Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 53
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DELEGADO FALCÃO
PEDRO BARROS
JOÃO
DALVA
INDAIÁ
MARIA DE LARA
TABERNEIRO
LOURENÇO
BRANCA
CENA 1 - COROADO - DELEGACIA - INT. - DIA.
Falcão arrancou com violência o fone do gancho, mal esperando o fim do primeiro sinal. Barros observava, atento, com as mãos agarrando a aba do chapéu.
DELEGADO FALCÃO - Fala! Ah, Aninha. Pode dar as notícias. (uma pequena pausa dava conta de que o delegado ouvia os detalhes da ocorrência) Telefonou de novo? Do mesmo lugar, Morrinhos... Não disse onde está, nessa cidade? Como? Disse? (Pedro Barros moveu-se, impaciente) Pediu a ajuda... da mulher! Ótimo! Acho que isto é o bastante, Aninha. Obrigado.
DELEGADO FALCÃO - (desligando o telefone) Temos uma pista direta, coronel. Eu vou lá e trago ele.
PEDRO BARROS - Sabe onde ele tá?
DELEGADO FALCÃO - Só pode estar na casa da esposa. Disse que pediu ajuda a ela. Agora ele está no papo, meu coronel!
João Coragem ouviu as derradeiras palavras do delegado. Acabara de entrar na delegacia, com as vestes amarrotadas e um volume significativo por debaixo da camisa. Os homens voltaram-se num movimento só, quando a voz do garimpeiro encheu a sala.
JOÃO - Então, já sabe onde anda Lourenço?
DELEGADO FALCÃO - Acabo de saber. Mas, isso é caso meu.
JOÃO - É meu, também.
Não havia mais que frieza nos gestos do rapaz. Falcão percebeu a transformação ocorrida no homem.
DELEGADO FALCÃO - Você não confiou na minha justiça? Pois deixa que eu agarro ele e o trago preso.
JOÃO - Tenho de reaver meu diamante. Quem é a mulhé que sabe dele?
DELEGADO FALCÃO - É a esposa, em Morrinhos.
Barros fechou a cara.
DELEGADO FALCÃO - Acabamos de interceptar um telefonema dele para... para... bem, para alguém... e ele disse que tinha pedido a ajuda da mulher. Mas... você deixa que eu faço o que deve ser feito.
De um lance, os olhos do garimpeiro fixaram-se no coronel.
JOÃO - Não... o senhô num faz nada. Tem um mandante criminoso na sua frente... e deixa ele sôlto. Eu vou acabá com a vida de Lourenço. Depois... volto pra acabá com o segundo... e o terceiro (concluiu, olhando significativamente o velho coronel).
Diogo Falcão ameaçou o garimpeiro, com o dedo em riste.
DELEGADO FALCÃO - Você vai se dar mal, João! Muito mal.
Sem se importar com a ameaça, o rapaz virou as costas e afastou-se.
CORTA PARA:
CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE- SALA - INT. - DIA.
Maria de Lara apareceu na fazenda, inesperadamente. Extenuada, o suor a correr por todo o corpo. Preguiçosamente, atirou-se sobre a poltrona, esticando as pernas enegrecidas de poeira. Estava ofegante pelo demorado esforço. Dalva avistou-a, do fundo da sala.
DALVA - Lara! Que está fazendo aqui?
INDAIÁ - Ela veio andando... desde a casa dos Coragem!
DALVA - Que loucura! Podia ter uma recaída!
MARIA DE LARA - Recaída... de quê? A senhora quer dizer que eu não posso fazer exercício... de andar?
DALVA - (sentiu-se engasgar) - É... tudo tão recente... eu quero dizer...
MARIA DE LARA - (cortou, bruscamente) - O que é recente? Eu ter perdido meu filho? (Indaiá procurou os olhos arregalados da irmã de Pedro Barros. Lara insistiu) É isso, tia Dalva, o que a senhora quer dizer?
DALVA - Alguém já lhe contou?
MARIA DE LARA - Que eu perdi meu filho? Então é verdade?
DALVA - (pálida, com feições transtornadas) Bem... se você já sabe... como é que posso negar?
MARIA DE LARA - (desesperava-se à medida que tomava conhecimento da verdade) Deus do Céu! Por quê deixaram acontecer?
DALVA - Ninguém deixou! Foi um acidente! (justificou-se, dando um passo em direção á moça. Lara esquivou-se, enojada, olhando o rosto pálido da outra. Dalva continuou) Só posso dizer que você foi vítima inocente de Lourenço.O que ele pretendia era roubar João e você, naquele instante, era uma ameaça. Você ou... Diana, ia avisar João do golpe que eles estavam preparando.
