A União.....``Um próspero fazendeiro lá de Minas estava gravemente enfermo. Preocupado com a desarmonia entre seus quatro filhos, resolveu dar-lhes uma lição. Chamou-os, mostrou-lhes um feixe de gravetos amarrados e disse: "Como vocês sabem, estou doente e posso morrer a qualquer momento. Aquele que conseguir quebrar estes gravetos só com as mãos será meu único herdeiro. Os filhos estranharam, mas aceitaram o desafio. Entretanto, nenhum deles conseguiu quebrar os gravetos. Indignados com a tarefa impossível proposta pelo pai, puseram-se a reclamar. Foi quando o fazendeiro pediu o feixe e anunciou que ele mesmo iria quebrá-lo. Incrédulos, os filhos lhe alcançaram os gravetos e, atônitos, assistiram ao pai que, deitado, foi retirando os gravetos e quebrando-os um a um, para depois concluir: - Vocês são como este feixe. Enquanto estiverem unidos, sempre poderão contar com o apoio um do outro. Porém, separados, vocês são tão frágeis quanto cada um destes gravetos. Trata-se apenas de uma fábula, como tantas outras que pregam essa mesma moral: a união faz a força. Mas, se abrirmos os olhos e observarmos ao nosso redor, podemos perceber que essa é uma das verdades menos questionáveis.``
sábado, 30 de abril de 2011
PARA MEDITAR - COLABORAÇÃO - COLABORAÇÃO: LETE SOUZA
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LIÇÃO DE VIDA,
PARA MEDITAR
SESSÃO FOTONOVELA
A fotonovela que apresentamos abaixo foi publicada na revista Sétimo Céu, nr. 214, de janeiro de 1974.
Nossos agradecimentos à amiga Maria do Sul pela remessa desse material.
Boa leitura!
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sexta-feira, 29 de abril de 2011
SESSÃO QUEM SOU EU? - COLABORAÇÃO: FERNANDA SOUZA
Essa sessão substituirá a Sessão Traquiz. O objetivo é descobrir quem é a biscoitinha (o) da foto através das pistas dadas abaixo da foto.
Então, quem sou eu?
Alegre,inteligente,biscodoida e poeta de alma.
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QUEM SOU EU?,
SESSÃO
IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 2
Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 2
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JUCA CIPÓ
BRAZ CANOEIRO
PEDRO BARROS
JOÃO
SINHANA
RITINHA
JERÔNIMO
MARIA DE LARA
ESTELA
LOURENÇO
GARIMPEIROS
JAGUNÇOS
CENA 1 – COROADO – GARIMPO DE PEDRO BARROS – EXT. – DIA
Na outra banda da cidade, os tratores desvirginavam o solo á cata de diamantes. Chapelão caído sobre os olhos, o Coronel Pedro Barros enxugava a testa com um lenço úmido de suor. O trabalho se desenvolvia com a ajuda de novas máquinas. Trabalho penoso, amenizado pela força do aço que abria sulcos na pele dura da terra. Pedro Barros dava ordens, gesticulava, gritava. Seus cabelos e barba, grisalhos, embebidos de suor. O sol queimava. Depois de alguns minutos afastou-se em direção ao rio. O garimpo faiscava. Dezenas de homens peneiravam, pés submersos, água na altura dos joelhos., á procura das gemas que não lhes pertenciam. Da fortuna que jamais lhes serviria no futuro. Braz Canoeiro era um deles.Negro,de bonita estampa, leal, bom caráter. O suor que lhe escorria das costas parecia refletir, qual espelho, o olho coruscante do sol.
Juca Cipó acabava de chegar.Desmontou e observou o bando em atividade. Seus olhos fixaram a figura em negro de Braz Canoeiro e se concentraram em seu gesto natural de limpar os lábios com o dorso da mão.
JUCA CIPÓ - Peguem esse homem!
CAPANGA - Qual homem, seu Juca?
JUCA CIPÓ - (correndo na direção do negro) - Braz Canoeiro. Ele engoliu um diamante!
O garimpo parou de estalo para assistir á cena. Vencido pelo jagunço, Braz foi lançado ao solo, de encontro ao cascalho.
BRAZ CANOEIRO - Cês tão enganado... eu não engoli nada, não.
JUCA CIPÓ - Engoliu sim. Eu vi. Vi quando ocê passô a mão na boca, nego nojento.
BRAZ CANOEIRO - Passei sim, mas não engoli nada... juro.
Braz empalideceu. Abriu a boca com as duas mãos. O Coronel Pedro Barros se aproximou do local. Severo nos seus sessenta e poucos anos.
PEDRO BARROS - Que foi que houve aí?
JUCA CIPÓ - Esse crioulo sujo, seu coroné. Engoliu um diamante.
PEDRO BARROS - Façam ele botar pra fora.
BRAZ CANOEIRO - (reagindo, amedrontado) Não é verdade, seu coroné. Eu não engoli nada. Juro por Deus, pela minha mãe.
