Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 48
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JOÃO
CEMA
BRAZ
DELEGADO FALCÃO
DR. MACIEL
DUDA
DOMINGAS
RITINHA
JERÔNIMO
CENA 1 - COROADO - DELEGACIA - INT. - DIA.
João Coragem segurava os punhos da mulher de Braz, apertando-os até magoá-la.
JOÃO - Cema... você disse que ia contá tudo pro Falcão. Você disse que ia ajudá, Cema!
CEMA - Mas eu não quero dizê o nome dele! Não quero!
BRAZ - Qué ajudá ele, Cema?
A bela mulher fitou os olhos dos homens numa súplica muda.
CEMA - Não! É que Braz tá fora de si. Braz é vingativo. Vai querê tirá vingança dele!
BRAZ - Se você disse que num teve nada... que ele só te agarrô...
Falcão entrou no assunto, com energia policial.
DELEGADO FALCÃO - Estamos aqui perdendo tempo, assistindo a uma cena de ciúme.
CEMA - Pelo menos esse... eu tenho certeza quem era. Os outro eu não tenho não...
JOÃO - Muito bem... os outro a gente se incumbe de sabê. (estimulou, ávido pela revelação do nome).
DELEGADO FALCÃO - (enérgico) Quem era? Diga de uma vez!
Os lábios de Cema abriram-se com extrema lentidão. Meditava ainda, se devia ou não revelar a verdade.
CEMA - Juca Cipó!
BRAZ CANOEIRO - (gritou) Desgraçado!
Diogo Falcão continuava escrevendo e o choque que a notícia lhe causou pôde ser camuflado numa falsa concentração no trabalho. Apenas para olhos mais perspicazes, o levíssimo tremor nas mãos poderia indicar abalo nos nervos controlados do policial.
DELEGADO FALCÃO - Eu vou averiguar...
JOÃO - Quanto os outro... eu lhe digo. Um deles, eu tenho certeza, foi Lourenço D’Ávila. Ele foi o cabeça do assalto. Eu quero ele preso até amanhã. Se não prendê esse home, Falcão, eu acabo com ele. Eu mato ele.
DELEGADO FALCÃO - Você não pode acusar um homem por simples suposição. Tem de haver provas concretas...
JOÃO - Não é simples suposição. O bandido maltratô minha mulhé, na ausência do pai dela. A índia empregada me contô... ele quis impedi Lara de ir me avisá de alguma coisa. Só pode ser isso! Ela queria me avisá que iam assaltá a minha casa!
Diogo Falcão continuava batendo na tecla da suposição. João enervava-se a cada segundo com a resistência da autoridade policial em cumprir o que ele achava muito simples: pelo menos dar início ás investigações, com brevidade, para impedir que os assaltantes riscassem do mapa quaisquer possíveis provas que os incriminassem. Foi com excessiva severidade que voltou a dirigir-se ao delegado.
JOÃO - Pois bem. O sinhô diga o que quiser. Eu continuo afirmando que se não prendê ele até amanhã a esta hora... eu pratico minha justiça. Dou cabo dele!
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - CONSULTÓRIO - INT. - DIA.
O forte cheiro de clorofórmio invadiu a casa do Dr. Maciel proveniente do pequeno consultório, anexo. O médico preparava-se para dar começo á operação. O paciente, deitado sobre a mesa metálica, deixara exposta a região da perna onde fôra atingido pela bala.
DR. MACIEL - (feita a assepsia, ordenou) Tranque a porta, Domingas. Tudo fervido?
João Coragem segurava os punhos da mulher de Braz, apertando-os até magoá-la.
JOÃO - Cema... você disse que ia contá tudo pro Falcão. Você disse que ia ajudá, Cema!
CEMA - Mas eu não quero dizê o nome dele! Não quero!
BRAZ - Qué ajudá ele, Cema?
A bela mulher fitou os olhos dos homens numa súplica muda.
CEMA - Não! É que Braz tá fora de si. Braz é vingativo. Vai querê tirá vingança dele!
BRAZ - Se você disse que num teve nada... que ele só te agarrô...
Falcão entrou no assunto, com energia policial.
DELEGADO FALCÃO - Estamos aqui perdendo tempo, assistindo a uma cena de ciúme.
CEMA - Pelo menos esse... eu tenho certeza quem era. Os outro eu não tenho não...
JOÃO - Muito bem... os outro a gente se incumbe de sabê. (estimulou, ávido pela revelação do nome).
DELEGADO FALCÃO - (enérgico) Quem era? Diga de uma vez!
