Novela de Antonio Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes
Inspirada na Obra de Dias Gomes
Fonte: http://youtu.be/zIuryHGvAVc
CAPÍTULO 55
Personagens deste capítulo:
RENATÃO
ARAKEN
SAMUCA
D. CONSUELO
ADVOGADO CELSO BARROSO
VÍTOR
HELÔ
D. MARIETA
MARIA REGINA
EMILIANO
KONSTANTÓPULUS
RODOLFO AUGUSTO
DOM JOSÉ
CENA 1 - APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA - INT. - DIA.
Continuação Imediata da Última Cena do Capítulo Anterior.
MARIA REGINA - Eu não sou quem o senhor tá pensando!
RENATÃO - Chi... você não imagina quantas disseram essa frase, aí mesmo, no lugar onde você está (e para o mordomo) Konstan, bota essa piriguete na rua!
O TELEFONE TOCOU. KONSTANTÓPULUS ATENDEU.
KONSTANTÓPULUS - Alô! Seu Rodolfo Augusto, um momento! (pôs a mão no bocal e dirigiu-se a Renatão) Patrão, é o...
RENATÃO - (sussurrou) Diga que eu não estou! Não quero falar com ele!
KONSTANTÓPULUS - Seu Rodolfo Augusto, o meu patrão não se encontra, no momento. Quer deixar recado? Pois não, pode deixar, eu digo. Até logo (desligou) Ele disse que liga mais tarde.
RENATÃO - (irritado) Esse cara tá me enchendo o saco, com o tal desfile de modas. Quer que eu selecione modelos.. (olhou para Maria Regina e, súbito, teve uma idéia) Ei, pera aí, menina, levante-se e dê uma voltinha. Você já pensou em ser modelo?
MARIA REGINA - (o choro passou de repente) Modelo?!
RENATÃO - É. Um curso rápido na Socila e você estará em ponto de bala! Conhece Rodolfo Augusto?
MARIA REGINA - Aquele que desfila no Municipal?
RENATÃO - Sim. Ele está preparando um desfile de modelos exclusivos, e como o que você quer é se lançar, Gugu, acho, poderia ajudá-la.
O ROSTO DA MOÇA SE ABRIU NUM SORRISO.
RENATÃO - Maria Regina é o seu nome, não é? Pois olha aqui, gata, eu não me chamo Renatão, se dentro de um mês você não for capa de revista! (e gritando para o interior do apartamento) Konstan, telefona pro Gugu! Quero que ele venha aqui!
RENATÃO SORRIU DO PLANO QUE ESTAVA BOLANDO.
RENATÃO - (virou-se para a moça) Agora, você preste atenção. É muito importante que não esqueça o que vou dizer...
CORTA PARA;
CENA 2 - ESTRADA DO JOÁ - EXT. - DIA.
O TAXI PAROU EM FRENTE À BELA MANSÃO. O MOTORISTA IDENTIFICOU-SE AO SEGURANÇA DA GUARITA E SEGUIU ATÉ A ENTRADA PRINCIPAL DA BELA RESIDENCIA. D. CONSUELO E SAMUCA SALTARAM.
D. CONSUELO - (encorajou-o) Ven, Samuquito, vamos entrar!
SAMUCA - (indeciso) Consuelo, o que está acontecendo? Por que tanto mistério? Por que me trouxe aqui? De quem é esta casa?
D. CONSUELO ENTROU NA AMPLA SALA, DECORADA COM BOM GOSTO E REQUINTE.
D. CONSUELO - Dime... te gusta?
SAMUCA - É... é uma casa maravilhosa, sem dúvida! Consuelo! Não vá me dizer que...
D. CONSUELO - Es isto mesmo, mi querido. Esta casa, ahora es nuestra! Vamos morar aqui, Samuquito!
SAMUCA - (arregalou os olhos, boquiaberto) Você... tá brincando comigo! Tá falando sério? Consuelo... você comprou essa casa?
D. CONSUELO - Sí, Samuquito! (e dirigiu-se para o interior da residencia) Venga! Venga ver la piscina!
SAMUCA - Pis... piscina?! Devo estar sonhando.... não acredito!...
D. CONSUELO - Crea, mi amor. Es todo verdade! Ahora, esta es la nuestra casa!
CORTA PARA:
CENA 3 - MANSÃO DO JOÁ - PISCINA - INT. - DIA.
D. CONSUELO E SAMUCA CAMINHARAM E VOLTA DA ENORME PISCINA. O RAPAZ PAROU, ADMIRANDO A BELA VISTA.
SAMUCA - (extasiado) É linda... e com vista pro mar... como eu sempre sonhei! Não tou acreditando! Assim você me mata do coração, Consuelo!