PEDRO BARROS - Façam ele cuspir o diamante. Por cima ou por baixo. Cadê o óleo de rícino?
De um salto o jagunço chegou á cabana onde estavam guardados o material de trabalho, alimentos e remédios de uso permanente. Voltou com uma garrafa na mão.
BRAZ CANOEIRO - (gritando, enlouquecido, apavorado) Não! Eu não engoli nada. Eu não engoli...
Juca Cipó puxou do revólver, puxou com violência a cabeça do negro e encostou o cano na têmpora encarapinhada.
JUCA CIPÓ - Vamos, bebe ou morre!
Braz ingeriu todo o conteúdo. E caiu ao solo.
CORTE PARA:
CENA 2 - COROADO - CENTRO DA CIDADE - EXT. - DIA.
Na igrejinha branca, o papel de seda multicolorido, cortado em tiras, se destacava qual pintura em alto-relevo. A cidade vivia. Coroado se engalanava para receber seu filho famoso. De um lado para outro da rua estreita, a faixa se destacava – SEJA BEM-VINDO, DUDA. Pés no chão, calça de brim, rota, aqui e ali desenhada de remendos coloridos, um tabaréu palitava os cacos de dentes, debruçado no balcão sujo da bodega. Deu uma bicada, cuspindo o pardo do fumo de mistura á brancura da aguardente que queimava. Ao longe um sino tangia. Na rua um moleque pregava o “sabor da cocadinha de côco”. O bimbalhar do chocalho conduzia o jumento da água ao seu destino. No armarinho-tem-de-tudo, Dona Ana vendia rendas e peças de chita .A cidade vibrava. Coroado estava em festa.
De repente o monstrengo estremeceu a rua . João Coragem surgia num fordeco 34, caindo aos pedaços . Sinhana de vestido novo, sorridente. Jerônimo, medalhão sobre o peito, admirando as novidades e João, feliz, na direção do calhambeque.
JOÃO - (mostrando a faixa embalada pelo vento) Olha, mãe. Vou lê: SEJA BEM-VINDO, DUDA.
SINHANA - (surpresa) Como é que já souberam?
JOÃO - Todo mundo sabe. Tão preparando um festão pra quando ele chegá.
CORTE PARA
CENA 3 - COROADO - RUA - EXT. - SEQUENCIA - DIA.
A moça apareceu na esquina. Quase correndo no seu andar lépido e aprumado. Rita de Cássia era toda excitação. O vestido florido, de saia rodada, escondia formas firmes e arredondadas. Os seios saltavam a cada movimento da jovem, na tentativa de libertar-se da prisão do pano. As faces vermelhas acentuavam o rubor no esforço da pressa.
RITINHA - João.
JOÃO - Rita.
RITINHA - (contendo o entusiasmo, dirigindo-se a Sinhana) Oh, Sinhana... É verdade que ele chega mesmo amanhã?
JOÃO - (apontando a faixa, orgulhoso) Tu não ta vendo? Tem faixa na rua. Banda ensaiando. Parece até deputado em véspera de eleição.
RITINHA - Eu quase não acreditei. Faz tanto tempo...
SINHANA - Sete anos, Ritinha. Sete anos. Quando saiu daqui, tinha 16. Tá um home.
RITINHA - Será que ele ainda se lembra da gente?
SINHANA - Intão num havia de se lembrá, Ritinha? De mim, que sou mãe dele?
RITINHA - (desconcertada) Eu... espero que não tenha me esquecido, também.
Era visível a preocupação da moça. Naquele momento via o pai sair da farmácia e se aproximar do grupo.
RITINHA - (despedindo-se, apressada) Té logo, Sinhana. Té logo, João.
Enquanto Ritinha se afastava, Sinhana comentou com o filho:
SINHANA - Por quê tanto assanhamento dessa menina?
JOÃO - Não se lembra, mãe? Ela foi namorada do Duda.
SINHANA - Ah, é verdade...
CORTE PARA:
CENA 4 - COROADO - RUA - EXT. - SEQUENCIA - DIA.
O cadilaque de Pedro Barros estacionou pouco atrás do fordeco. Maria de Lara deixara a quietude da fazenda em busca do rebuliço de Coroado. Quase ninguém conhecia a filha do coronel na cidadezinha agitada dos garimpos. Desde menina, presa nos limites da fazenda, quando moça fora para o Rio e só agora retornara, professora, para a tranqüilidade das terras do coronel. Comentava-se a beleza, a bondade da filha do coronel – um oásis no clima de violência da fazenda do pai. O carro permanecia parado. No rosto da moça a doçura, a meiguice. Foi isto que mais impressionou João Coragem ao se aproximar do veículo.
JOÃO - (murmurando) Bonita demais...
JERÔNIMO - Quê que ce viu aí dentro, mano?
JOÃO - (despertando do repentino enlevo) Um diamante, Jerônimo. Um rubim daqueles!
