A crônica que reproduzimos abaixo é da
autoria de José Carlos de Oliveira.
Para maiores informações sobre o autor,
favor consultar: http://www.secult.es.gov.br/?id=/noticias/materia.php&cd_matia=2875.
Boa leitura!
Aquele Natal
No dia 24 de dezembro, há dez anos
(tinha eu dezoito), preparei-me tranqüilamente para passar o Natal em solidão.
Chegara ao Rio em setembro. Depois do período natural de dificuldades que todo
provinciano atravessa, começara a trabalhar numa revista. E agora estava ali,
na redação, terminando de escrever uma reportagem e pensando nas ruas festivas,
onde multidões faziam compras e em como seria bela a noite para os que tinham
parentes e amigos. O crítico cinematográfico da revista aproximou-se de mim e
disse:
"Olha eu sei que você não conhece
ninguém no Rio, de modo que quero convidá-lo para passar a noite no apartamento
de uma amiga minha. Ela vai dar uma festa para gente assim como você."
Tomei nota do endereço e ele disse:
"Ao chegar, é só dizer que você é o José Carlos, que ela já está
avisada."
Às nove horas da noite, rumei para lá.
Os sonhos mais ardentes me dominavam. A moça dona da casa era linda e
passaríamos a noite dançando colados! Coisas assim; eu ia andando cheio de
esperança. Diante do apartamento, toquei a campainha e então fluíram segundos
de espera ansiosa. Abriu-se a porta: uma jovem linda, de vestido vermelho,
surgiu à minha frente. Atrás dela vi um corredor, e depois uma sala onde outras
moças estavam sentadas, uma das quais conversava com um rapaz. Da vitrola vinha
uma canção tristonha.
— Que é que o senhor deseja? — perguntou
a moça.
— Eu sou o José Carlos.
Ao ouvir essas palavras, ela me olhou
com expressão indefinível: espanto, ou esquecimento, ou então não ouvira
direito, o certo é que ficou olhando fixamente o provinciano durante um minuto
bastante penoso. Finalmente, falou:
— José Carlos ainda não chegou. Com
licença — e bateu a porta na minha cara.
Meia hora depois, outra vez na rua, eu
ainda não sabia se devia rir ou chorar. Fui andando sem rumo, e afinal entrei
no Alcazar, sentei, pedi cuba-libre e comecei a encher a cara.
Não entendi se houve um mal-entendido ou se rapaz foi vítima de de uma brincadeira de mau-gosto. História legal, mas triste!
ResponderExcluirAmeiii a crônica, fácil de entender, mas no final fiquei no vácuo kkkk
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