D. CONSUELO - Todo o que mais quiero é ver-te mui feliz, mi amor!
SAMUCA - Nossa! Me belisca, Consuelo! Me belisca, pra eu saber que não tou sonhando!
D. CONSUELO - Hay más sorpresas, mi amor! Vamos a ir al garaje!
CORTA PARA:
CENA 4 - MANSÃO DO JOÁ - GARAGEM - INT. - DIA.
SAMUCA - (com o coração aos pulos) Uma camionete S10 cabine dupla! O carro dos meus sonhos!
D. CONSUELO - (emocionada com a felicidade do amado) Es teu, mi amor! Todo teu!
SAMUCA ENTROU NO AUTOMÓVEL E FICOU ADMIRANDO CADA DETALHE, ENCANTADO COMO UMA CRIANÇA DIANTE DO BRINQUEDO NOVO. D. CONSUELO SORRIA, EMBEVECIDA.
SAMUCA - (saiu do carro e aproximou-se da mulher, muito sério) Consuelo... Você quer me ver feliz, não é mesmo?
D. CONSUELO - Es todo o que más quiero, Samuquito.
SAMUCA - Pois bem... eu tenho uma antiga dívida para quitar com velhos amigos, que muito me ajudaram quando precisei!
É o pessoal da Pensão Primavera, de onde eu fugi, devendo uma grana...
D. CONSUELO - De quanto precisas, mi amor?
CORTA PARA:
CENA 5 - APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA - INT. - DIA.
RENATÃO - Rodolfo Augusto, quero que você conheça minha sobrinha, Maria Regina. Ela veio de Belo Horizonte, e estava louca pra conhecer você!
RODOLFO AUGUSTO - (orgulhoso) É mesmo? Que bom...
RENATÃO - Ela é fã ardorosa de suas fantasias. Aliás, ela é apaixonada por você!
RODOLFO AUGUSTO - Hum... e de onde ela me conhece?
RENATÃO - Ora, Gugu, da televisão, das revistas: ela tem centenas de retratos seus, conhece toda a sua vida.
MARIA REGINA FINGIA UM DESLUMBRAMENTO PROVINCIANO.
MARIA REGINA - Gente, eu tou tão emocionada... nunca pensei que ia estar diante de Rodolfo Augusto, o maior estilista do Brasil!
RENATÃO - Sinceramente, quando ela, depois de pegar uma BR-3, chegou aqui e me disse: tio, vim de Belô pra conhecer um homem: Rodolfo Augusto, eu fiquei emocionado.
RODOLFO AUGUSTO - (com um suspiro) Senhorita...
MARIA REGINA - Maria Regina.
RODOLFO AUGUSTO - Senhorita Maria Regina, eu acho que não mereço...
RENATÃO - (cortou) Ele é muito modesto. Bem, vou deixá-los à vontade. Aposto que tem muito o que conversar.
RENATÃO SE AFASTOU. MARIA REGINA OLHAVA PARA RODOLFO AUGUSTO EM ÊXTASE.
MARIA REGINA - Parece um sonho... eu estar aqui, na sua frente! Quase nem acredito!...
CORTA PARA:
CENA 6 - “FOLHA DO RIO” - REDAÇÃO - INT. - DIA.
ARAKEN E CELSO BARROSO, O ADVOGADO, CONVERSAVAM, DISCRETAMENTE, NA REDAÇÃO.
ARAKEN - O senhor esteve com ela?
DR. CELSO - Sim. Por alguns minutos. Ela me pôs pra fora do apartamento.
ARAKEN - (se espantou) Pôs pra fora?
DR. CELSO - Sim. Teve uma reação tão violenta, que me deixou impressionado. Ela me recebeu muito mal. E quando falei no medalhão, perdeu a cabeça.
ARAKEN - Que medalhão?
DR. CELSO - O senhor não sabe? D. Marieta descobriu que o medalhão encontrado perto do corpo de Nívea não era dela, e sim de Helô. (fez uma pausa e, diante da surpresa do jornalista, concluiu) Pode ser a prova de que necessitamos para pedir a revisão criminal.
CORTA PARA:
CENA 7 - APART-HOTEL - APARTAMENTO DE D. CONSUELO - SALA - INT. - NOITE.
D. CONSUELO - Usted deberia ter visto la felicidad de mi Samuquito, Dom José! Estoy tan emocionada com su alegria!
DOM JOSÉ OUVIA AS DECLARAÇÕES DE D. CONSUELO, ESTUPEFATO.