JERÔNIMO - Num é o carro de Pedro Barros?
JOÃO - (sem tirar os olhos da moça) É. Mas ela quem é?
JERÔNIMO - Sei lá, João. Vamo simbora. Isso é bamburra demais pra nós.
CENA 5 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA GRANDE - ALPENDRE - INT. - DIA.
No alpendre da casa grande da fazenda, Estela e Pedro Barros conversavam. Típica construção do interior, com salas imensas, varandas largas, paredes fortemente caiadas e interiores decorados com ostentação e mau gosto. No terreiro algumas galinhas ciscavam á procura de alimento. Vários homens tentavam aquietar a indocilidade de um touro nas cercanias do curral.
Maria de Lara acabava de chegar. Os pais foram ao encontro da filha.
PEDRO BARROS - Então? Gostou da cidadezinha? Muita diferença?
MARIA DE LARA - Não sei, pai. Saí daqui tão criança que nem me lembrava mais. Algumas coisas sim... algumas coisas tinham ficado na minha memória.
ESTELA - Mas a cidade não mudou nada. Aquele mesmo atraso. Aquela mesma gente inexpressiva.
MARIA DE LARA - Sim, mas a miséria do povo... Porquê há tanta miséria, pai, numa região tão rica?
PEDRO BARROS - É a gente que é preguiçosa, não quer trabalhar. Acham um diamantezinho, um olho de mosquito, vem aqui, vendem e só voltam a trabalhar depois que o dinheiro acaba.
MARIA DE LARA - Mas a maioria não é empregada no seu garimpo?
PEDRO BARROS - (titubeando, com visível aborrecimento) É preciso vigiar dia e noite pra não me roubarem. Ontem mesmo um deles engoliu uma pedra. Tivemos de lhe dar uma dose dupla de óleo de rícino e o desgraçado, ainda assim, não devolveu a pedra. Nem com purga, nem com sova. Negro danado...
A criada apareceu anunciando o almoço.
CENA 6 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA GRANDE - SALA DE JANTAR - INT. - DIA.
Na outra banda da cidade, os tratores desvirginavam o solo á cata de diamantes. Chapelão caído sobre os olhos, o Coronel Pedro Barros enxugava a testa com um lenço úmido de suor. O trabalho se desenvolvia com a ajuda de novas máquinas. Trabalho penoso, amenizado pela força do aço que abria sulcos na pele dura da terra. Pedro Barros dava ordens, gesticulava, gritava. Seus cabelos e barba, grisalhos, embebidos de suor. O sol queimava. Depois de alguns minutos afastou-se em direção ao rio. O garimpo faiscava. Dezenas de homens peneiravam, pés submersos, água na altura dos joelhos., á procura das gemas que não lhes pertenciam. Da fortuna que jamais lhes serviria no futuro. Braz Canoeiro era um deles.Negro,de bonita estampa, leal, bom caráter. O suor que lhe escorria das costas parecia refletir, qual espelho, o olho coruscante do sol.
Juca Cipó acabava de chegar.Desmontou e observou o bando em atividade. Seus olhos fixaram a figura em negro de Braz Canoeiro e se concentraram em seu gesto natural de limpar os lábios com o dorso da mão.
JUCA CIPÓ - Peguem esse homem!
CAPANGA - Qual homem, seu Juca?
JUCA CIPÓ - (correndo na direção do negro) - Braz Canoeiro. Ele engoliu um diamante!
O garimpo parou de estalo para assistir á cena. Vencido pelo jagunço, Braz foi lançado ao solo, de encontro ao cascalho.
BRAZ CANOEIRO - Cês tão enganado... eu não engoli nada, não.
JUCA CIPÓ - Engoliu sim. Eu vi. Vi quando ocê passô a mão na boca, nego nojento.
BRAZ CANOEIRO - Passei sim, mas não engoli nada... juro.
Braz empalideceu. Abriu a boca com as duas mãos. O Coronel Pedro Barros se aproximou do local. Severo nos seus sessenta e poucos anos.
PEDRO BARROS - Que foi que houve aí?
JUCA CIPÓ - Esse crioulo sujo, seu coroné. Engoliu um diamante.
PEDRO BARROS - Façam ele botar pra fora.
BRAZ CANOEIRO - (reagindo, amedrontado) Não é verdade, seu coroné. Eu não engoli nada. Juro por Deus, pela minha mãe.
PEDRO BARROS - Façam ele cuspir o diamante. Por cima ou por baixo. Cadê o óleo de rícino?
De um salto o jagunço chegou á cabana onde estavam guardados o material de trabalho, alimentos e remédios de uso permanente. Voltou com uma garrafa na mão.
BRAZ CANOEIRO - (gritando, enlouquecido, apavorado) Não! Eu não engoli nada. Eu não engoli...
Juca Cipó puxou do revólver, puxou com violência a cabeça do negro e encostou o cano na têmpora encarapinhada.
JUCA CIPÓ - Vamos, bebe ou morre!
