quarta-feira, 17 de agosto de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 49



Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 49

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

DR. RAFAEL
PEDRO BARROS
JUCA CIPÓ
OTO
DR. MACIEL
DUDA
JERÔNIMO
JOÃO
RITINHA
DELEGADO FALCÃO

CENA 1  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  CASA-GRANDE - SALA - INT. - DIA.

O médico Rafael relatava a Pedro Barros os acontecimentos do dia anterior. As  feições do velho chefe de Coroado mantinham-se inexpressivas. De repente, falou, grave, para o especialista da cidade.


PEDRO BARROS  -  Eu repito. Tudo o que o senhor está dizendo me causa espanto. Mas, lhe digo também. Se é verdade que ela perdeu a criança, eu dou graças a Deus!

DR. RAFAEL  -  O senhor não fala como pai.

PEDRO BARROS  -  Eu é que sei dos meus problemas, doutor. Mas foi uma sorte o senhor estar aqui. Foi uma sorte, porque eu não quero que nada de mal aconteça a ela. O pior que podia acontecer, já aconteceu.

O coronel bateu com violência, de punho fechado, no tampo da mesinha, quase afundando-o.


 PEDRO BARROS  -  Vou dar uma lição naquele desgraçado do Lourenço. Nunca eu dei autorização pra ele fazer o que fez com minha filha. (levantou-se, vermelho de raiva, com os olhos chispantes. Rafael ouviu-o gritar para o interior da residência) Oto! Juca! Virgílio! Venham cá!

Um a um os capangas foram chegando, cumprimentando medrosamente o patrão.

  
JUCA CIPÓ  -  Chamô, patrãozinho? Chamô?

PEDRO BARROS  -  Mandem Lourenço vir aqui imediatamente. Quero falar com aquele sem-vergonha!

Juca e os capangas entreolharam-se, amedrontados.

PEDRO BARROS  -  (berrou)  O que foi?

OTO  -  Meu patrão... o seu Lourenço...
   
PEDRO BARROS  -  (cortou, enfurecido)  Que tem? Morreu?
  
JUCA CIPÓ  -  O sô Lourenço... desapareceu, patrão. Desde onte... não vortô. Fugiu, patrão, fugiu!

Barros não acreditava. Suas mãos tremiam e suas pernas acompanhavam o ritmo. A raiva tomou conta do velho coronel como uma onda envolve um banhista. Da cabeça aos pés. Chutou, com violência, o cãozinho alegre que viera fazer-lhe festas. O coronel estava completamente fora de si. Amedrontados, os capangas afastaram-se do raio de ação de seus braços.


CORTA PARA:

CENA 2  -  COROADO  -  CASA DO DR. MACIEL  -  CONSULTÓRIIO  -  INT.  -  DIA.

A porta abriu-se e o Dr. Maciel apareceu.


DR. MACIEL  -  Entrem.

Duda despertava, gemendo ainda.

JOÃO  -  Como é que ele tá?

DR. MACIEL  -  Suportou bem.

JERÔNIMO  -  (exigiu)  A bala?

Domingas levantou a bandeja e exibiu, como troféu, a velha bala de chumbo que pertencera a outro corpo...

Como São Tomé, o jovem apanhou o projétil e rodou-o entre os dedos como um ourives examina as gemas do garimpo. Entregou-o ao irmão. João cumpriu o mesmo ritual.


JERÔNIMO  -  Ele... tá livre, livre do perigo?

DR. MACIEL  -  Bem... nunca se sabe o que vai acontecer. Quando voltar á cidade, fará um tratamento adequado. Eu... fiz o que pude... dentro das minhas possibilidades.

João observou a perna imobilizada do irmão.


JOÃO  -  Por que o gesso?

DR. MACIEL  -  Houve fratura do perônio, pela bala!

Duda despertava aos poucos, com a boca amarga e os lábios secos, conseqüência da anestesia. Rita correu para o seu lado.


RITINHA  -  Eduardo... Eduardo... como está se sentindo?

DUDA  -  O que foi que houve?

JERÔNIMO  -  Agora tá tudo bem, irmão. A gente pode ficá sossegado.

DR. MACIEL  -  Ele deve voltar logo para a cidade.  Creio que não deve esperar muito tempo.
   
DUDA  -  Tinha que está lá no domingo...

JERÔNIMO  -   Se preocupe não, a gente passa um telegrama.

DUDA  -  ... pra diretoria do Flamengo... urgente.
  
DR. MACIEL  -  (virando-se para os irmãos)  Agora, já podem levá-lo daqui para a cama. Mas... queria a bala... para guardar.

JERÔNIMO  -  (irônico, com o chumbo entre os dedos)  Não... ela fica com a gente. Vamo guardá de lembrança.  Ela ainda pode servi pra alguma coisa. (deu alguns passos pela saleta e convidou)  Vamo levá o irmão, João?

