Capítulo IV - Decisões
Alguns dias se passam. Rosa não volta para assinar o contrato, nem telefona. Nada de email. Não atende ao celular.
Claude por sua vez está de mau humor, e não quer dar o braço a torcer. Fim de expediente, só Claude e Frazão no escritório.
C: Frazon, a Janete não tem nenhuma notícia de Rosa? Um recado?
F: Não. A Rosa foi passar uns dias com os pais dela, lá no casarão. E não quer nem ouvir seu nome. Você pisou na bola né francês! Admite que está gostando dela e pede desculpas...
C: Eu vou é pra casa, hã? Vou dormir.
F: Isso mesmo, foge meu querido, foge. Mas só pra sua informação, ela volta hoje pro apartamento. Você já sabe, é o número vinte e cinco.
Enquanto dirige, Claude vai lembrando dos acontecimentos que o envolveram com Rosa. E no primeiro retorno ele volta, indo até o prédio de Rosa. No caminho ele compra bombom.
Já saindo do elevador, ele segue pelo corredor até o apartamento. Enquanto isso, dentro do apartamento, Janete conversa com Rosa.
J: Rosa, o Dr. Claude está na maior “deprê”. Nunca vi ele assim, tão pra baixo. Todo dia ele pergunta de você.
R: Ah é? Eu não devia voltar mais lá. Mas esse dinheiro eu estou precisando muito, para acertar umas contas lá de casa, ajudar minha mãe. Acho que já dei um tempo suficiente. Amanhã eu vou falar com ele.
O som da campainha interrompe a conversa.
R: Deixa que eu atendo. O Frazão ficou de vir aqui hoje?
J: Não. Mas você vai abrir a porta assim de pija... - Tarde demais, Rosa já abria a porta e se deparava com Claude.
J: Bom, eu vou ver TV, no quarto, com licença!
R: Claude!
C: Oi Rosa. Podemos conversar?
R: Agora? Não pode esperar até amanhã não?
C: Non. Preciso resolver isso hoje, hã? Posso entrar ou vamos conversar aqui no corredor?
R: Claro, me desculpa, entra. Vamos sentar aqui no sofá. - Rosa percebe que está com seu pijama de bichinhos diante do olhar insinuante de Claude e vai até o quarto por um roupão. - É... desculpa eu te receber assim... eu ia ler um pouco e dormir.
C: Non que isso! Eu que sou mal educado, devia ter ligado antes! Mas fiquei com medo que você non me atendesse de novo.
R: Bom, mas eu estou aqui te escutando, agora! E acho que já sei o que você quer: cancelar o serviço, não é?
C: Non. Eu quero que você comece a restauraçon, oui? Assim que puder.
R: Mas assim sem assinar o contrato... não sei não! - Fala em tom de gozação.
C: D`accord! Eu mereço ouvir isso, non? Mas falando sério, eu quero pedir desculpas. Apesar de que você non me deu tempo de explicar, hã? Eu gostaria que você sugerisse algumas árvores frutíferas. Eu quero fazer um pequeno pomar nos fundos, realizar o sonho de minha mãe. E também gostaria que me ajudasse no interior da casa, na decoraçon... Claro que vou agregar valores aos seus serviços.
R: Nossa, você pedindo desculpas! Sua fama não condiz isso não...
C: Nem tudo é o que parece. Já andaram envenenando sua cabeça, hã? Mas eu vou falar de novo: você me perdoa, me desculpa? E faz cara de cachorro que caiu da mudança...
R: Falando assim e fazendo essa cara. Rsrsrsrs! Fica difícil não desculpar.
Os dois caem na gargalhada, olhos nos olhos. Silêncio. E nem um nem outro se mexe...
Claude então se levanta e diz:
C: Já que estou desculpado, vamos comemorar! – E tira o bombom do bolso.
R: Hummmm, adoro bombom! – Ele desembrulha, dá uma mordida e oferece a outra metade a Rosa.
C: Enton, te espero amanhã, oui? A gente assina o contrato, tudo certinho, hã? Eu vou pra casa agora...
R: Eu te levo até a porta.
Claude já está além da porta, quando se volta e diz sedutoramente:
C: Ah! E eu non to pedindo desculpas pelo beijo, hã? - E passa a ponta dos dedos nos lábios de Rosa, que se arrepia toda. - Adorei seu pijaminha... Boa noite, chérie! - E vai pro elevador, deixando Rosa trêmula, com as pernas bambas e um sorriso sonhador...
Na manhã seguinte, Rosa vai até a construtora e enquanto aguarda para entrar na sala de Claude, conversa com Janete. Enquanto isso na sala de Claude:
C: Frazon, lê esse email, hã? Que mais falta acontecer comigo?
F: “Prezados senhores, devido à proposta de investimento, de outra empresa, sua concorrente, e conscientes da necessidade da preservação do meio ambiente, e da sustentabilidade mundial - itens que ficaram em segundo plano nas duas propostas - pedimos que nos encaminhem novos projetos, que primem por estes itens. A melhor proposta, será negociada. O prazo para envio é de vinte dias.”
F: O Coutinho conseguiu atrapalhar mesmo!
C: Frazon, como eu vou conseguir outro projeto em ton pouco tempo? E ainda incluir esses itens aí, hã? Eu sozinho non vou dar conta, nesse prazo apertadinho. Tem muito para pesquisar, analisar... E se eu non fecho com eles, é desistir mesmo e parar com tudo. E voltar pra França!