Braz ingeriu todo o conteúdo. E caiu ao solo.
CORTE PARA:
CENA 2 - COROADO - CENTRO DA CIDADE - EXT. - DIA.
Na igrejinha branca, o papel de seda multicolorido, cortado em tiras, se destacava qual pintura em alto-relevo. A cidade vivia. Coroado se engalanava para receber seu filho famoso. De um lado para outro da rua estreita, a faixa se destacava – SEJA BEM-VINDO, DUDA. Pés no chão, calça de brim, rota, aqui e ali desenhada de remendos coloridos, um tabaréu palitava os cacos de dentes, debruçado no balcão sujo da bodega. Deu uma bicada, cuspindo o pardo do fumo de mistura á brancura da aguardente que queimava. Ao longe um sino tangia. Na rua um moleque pregava o “sabor da cocadinha de côco”. O bimbalhar do chocalho conduzia o jumento da água ao seu destino. No armarinho-tem-de-tudo, Dona Ana vendia rendas e peças de chita .A cidade vibrava. Coroado estava em festa.
De repente o monstrengo estremeceu a rua . João Coragem surgia num fordeco 34, caindo aos pedaços . Sinhana de vestido novo, sorridente. Jerônimo, medalhão sobre o peito, admirando as novidades e João, feliz, na direção do calhambeque.
JOÃO - (mostrando a faixa embalada pelo vento) Olha, mãe. Vou lê: SEJA BEM-VINDO, DUDA.
SINHANA - (surpresa) Como é que já souberam?
JOÃO - Todo mundo sabe. Tão preparando um festão pra quando ele chegá.
CORTE PARA
CENA 3 - COROADO - RUA - EXT. - SEQUENCIA - DIA.
A moça apareceu na esquina. Quase correndo no seu andar lépido e aprumado. Rita de Cássia era toda excitação. O vestido florido, de saia rodada, escondia formas firmes e arredondadas. Os seios saltavam a cada movimento da jovem, na tentativa de libertar-se da prisão do pano. As faces vermelhas acentuavam o rubor no esforço da pressa.
RITINHA - João.
JOÃO - Rita.
RITINHA - (contendo o entusiasmo, dirigindo-se a Sinhana) Oh, Sinhana... É verdade que ele chega mesmo amanhã?
JOÃO - (apontando a faixa, orgulhoso) Tu não ta vendo? Tem faixa na rua. Banda ensaiando. Parece até deputado em véspera de eleição.
RITINHA - Eu quase não acreditei. Faz tanto tempo...
SINHANA - Sete anos, Ritinha. Sete anos. Quando saiu daqui, tinha 16. Tá um home.
RITINHA - Será que ele ainda se lembra da gente?
SINHANA - Intão num havia de se lembrá, Ritinha? De mim, que sou mãe dele?
RITINHA - (desconcertada) Eu... espero que não tenha me esquecido, também.
Era visível a preocupação da moça. Naquele momento via o pai sair da farmácia e se aproximar do grupo.
RITINHA - (despedindo-se, apressada) Té logo, Sinhana. Té logo, João.
Enquanto Ritinha se afastava, Sinhana comentou com o filho:
SINHANA - Por quê tanto assanhamento dessa menina?
JOÃO - Não se lembra, mãe? Ela foi namorada do Duda.
SINHANA - Ah, é verdade...
CORTE PARA:
CENA 4 - COROADO - RUA - EXT. - SEQUENCIA - DIA.
O cadilaque de Pedro Barros estacionou pouco atrás do fordeco. Maria de Lara deixara a quietude da fazenda em busca do rebuliço de Coroado. Quase ninguém conhecia a filha do coronel na cidadezinha agitada dos garimpos. Desde menina, presa nos limites da fazenda, quando moça fora para o Rio e só agora retornara, professora, para a tranqüilidade das terras do coronel. Comentava-se a beleza, a bondade da filha do coronel – um oásis no clima de violência da fazenda do pai. O carro permanecia parado. No rosto da moça a doçura, a meiguice. Foi isto que mais impressionou João Coragem ao se aproximar do veículo.
JOÃO - (murmurando) Bonita demais...
JERÔNIMO - Quê que ce viu aí dentro, mano?
JOÃO - (despertando do repentino enlevo) Um diamante, Jerônimo. Um rubim daqueles!
JERÔNIMO - Num é o carro de Pedro Barros?
JOÃO - (sem tirar os olhos da moça) É. Mas ela quem é?
JERÔNIMO - Sei lá, João. Vamo simbora. Isso é bamburra demais pra nós.
CENA 5 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA GRANDE - ALPENDRE - INT. - DIA.
No alpendre da casa grande da fazenda, Estela e Pedro Barros conversavam. Típica construção do interior, com salas imensas, varandas largas, paredes fortemente caiadas e interiores decorados com ostentação e mau gosto. No terreiro algumas galinhas ciscavam á procura de alimento. Vários homens tentavam aquietar a indocilidade de um touro nas cercanias do curral.