DOM JOSÉ - Usted fez una loucura comprando aquela casa, D. Consuelo! Una gran loucura!
D. CONSUELO - (sussurrou) Psiu! Fale baixo! Samuquito está no quarto e non puede ouvir nuestra conversa!
A FISIONOMIA DE DOM JOSÉ EXPRESSAVA INQUIETAÇÃO E NERVOSISMO.
DOM JOSÉ - (disse, peremptório) Senõra, leia el telegrama, por favor.
D. CONSUELO - (abrindo o papel) Dom Carvajal!
DOM JOSÉ - Sí, señora, Dom Carvajal. El ya sabe! Todo el mundo ya sabe! Asta en México. Estamos desgraciados!
D. CONSUELO - Dio mio!
CORTA PARA:
CENA 8 - APARTAMENTO DE HELÔ - QUARTO - INT. - NOITE.
APÓS UM DIA EXAUSTIVO DANDO AULAS, VÍTOR GIROU A CHAVE NA FECHADURA E ENTROU EM CASA. NÃO HAVIA NINGUÉM NA SALA.
VÍTOR - (encaminhando-se para o quarto) Helô! Onde você está?
ABRIU A PORTA DO QUARTO. HELÔ ESTAVA DEITADA NA CAMA, OS OLHOS VERMELHOS.
HELÔ - (falou seca, sem fitá-lo) Isso ainda tem alguma importância pra você? Onde estou, se estou viva ou morta?
VÍTOR - (surpreso com a reação da esposa) Mas o que é isso? O que aconteceu? (sentou-se a seu lado) Você chorou!
HELÔ - (falou, revoltada) Você me traiu.
VÍTOR - (atônito) Eu traí você? Mas, como? O que foi que eu fiz, meu Deus?
HELÔ - Não se faça de vítima! Você não confiou, não acreditou em mim! Você sempre acreditou que eu matei minha melhor amiga, não é verdade? Fala, Vítor!
VÍTOR - Ah, isso outra vez? Escuta, Helô, nós já conversamos sobre isso e...
HELÔ - (cortou) Escuta você: tira essa máscara e confessa de uma vez! Sabe como eu tou me sentindo? Como naquele filme, “Dormindo com o Inimigo”!
VÍTOR - (impacientou-se) Aí já é demais! Olha, Helô, eu até entendo que você pode estar em uma de suas “crises”, mas tá indo longe demais!
HELÔ - (voz cortante) Você me delatou pro advogado da Jurema de Alencar! O Dr. Celso Barroso está a par de tudo, até do medalhão! E ele estava procurando você, Vítor!
VÍTOR - Isso é um absurdo! Como pode me acusar assim, sem provas?
HELÔ TREMIA. ENCAROU-O, FAZENDO ESFORÇO SOBREHUMANO PARA SEGURAR AS LÁGRIMAS.
HELÔ - Olhe nos meus olhos, Vítor, e responda: você, algum dia, me amou?
VÍTOR - (fez uma pausa) No começo, confesso que eu não te amava, Helô. Eu amava Nívea, você sabe. Mas depois, fui te conhecendo melhor, e fui aprendendo a gostar de você... Fui
descobrindo a pessoa maravilhosa que você é, apesar dos ares de menina mimada e cheia de vontades...
HELÔ - (cobriu os ouvidos com as duas mãos) Pare! Pare! Você sentia pena de mim! Eu não acredito em você! Diga o que quiser, eu não confio mais em você!
VÍTOR - (a voz trêmula) O... o que quer dizer com isso?
HELÔ - Quero me separar de você.
VÍTOR - (a voz pausada) Você... tem noção do que está dizendo?
HELÔ - Tenho.
VÍTOR - (insistiu) Helô... é isso mesmo que você quer?
HELÔ - É. Passei a tarde toda pensando. Chorei tudo o que tinha pra chorar. Já tomei minha decisão. Quero o divórcio!
VÍTOR PAROU ALGUNS SEGUNDOS NO MEIO DO QUARTO. NUM ÍMPETO, ABRIU A PORTA DO ARMÁRIO, JOGOU UMA MALA SOBRE A CAMA E COMEÇOU A JOGAR PEÇAS DE ROUPA DENTRO. HELÔ VIROU AS COSTAS E FOI ATÉ A JANELA. NÃO QUERIA QUE VÍTOR VISSE AS LÁGRIMAS QUE, TEIMOSAS, INSISTIAM EM BANHAR-LHE A FACE.
VÍTOR AMASSOU AS ROUPAS DENTRO DA MALA, FECHOU O ZÍPER E DIRIGIU-SE PARA A PORTA.
VÍTOR - Eu vou indo... Adeus, Helô.