F: E acabar com seus sonhos? Despedir toda essa gente? Você só pode estar brincando né o francês?
C: Bem que eu queria que isso tudo fosse só brincadeira. Onde é que eu vou encontrar alguém, em ton pouco tempo, que possa me ajudar nisso, hã?
Neste momento, Janete bate à porta e anuncia Rosa, que entra, enquanto os dois olham pra ela, se olham, sorriem, voltam-se pra ela e dizem juntos:
F&C: Rosa!!!
R: Nossa, eu fiz alguma coisa errada?
F: E nem vai fazer minha querida. Mas você pode salvar a gente e a construtora. Não é Claude?
C: Oui, oui. Rosa, presta atençon! Os americanos querem um novo projeto, pras casas populares, com muita proteção ao meio ambiente, sustentabilidade, etc. O Coutinho, que era meu engenheiro chefe, passou pra uma concorrente e armou tudo isso. Eu tenho vinte dias pra enviar um novo projeto e conseguir o contrato, caso eles optem pelo nosso projeto.
R: Americanos? Contrato? Nosso projeto?
F: Americanos, Rosa! Eles vão injetar dez milhões nos sonho do francês aqui: fazer casas populares para pessoas de menor renda, com baixo custo, mas de qualidade!
C: Se eu non conseguir montar esse novo projeto, adeus contrato, sonho e adeus Brasil! Mas você concordar e quiser nos ajudar, é claro que você será remunerada e terá seu nome no novo projeto. Isso pode ser muito bom pro seu currículo também.
R: Mas e a restauração da sua casa?
C: A gente adia. Este projeto é mais importante no momento.
R: Se você concordar, eu posso começar a restauração, com um pessoal que me apoia. Assim. paras primeiras providências: limpeza, retirada de pragas. Tudo o que se tem que fazer, nesses casos.
C: Isso quer dizer que você aceita?
R: Adoro desafios. Eu aceito, mas eu não tenho muita experiência, será que eu dou conta?
F: Você não vai estar sozinha. Nós vamos dar suporte pra você. Claude e eu ficaremos com a parte burocrática e você com a parte dos desenhos, do “verde”.
C: E se precisar a gente contrata mais alguém.
R: Bem... Então eu vou ligar pro Colibri, passar daqui, pegar meu carro e ir lá fazer a lista do que vai precisar. É que eu fui lá esses dias, com ele – fala meio sem graça – Fui pegar a caixa de primeiros socorros e a tesoura, mas não os encontrei.
C: É, eu trouxe pra você, mas eston em minha casa. E quem é esse “Colibri”? Seu namoradinho?
R: Não, Claude, ele mora lá no cortiço. A gente cresceu junto. Ele é como um irmão. Mas se fosse era problema meu, não? Eu fico perguntando se você tem namoradinha?
Ambos estavam lembrando do primeiro beijo e falavam como se estivessem a sós, até que Frazão dá uma tossidinha:
F: Han han, coff, coff! - Desculpa atrapalhar os pombinhos, mas será que podemos mostrar o projeto original pra Rosa? Não temos tempo a perder.
Os dois se voltam pra Frazão, fazem uma careta e vão pra mesa de reuniões.
Eles começam a rever os projetos. Rosa percebe o quanto Claude se sente orgulhoso em explicar tudo a ela: a realização do seu sonho. Colibri passa por lá, abraça Rosa e Claude fica incomodado com a cena. Frazão percebe e diz:
F: Já está começando a se queimar, hem? Rsrsrsr
C: Frazon... Vai ver se eu to na esquina, vendendo croissant, hã?
Os três passam o resto do dia analisando o projeto e qual a melhor maneira de reestrutura-lo. Janete é chamada toda hora pra ajudar: tirar cópias, refazer um trecho da planilha descritiva, enfim todos se envolvem no trabalho e quando percebem já e noite.
Janete e Frazão saem “à francesa”, deixando Claude e Rosa ainda anotando as modificações necessárias. De repente Rosa se dá conta que estão sozinhos, olha pro relógio e diz:
R: Nossa, cadê todo mundo? Eu não acredito que a Janete me deixou aqui...
F: Frazon e Janete eston de namorinho, hã! Com certeza foram pra uma balada.
R: Eu vou chamar um táxi, então!
C: Que isso? Nem pensar! Eu te levo, faço queston!
Ao chegarem em frente ao prédio, Rosa se despede, mas antes que saia do carro, escuta:
C: Olha, obrigado, hã? Mas obrigado mesmo... Se você non aceitasse, non quisesse me ajudar non sei como faria. Porque eu non confio mais nos engenheiros que o Coutinho indicava. É bom saber que posso contar contigo!
R: Seu sonho é muito nobre. Eu admiro muito o seu esforço. Não desistiu no primeiro obstáculo!
Claude segura a mão dela, deposita um suave beijo ali e diz roucamente:
C: Eu não costumo desistir dos meus sonhos e desejos, Serafina...
R: Nem eu, Claude. E desce do carro, enquanto ele a segue com o olhar até perdê-la de vista, no elevador...
Sônia, estou amando seu Claude e sua Rosa, que casal fofo! Estou gostando do rumo que essa história está tomando! E amei o vídeo, que lindo! Parabéns, pela ótima fic! Bjs.
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