Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 45
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
CEMA
DUDA
JOÃO
DR. RAFAEL
MARIA DE LARA
DALVA
RITINHA
SINHANA
JERÔNIMO
CENA 1 - CASA DO RANCHO CORAGEM - EXT. - NOITE.
Durante alguns segundos Cema permaneceu paralisada, não acreditando naquilo que vira. Aos poucos recuperou-se do choque e, como se visse um fantasma, saiu em disparada ao encontro dos cavaleiros.
CEMA - Socorro! Socorro! Seu Bastião tá morreno!
Os rapazes saltaram lépidos das montarias. Cema falou, aflita, quase sem respirar, apontando para o interior da casa.
CEMA - Foi um assalto. Os home tão fugino, mas seu Bastião tá morreno!
DUDA - Vai ver o pai. Me dê a sua arma, irmão. Vou atrás dos bandidos. (voltou-se para a mulher) Por onde eles foram?
CEMA - Ainda falta um! Ali! Ali tá ele, Duda!
O vulto oculto pelas sombras procurava, nervosamente, montar no cavalo.
DUDA - (ameaçou) Pare! Pare ou eu atiro!
Incontinenti o homem esporeou o animal e partiu a galope, o cavalo relinchando.
Durante alguns segundos Cema permaneceu paralisada, não acreditando naquilo que vira. Aos poucos recuperou-se do choque e, como se visse um fantasma, saiu em disparada ao encontro dos cavaleiros.
CEMA - Socorro! Socorro! Seu Bastião tá morreno!
Os rapazes saltaram lépidos das montarias. Cema falou, aflita, quase sem respirar, apontando para o interior da casa.
CEMA - Foi um assalto. Os home tão fugino, mas seu Bastião tá morreno!
DUDA - Vai ver o pai. Me dê a sua arma, irmão. Vou atrás dos bandidos. (voltou-se para a mulher) Por onde eles foram?
CEMA - Ainda falta um! Ali! Ali tá ele, Duda!
O vulto oculto pelas sombras procurava, nervosamente, montar no cavalo.
DUDA - (ameaçou) Pare! Pare ou eu atiro!
Incontinenti o homem esporeou o animal e partiu a galope, o cavalo relinchando.
O estampido do tiro ecoou no silencio da noite, confundindo-se com o grito de dor do bandido. A bala atingiu-lhe o braço á altura do bíceps, obrigando-o a uma parada momentânea. Eduardo aproveitou para atirar-se contra o desconhecido. A luta foi rápida. Com um pontapé lançado do alto da sela, o homem jogou o rapaz ao solo, ao mesmo tempo em que apontava o revólver contra ele, detonando-o.
CAPANGA - Não adianta, mocinho... não adianta... Fique aí ou acabo com você! Dou-lhe outro tiro.
Com o rosto sujo de terra e a perna ferida pelo tiro, Eduardo arrastou-se até a casa, ouvindo o bater das ferraduras do cavalo a perder-se na distancia. A perna doía-lhe como seiscentos diabos...
CORTA PARA:
CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - QUARTO DE LARA - INT. NOITE.
João Coragem mal respirava quando,subindo dois a dois os degraus da escada, entrou no quarto de Lara. Dr. Rafael, de mangas arregaçadas e com o rosto banhado de suor, concluía o trabalho. Lara, muito pálida, descansava com os olhos cerrados.
JOÃO - (em voz baixa) Como tá ela, douto?
DR. RAFAEL - Tudo já passou...
JOÃO - Passou? O que o senhô quer dizê?
Aproximou-se do leito, indeciso.
JOÃO - (olhou para o médico) É... Lara?
O médico fez que sim com a cabeça. João beijou suavemente a testa da esposa. Ela abriu os olhos com doçura.
MARIA DE LARA - João... João... você demorou!
JOÃO - Agora, tá tudo bem. Tou aqui...
João notou o leve tremor que sacudiu o corpo da esposa e as manchas de sangue que marcavam o lençol alvo e a camisola de dormir.
MARIA DE LARA - (quase sem forças, gemendo fracamente ao movimentar o corpo) Que foi que lhe fizeram, João?
JOÃO - A mim, nada. Você é que me preocupa!
MARIA DE LARA - Eu? Mas... eu estou bem.
JOÃO - (os olhos embaçados) O nosso filho... já soube?
MARIA DE LARA - Que tem o nosso filho?
O rapaz percebeu a indiscrição e o leve movimento de mãos do Dr. Rafael.
JOÃO - Nada. Tou só perguntano... tá... tá tudo bem?
MARIA DE LARA - Está... não é mesmo, doutor?
Abrindo o pacote de remédios, o médico deu um passo á frente, segurando as mãos da paciente.