DITO ISTO, SAIU. HELÔ VOLTOU-SE, NUM IMPULSO, E OUVIU O BARULHO DA PORTA DA SALA FECHANDO-SE.
HELÔ - Vítor!...
DEU MEIA VOLTA E ATIROU-SE NA CAMA, SOLUÇANDO, ENTREGUE AO SEU DESESPÊRO.
CORTA PARA:
CENA 9 - PENSÃO PRIMAVERA - RECEPÇÃO - INT. - NOITE.
VÍTOR FOI RECEBIDO POR D. DIDI E MARIA LÚCIA, QUE MAL DISFARÇAVAM A SURPRÊSA.
VÍTOR - Boa noite. Eu preciso de um quarto...
D. DIDI - Boa noite. Desculpe, mas o senhor não é...
MARIA LÚCIA - (cortou) É o marido da Helô Oliveira Ramos, mãe. Como vai, senhor...
VÍTOR - (tentou sorrir, cordial) Vítor. Meu nome é Vítor Mariano. Ouvi falar da sua pensão e resolvi vir para cá. Vou passar uns tempos aqui. Isto é. Se tiver vaga...
D. DIDI - Mas é claro que tem. Venha comigo, senhor Vítor!
VÍTOR, CARREGANDO SUA MALA, SEGUIU D. DIDI PARA O INTERIOR DA PENSÃO.
MARIA LÚCIA - (para si) Coitado! Casaram há tão pouco tempo, e já separados!
NAQUELE MOMENTO, SAMUCA ENTROU NA PENSÃO E APROXIMOU-SE DO BALCÃO.
MARIA LÚCIA - (surpresa) Não acredito! É você mesmo, Samuca?
SAMUCA - Eu mesmo. Como vai, Maria Lúcia?
MARIA LÚCIA - Nossa! Quem é vivo, um dia aparece!
SAMUCA - (galante, beijou-lhe as mãos) Maria Lúcia... Com mil desculpas pelo atraso, vim quitar minhas dívidas, com juros, correção monetária e qualquer prejuízo que tenha causado à Pensão Primavera!
D. DIDI VOLTOU DO INTERIOR DA PENSÃO E GRITOU, SURPRESA.
D. DIDI - Seu Samuca?! Não acredito! É o senhor mesmo?
SAMUCA - (sorrindo) Eu mesmo, D. Didi, e cheio de saudades! Posso lhe dar um abraço?
D. DIDI - Mas é claro!
ABRAÇARAM-SE, SAUDOSOS.
CORTA PARA:
CENA 10 - APARTAMENTO DE EMILIANO - SALA - INT. - NOITE.
MARIETA FALAVA AO TELEFONE. ALGUNS MINUTOS DEPOIS, DESLIGOU E DIRIGIU-SE AO MARIDO, QUE LIA O JORNAL, SENTANDO NUMA POLTRONA.
D. MARIETA - (os olhos brilhando, mal disfarçando o ar de satisfação) Emiliano, adivinha, você não vai acreditar!
EMILIANO - (ergueu os olhos do jornal, curioso) Pela sua alegria, deve ser uma ótima notícia!
D. MARIETA - Acertou! Melhor, impossível! Vítor acabou de ligar. Ele se separou da Helô! Foi morar na Pensão da D. Didi!
EMILIANO - E isso é boa notícia, mulher? (balançou a cabeça, refletindo) Coitado do Vítor... deve estar sofrendo...
D. MARIETA - Melhor sofrer agora do que mais tarde! Eu já esperava por isso! Era só uma questão de tempo! Aquela Helô nunca foi mulher pra ele!
EMILIANO - (irônico) E quem é, Marieta? Você?
D. MARIETA - Ah, não enche, Emiliano! Diga o que quiser! Nada vai estragar minha alegria! (encaminhou-se para o quarto, gargalhando) Eu sabia! Eu sabia!
Continuação Imediata da Última Cena do Capítulo Anterior.
MARIA REGINA - Eu não sou quem o senhor tá pensando!
RENATÃO - Chi... você não imagina quantas disseram essa frase, aí mesmo, no lugar onde você está (e para o mordomo) Konstan, bota essa piriguete na rua!
O TELEFONE TOCOU. KONSTANTÓPULUS ATENDEU.
KONSTANTÓPULUS - Alô! Seu Rodolfo Augusto, um momento! (pôs a mão no bocal e dirigiu-se a Renatão) Patrão, é o...
RENATÃO - (sussurrou) Diga que eu não estou! Não quero falar com ele!
