quarta-feira, 31 de agosto de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 55



Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 55

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

DELEGADO FALCÃO
PEDRO BARROS
DR. MACIEL
JERÔNIMO
BRANCA
JUCA CIPÓ

CENA 1  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  SALA  -  INT.  -  NOITE.

A noite caía quando o delegado chegou á fazenda de Pedro Barros. Saltou lépido para o chão e apressou-se a procurar o coronel.


DELEGADO FALCÃO  -  Temos novidades...
  
PEDRO BARROS  -  (cortou)  Já andei sabendo. Essas coisas correm léguas. É mesmo verdade? Lourenço foi encontrado morto, no rio?

DELEGADO FALCÃO  -  Tudo indica que é ele.  Eu vim só avisar. Agora, tenho que chamar a mulher dele, em Morrinhos, pra ela vir fazer o reconhecimento em definitivo.
 
PEDRO BARROS  -  Acharam documentos? 

DELEGADO FALCÃO  -  Estão quase destruídos.  Já mandei secar pra ver se a gente descobre alguma coisa.

PEDRO BARROS  -  E João? Já apareceu? Faz mais de dez dias que saiu daqui e até hoje não se sabe notícias dele.

DELEGADO FALCÃO  -  Não, seu coronel. O homem ainda está sumido. Quem está muito preocupado com a coisa é o Jerônimo.

Barros abriu os olhos e sorriu glacialmente. Deu um passo á frente, diminuindo a distancia que o separava do delegado. Havia malícia nos gestos e atitudes, quando se dirigiu ao protegido.

PEDRO BARROS  -  Chegou a nossa vez, Falcão. Não tem dúvida de que foi João quem matou Lourenço. O encontro do corpo... a ausencia do safado... já bastam como prova, não acha?

DELEGADO FALCÃO  -  Não, ainda não, meu coronel.

PEDRO BARROS  -  Você está do lado dele, Falcão?

DELEGADO FALCÃO  -  Não. Mas, eu quero fazer a coisa como se deve. Não quero que digam que estou agindo fora da lei.

PEDRO BARROS  -  Onde está o corpo?

DELEGADO FALCÃO  -  Numa sala da delegacia.  O doutor Maciel está fazendo a autópsia para saber a causa da morte.
 
PEDRO BARROS  -  É verdade que a cara dele foi destruída?

DELEGADO FALCÃO  -  Completamente.   Causa pavor só a gente olhar. Tá tudo esburacado...

PEDRO BARROS  -  (com voz doce e traiçoeira)  Eu quero te ajudar. Tem que mandar alguém chamar a mulher de Lourenço, não tem?

DELEGADO FALCÃO  -  Tenho e vou fazer isso, imediatamente. É ela quem vai dar a palavra final.
  
PEDRO BARROS  -  (confidenciou)  Pode deixar... eu faço isso pra você, meu amigo. Em menos de três horas eu chego até Morrinhos, no meu carro. E trago ela pra você.

O coronel abraçou amigavelmente o delegado, levando-o para um trago na sala de visitas.

CORTA PARA:

CENA 2  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  INT.  -  NOITE.

O viciado médico, com o rosto inchado e ligeiras linhas vermelhas traçando desenhos sinuosos sobre o nariz, lavava as mãos, depois do trabalho desagradável da autópsia.


DR. MACIEL  -  Cada uma que acontece! Eu tenho que fazer tudo nesta cidade. Me dêem um gole, senão quem vai precisar de autópsia, daqui a pouco, sou eu.
  
DELEGADO FALCÃO  -  (deu um passo à frente)  Quais as suas conclusões?

Antes de responder, Maciel aceitou um trago que Jerônimo, presente á delegacia, lhe oferecia. Bebeu de uma talagada.

DR. MACIEL  -  Ele foi morto... a cêrca de uma semana atrás.

DELEGADO FALCÃO  -  (fez as contas nos dedos)  João saiu pra procurar ele, há uma semana.
  
JERÔNIMO  -  O que mais, seu doutô?

DR. MACIEL  -  Foi baleado... no peito. Duas balas atingiram o coração e o fulminaram.
  
DELEGADO FALCÃO  -  João saiu armado, disposto a tudo...

A insistencia do delegado irritou o garimpeiro.

JERÔNIMO  -  Por que teima em dizer que foi meu irmão?

DELEGADO FALCÃO  -  Pelas palavras dele, quando saiu daqui...

JERÔNIMO  -  O que mais achou, doutor?

DR. MACIEL  -  (limpando as unhas com a ponta de um bisturi)  O rosto... foi desfigurado... propositalmente. Não me peçam pra dizer de que maneira... porque eu não saberia responder. O fato é que foi feito de propósito. Quanto a isto, não tenho a menor dúvida. Foi um trabalho de magarefe.

JERÔNIMO  -  Nas roupas...  além dos documentos estragados... num foi encontrado mais nada?

DR. MACIEL  -  (curioso)  Mais nada. Por que?

JERÔNIMO  -  Porque... ele tinha o diamante do meu irmão.

O médico percebeu a dúvida no olhar e nas palavras do Coragem.