DR. RAFAEL - Claro! Está tudo bem. (dirigindo-se ao rapaz) Não a deixe falar muito. Ainda está fraca.
Indaiá ajudava Lara a erguer-se um pouco para ingerir o comprimido que o médico lhe dava.
MARIA DE LARA - (apreensiva) Por que fiquei... neste estado de fraqueza?
JOÃO - Acho que você... fez algum esforço. Foi isso.
A moça virou o rosto, visivelmente atormentada.
MARIA DE LARA - Eu... ou ela?
JOÃO - (com mau pressentimento) Não sei... não sei o que foi que houve.
MARIA DE LARA - Só sei que estava muito aflita... para avisar você, João... de que estava correndo perigo. É tudo o que me lembro. Depois veio a escuridão...
JOÃO - Por quê?
MARIA DE LARA - Porque havia uma ameaça... minha mãe me avisou... que meu pai não pretendia cumprir a palavra... não sei bem o que era... só sei que falaram num golpe que estavam preparando para você...
Depois de aplicar uma injeção na veia de Lara, o Dr. Rafael fez sentir que ela fazia um esforço demasiado com possíveis conseqüências desagradáveis para o futuro. João despediu-se de Lara, beijando-a na testa. A moça agarrou, frenèticamente, os ombros do marido.
MARIA DE LARA - Eu precisava de você... era você que faltava na minha vida... pra me dar essa sensação de apoio, de segurança... Acho que o Dr. Rafael tem razão. Você é uma espécie... de tratamento... para o meu mal. Junto de você... eu não tenho medo... de nada.
Cerrou os olhos, maciamente, enquanto João Coragem, muito sério, descia para a sala de visitas, no compartimento térreo da casa-grande.
CORTA PARA:
CENA 3 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - SALA - INT. - NOITE.
Rafael aguardava João em companhia de Dalva. O médico fumava um cigarro, observando a evolução da fumaça e as variadas formas que assumia. Era como que uma personalidade multiforme. A voz de João ligou-o novamente á realidade.
JOÃO - (para a tia da esposa) Foi Lourenço... ou foi a senhora?
DALVA - Não admito a mais leve acusação...
JOÃO - (cortou, com frieza) A empregada disse...
DALVA - Não importa o que tenha dito. No momento eu fiquei desnorteada. Ela estava fora de si. Não pensei que fossem chegar a extremos.
JOÃO - Doutor... e o meu filho?
O médico meneou a cabeça, fitando desoladamente os olhos do rapaz.
DR. RAFAEL - Ela perdeu a criança, João.
Um silencio irritante sucedeu ás palavras francas do Dr. Rafael. João controlava o ódio que o impelia a procurar o capataz e dar-lhe o castigo merecido.
JOÃO - (a Dalva) Onde anda Lourenço?
DALVA - Não sei. Saíram todos daqui... não sei aonde foram.
JOÃO - Eu vou acabá com a vida de muita gente. Vou procurá Lourenço e matá-lo como quem esmaga um verme... (lutava para conter as lágrimas que lhe banhavam os olhos) Eu... eu tava tão contente, doutor! Casado com ela... a criança que vinha... era até uma esperança de que ela ia se curá... o senhor mesmo disse, doutô! E de repente... (fez uma pausa, com as mãos postas diante do rosto, afugentou algumas gotas teimosas que insistiam em deslizar por sobre sua face) ... e de repente, tudo vai por água abaixo... por culpa de um desgraçado... um desgraçado que, a troco de nada... por pura maldade... manda fazê o que fizero com minha mulhé. Doutô... é de enlouquecer qualquer um. (gritava, em desespêro) É de enlouquecer, doutô!
Em largas passadas cruzou a sala para olhar o campo que se estendia á sua frente.
JOÃO - Olha... avisa ao pai dela que eu volto pra pegar ele... e venho disposto a tudo. Ai daquele que tentá se atravessá no meu caminho!
Rafael e Dalva ouviram o desabafo do rapaz, sem nada comentar.
CORTA PARA:
CENA 4 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - NOITE.
CEMA - Duda levô um tiro, mas num tá mal.
Ritinha, que havia retornado ao rancho, acompanhando Sinhana e Potira, quase desfaleceu com o impacto da notícia. Apoiou-se á parede calada aguardando a verdade pior.
CEMA - Num tá mal, tou dizendo. Acho que é coisa á toa. Tou te avisano procê não ficá nesse desespero.
Ritinha, com esforço, conseguiu soerguer-se.
CORTA PARA:
CENA 5 - CASA DO RANCHO CORAGEM - QUARTO - INT. - NOITE.
Sentado na cama com a perna esticada sobre o colchão, Duda contraía os músculos da face, numa careta de dor. A seu lado, Jerônimo tentava estancar o sangue, aplicando um torniquete com ligaduras improvisadas de sua própria camisa.
