segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 24 - SEGUNDA PARTE - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 24 – Mãe

Quando as três chegaram ao hospital foram direto para a Emergência. Gabriele logo avistou Gabriel esperando no hall.
— Onde está minha filha, Gabriel? – perguntou nervosa. - Onde ela está? Ela está bem?
— Se acalme, Sra. Gabriele. – disse ele – Ela está fazendo alguns exames. Ela teve uma forte pancada na cabeça e alguns ferimentos. Mas tudo parece estar bem.
— Eu tenho que ter certeza! – disse ela indo em direção à sala de exames.
No mesmo momento, o médico abriu a porta.
— Quem está acompanhando a paciente Viviane Alcântara?
— Sou eu. – disse Gabriel prontamente.
Gabriele se aproximou junto com as gêmeas. 
— Os primeiros exames saíram e tudo parece normal. Mas a paciente terá que ficar em observação por pelo menos 24 horas.
— Eu posso vê-la, doutor? – perguntou Gabriele.
O médico assentiu.
Gabriel, Mariana, Emanuela e Gabriele entraram onde Viviane se encontrava.
Viviane estava tomando soro, sentada em uma das camas.
 — Viviane, minha filha. Como você está? – perguntou Gabriele, se aproximando apreensiva.
Viviane olhou para Gabriel que vinha logo atrás.
— Gabriel, o que esta mulher está fazendo aqui? – disse com um tom de irritação na voz. - Eu não quero conversar com ela. – e se dirigindo a Gabriele. – Por favor, saia daqui.
Gabriel se aproximou de Viviane.
— Vivi, por favor, não no hospital... Se acalme, você acabou de sofrer um acidente. Ela só quer conversar com você.
Os outros três saíram, deixando Viviane a sós com a mãe.
— O que veio fazer aqui? – perguntou Vivi um tanto rude.
— Eu estava preocupada, minha filha...
Viviane riu-se. No entanto, ela parecia mais triste do que sarcástica.
— Filha? Agora você se lembra que sou sua filha? Desculpa, mas o tempo de você realmente ser minha mãe já passou. Não sou sua filha.
— Até quando vai me tratar desse jeito? Será que por ser sua mãe, você não pode me tratar um pouquinho melhor?
Viviane riu novamente. Mais uma vez, Gabriele percebeu o quanto Vivi estava sofrendo.
— Quem é você para me dizer o que devo ou não devo fazer?
— Então, isso significa que nunca vai me perdoar?
— Perdoar? – disse um tanto pensativa. – Pelo quê? Por ter me abandonado durante tanto tempo? Ou por ter voltado quando eu já tinha me acostumado com sua ausência? Ou talvez seja por ter me escondido durante tanto tempo que o Jorge não é meu pai! – disse com lágrimas nos olhos. - E que meu avô, a única pessoa em que realmente confiei na vida, não é meu avô de verdade! Pelo que mesmo tenho que te perdoar?
— Não seja tão sarcástica Viviane, quer você queira ou não, eu ainda sou sua mãe. Posso ter cometido meus erros, mas sou sua mãe e quero repará-los.
Viviane olhou para a mãe com tristeza, era como se estivesse prestes a romper em choro.
— “Mãe”... Você sabe o quando essa palavra me traz tristeza? – Viviane não conseguia conter as lágrimas silenciosas que caíam em seu rosto. – Sempre que as pessoas escutam essa palavra, elas sorriem. Porque elas têm boas lembranças. Mas eu... Sempre que escuto essa palavra, eu me lembro de como solitária eu me senti todo esse tempo. Eu me lembro de como eu chorava, sentindo sua falta. E eu me lembro também de pensar tantas vezes: “Ah, eu devo ser uma criança má, é por isso que até minha mãe me odeia.”
Gabriele também não conseguia conter as lágrimas.
— Filha... Me perdoe. Me desculpe. – disse chorando, enquanto tentava tocar em Viviane. -  Eu estava errada... Eu realmente te amo. Acredita em mim.
Gabriele tocou no ombro de Viviane. A garota tirou a mão de Gabriele com violência.
— Não posso te perdoar... Em quem vou colocar toda a culpa pelo que eu passei?! Em quem vou colocar toda a culpa de toda a minha infelicidade? E esse seu amor que você diz ter por mim, eu não sinto... Me desculpe, mas eu não sinto nada por você. Para mim, você vai continuar sendo uma completa estranha. – Viviane deitou-se na cama e virou-se. – Por favor, saia daqui, eu estou realmente cansada...  
Gabriele percebeu que Viviane chorava em silêncio, o que a fez chorar também. Tentou se aproximar da filha, mas não teve coragem. Depois disso, abriu a porta e saiu.
***
Ao sair, Gabriele percebeu que Iêda e Camila já estavam na Emergência.
— Vocês vieram.
— Viemos assim que soubemos. Como está Viviane?
— Bem, o acidente não foi tão grave. Só precisa ficar de observação por algum tempo.
Iêda respirou aliviada.