DR. MACIEL  -  (aborrecido)  Pode vir comigo... e revistar você mesmo... se não confia na minha palavra.

JERÔNIMO  -  (olhou significativamente para o delegado) Posso ir, Falcão?

DELEGADO FALCÃO  -  Pode.

CORTA PARA:

CENA 3  -  MORRINHOS  -  CASA DE LOURENÇO D'ÁVILA  -  SALA  -  INT.   -  NOITE.

A mulher, atônita e incrédula, ouvia as revelações que lhe faziam. A madrugada ia em meio e um ventinho frio penetrava pelas frestas da porta e das janelas. A hora pedia cama e cobertor, mas Pedro Barros e Juca Cipó não pensavam assim. Enfrentaram léguas e léguas durante as horas da madrugada, para alcançar Morrinhos antes do sol nascer. Agora se encontravam diante da mulher do ex-capataz. Branca D’Ávila chorava.


BRANCA  -  ... mataram meu marido!

PEDRO BARROS  -  Um corpo foi encontrado.  A gente precisa que a senhora vá ver ele pra dizer se é seu marido.

BRANCA  -  Mas... quem? Quem matou?

PEDRO BARROS  -  Não se sabe, ainda.  Ou melhor: não podemos acusar sem provas...
   
JUCA CIPÓ  -  (histérico)  Diz pra ela, diz, patrão. Diz que João Coragem jurou Lourenço de morte.

PEDRO BARROS  -  Isso é verdade.

A mulher ergueu-se, precipitada, ao ouvir o nome do rapaz.


BRANCA  -  João Coragem! Este homem esteve aqui, procurando por ele!

PEDRO BARROS  -  Pois é.  Parece que João cumpriu a sua palavra. Não voltou a Coroado desde que saiu de lá... há mais de uma semana... e este é um forte indício.

JUCA CIPÓ  -  Só pode ter sido ele.  Num foi outro, patrão. Ele jurou, jurou mesmo o... e dizia para todo mundo. Pra quem quisesse ouvi... “eu mato Lourenço, mato Lourenço; ele roubô meu diamante!”

Com a cabeça caída contra o peito e as duas mãos ocultando a face, Branca procurava abafar os soluços.

PEDRO BARROS  -  Eu vim buscá-la.  Para fazer o reconhecimento. É possível... que não seja ele. Tudo vai depender da sua palavra...

BRANCA  -  (descontrolada)  Foi João Coragem... foi ele, sim!  Me disse, aqui, que eu devia rezar para Lourenço não opor resistência... ao lhe entregar o diamante.

Juca e o coronel entreolharam-se, num movimento instantâneo. Havia ironia nos olhos de ambos.


BRANCA  -  (insistia)  Só pode ter sido ele!

PEDRO BARROS  -  (ajeitava as coisas a seu modo) Lourenço... não tinha inimigos.

JUCA CIPÓ  -  (com trejeitos esquisitos)  Só João Coragem...  que era inimigo dele, de morte.

PEDRO BARROS  -  Sinto ter que pedir á senhora pra acompanhar a gente. Tenho o carro, aí fora, pra lhe levar até Coroado.

Ela ergueu a cabeça, olhando fixamente para o velho de cabelos compridos e longa barba grisalha. Parecia-lhe sincero e digno de confiança. E era marido da mulher que modificara o comportamento de Lourenço, levando-o, quem sabe, ao crime. Ao roubo e ao assassínio.

   
BRANCA  -  (quase suplicante)  Há alguma esperança... de que não seja Lourenço?

PEDRO BARROS  -  Eu não posso saber, minha senhora. Tudo é possível. Tudo é possível.

A mulher levantou-se e entrou no quarto. Voltou minutos após, já pronta e com uma pequena mala na mão.


BRANCA  -  O senhor disse que João Coragem sumiu?

PEDRO BARROS  -  É... parece que fugiu, o sem-vergonha.

BRANCA  -  Então... não há dúvida, foi ele mesmo.  Foi ele mesmo... que matou o meu Lourenço!

FIM DO CAPÍTULO 55
Lourenço D'Ávila (Hemílcio Fróes)

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

*** BRANCA D'ÁVILA RECONHECE O CORPO E O ANEL DE LOURENÇO.

*** JERÔNIMO DIZ A LARA QUE O MESMO POVO QUE, ANTES APOIAVA E CONSIDERAVA JOÃO UM HERÓI, AGORA O CONSIDERA UM ASSASSINO.

*** JOÃO VOLTA DA VIAGEM E FICA SABENDO QUE TORNOU-SE UM FORAGIDO PROCURADO PELA JUSTIÇA!



NÃO PERCA O CAPÍTULO 56 DE

2 comentários:

  1. Pobre João! De uma hora pra outra, ficou sem o diamante, sem o pai e agora acusado de assassinato! As coisas estão seguindo ao gosto de Pedro Barros! Toni, está emocionante! Bjs.

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  2. E essa Branca, êta mulher odiosa! Vcs vão ver daqui pra frente! Ela é o cão! rsrsr

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