KONSTANTÓPULUS - Seu Rodolfo Augusto, o meu patrão não se encontra, no momento. Quer deixar recado? Pois não, pode deixar, eu digo. Até logo (desligou) Ele disse que liga mais tarde.
RENATÃO - (irritado) Esse cara tá me enchendo o saco, com o tal desfile de modas. Quer que eu selecione modelos.. (olhou para Maria Regina e, súbito, teve uma idéia) Ei, pera aí, menina, levante-se e dê uma voltinha. Você já pensou em ser modelo?
MARIA REGINA - (o choro passou de repente) Modelo?!
RENATÃO - É. Um curso rápido na Socila e você estará em ponto de bala! Conhece Rodolfo Augusto?
MARIA REGINA - Aquele que desfila no Municipal?
RENATÃO - Sim. Ele está preparando um desfile de modelos exclusivos, e como o que você quer é se lançar, Gugu, acho, poderia ajudá-la.
O ROSTO DA MOÇA SE ABRIU NUM SORRISO.
RENATÃO - Maria Regina é o seu nome, não é? Pois olha aqui, gata, eu não me chamo Renatão, se dentro de um mês você não for capa de revista! (e gritando para o interior do apartamento) Konstan, telefona pro Gugu! Quero que ele venha aqui!
RENATÃO SORRIU DO PLANO QUE ESTAVA BOLANDO.
RENATÃO - (virou-se para a moça) Agora, você preste atenção. É muito importante que não esqueça o que vou dizer...
CORTA PARA;
CENA 2 - ESTRADA DO JOÁ - EXT. - DIA.
O TAXI PAROU EM FRENTE À BELA MANSÃO. O MOTORISTA IDENTIFICOU-SE AO SEGURANÇA DA GUARITA E SEGUIU ATÉ A ENTRADA PRINCIPAL DA BELA RESIDENCIA. D. CONSUELO E SAMUCA SALTARAM.
D. CONSUELO - (encorajou-o) Ven, Samuquito, vamos entrar!
SAMUCA - (indeciso) Consuelo, o que está acontecendo? Por que tanto mistério? Por que me trouxe aqui? De quem é esta casa?
D. CONSUELO ENTROU NA AMPLA SALA, DECORADA COM BOM GOSTO E REQUINTE.
D. CONSUELO - Dime... te gusta?
SAMUCA - É... é uma casa maravilhosa, sem dúvida! Consuelo! Não vá me dizer que...
D. CONSUELO - Es isto mesmo, mi querido. Esta casa, ahora es nuestra! Vamos morar aqui, Samuquito!
SAMUCA - (arregalou os olhos, boquiaberto) Você... tá brincando comigo! Tá falando sério? Consuelo... você comprou essa casa?
D. CONSUELO - Sí, Samuquito! (e dirigiu-se para o interior da residencia) Venga! Venga ver la piscina!
SAMUCA - Pis... piscina?! Devo estar sonhando.... não acredito!...
D. CONSUELO - Crea, mi amor. Es todo verdade! Ahora, esta es la nuestra casa!
CORTA PARA:
CENA 3 - MANSÃO DO JOÁ - PISCINA - INT. - DIA.
D. CONSUELO E SAMUCA CAMINHARAM E VOLTA DA ENORME PISCINA. O RAPAZ PAROU, ADMIRANDO A BELA VISTA.
SAMUCA - (extasiado) É linda... e com vista pro mar... como eu sempre sonhei! Não tou acreditando! Assim você me mata do coração, Consuelo!
D. CONSUELO - Todo o que mais quiero é ver-te mui feliz, mi amor!
SAMUCA - Nossa! Me belisca, Consuelo! Me belisca, pra eu saber que não tou sonhando!
D. CONSUELO - Hay más sorpresas, mi amor! Vamos a ir al garaje!
CORTA PARA:
CENA 4 - MANSÃO DO JOÁ - GARAGEM - INT. - DIA.
SAMUCA - (com o coração aos pulos) Uma camionete S10 cabine dupla! O carro dos meus sonhos!
D. CONSUELO - (emocionada com a felicidade do amado) Es teu, mi amor! Todo teu!
SAMUCA ENTROU NO AUTOMÓVEL E FICOU ADMIRANDO CADA DETALHE, ENCANTADO COMO UMA CRIANÇA DIANTE DO BRINQUEDO NOVO. D. CONSUELO SORRIA, EMBEVECIDA.
SAMUCA - (saiu do carro e aproximou-se da mulher, muito sério) Consuelo... Você quer me ver feliz, não é mesmo?
D. CONSUELO - Es todo o que más quiero, Samuquito.
SAMUCA - Pois bem... eu tenho uma antiga dívida para quitar com velhos amigos, que muito me ajudaram quando precisei!