— Ainda bem. Graças a Deus.
— Mas o que está acontecendo com essa família? – perguntou Camila preocupada. – Primeiro, Dr. Otávio e agora Viviane. E ainda temos que lidar com a imprensa.
Gabriela olhou confusa para Camila.
— Imprensa?
— Sim. – confirmou Iêda. – Há alguns repórteres querendo saber o que está acontecendo? Parecem que já sabem que o Dr. Otávio não está bem. Tem até alguns especulando sobre quem será o sucessor dele, caso... Você sabe.
Gabriele pareceu irritada.
— Como eles podem falar isso?
— Bem, de qualquer forma, eu já entrei em contato com os assessores de imprensa do Grupo. Eles vão lidar com isso. – disse Iêda.
— E o Dr. Otávio, como está? – perguntou Gabriele preocupada - Está tudo bem com ele?
— Na medida do possível. – respondeu Iêda. - Há muitos riscos envolvidos, mas o estado dele é estável. Daqui a pouco vão começar a prepará-lo para a cirurgia. Otávio Jr. e Bruno vão ligar, avisando sobre qualquer novidade. Fabiano também vai nos dar notícias.
— Fico mais tranquila assim.
De repente, também chegaram Fabrício e Verônica. As gêmeas se levantaram para recebê-los.
— Como está Viviane? – perguntaram assim que chegaram.
— Ela está bem. – disse Emanuela. – Não foi nada grave.
— Vou vê-la. – disse Verônica, indo em direção à sala.
Mariana vendo Fabrício, se afastou um pouco com a desculpa de ir ao banheiro para que a irmã e  ele pudessem ficar a sós.
— Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Você descobrindo que o Dr. Otávio é seu avô, a cirurgia dele, o acidente de Viviane... Como você está?
— Bem, na medida do possível, mas ainda assim preocupada.
— Claro que estaria. Até eu estou. Logo agora que vocês descobriram tudo...
Emanuela parecia pensativa.
— Sim... Mas Fabrício, eu não posso mentir para você... Essa história do meu avô... Bem, eu já sabia sobre isso.
— Sabia? – Fabrício parecia um pouco surpreso.
— Sim. Eu não acreditei muito na história que foi inventada. E Érica só conseguiu me convencer porque ela me disse a verdade. No começo, eu queria saber por que o Dr. Otávio não disse a verdade logo. – e olhando para ele. - Você deve achar que sou uma mentirosa, não é?
Fabrício sorriu enquanto a abraçava.
— Você teve seus motivos para não dizer, assim como o Dr. Otávio. Talvez isso prove que vocês dois são de fato avô e neta.
— Fabrício... Eu realmente estou com medo. Eu não sei o que é ter uma família além da minha irmã. Com essa família, eu realmente queria tentar. Ter um avô, uma madrasta, tios... Até mesmo com Viviane, mesmo que ela não seja...
— Não seja o quê? – disse ele, a afastando momentaneamente e olhando em seu rosto.
— Não é nada... Eu só não quero perder isso. Não quero perder.
Fabrício a abraçou ainda mais forte.
***
Logo que viu Verônica, Viviane estendeu os braços e abraçou a amiga, chorando intensamente.
— O que foi, Viviane? O que aconteceu para estar assim?
— Estou com medo, Verônica... Muito medo.
— Medo de quê?
— De perder o meu avô. Se acontecer algo a ele, eu nunca vou me perdoar. – disse chorando. - Isso tudo é minha culpa.
— Não diga isso, Vivi. – disse Verônica, tentando acalmar a amiga.
***
Dois dos melhores médicos cardiologistas se preparavam para a cirurgia. Dr. Fabiano por não ser da área específica ainda pôde auxiliar na sala de operação. Dr. Otávio já estava deitado e pronto para a cirurgia. As enfermeiras estavam a postos e os instrumentos para a cirurgia estavam prontos.
— Como estão os sinais vitais do paciente? – perguntou o primeiro médico.
— Estáveis. Pressão arterial estável.
— Anestesia?
— O paciente está pronto. – respondeu o anestesista.
A equipe se preparava para a cirurgia. Todos estavam alertas, qualquer alteração, por mínima que fosse, que passasse despercebida, poderia ser fatal. O médico estava pronto para começar a operação, quando um dos aparelhos começou a alertar.
— Doutor, a pressão arterial está caindo! – gritou um dos enfermeiros.
O médico imediatamente deu as devidas ordens. No entanto, a pressão arterial ainda caía.
— Parada cardíaca! – gritou o enfermeiro.
— Preparem o desfibrilador! Agora!
Os enfermeiros trouxeram rapidamente.
— Se afastem. – disse o médico. – 1, 2, 3!
O médico encostou o aparelho, mas o coração ainda não batia.
 — Aumentar carga! Se afastem! 1, 2,3!
Ainda não havia nenhum sinal. O médico parecia preocupado. Olhou rapidamente para Fabiano e percebeu que ele estava bastante concentrado.
— Mais uma vez! Aumentar carga!

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