Maria de Lara acabava de chegar. Os pais foram ao encontro da filha.
PEDRO BARROS - Então? Gostou da cidadezinha? Muita diferença?
MARIA DE LARA - Não sei, pai. Saí daqui tão criança que nem me lembrava mais. Algumas coisas sim... algumas coisas tinham ficado na minha memória.
ESTELA - Mas a cidade não mudou nada. Aquele mesmo atraso. Aquela mesma gente inexpressiva.
MARIA DE LARA - Sim, mas a miséria do povo... Porquê há tanta miséria, pai, numa região tão rica?
PEDRO BARROS - É a gente que é preguiçosa, não quer trabalhar. Acham um diamantezinho, um olho de mosquito, vem aqui, vendem e só voltam a trabalhar depois que o dinheiro acaba.
MARIA DE LARA - Mas a maioria não é empregada no seu garimpo?
PEDRO BARROS - (titubeando, com visível aborrecimento) É preciso vigiar dia e noite pra não me roubarem. Ontem mesmo um deles engoliu uma pedra. Tivemos de lhe dar uma dose dupla de óleo de rícino e o desgraçado, ainda assim, não devolveu a pedra. Nem com purga, nem com sova. Negro danado...
A criada apareceu anunciando o almoço.
CENA 6 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA GRANDE - SALA DE JANTAR - INT. - DIA.
Pedro Barros, Maria de Lara e Estela almoçavam.
Os gestos grosseiros de Pedro Barros impressionavam a jovem desacostumada a suas maneiras rudes. Era duro no falar, duro nas expressões. Um pai que não se ajustava ao seu modo de proceder e de ver as coisas.
MARIA DE LARA - (voltando ao tema) O povo de Coroado parece gente muito triste, mesmo vivendo num lugar onde se tem tudo para ser alegre.
ESTELA - Alegre? Aqui? Neste fim de mundo? Isto é um buraco horroroso.
PEDRO BARROS - (eriçando-se) Mas é aqui que eu ganho a vida.
ESTELA - Sim, é aqui que você enche a pança. Mas é aqui que eu enterro minha mocidade, Pedro. Você está podre de rico, mas até hoje eu ainda não vivi. Presa neste desterro sem ver o mundo.
MARIA DE LARA - Papai tem razão. Esse é o negocio dele.
ESTELA - Você diz isso porquê sempre viveu na cidade. Queria que você vivesse aqui. Como eu. Em meio a essa gente porca e ignorante.
Pedro Barros isolara-se do mundo. Nada ouvia. Devorava um frango, mãos ensebadas, tirando dos ossos a carne gorda. Restos de comida caíam-lhe pelos cantos da boca.
ESTELA - (enojando-se com a visão repelente do marido) Ô homem, vê se não se lambuza tanto! Parece um animal.
PEDRO BARROS - Comer frango sem se lambuzar, não tem graça.
Lara se incomodava com as reprimendas e reações da mãe. Via o pai, animalesco, desligado das etiquetas, inteiramente absorvido no ato de comer. A seu lado a mãe - jovem ainda nos seus quarenta anos – revoltada contra anos de maus tratos e solidão forçada.
Lourenço entrou intempestivamente. Era homem de meia-idade – bem conservado, com certo charme – de modos decididos. Sólido como a própria região do garimpo. Entrou com a naturalidade do hábito diário.
LOURENÇO - Boas tardes, coronel. (desconcertando-se um pouco com a presença de Lara) Não sabia que tinha visita.
PEDRO BARROS - (sem levantar os olhos do prato, voz embargada pelo frango gordo) É minha filha Lara. Maria de Lara. Chegou ontem do Rio. Esteve lá estudando. Voltou doutora.
ESTELA - (corrigindo) Que doutora, Pedro. Professora.
PEDRO BARROS - É a mesma coisa. (e voltando-se para a filha) Êsse é o Lourenço, meu braço-direito aqui em Coroado.
Os olhos da moça e os do recém-chegado encontraram-se durante fração de segundos. Das mãos grossas e calosas do capataz sobressaiam dedos fortes. Cabeludos. Lara fixou o brilho dos anéis. Pedras coruscantes, imensas. Lembrou-se da gente humilde das redondezas. Casas de barro, coberturas de sapé, chão de terra. Vidas miseráveis. E das palavras do pai – “...é preciso vigiar dia e noite para não me roubarem...”
LOURENÇO - (dirigindo-se ao coronel) O senhor sabe qual foi a resposta que o patife do João Coragem lhe mandou?
Pedro Barros ergueu a cabeça, atento, limpando os lábios com o dorso das mãos.
LOURENÇO - Ele e o irmão mandaram dizer que vão vender diamantes pros gringos ou pra quem quiser.
PEDRO BARROS - (com uma chispa de cólera nos olhos, levantou-se num repelão) Pois eu quero ver alguém vender diamante pros gringos. Vou pagar pra ver isso.