É o pessoal da Pensão Primavera, de onde eu fugi, devendo uma grana...
D. CONSUELO - De quanto precisas, mi amor?
CORTA PARA:
CENA 5 - APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA - INT. - DIA.
RENATÃO - Rodolfo Augusto, quero que você conheça minha sobrinha, Maria Regina. Ela veio de Belo Horizonte, e estava louca pra conhecer você!
RODOLFO AUGUSTO - (orgulhoso) É mesmo? Que bom...
RENATÃO - Ela é fã ardorosa de suas fantasias. Aliás, ela é apaixonada por você!
RODOLFO AUGUSTO - Hum... e de onde ela me conhece?
RENATÃO - Ora, Gugu, da televisão, das revistas: ela tem centenas de retratos seus, conhece toda a sua vida.
MARIA REGINA FINGIA UM DESLUMBRAMENTO PROVINCIANO.
MARIA REGINA - Gente, eu tou tão emocionada... nunca pensei que ia estar diante de Rodolfo Augusto, o maior estilista do Brasil!
RENATÃO - Sinceramente, quando ela, depois de pegar uma BR-3, chegou aqui e me disse: tio, vim de Belô pra conhecer um homem: Rodolfo Augusto, eu fiquei emocionado.
RODOLFO AUGUSTO - (com um suspiro) Senhorita...
MARIA REGINA - Maria Regina.
RODOLFO AUGUSTO - Senhorita Maria Regina, eu acho que não mereço...
RENATÃO - (cortou) Ele é muito modesto. Bem, vou deixá-los à vontade. Aposto que tem muito o que conversar.
RENATÃO SE AFASTOU. MARIA REGINA OLHAVA PARA RODOLFO AUGUSTO EM ÊXTASE.
MARIA REGINA - Parece um sonho... eu estar aqui, na sua frente! Quase nem acredito!...
CORTA PARA:
CENA 6 - “FOLHA DO RIO” - REDAÇÃO - INT. - DIA.
ARAKEN E CELSO BARROSO, O ADVOGADO, CONVERSAVAM, DISCRETAMENTE, NA REDAÇÃO.
ARAKEN - O senhor esteve com ela?
DR. CELSO - Sim. Por alguns minutos. Ela me pôs pra fora do apartamento.
ARAKEN - (se espantou) Pôs pra fora?
DR. CELSO - Sim. Teve uma reação tão violenta, que me deixou impressionado. Ela me recebeu muito mal. E quando falei no medalhão, perdeu a cabeça.
ARAKEN - Que medalhão?
DR. CELSO - O senhor não sabe? D. Marieta descobriu que o medalhão encontrado perto do corpo de Nívea não era dela, e sim de Helô. (fez uma pausa e, diante da surpresa do jornalista, concluiu) Pode ser a prova de que necessitamos para pedir a revisão criminal.
CORTA PARA:
CENA 7 - APART-HOTEL - APARTAMENTO DE D. CONSUELO - SALA - INT. - NOITE.
D. CONSUELO - Usted deberia ter visto la felicidad de mi Samuquito, Dom José! Estoy tan emocionada com su alegria!
DOM JOSÉ OUVIA AS DECLARAÇÕES DE D. CONSUELO, ESTUPEFATO.
DOM JOSÉ - Usted fez una loucura comprando aquela casa, D. Consuelo! Una gran loucura!
D. CONSUELO - (sussurrou) Psiu! Fale baixo! Samuquito está no quarto e non puede ouvir nuestra conversa!
A FISIONOMIA DE DOM JOSÉ EXPRESSAVA INQUIETAÇÃO E NERVOSISMO.
DOM JOSÉ - (disse, peremptório) Senõra, leia el telegrama, por favor.
D. CONSUELO - (abrindo o papel) Dom Carvajal!
DOM JOSÉ - Sí, señora, Dom Carvajal. El ya sabe! Todo el mundo ya sabe! Asta en México. Estamos desgraciados!
D. CONSUELO - Dio mio!
CORTA PARA:
CENA 8 - APARTAMENTO DE HELÔ - QUARTO - INT. - NOITE.
APÓS UM DIA EXAUSTIVO DANDO AULAS, VÍTOR GIROU A CHAVE NA FECHADURA E ENTROU EM CASA. NÃO HAVIA NINGUÉM NA SALA.
VÍTOR - (encaminhando-se para o quarto) Helô! Onde você está?
ABRIU A PORTA DO QUARTO. HELÔ ESTAVA DEITADA NA CAMA, OS OLHOS VERMELHOS.