Os lábios de Cema abriram-se com extrema lentidão. Meditava ainda, se devia ou não revelar a verdade.
CEMA - Juca Cipó!
BRAZ CANOEIRO - (gritou) Desgraçado!
Diogo Falcão continuava escrevendo e o choque que a notícia lhe causou pôde ser camuflado numa falsa concentração no trabalho. Apenas para olhos mais perspicazes, o levíssimo tremor nas mãos poderia indicar abalo nos nervos controlados do policial.
DELEGADO FALCÃO - Eu vou averiguar...
JOÃO - Quanto os outro... eu lhe digo. Um deles, eu tenho certeza, foi Lourenço D’Ávila. Ele foi o cabeça do assalto. Eu quero ele preso até amanhã. Se não prendê esse home, Falcão, eu acabo com ele. Eu mato ele.
DELEGADO FALCÃO - Você não pode acusar um homem por simples suposição. Tem de haver provas concretas...
JOÃO - Não é simples suposição. O bandido maltratô minha mulhé, na ausência do pai dela. A índia empregada me contô... ele quis impedi Lara de ir me avisá de alguma coisa. Só pode ser isso! Ela queria me avisá que iam assaltá a minha casa!
Diogo Falcão continuava batendo na tecla da suposição. João enervava-se a cada segundo com a resistência da autoridade policial em cumprir o que ele achava muito simples: pelo menos dar início ás investigações, com brevidade, para impedir que os assaltantes riscassem do mapa quaisquer possíveis provas que os incriminassem. Foi com excessiva severidade que voltou a dirigir-se ao delegado.
JOÃO - Pois bem. O sinhô diga o que quiser. Eu continuo afirmando que se não prendê ele até amanhã a esta hora... eu pratico minha justiça. Dou cabo dele!
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - CONSULTÓRIO - INT. - DIA.
O forte cheiro de clorofórmio invadiu a casa do Dr. Maciel proveniente do pequeno consultório, anexo. O médico preparava-se para dar começo á operação. O paciente, deitado sobre a mesa metálica, deixara exposta a região da perna onde fôra atingido pela bala.
DR. MACIEL - (feita a assepsia, ordenou) Tranque a porta, Domingas. Tudo fervido?
A mulher fez que sim, sem abrir a boca.
DR. MACIEL - Agora, leve bem as mãos e as desinfete. Preciso que vá me dando os instrumentos.
Olhou para Duda, com algum desprezo no olhar.
DR. MACIEL - Você vai dormir. Vá contando até trinta... lentamente...
Colocou o funil da anestesia sobre o nariz do rapaz. Segurou firme, enquanto Duda iniciava a contagem.
DUDA - Um... dois... três... quatro... cinco... seis...
Aos poucos a voz diminuía de intensidade e cadência. Em segundos o rapaz dormia.
DOMINGAS - Isto vai dar certo?
DR. MACIEL - Não sei. Eu não sei o que fazer. É uma intervenção que deveria ser realizada num hospital bem aparelhado. É preciso extrair uma bala do osso e eu não tenho meios para isso.
DOMINGAS - (preocupada) E como é que vai ser?
DR. MACIEL - Vai ser... vai ser... é que eu tenho que fazer uma tentativa se quiser viver... Não tenho outra opção. Os homens estão loucos, de arma na mão, prontos para tudo. Você viu, não viu?
DOMINGAS - Há... alguma chance... do senhor retirá a bala?
DR. MACIEL - Muito mínima.
Sentiu a pulsação de Eduardo, observou-lhe a respiração, lenta, mas firme. Abriu-lhe os olhos puxando a pálpebra com o polegar e o indicador. Tudo bem, concluiu. Pegou do bisturi e fitou Domingas, como a rogar-lhe ajuda.
DR. MACIEL - Vamos lá... e que Deus me ajude.
Pouco abaixo do joelho do jogador, a mancha arroxeada estendia-se de lado a lado. No centro um furo de razoáveis proporções, sem bordas. A perna inchara. Maciel riscou um trajeto sanguíneo com a ponta do bisturi. As carnes se abriram e o sangue vermelho empapou o lençol.
DR. MACIEL - (fez um sinal) Algodão e éter.
Sobre o armário do material cirúrgico o tique-taque do relógio marcava, compassadamente, o correr do tempo. Diferença entre a vida e a morte.
CORTA PARA:
CENA 3 - CASA DO DR. MACIEL - SALA - INT. - DIA.