SINHANA - Deixa. Faço isso. Vão buscá mais água fervida. Depressa! Corre, índia!
Ritinha, transtornada pelos acontecimentos, viu Duda por entre o vão formado pelos corpos de Sinhana e Jerônimo. Correu até ele.
RITINHA - Eduardo! Eduardo! Que foi que fizeram com você?
Abraçou-se ao rapaz, alisando-lhe a testa suada.
DUDA - Calma, Ritinha! Isto não é nada!
A jovem olhou para a perna ensangüentada do marido, razão de seu êxito na vida.
RITINHA - Foi na perna, Eduardo? Na perna!
DUDA - Eu acho que isso não tem importância.
JERÔNIMO - Mandei o Braz chamar o Dr. Maciel.
A velha lembrou-se do marido, até àquele instante esquecido de todos. Ninguém se lembrara da presença do chefe da família, exceto Sinhana.
SINHANA - Seu pai, como é que tá?
JERÕNIMO - Num tá bom, não, mãe. Quando cheguei tava passano mal, mas dei aquele remédio pro coração e agora parece que acalmô.
SINHANA - Diabo de home frôxo!
JERÔNIMO - (sentido) Ele é doente!
SINHANA - E João?
JERÔNIMO - Deve de tá pajeando a mulhé dele na casa do sogro (olhando demoradamente para os presentes, o rapaz revelou a verdade do atentado) Olha só pra aquilo! (mostrou o buraco no chão, recentemente escavado) Levaro o diamante dele!
SINHANA - Se Deus destinô o diamante pro João, ninguém fica com ele.
JERÕNIMO - Se João num estivesse com a mulhé dele, nada disso teria acontecido... (retornando à perna do irmão e ajeitando o travesseiro de fronha bordada. Duda gemia fracamente, trincando os dentes) João é um fraco, mãe. Aquela mulhé desgraçô com ele... desgraçô com todos nós...
Os olhares voltaram-se repentinamente para a porta do quarto. João Coragem acabava de chegar, camisa aberta ao peito, de onde, por entre os cabelos negros, a imagem dourada de Cristo rebrilhava á luz baça do candeeiro.
JOÃO - Que foi que houve?
O garimpeiro, espantado, verificou de imediato a situação do irmão deitado na cama, com a perna apoiada no colo de Ritinha.
DUDA - Temos más notícias, irmão...
Jerônimo tornou a apontar para o local onde a pedra estivera guardada.
JERÕNIMO - Olha!
Os olhos do garimpeiro esbugalharam-se e a voz como o som cavo de um trombone rachado, saiu-lhe do peito, abafada pela exclamação:
JOÃO - Meu... diamante!
JERÕNIMO - (cabisbaixo) Foi roubado... Olha pro teu irmão. Foi ferido a bala. Fala com Cema. Foi judiada pelos home. Fala com pai. O coitado nem pode. Tá ruim do coração.
JOÃO - Mas... como? Como, Santo Deus! Como pode ter acontecido isto?
JERÕNIMO - Pergunta ao teu sogro! Pergunta a tua mulhé! Foram os home de Pedro Barros...
JOÃO - Não tanto pelo diamante... sim, também por ele... mas, muito mais por você, meu irmão...
João dirigiu-se até a beira da cama onde Duda permanecia deitado. Afagou-lhe a cabeça, os cabelos desgrenhados. O suor molhou-lhe os dedos, empapou-lhe a palma da mão. Duda sorriu, meio desligado.
DUDA - Isto talvez não seja nada, João. Eu tentei evitar que o sujeito fugisse com a sua pedra... agarrei-me a ele... e o bandido me impediu, atirando...
RITINHA - (nervosa) ... foi na perna dele, João! Logo na perna dele!
JOÃO - (para Sinhana) É grave, mãe?
SINHANA - Num sei, filho. Só um médico pode dizê... Já mandaro chamá Dr. Maciel, mas tá demorano como diabo...
Ritinha levantou-se, colocando a perna do esposo sobre almofadas trazidas por Potira.
RITINHA - Eu vou buscar papai!
FIM DO CAPÍTULO 45
Lázaro e João |
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
*** JOÃO E JERÔNIMO DUSCUTEM.
*** DR. MACIEL SE NEGA A CUIDAR DE DUDA, E JOÃO E JERÔNIMO VÃO Á CASA DELE, DISPOSTOS A TUDO PARA QUE O MÉDICO SOCORRA O IRMÃO BALEADO.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 46 DE
Toni, começaram os infortúnios causados pela cobiça gerada pelo diamante de João. Pobres Irmãos Coragem! Muito bom! Bjs.
ResponderExcluirÈ verdade, Maria. Começa agora uma nova fase da novela, quando João passa a ser um foragido da justiça!
ResponderExcluirBjs