A ira do coronel crescia amedrontadoramente.
PEDRO BARROS - (desaparecendo pela porta) Juca! Juca Cipó! Onde se meteu esse desgraçado?
LOURENÇO - Fique descansado, coronel. Tou vigilante. Tem homem por todo canto da cidade e eles não vão ser bestas de trair a gente...
Os gritos de Pedro Barros ecoavam no interior da casa.
PEDRO BARROS - (off) “Juca! Moleque safado!”
ESTELA - (dirigindo-se ao homem, com intimidade) Porquê não tem vindo aqui? Esqueceu que eu existo?
LOURENÇO - (num balbucio) Muito trabalho. Muito trabalho.
ESTELA - (parando a poucos passos do capataz, olhos vidrados, voz adocicada) E durante todo este tempo não sentiu um pouquinho de saudade de mim? Jura?
Os berros de Pedro morriam na distancia.
PEDRO BARROS - (off) “Juca! Moleque desgraçado!”
FIM DO CAPÍTULO 2
Diana (Gloria Menezes) e João (Tarcísio Meira) |
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...# LARA SURPREENDE A MÃE E O CAPATAZ, LOURENÇO, BEIJANDO-SE E FICA CHOCADA.
# ENQUANTO COROADO ESTÁ EM FESTA COM A CHEGADA DE DUDA, OS CAPANGAS DE PEDRO BARROS RESOLVEM IR AO RANCHO DOS CORAGEM DAR UM SUSTO NO VELHO SEBASTIÃO.
# RITINHA SOFRE POR NÃO SER SIDO RECONHECIDA POR DUDA
#MARIA DE LARA FOGE COM O CAVALO DE JOÃO CORAGEM
NÃO PERCA O CAPÍTULO 3 DE IRMÃOS CORAGEM!!!
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IRMÃOS CORAGEM,
TONI FIGUEIRA
SESSÃO CAPAS E PÔSTERES
A capa que apresentamos abaixo foi publicada no nr. 98 da revista Sétimo Céu - Série Amor.
Na mesma revista, em um número que desconhecemos, foi publicado o pôster abaixo.
Nosso agradecimento mais uma vez a Césio Vital Gaudereto pela contribuição.
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SESSÃO FOTO QUIZ
A foto da semana passada pertencia à atriz Cléo Pires.
Agora tentem descobrir quem é o garotinho da foto.
Eis algumas pistas:
1) Estreou na novela O Rei do Gado, da Rede Globo, em 1996.
2) Só trabalhou até hoje na Globo.
3) Participou, dentre outras, das seguintes novelas: Um Anjo Caiu do Céu, Mulheres Apaixonadas e Belíssima.
Boa diversão!
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quinta-feira, 28 de abril de 2011
SESSÃO LEITURA
Reproduzimos abaixo o conto O homem da cabeça de papelão, da autoria de João do Rio.
Para maiores informações sobre o escritor, favor consultar: http://www.soleis.com.br/paulobarreto/paulobarreto.htm.
Boa leitura!
O HOMEM DA CABEÇA DE PAPELÃO
No País que chamavam de Sol, apesar de chover, às vezes, semanas inteiras, vivia um homem de nome Antenor. Não era príncipe. Nem deputado. Nem rico. Nem jornalista. Absolutamente sem importância social.
O País do Sol, como em geral todos os países lendários, era o mais comum, o menos surpreendente em idéias e práticas. Os habitantes afluíam todos para a capital, composta de praças, ruas, jardins e avenidas, e tomavam todos os lugares e todas as possibilidades da vida dos que, por desventura, eram da capital. De modo que estes eram mendigos e parasitas, únicos meios de vida sem concorrência, isso mesmo com muitas restrições quanto ao parasitismo. Os prédios da capital, no centro elevavam aos ares alguns andares e a fortuna dos proprietários, nos subúrbios não passavam de um andar sem que por isso não enriquecessem os proprietários também. Havia milhares de automóveis à disparada pelas artérias matando gente para matar o tempo, cabarets fatigados, jornais, tramways, partidos nacionalistas, ausência de conservadores, a Bolsa, o Governo, a Moda, e um aborrecimento integral. Enfim tudo quanto a cidade de fantasia pode almejar para ser igual a uma grande cidade com pretensões da América. E o povo que a habitava julgava-se, além de inteligente, possuidor de imenso bom senso. Bom senso! Se não fosse a capital do País do Sol, a cidade seria a capital do Bom Senso!
Precisamente por isso, Antenor, apesar de não ter importância alguma, era exceção mal vista. Esse rapaz, filho de boa família (tão boa que até tinha sentimentos), agira sempre em desacordo com a norma dos seus concidadãos.
