NAMORADA E COMO SE TIVESSE DEIXADO O ALTAR DEPOIS DO ATO NUPCIAL, SAIU ENTOANDO A MARCHA NUPCIAL. INÊS NÃO SE CONTEVE. AS LÁGRIMAS LHE CAÍAM DOS OLHOS COMO CACHOEIRAS DIMINUTAS.

CORTA PARA:
Baby e Inês

CENA 2  -  FLORIANÓPOLIS  -  CASA DE ESTER  -  SALA  -  INTERIOR  -  DIA

FAZIA UM MÊS QUE ESTER HAVIA PROCURADO A MÃE DO AVIADOR ASSASSINADO, À PROCURA DE UMA PISTA QUE INCRIMINASSE OTTO MULLER E O LEVASSE ÀS GRADES.

NAQUELA MANHÃ, ESTER NÃO HAVIA AINDA DEIXADO A SUA CASA NO ALTO DO OUTEIRO. ALGUÉM BATEU À PORTA COM INSISTÊNCIA.

ESTER  -  Dona Cândida... que surpresa!

CÂNDIDA  -  (entrou, ainda trêmula) Bom encontrar você aqui. Preciso muito lhe falar, minha filha!

A JOVEM CONVIDOU A MÃE DO AVIADOR A ENTRAR E SENTAR-SE NA VARANDA ENVIDRAÇADA.

CÂNDIDA  -  Eu vim... porque fiz uma descoberta muito importante... e achei que você precisava tomar conhecimento!

ESTER  -  (a curiosidade aguçada) ... a respeito de quê?

CÂNDIDA  -  Você sabe que eu conhecia o pai do Senhor Otto...

ESTER  -  Sim, a senhora já me disse, há tempos...

CÂNDIDA  -  Eu o vi, há muitos anos atrás, em Porto Alegre. Estava em companhia de um casal amigo... e foram eles que me mostraram Von Muller Leoschen. O casal havia sido vítima, na guerra, do major da SS.

ESTER  -  Compreendo. Eram judeus.

CÂNDIDA  -  Exato. Daí meu conhecimento com Von Muller Leoschen. Ele fugiu, é claro! Nunca mais ninguém o viu. Mas hoje, Ester, hoje... eu voltei a ver esse homem! Ele está aqui em Florianópolis!

ESTER  -  (abismou-se com a revelação) O pai de Otto? Aqui?

CÂNDIDA  -  Tenho certeza! Era ele mesmo!

ESTER  -  Como foi que o viu? Me diga em detalhes como a senhora constatou a presença desse carrasco nazista em Florianópolis! Se isso for verdade, Von Muller ficou louco, varrido!

CÂNDIDA  -  Entrei num bar para telefonar e, enquanto falava, minha atenção foi despertada para aquele velho bebendo, numa das mesas. Muito vermelho, olhos azuis, arrogante. Cortei minha conversa para seguir aquele homem. Reconheci-o de estalo! Interessava saber para onde ele se dirigia... Até que cheguei a uma casa pequena, na estrada que leva ao farol. O homem entrou ali. Nas redondezas, ninguém sabe o que ele faz, nem de que vive. Deu o nome de Joseph. Apenas Joseph.

ESTER SE IMPRESSIONOU COM A REVELAÇÃO. ESTAVA MUITO PÁLIDA, OLHOS ESBUGALHADOS, ATENTA À HISTÓRIA.

ESTER  -  Tem certeza de que era ele? Não se enganou? Quantos anos faz que o conheceu em Porto Alegre?

CÂNDIDA  -   Faz cinco anos. Aquele rosto não me saiu jamais da mente. As coisas que me contaram dele também não.

ESTER  -  Ele é condenado de guerra.

CÂNDIDA  -  É. Foi julgado e condenado, em Nuremberg, mas conseguiu escapar. Sei que a polícia internacional e organizações judaicas... comandadas por Simon Wiesenthal... andam à procura dele. Quando foi visto em Porto Alegre, o casal o denunciou, mas o homem escapuliu como num passe de mágica. Ninguém conseguiu encontrar nem pista dele.

ESTER  -  Ele deve estar aqui com... o apoio de Otto.

CÂNDIDA  -  Com certeza, Ester. E eu lhe contei isso pra você fazer o que quiser. Eu não posso afirmar ter sido Otto o assassino do meu filho, mas o odeio como... você o odeia.

ESTER  -  Pela primeira vez, acredito que algo vai acontecer, modificando um passado de mentiras e interesses. A riqueza de Otto tem servido para defendê-lo contra a verdade dos fatos. Ninguém gosta ou deseja se opor a um homem bilionário, dono de consciências e de almas. Isso pode mudar muita coisa, Dona Cândida. Pode mudar até minha situação, a minha vida... Isso muda tudo. Tudo!

FIM DO CAPÍTULO 46


... E NA PRÓXIMA QUINTA, CAPÍTULO INÉDITO!

3 comentários:

  1. Será que Ester vai conseguir fazer alguma coisa pra se libertar de Otto? Tenho minhas dúvidas...

    ResponderExcluir
  2. O que será que pretende o pai de Otto? Coisa boa é que não é... Vamos ver.

    ResponderExcluir
  3. Essa situação vai desencadear um drama sem tamanho... rs....aguardem!

    ResponderExcluir