Lara deixou escapar um grito surdo, de revolta e dor, caindo de bruços sobre a poltrona.
CORTA PARA:
CENA 3 - MORRINHOS - TABERNA - INT. - NOITE.
Era noite. João Coragem chegara há pouco. Faminto, com as vestes empoeiradas da longa viagem. O som melodioso de um conjunto regional chamou-lhe a atenção. Empurrou a porta e entrou na taberna. Alguns homens rudes bebiam e jogavam cartas, envoltos numa cortina de fumaça. Um indivíduo gordo, de mãos grossas, curtas, com um pano amarrado á cintura, á guisa de avental, veio atendê-lo.
TABERNEIRO - Noite, moço!
JOÃO - Noite... Essa cidade aqui... é Morrinhos, não é?
O gordo fez que sim, com a cabeça.
JOÃO - Conhece aqui, uma dona, mulher de um tal Lourenço D’Ávila?
Repetindo o nome, para si mesmo, o dono da taberna pensou por alguns segundos, espetando o indicador na fronte suada. João insistiu, percebendo alguma indecisão na atitude do homem. Ele deve saber, pensou lá consigo...
JOÃO - Conhece?
TABERNEIRO - Conheço. Muita gente tem perguntado por ele. Inclusive a polícia.
JOÃO - (atirou uma mentira) Eu não sou polícia. Sou amigo dele.
Com as mãos gordas girando um copo sobre o balcão, o cidadão fitou o interlocutor de alto a baixo.
TABERNEIRO - Não sei o que ele fez. Mas, a mulher, não tem culpa de nada. É uma professora honesta e muito respeitada neste lugar.
JOÃO - Pois me dá o nome e a direção dessa professora. Eu trago recado do marido dela.
Deslocando-se rápido por entre as mesas, o taberneiro chegou á porta da rua. Apontou para um ponto indeterminado, perdido na escuridão da noite.
TABERNEIRO - Tá vendo aquela praça? Tem uma rua atrás... dividida por um valão. A rua não tem nome, mas a casa é a número 15.
João mal ouviu as últimas palavras. Agradeceu e partiu apressado, na direção indicada, com o coração aos saltos.
CORTA PARA:
CENA 4 - MORRINHOS - CASA DE LOURENÇO D'ÁVILA - INT. - NOITE.
Lourenço acabara de vestir o paletó largo, de xadrez. Ajeitou a mochila ao ombro e o chapéu de abas largas, na cabeça. Branca segurou-lhe o braço, com as mãos frias de inquietação.
BRANCA - Tem comida bastante pra três dias.
LOURENÇO - (afagou-lhe a testa, mecãnicamente) Ocê é um anjo, Branca. (entreabriu a cortina que cobria a janela e olhou furtivamente, os arredores da residência. A escuridão envolvia o mundo) Vou sair pelos fundos. (alguém batia pancadas leves na madeira da porta. Lourenço apressou-se. Murmurou junto ao ouvido da mulher) Seja quem for, você trata de fazer uma tapeação, até eu me afastar.
As pancadas tornaram-se mais fortes. Lourenço beijou a esposa e desapareceu por entre as árvores frondosas do quintal que se perdiam nos limites rochosos de um pequeno monte. A escuridão protegia a fuga do ladrão.
CORTA PARA:
CENA 5 - MORRINHOS - CASA DE LOURENÇO - INT. - NOITE.
JOÃO - (vociferou, depois de percorrer toda a casa) Aqui, ele num tá!
BRANCA - (com as mãos postas e os olhos cheios de pavor) Eu lhe disse...
João Coragem percebeu o fino fio de fumaça que subia, molemente, para o teto. Por trás do pote de barro, a brasa de fumo consumia a palha do cigarro. O rapaz abaixou-se e recolheu a guimba. Branca moveu-se, desajeitada.
BRANCA - Eu... eu... estava fumando.
JOÃO - Longe ele não deve de está... E sei onde é que ele vai pra vendê o meu diamante.
A mulher segurou, firme, o braço do rapaz, antes que ele pudesse transpor os umbrais da porta.
BRANCA - O que pretende fazer?
JOÃO - Que acha que um home pode fazê contra um bandido que lhe rouba a fortuna, fere o irmão e causa a morte do pai?
BRANCA - Pretende... matá-lo?
Falcão arrancou com violência o fone do gancho, mal esperando o fim do primeiro sinal. Barros observava, atento, com as mãos agarrando a aba do chapéu.
DELEGADO FALCÃO - Fala! Ah, Aninha. Pode dar as notícias. (uma pequena pausa dava conta de que o delegado ouvia os detalhes da ocorrência) Telefonou de novo? Do mesmo lugar, Morrinhos... Não disse onde está, nessa cidade? Como? Disse? (Pedro Barros moveu-se, impaciente) Pediu a ajuda... da mulher! Ótimo! Acho que isto é o bastante, Aninha. Obrigado.