Desde menino, a sua respeitável progenitora descobriu-lhe um defeito horrível: Antenor só dizia a verdade. Não a sua verdade, a verdade útil, mas a verdade verdadeira. Alarmada, a digna senhora pensou em tomar providências. Foi-lhe impossível. Antenor era diverso no modo de comer, na maneira de vestir, no jeito de andar, na expressão com que se dirigia aos outros. Enquanto usara calções, os amigos da família consideravam-no um enfant terrible, porque no País do Sol todos falavam francês com convicção, mesmo falando mal. Rapaz, entretanto, Antenor tornou-se alarmante. Entre outras coisas, Antenor pensava livremente por conta própria. Assim, a família via chegar Antenor como a própria revolução; os mestres indignavam-se porque ele aprendia ao contrario do que ensinavam; os amigos odiavam-no; os transeuntes, vendo-o passar, sorriam.
Uma só coisa descobriu a mãe de Antenor para não ser forçada a mandá-lo embora: Antenor nada do que fazia, fazia por mal. Ao contrário. Era escandalosamente, incompreensivelmente bom. Aliás, só para ela, para os olhos maternos. Porque quando Antenor resolveu arranjar trabalho para os mendigos e corria a bengala os parasitas na rua, ficou provado que Antenor era apenas doido furioso. Não só para as vítimas da sua bondade como para a esclarecida inteligência dos delegados de polícia a quem teve de explicar a sua caridade.
Com o fim de convencer Antenor de que devia seguir os tramitas legais de um jovem solar, isto é: ser bacharel e depois empregado público nacionalista, deixando à atividade da canalha estrangeira o resto, os interesses congregados da família em nome dos princípios organizaram vários meetings como aqueles que se fazem na inexistente democracia americana para provar que a chave abre portas e a faca serve para cortar o que é nosso para nós e o que é dos outros também para nós. Antenor, diante da evidência, negou-se.
- Ouça! bradava o tio. Bacharel é o princípio de tudo. Não estude. Pouco importa! Mas seja bacharel! Bacharel você tem tudo nas mãos. Ao lado de um político-chefe, sabendo lisonjear, é a ascensão: deputado, ministro.
- Mas não quero ser nada disso.
- Então quer ser vagabundo?
- Quero trabalhar.
- Vem dar na mesma coisa. Vagabundo é um sujeito a quem faltam três coisas: dinheiro, prestígio e posição. Desde que você não as tem, mesmo trabalhando — é vagabundo.
- Eu não acho.
- É pior. É um tipo sem bom senso. É bolchevique. Depois, trabalhar para os outros é uma ilusão. Você está inteiramente doido.
Antenor foi trabalhar, entretanto. E teve uma grande dificuldade para trabalhar. Pode-se dizer que a originalidade da sua vida era trabalhar para trabalhar. Acedendo ao pedido da respeitável senhora que era mãe de Antenor, Antenor passeou a sua má cabeça por várias casas de comércio, várias empresas industriais. Ao cabo de um ano, dois meses, estava na rua. Por que mandavam embora Antenor? Ele não tinha exigências, era honesto como a água, trabalhador, sincero, verdadeiro, cheio de idéias. Até alegre — qualidade raríssima no país onde o sol, a cerveja e a inveja faziam batalhões de biliosos tristes. Mas companheiros e patrões prevenidos, se a princípio declinavam hostilidades, dentro em pouco não o aturavam. Quando um companheiro não atura o outro, intriga-o. Quando um patrão não atura o empregado, despede-o. É a norma do País do Sol. Com Antenor depois de despedido, companheiros e patrões ainda por cima tomavam-lhe birra. Por que? É tão difícil saber a verdadeira razão por que um homem não suporta outro homem!
Um dos seus ex-companheiros explicou certa vez:
- É doido. Tem a mania de fazer mais que os outros. Estraga a norma do serviço e acaba não sendo tolerado. Mau companheiro. E depois com ares...
O patrão do último estabelecimento de que saíra o rapaz respondeu à mãe de Antenor:
- A perigosa mania de seu filho é por em prática idéias que julga próprias.
- Prejudicou-lhe, Sr. Praxedes?
Não. Mas podia prejudicar. Sempre altera o bom senso. Depois, mesmo que seu filho fosse águia, quem manda na minha casa sou eu.
No País do Sol o comércio ë uma maçonaria. Antenor, com fama de perigoso, insuportável, desobediente, não pôde em breve obter emprego algum. Os patrões que mais tinham lucrado com as suas idéias eram os que mais falavam. Os companheiros que mais o haviam aproveitado tinham-lhe raiva. E se Antenor sentia a triste experiência do erro econômico no trabalho sem a norma, a praxe, no convívio social compreendia o desastre da verdade. Não o toleravam. Era-lhe impossível ter amigos, por muito tempo, porque esses só o eram enquanto. não o tinham explorado.
Antenor ria. Antenor tinha saúde. Todas aquelas desditas eram para ele brincadeira. Estava convencido de estar com a razão, de vencer. Mas, a razão sua, sem interesse chocava-se à razão dos outros ou com interesses ou presa à sugestão dos alheios. Ele via os erros, as hipocrisias, as vaidades, e dizia o que via. Ele ia fazer o bem, mas mostrava o que ia fazer. Como tolerar tal miserável? Antenor tentou tudo, juvenilmente, na cidade. A digníssima sua progenitora desculpava-o ainda.
