Capítulo 24 – Mãe
Quando as três chegaram
ao hospital foram direto para a Emergência. Gabriele logo avistou Gabriel
esperando no hall.
— Onde está
minha filha, Gabriel? – perguntou nervosa. - Onde ela está? Ela está bem?
— Se acalme,
Sra. Gabriele. – disse ele – Ela está fazendo alguns exames. Ela teve uma forte
pancada na cabeça e alguns ferimentos. Mas tudo parece estar bem.
— Eu tenho que
ter certeza! – disse ela indo em direção à sala de exames.
No mesmo momento,
o médico abriu a porta.
— Quem está
acompanhando a paciente Viviane Alcântara?
— Sou eu. –
disse Gabriel prontamente.
Gabriele se
aproximou junto com as gêmeas.
— Os primeiros
exames saíram e tudo parece normal. Mas a paciente terá que ficar em observação
por pelo menos 24 horas.
— Eu posso
vê-la, doutor? – perguntou Gabriele.
O médico
assentiu.
Gabriel,
Mariana, Emanuela e Gabriele entraram onde Viviane se encontrava.
Viviane estava
tomando soro, sentada em uma das camas.
— Viviane, minha filha. Como você está? –
perguntou Gabriele, se aproximando apreensiva.
Viviane olhou
para Gabriel que vinha logo atrás.
— Gabriel, o que
esta mulher está fazendo aqui? – disse com um tom de irritação na voz. - Eu não
quero conversar com ela. – e se dirigindo a Gabriele. – Por favor, saia daqui.
Gabriel se
aproximou de Viviane.
— Vivi, por
favor, não no hospital... Se acalme, você acabou de sofrer um acidente. Ela só
quer conversar com você.
Os outros três
saíram, deixando Viviane a sós com a mãe.
— O que veio
fazer aqui? – perguntou Vivi um tanto rude.
— Eu estava
preocupada, minha filha...
Viviane riu-se.
No entanto, ela parecia mais triste do que sarcástica.
— Filha? Agora
você se lembra que sou sua filha? Desculpa, mas o tempo de você realmente ser
minha mãe já passou. Não sou sua filha.
— Até quando vai
me tratar desse jeito? Será que por ser sua mãe, você não pode me tratar um
pouquinho melhor?
Viviane riu
novamente. Mais uma vez, Gabriele percebeu o quanto Vivi estava sofrendo.
— Quem é você
para me dizer o que devo ou não devo fazer?
— Então, isso
significa que nunca vai me perdoar?
— Perdoar? –
disse um tanto pensativa. – Pelo quê? Por ter me abandonado durante tanto
tempo? Ou por ter voltado quando eu já tinha me acostumado com sua ausência? Ou
talvez seja por ter me escondido durante tanto tempo que o Jorge não é meu pai!
– disse com lágrimas nos olhos. - E que meu avô, a única pessoa em que
realmente confiei na vida, não é meu avô de verdade! Pelo que mesmo tenho que
te perdoar?
— Não seja tão
sarcástica Viviane, quer você queira ou não, eu ainda sou sua mãe. Posso ter
cometido meus erros, mas sou sua mãe e quero repará-los.
Viviane olhou
para a mãe com tristeza, era como se estivesse prestes a romper em choro.
— “Mãe”... Você
sabe o quando essa palavra me traz tristeza? – Viviane não conseguia conter as
lágrimas silenciosas que caíam em seu rosto. – Sempre que as pessoas escutam
essa palavra, elas sorriem. Porque elas têm boas lembranças. Mas eu... Sempre
que escuto essa palavra, eu me lembro de como solitária eu me senti todo esse
tempo. Eu me lembro de como eu chorava, sentindo sua falta. E eu me lembro
também de pensar tantas vezes: “Ah, eu devo ser uma criança má, é por isso que
até minha mãe me odeia.”
Gabriele também
não conseguia conter as lágrimas.
— Filha... Me
perdoe. Me desculpe. – disse chorando, enquanto tentava tocar em Viviane. - Eu estava errada... Eu realmente te amo.
Acredita em mim.
Gabriele tocou
no ombro de Viviane. A garota tirou a mão de Gabriele com violência.
— Não posso te
perdoar... Em quem vou colocar toda a culpa pelo que eu passei?! Em quem vou
colocar toda a culpa de toda a minha infelicidade? E esse seu amor que você diz
ter por mim, eu não sinto... Me desculpe, mas eu não sinto nada por você. Para
mim, você vai continuar sendo uma completa estranha. – Viviane deitou-se na cama
e virou-se. – Por favor, saia daqui, eu estou realmente cansada...
Gabriele percebeu
que Viviane chorava em silêncio, o que a fez chorar também. Tentou se aproximar
da filha, mas não teve coragem. Depois disso, abriu a porta e saiu.
***
Ao sair, Gabriele
percebeu que Iêda e Camila já estavam na Emergência.
— Vocês vieram.
— Viemos assim
que soubemos. Como está Viviane?
— Bem, o
acidente não foi tão grave. Só precisa ficar de observação por algum tempo.
Iêda respirou
aliviada.
— Ainda bem.
Graças a Deus.