CORTA PARA:

CENA 3  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  CASA-GRANDE  -  ESCRITÓRIO  -  INT.  -  DIA.
  
Pedro Barros mandou chamar o delegado á fazenda e Diogo Falcão não se fez de rogado. 


DELEGADO FALCÃO  -  João está fora de si. Está querendo fazer justiça com as próprias mãos. Eu tenho que lhe dizer que as coisas foram muito mal feitas. Eu não posso fazer nada em seu benefício. Parece que tudo é contra o senhor.
   
PEDRO BARROS  -  Contra mim? Por que contra mim? Não fui eu que assaltei a casa dos Coragem!

DELEGADO FALCÃO  -  Seu coronel... eu sei... foi por sua ordem!

PEDRO BARROS  -  Mas se você não disser, ninguém precisa saber.

Falcão suspirou, antes de revelar o motivo de seu nervosismo.


DELEGADO FALCÃO  -  Vim aqui e tenho de levar o Lourenço preso.
  
PEDRO BARROS  -  Fui traído, você me compreende? Traído miserávelmente.

Lourenço D’Ávila me traiu. Agarrou o diamante... e fugiu, sozinho. Você tem que jogar a culpa em cima dele e me livrar dessa embrulhada, Falcão.
   
DELEGADO FALCÃO  -  O senhor não pode me envolver desse jeito na história, seu coronel.

PEDRO BARROS  -  Você disse que eu podia contar com você! E quando se conta com alguém, se conta pra tudo...

DELEGADO FALCÃO  -  Mas, não pensei que seu plano era esse... e que as coisas fossem se passar dessa maneira. Não posso me comprometer tanto...

PEDRO BARROS  -  (ameaçador) ... não quer se comprometer e não me ajuda... Pois bem. Só te digo uma coisa: você vai ser meu inimigo. E, como meu inimigo, você está perdido. Porque eu sei tantos podres de você que, se forem revelados, você não fica nem um dia a mais no seu cargo...

Ele não desconhecia as fraquezas do delegado e a influência política e econômica que exercia sobre ele e grande parte dos principais mandatários de Coroado. O dinheiro de Pedro Barros era  a arma mais importante para a manutenção do domínio. Encobria perversidades, crimes e todos os atos ilegais, cometidos pelo coronel e sua gang. Falcão, comprometido, pressentiu as dificuldades que lhe adviriam, caso abrisse luta franca contra ele.

DELEGADO FALCÃO  -  (humilde, com os olhos no chão) O  que eu posso fazer, seu coronel?

PEDRO BARROS  -  Me livre de qualquer responsabilidade. E me ponha a mão em cima de Lourenço. Agarre ele de qualquer jeito. E faça ele pagar pela traição.

DELEGADO FALCÃO  -  Tá certo,  eu vou pegar o homem. Vou por alguns dos meus auxiliares á procura dele... João me deu tempo. Até amanhã. João também está querendo acabar com ele.
   
JUCA CIPÓ  -  E eu? Como é que eu fico?
  
DELEGADO FALCÃO  -  É... o Juca também está envolvido. E desta vez vai ser mais difícil convencer o Braz de que não foi ele quem agarrou a Cema.

Pedro Barros veio em socorro do seu preferido.

PEDRO BARROS  -  Quando você quer, você convence até o próprio diabo, Falcão... você o convence de que não tem rabo. Disto tenho certeza.

DELEGADO FALCÃO  -  Não posso deixar de fazer uma acareação do Juca com a mulher do Braz.

O capanga histérico deu saltinhos no chão.

JUCA CIPÓ  -  Faz, faz que eu me viro. Pode fazê. Tou mesmo doido pra vê ela de novo!

Barros fechava o punho, chocando-o contra a mão espalmada. Pensava em Lourenço.

PEDRO BARROS  -  Aquele traidor! Aquele traidor!


FIM DO CAPÍTULO 49
Indaiá, Hernani e João

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

*** JOÃO PRESSIONA O DELEGADO PARA QUE TOME UMA ATITUDE CONTRA OS CRIMINOSOS. COMO FALCÃO FAZ "CORPO MOLE", O GARIMPEIRO SAI DA DELEGACIA DISPOSTO A AGIR POR CONTA PRÓPRIA.

*** JOÃO INVADE A FAZENDA DE PEDRO BARROS E ENFRENTA O CORONEL DIZENDO QUE VEIO BUSCAR SUA PEDRA E SUA MULHER!


NÃO PERCA O CAPÍTULO 50 DE

2 comentários:

  1. Toni, adorei essa cena de Pedro Barros admitindo que foi traído por Lourenço, muito boa! Bjs.

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  2. Traído pelo capanga e pela mulher! Pedro Barros sofreu um abalo grande no seu orgulho, rsrsrs

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