João reuniu-se á família no interior da casa de Maciel, após concluir o depoimento. Agradeceu a Braz e Cema a colaboração e, com o pensamento dividido entre a esposa e o irmão, adentrou a residência do médico. Ritinha o recebeu, abraçando-o.
RITINHA - Eles estão lá dentro há meia hora.
JOÃO - Como é que vai indo?
RITINHA - Não sabemos.
João conversava para matar o tempo e descontrair os nervos.
JOÃO - Se Duda deixá de jogá ainda resta dois braço e dos bom. Ele não vai morrê por causa disso.
JERÔNIMO - É que você não sabe. Mas o nosso irmão prefere morrê do que deixá de jogá.
JOÃO - (apreensivo) Ele disse isso?
JERÔNIMO - Nem precisa dizê. Tá na cara.
Uma longa pausa pôs um hiato na conversa. Jerônimo aproximou-se do irmão. Pôs-lhe a mão sobre o ombro em sinal de amizade.
JERÔNIMO - Que foi que cê fez, mano? Foi atrás de Lourenço?
JOÃO - Tenho medo de mim. Do que eu possa fazê...
JERÔNIMO - Eu sabia. Sabia que ocê ia recuá (retirou a mão do ombro do rapaz e virou-lhe as costas, bruscamente).
JOÃO - Mas, eu não recuei. Eu dei um prazo pro Falcão. Eu fiz a queixa. Só porque não quero matá ninguém. Eu confio na lei.
JERÔNIMO - (gesticulando com nervosismo) E você acredita na lei desta cidade?
JOÃO - Eu vou confiá até amanhã. Só até amanhã. Porque eu num quero sê um assassino...
CORTA PARA:
CENA 4 - CASA DO DR. MACIEL - CONSULTÓRIO - INT. - DIA.
O médico porejava suor e as fundas olheiras denotavam extremo cansaço.
DR. MACEIL - (extenuado) Eu... eu não agüento mais. Me veja um gole aí, que qualquer coisa.
A criada retirou uma garrafa do armário e entregou-a ao profissional.
DOMINGAS - O que houve?
DR. MACIEL - Estou cansado... de lutar contra a realidade. Eu não alcanço a bala. É um trabalho muito difícil. Não atinjo o osso... ou por incompetência... ou por falta de material adequado... mas, não alcanço. Precisaria... uma equipe especializada neste tipo de operação. Eu avisei a eles...
DOMINGAS - Como é que vai sê? Se o senhô não retira a bala... eles vão lhe matá!
DR. MACIEL - Eu sei. Eu sei. Não posso fazer mais nada. Vou fechar o ferimento.
DOMINGAS - Com a bala aí dentro?
DR. MACIEL - Hem? Ah... sim! Exato. Com a bala aí dentro.
DOMINGAS - Seu doutô... e o Duda?
DR. MACIEL - Ele agüenta ainda um pouco... alguns dias mais... até eu... ter coragem de dizer a verdade... para que a operação seja realizada como se deve.
DOMINGAS - (aterrorizada) Mas... eles vão querê vê a bala... agora!
DR. MACIEL - Eu lhes mostrarei uma bala... não a que deveria ser, evidentemente. (pediu, suplicante) Me dê mais um gole...
Domingas colocou, ela mesma, o gargalo da garrafa na boca do médico. Ele sorveu uma dose considerável de aguardente. Deu um estalido com a língua, cerrando os olhos com a ardência da bebida.
DR. MACIEL - Agora veja... ali, na gaveta... da escrivaninha... há uma bala solta... velha... que eu retirei do braço de um homem ferido há algum tempo. Me traga aqui.
A criada prontamente obedeceu.
DR. MACIEL - Que isto fique entre nós dois... que ninguém saiba. Eu tenho que salvar a minha vida, ou não tenho?
A mulher atirou a bala de encontro aos algodões sujos de sangue, misturando-a aos restos da operação. Maciel, com as mãos em concha, encaminhou-se para a sala. A passos medidos.
FIM DO CAPÍTULO 48
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
*** OS CAPANGAS COMUNICAM A PEDRO BARROS QUE LOURENÇO FUGIU.
*** DR. MACIEL ENTREGA UMA BALA FALSA AOS IRMÃOS CORAGEM
*** PEDRO BARROS ORDENA AO DELEGADO FALCÃO QUE PRENDA LOURENÇO DE QUALQUER MANEIRA!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 49 DE
Pobre Dr Maciel, que sufoco, até fiquei com pena dele, rsrsrs! E Domingas, também entrou na farsa, movida pelo pânico, isso vai render! E esse delegado, Falcão, que criatura imprestável! Muito bom Toni! Bjs.
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