HELÔ - (falou seca, sem fitá-lo) Isso ainda tem alguma importância pra você? Onde estou, se estou viva ou morta?
VÍTOR - (surpreso com a reação da esposa) Mas o que é isso? O que aconteceu? (sentou-se a seu lado) Você chorou!
HELÔ - (falou, revoltada) Você me traiu.
VÍTOR - (atônito) Eu traí você? Mas, como? O que foi que eu fiz, meu Deus?
HELÔ - Não se faça de vítima! Você não confiou, não acreditou em mim! Você sempre acreditou que eu matei minha melhor amiga, não é verdade? Fala, Vítor!
VÍTOR - Ah, isso outra vez? Escuta, Helô, nós já conversamos sobre isso e...
HELÔ - (cortou) Escuta você: tira essa máscara e confessa de uma vez! Sabe como eu tou me sentindo? Como naquele filme, “Dormindo com o Inimigo”!
VÍTOR - (impacientou-se) Aí já é demais! Olha, Helô, eu até entendo que você pode estar em uma de suas “crises”, mas tá indo longe demais!
HELÔ - (voz cortante) Você me delatou pro advogado da Jurema de Alencar! O Dr. Celso Barroso está a par de tudo, até do medalhão! E ele estava procurando você, Vítor!
VÍTOR - Isso é um absurdo! Como pode me acusar assim, sem provas?
HELÔ TREMIA. ENCAROU-O, FAZENDO ESFORÇO SOBREHUMANO PARA SEGURAR AS LÁGRIMAS.
HELÔ - Olhe nos meus olhos, Vítor, e responda: você, algum dia, me amou?
VÍTOR - (fez uma pausa) No começo, confesso que eu não te amava, Helô. Eu amava Nívea, você sabe. Mas depois, fui te conhecendo melhor, e fui aprendendo a gostar de você... Fui
descobrindo a pessoa maravilhosa que você é, apesar dos ares de menina mimada e cheia de vontades...
HELÔ - (cobriu os ouvidos com as duas mãos) Pare! Pare! Você sentia pena de mim! Eu não acredito em você! Diga o que quiser, eu não confio mais em você!
VÍTOR - (a voz trêmula) O... o que quer dizer com isso?
HELÔ - Quero me separar de você.
VÍTOR - (a voz pausada) Você... tem noção do que está dizendo?
HELÔ - Tenho.
VÍTOR - (insistiu) Helô... é isso mesmo que você quer?
HELÔ - É. Passei a tarde toda pensando. Chorei tudo o que tinha pra chorar. Já tomei minha decisão. Quero o divórcio!
VÍTOR PAROU ALGUNS SEGUNDOS NO MEIO DO QUARTO. NUM ÍMPETO, ABRIU A PORTA DO ARMÁRIO, JOGOU UMA MALA SOBRE A CAMA E COMEÇOU A JOGAR PEÇAS DE ROUPA DENTRO. HELÔ VIROU AS COSTAS E FOI ATÉ A JANELA. NÃO QUERIA QUE VÍTOR VISSE AS LÁGRIMAS QUE, TEIMOSAS, INSISTIAM EM BANHAR-LHE A FACE.
VÍTOR AMASSOU AS ROUPAS DENTRO DA MALA, FECHOU O ZÍPER E DIRIGIU-SE PARA A PORTA.
VÍTOR - Eu vou indo... Adeus, Helô.
DITO ISTO, SAIU. HELÔ VOLTOU-SE, NUM IMPULSO, E OUVIU O BARULHO DA PORTA DA SALA FECHANDO-SE.
HELÔ - Vítor!...
DEU MEIA VOLTA E ATIROU-SE NA CAMA, SOLUÇANDO, ENTREGUE AO SEU DESESPÊRO.
CORTA PARA:
CENA 9 - PENSÃO PRIMAVERA - RECEPÇÃO - INT. - NOITE.
VÍTOR FOI RECEBIDO POR D. DIDI E MARIA LÚCIA, QUE MAL DISFARÇAVAM A SURPRÊSA.
VÍTOR - Boa noite. Eu preciso de um quarto...
D. DIDI - Boa noite. Desculpe, mas o senhor não é...
MARIA LÚCIA - (cortou) É o marido da Helô Oliveira Ramos, mãe. Como vai, senhor...
VÍTOR - (tentou sorrir, cordial) Vítor. Meu nome é Vítor Mariano. Ouvi falar da sua pensão e resolvi vir para cá. Vou passar uns tempos aqui. Isto é. Se tiver vaga...
D. DIDI - Mas é claro que tem. Venha comigo, senhor Vítor!
VÍTOR, CARREGANDO SUA MALA, SEGUIU D. DIDI PARA O INTERIOR DA PENSÃO.