— Mas o que está
acontecendo com essa família? – perguntou Camila preocupada. – Primeiro, Dr.
Otávio e agora Viviane. E ainda temos que lidar com a imprensa.
Gabriela olhou
confusa para Camila.
— Imprensa?
— Sim. –
confirmou Iêda. – Há alguns repórteres querendo saber o que está acontecendo?
Parecem que já sabem que o Dr. Otávio não está bem. Tem até alguns especulando
sobre quem será o sucessor dele, caso... Você sabe.
Gabriele pareceu
irritada.
— Como eles
podem falar isso?
— Bem, de
qualquer forma, eu já entrei em contato com os assessores de imprensa do Grupo.
Eles vão lidar com isso. – disse Iêda.
— E o Dr. Otávio,
como está? – perguntou Gabriele preocupada - Está tudo bem com ele?
— Na medida do
possível. – respondeu Iêda. - Há muitos riscos envolvidos, mas o estado dele é
estável. Daqui a pouco vão começar a prepará-lo para a cirurgia. Otávio Jr. e
Bruno vão ligar, avisando sobre qualquer novidade. Fabiano também vai nos dar
notícias.
— Fico mais
tranquila assim.
De repente,
também chegaram Fabrício e Verônica. As gêmeas se levantaram para recebê-los.
— Como está
Viviane? – perguntaram assim que chegaram.
— Ela está bem.
– disse Emanuela. – Não foi nada grave.
— Vou vê-la. –
disse Verônica, indo em direção à sala.
Mariana vendo
Fabrício, se afastou um pouco com a desculpa de ir ao banheiro para que a irmã
e ele pudessem ficar a sós.
— Tantas coisas
acontecendo ao mesmo tempo. Você descobrindo que o Dr. Otávio é seu avô, a
cirurgia dele, o acidente de Viviane... Como você está?
— Bem, na medida
do possível, mas ainda assim preocupada.
— Claro que
estaria. Até eu estou. Logo agora que vocês descobriram tudo...
Emanuela parecia
pensativa.
— Sim... Mas
Fabrício, eu não posso mentir para você... Essa história do meu avô... Bem, eu
já sabia sobre isso.
— Sabia? –
Fabrício parecia um pouco surpreso.
— Sim. Eu não
acreditei muito na história que foi inventada. E Érica só conseguiu me
convencer porque ela me disse a verdade. No começo, eu queria saber por que o
Dr. Otávio não disse a verdade logo. – e olhando para ele. - Você deve achar
que sou uma mentirosa, não é?
Fabrício sorriu
enquanto a abraçava.
— Você teve seus
motivos para não dizer, assim como o Dr. Otávio. Talvez isso prove que vocês
dois são de fato avô e neta.
— Fabrício... Eu
realmente estou com medo. Eu não sei o que é ter uma família além da minha
irmã. Com essa família, eu realmente queria tentar. Ter um avô, uma madrasta,
tios... Até mesmo com Viviane, mesmo que ela não seja...
— Não seja o
quê? – disse ele, a afastando momentaneamente e olhando em seu rosto.
— Não é nada...
Eu só não quero perder isso. Não quero perder.
Fabrício a
abraçou ainda mais forte.
***
Logo que viu
Verônica, Viviane estendeu os braços e abraçou a amiga, chorando intensamente.
— O que foi, Viviane?
O que aconteceu para estar assim?
— Estou com medo,
Verônica... Muito medo.
— Medo de quê?
— De perder o
meu avô. Se acontecer algo a ele, eu nunca vou me perdoar. – disse chorando. -
Isso tudo é minha culpa.
— Não diga isso,
Vivi. – disse Verônica, tentando acalmar a amiga.
***
Dois dos
melhores médicos cardiologistas se preparavam para a cirurgia. Dr. Fabiano por
não ser da área específica ainda pôde auxiliar na sala de operação. Dr. Otávio
já estava deitado e pronto para a cirurgia. As enfermeiras estavam a postos e
os instrumentos para a cirurgia estavam prontos.
— Como estão os
sinais vitais do paciente? – perguntou o primeiro médico.
— Estáveis.
Pressão arterial estável.
— Anestesia?
— O paciente
está pronto. – respondeu o anestesista.
A equipe se
preparava para a cirurgia. Todos estavam alertas, qualquer alteração, por
mínima que fosse, que passasse despercebida, poderia ser fatal. O médico estava
pronto para começar a operação, quando um dos aparelhos começou a alertar.
— Doutor, a
pressão arterial está caindo! – gritou um dos enfermeiros.
O médico
imediatamente deu as devidas ordens. No entanto, a pressão arterial ainda caía.
— Parada
cardíaca! – gritou o enfermeiro.
— Preparem o
desfibrilador! Agora!
Os enfermeiros
trouxeram rapidamente.
— Se afastem. –
disse o médico. – 1, 2, 3!
O médico
encostou o aparelho, mas o coração ainda não batia.
— Aumentar carga! Se afastem! 1, 2,3!
Ainda não havia
nenhum sinal. O médico parecia preocupado. Olhou rapidamente para Fabiano e
percebeu que ele estava bastante concentrado.
— Mais uma vez!
Aumentar carga!
Nenhum comentário:
Postar um comentário