DELEGADO FALCÃO - (desligando o telefone) Temos uma pista direta, coronel. Eu vou lá e trago ele.
PEDRO BARROS - Sabe onde ele tá?
DELEGADO FALCÃO - Só pode estar na casa da esposa. Disse que pediu ajuda a ela. Agora ele está no papo, meu coronel!
João Coragem ouviu as derradeiras palavras do delegado. Acabara de entrar na delegacia, com as vestes amarrotadas e um volume significativo por debaixo da camisa. Os homens voltaram-se num movimento só, quando a voz do garimpeiro encheu a sala.
JOÃO - Então, já sabe onde anda Lourenço?
DELEGADO FALCÃO - Acabo de saber. Mas, isso é caso meu.
JOÃO - É meu, também.
Não havia mais que frieza nos gestos do rapaz. Falcão percebeu a transformação ocorrida no homem.
DELEGADO FALCÃO - Você não confiou na minha justiça? Pois deixa que eu agarro ele e o trago preso.
JOÃO - Tenho de reaver meu diamante. Quem é a mulhé que sabe dele?
DELEGADO FALCÃO - É a esposa, em Morrinhos.
Barros fechou a cara.
DELEGADO FALCÃO - Acabamos de interceptar um telefonema dele para... para... bem, para alguém... e ele disse que tinha pedido a ajuda da mulher. Mas... você deixa que eu faço o que deve ser feito.
De um lance, os olhos do garimpeiro fixaram-se no coronel.
JOÃO - Não... o senhô num faz nada. Tem um mandante criminoso na sua frente... e deixa ele sôlto. Eu vou acabá com a vida de Lourenço. Depois... volto pra acabá com o segundo... e o terceiro (concluiu, olhando significativamente o velho coronel).
Diogo Falcão ameaçou o garimpeiro, com o dedo em riste.
DELEGADO FALCÃO - Você vai se dar mal, João! Muito mal.
Sem se importar com a ameaça, o rapaz virou as costas e afastou-se.
CORTA PARA:
CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE- SALA - INT. - DIA.
Maria de Lara apareceu na fazenda, inesperadamente. Extenuada, o suor a correr por todo o corpo. Preguiçosamente, atirou-se sobre a poltrona, esticando as pernas enegrecidas de poeira. Estava ofegante pelo demorado esforço. Dalva avistou-a, do fundo da sala.
DALVA - Lara! Que está fazendo aqui?
INDAIÁ - Ela veio andando... desde a casa dos Coragem!
DALVA - Que loucura! Podia ter uma recaída!
MARIA DE LARA - Recaída... de quê? A senhora quer dizer que eu não posso fazer exercício... de andar?
DALVA - (sentiu-se engasgar) - É... tudo tão recente... eu quero dizer...
MARIA DE LARA - (cortou, bruscamente) - O que é recente? Eu ter perdido meu filho? (Indaiá procurou os olhos arregalados da irmã de Pedro Barros. Lara insistiu) É isso, tia Dalva, o que a senhora quer dizer?
DALVA - Alguém já lhe contou?
MARIA DE LARA - Que eu perdi meu filho? Então é verdade?
DALVA - (pálida, com feições transtornadas) Bem... se você já sabe... como é que posso negar?
MARIA DE LARA - (desesperava-se à medida que tomava conhecimento da verdade) Deus do Céu! Por quê deixaram acontecer?
DALVA - Ninguém deixou! Foi um acidente! (justificou-se, dando um passo em direção á moça. Lara esquivou-se, enojada, olhando o rosto pálido da outra. Dalva continuou) Só posso dizer que você foi vítima inocente de Lourenço.O que ele pretendia era roubar João e você, naquele instante, era uma ameaça. Você ou... Diana, ia avisar João do golpe que eles estavam preparando.
Lara deixou escapar um grito surdo, de revolta e dor, caindo de bruços sobre a poltrona.
CORTA PARA:
CENA 3 - MORRINHOS - TABERNA - INT. - NOITE.
Era noite. João Coragem chegara há pouco. Faminto, com as vestes empoeiradas da longa viagem. O som melodioso de um conjunto regional chamou-lhe a atenção. Empurrou a porta e entrou na taberna. Alguns homens rudes bebiam e jogavam cartas, envoltos numa cortina de fumaça. Um indivíduo gordo, de mãos grossas, curtas, com um pano amarrado á cintura, á guisa de avental, veio atendê-lo.
TABERNEIRO - Noite, moço!
JOÃO - Noite... Essa cidade aqui... é Morrinhos, não é?