MARIA LÚCIA - (para si) Coitado! Casaram há tão pouco tempo, e já separados!
NAQUELE MOMENTO, SAMUCA ENTROU NA PENSÃO E APROXIMOU-SE DO BALCÃO.
MARIA LÚCIA - (surpresa) Não acredito! É você mesmo, Samuca?
SAMUCA - Eu mesmo. Como vai, Maria Lúcia?
MARIA LÚCIA - Nossa! Quem é vivo, um dia aparece!
SAMUCA - (galante, beijou-lhe as mãos) Maria Lúcia... Com mil desculpas pelo atraso, vim quitar minhas dívidas, com juros, correção monetária e qualquer prejuízo que tenha causado à Pensão Primavera!
D. DIDI VOLTOU DO INTERIOR DA PENSÃO E GRITOU, SURPRESA.
D. DIDI - Seu Samuca?! Não acredito! É o senhor mesmo?
SAMUCA - (sorrindo) Eu mesmo, D. Didi, e cheio de saudades! Posso lhe dar um abraço?
D. DIDI - Mas é claro!
ABRAÇARAM-SE, SAUDOSOS.
CORTA PARA:
CENA 10 - APARTAMENTO DE EMILIANO - SALA - INT. - NOITE.
MARIETA FALAVA AO TELEFONE. ALGUNS MINUTOS DEPOIS, DESLIGOU E DIRIGIU-SE AO MARIDO, QUE LIA O JORNAL, SENTANDO NUMA POLTRONA.
D. MARIETA - (os olhos brilhando, mal disfarçando o ar de satisfação) Emiliano, adivinha, você não vai acreditar!
EMILIANO - (ergueu os olhos do jornal, curioso) Pela sua alegria, deve ser uma ótima notícia!
D. MARIETA - Acertou! Melhor, impossível! Vítor acabou de ligar. Ele se separou da Helô! Foi morar na Pensão da D. Didi!
EMILIANO - E isso é boa notícia, mulher? (balançou a cabeça, refletindo) Coitado do Vítor... deve estar sofrendo...
D. MARIETA - Melhor sofrer agora do que mais tarde! Eu já esperava por isso! Era só uma questão de tempo! Aquela Helô nunca foi mulher pra ele!
EMILIANO - (irônico) E quem é, Marieta? Você?
D. MARIETA - Ah, não enche, Emiliano! Diga o que quiser! Nada vai estragar minha alegria! (encaminhou-se para o quarto, gargalhando) Eu sabia! Eu sabia!
e no próximo capítulo...
*** Rodolfo Augusto faz uma proposta muito louca a Maria Regina, e em troca promete torná-la uma modelo famosa e de sucesso!
*** Após o primeiro momento de depressão após a separação, Helô toma uma decisão!
*** Samuca, vendo o estado de Renatão após o "fora" de Babi, tem uma idéia brilhante para trazê-la de volta para os braços do amigo!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 57 DE
Toni, quanta coisa acontecendo e eu sem entender rsrsrs. Será que D. Consuelo faliu e continua esbanjando só para impressionar Samuca? E ele está gostando! E Renatão o que estará aprontando para Rodolfo Augusto, que pela sua vez parece estar aprontando também, não é? A separação de Helô e Vítor, foi um mal necessário, não tinha como continuarem juntos com o clima tenso do jeito que estava. Mas deu raiva a satisfação de Marieta, parece que ela sonha em ficar com Vítor! Gostei, muito bom! Bjs.
ResponderExcluirSerá que Consuelo é uma golpista? Estou achando. Helô e Vitor só podiam acabar em separação. Marieta já está dando bandeira. Muito bom, Vitor!
ResponderExcluirMaria e JE, Renatão gosta de se divertir, como já percebemos, né... Ele adora inventar uma história pra gozar da cara dos outros. Por isso jogou o pepino chamado Maria Regina pra cima do Rodolfo Augusto, que, por usa vez, ao ver que ela é uma garota bonita, com perfil de modelo, apesar de "alpinista social" e querer ser famosa a qq preço, resolveu tirar proveito da situação em benefício próprio. Ou seja, é um querendo se dar bem às custas do outro rsrsrs... Imagina a confusão que vai dar! Quanto a D. Consuelo, logo, logo Samuquito vai ficar sabendo o que o espera! ahahahaha Qto a Vítor e Helô, como vc disse, a separação era inevitável. E Helô vai aprontar de novo, após ficar sozinha, pois como ela mesma vai declarar, não tem vocação pra ficar chorando pelos cantos! E Marieta feliz da vida com a separação!
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