O gordo fez que sim, com a cabeça.
JOÃO - Conhece aqui, uma dona, mulher de um tal Lourenço D’Ávila?
Repetindo o nome, para si mesmo, o dono da taberna pensou por alguns segundos, espetando o indicador na fronte suada. João insistiu, percebendo alguma indecisão na atitude do homem. Ele deve saber, pensou lá consigo...
JOÃO - Conhece?
TABERNEIRO - Conheço. Muita gente tem perguntado por ele. Inclusive a polícia.
JOÃO - (atirou uma mentira) Eu não sou polícia. Sou amigo dele.
Com as mãos gordas girando um copo sobre o balcão, o cidadão fitou o interlocutor de alto a baixo.
TABERNEIRO - Não sei o que ele fez. Mas, a mulher, não tem culpa de nada. É uma professora honesta e muito respeitada neste lugar.
JOÃO - Pois me dá o nome e a direção dessa professora. Eu trago recado do marido dela.
Deslocando-se rápido por entre as mesas, o taberneiro chegou á porta da rua. Apontou para um ponto indeterminado, perdido na escuridão da noite.
TABERNEIRO - Tá vendo aquela praça? Tem uma rua atrás... dividida por um valão. A rua não tem nome, mas a casa é a número 15.
João mal ouviu as últimas palavras. Agradeceu e partiu apressado, na direção indicada, com o coração aos saltos.
CORTA PARA:
CENA 4 - MORRINHOS - CASA DE LOURENÇO D'ÁVILA - INT. - NOITE.
Lourenço acabara de vestir o paletó largo, de xadrez. Ajeitou a mochila ao ombro e o chapéu de abas largas, na cabeça. Branca segurou-lhe o braço, com as mãos frias de inquietação.
BRANCA - Tem comida bastante pra três dias.
LOURENÇO - (afagou-lhe a testa, mecãnicamente) Ocê é um anjo, Branca. (entreabriu a cortina que cobria a janela e olhou furtivamente, os arredores da residência. A escuridão envolvia o mundo) Vou sair pelos fundos. (alguém batia pancadas leves na madeira da porta. Lourenço apressou-se. Murmurou junto ao ouvido da mulher) Seja quem for, você trata de fazer uma tapeação, até eu me afastar.
As pancadas tornaram-se mais fortes. Lourenço beijou a esposa e desapareceu por entre as árvores frondosas do quintal que se perdiam nos limites rochosos de um pequeno monte. A escuridão protegia a fuga do ladrão.
CORTA PARA:
CENA 5 - MORRINHOS - CASA DE LOURENÇO - INT. - NOITE.
JOÃO - (vociferou, depois de percorrer toda a casa) Aqui, ele num tá!
BRANCA - (com as mãos postas e os olhos cheios de pavor) Eu lhe disse...
João Coragem percebeu o fino fio de fumaça que subia, molemente, para o teto. Por trás do pote de barro, a brasa de fumo consumia a palha do cigarro. O rapaz abaixou-se e recolheu a guimba. Branca moveu-se, desajeitada.
BRANCA - Eu... eu... estava fumando.
JOÃO - Longe ele não deve de está... E sei onde é que ele vai pra vendê o meu diamante.
A mulher segurou, firme, o braço do rapaz, antes que ele pudesse transpor os umbrais da porta.
BRANCA - O que pretende fazer?
JOÃO - Que acha que um home pode fazê contra um bandido que lhe rouba a fortuna, fere o irmão e causa a morte do pai?
BRANCA - Pretende... matá-lo?
JOÃO - É Deus quem vai guiá minha mão, dona. Se tem fé, reze pra ele não opor resistencia e me entregá a minha pedra, sem reação.
BRANCA - Mas, o senhor não tem certeza de que ele está com o diamante!
JOÃO - Certeza eu tenho. Como sei que a senhora tem!
Branca ainda tentou deter os passos do garimpeiro. João empurrou-a grosseiramente contra a mesa rústica que decorava o contro da sala.
JOÃO - Dona, num dianta tentá barrá meus passos pra seu marido ganhá tempo e fugir. Eu alcanço ele. Nem que for fora do mundo. Eu alcanço.
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
*** DUDA VOLTOU PARA O RIO. DOMINGAS TENTOU CONVENCER O DR. MACIEL A CONTAR QUE NÃO RETIROU A BALA DA PERNA DO GENRO, MAS O MÉDICO SE RECUSOU!
*** O CORPO DE LOURENÇO É ENCONTRADO BOIANDO NUM RIO PRÓXIMO AO GARIMPO.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 54 DE
Toni, agora é que a coisa fica feia! Os irmãos Duda e João, vão viver horas amargas! Muito bom! Bjs.
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