- É doido, mas bom.
Os parentes, porém, não o cumprimentavam mais. Antenor exercera o comércio, a indústria, o professorado, o proletariado. Ensinara geografia num colégio, de onde foi expulso pelo diretor; estivera numa fábrica de tecidos, forçado a retirar-se pelos operários e pelos patrões; oscilara entre revisor de jornal e condutor de bonde. Em todas as profissões vira os círculos estreitos das classes, a defesa hostil dos outros homens, o ódio com que o repeliam, porque ele pensava, sentia, dizia outra coisa diversa.
- Mas, Deus, eu sou honesto, bom, inteligente, incapaz de fazer mal...
- É da tua má cabeça, meu filho.
- Qual?
- A tua cabeça não regula.
- Quem sabe?
Antenor começava a pensar na sua má cabeça, quando o seu coração apaixonou-se. Era uma rapariga chamada Maria Antônia, filha da nova lavadeira de sua mãe. Antenor achava perfeitamente justo casar com a Maria Antônia. Todos viram nisso mais uma prova do desarranjo cerebral de Antenor. Apenas, com pasmo geral, a resposta de Maria Antônia foi condicional.
- Só caso se o senhor tomar juízo.
- Mas que chama você juízo?
- Ser como os mais.
- Então você gosta de mim?
- E por isso é que só caso depois.
Como tomar juízo? Como regular a cabeça? O amor leva aos maiores desatinos. Antenor pensava em arranjar a má cabeça, estava convencido.
Nessas disposições, Antenor caminhava por uma rua no centro da cidade, quando os seus olhos descobriram a tabuleta de uma "relojoaria e outros maquinismos delicados de precisão". Achou graça e entrou. Um cavalheiro grave veio servi-lo.
- Traz algum relógio?
- Trago a minha cabeça.
- Ah! Desarranjada?
- Dizem-no, pelo menos.
- Em todo o caso, há tempo?
- Desde que nasci.
- Talvez imprevisão na montagem das peças. Não lhe posso dizer nada sem observação de trinta dias e a desmontagem geral. As cabeças como os relógios para regular bem...
Antenor atalhou:
- E o senhor fica com a minha cabeça?
- Se a deixar.
- Pois aqui a tem. Conserte-a. O diabo é que eu não posso andar sem cabeça...
- Claro. Mas, enquanto a arranjo, empresto-lhe uma de papelão.
- Regula?
- É de papelão! explicou o honesto negociante. Antenor recebeu o número de sua cabeça, enfiou a de papelão, e saiu para a rua.
Dois meses depois, Antenor tinha uma porção de amigos, jogava o pôquer com o Ministro da Agricultura, ganhava uma pequena fortuna vendendo feijão bichado para os exércitos aliados. A respeitável mãe de Antenor via-o mentir, fazer mal, trapacear e ostentar tudo o que não era. Os parentes, porem, estimavam-no, e os companheiros tinham garbo em recordar o tempo em que Antenor era maluco.
Antenor não pensava. Antenor agia como os outros. Queria ganhar. Explorava, adulava, falsificava. Maria Antônia tremia de contentamento vendo Antenor com juízo. Mas Antenor, logicamente, desprezou-a propondo um concubinato que o não desmoralizasse a ele. Outras Marias ricas, de posição, eram de opinião da primeira Maria. Ele só tinha de escolher. No centro operário, a sua fama crescia, querido dos patrões burgueses e dos operários irmãos dos spartakistas da Alemanha. Foi eleito deputado por todos, e, especialmente, pelo presidente da República — a quem atacou logo, pois para a futura eleição o presidente seria outro. A sua ascensão só podia ser comparada à dos balões. Antenor esquecia o passado, amava a sua terra. Era o modelo da felicidade. Regulava admiravelmente.
Passaram-se assim anos. Todos os chefes políticos do País do Sol estavam na dificuldade de concordar no nome do novo senador, que fosse o expoente da norma, do bom senso. O nome de Antenor era cotado. Então Antenor passeava de automóvel pelas ruas centrais, para tomar pulso à opinião, quando os seus olhos deram na tabuleta do relojoeiro e lhe veio a memória.
- Bolas! E eu que esqueci! A minha cabeça está ali há tempo... Que acharia o relojoeiro? É capaz de tê-la vendido para o interior. Não posso ficar toda vida com uma cabeça de papelão!
Saltou. Entrou na casa do negociante. Era o mesmo que o servira.
- Há tempos deixei aqui uma cabeça.
- Não precisa dizer mais. Espero-o ansioso e admirado da sua ausência, desde que ia desmontar a sua cabeça.
- Ah! fez Antenor.
- Tem-se dado bem com a de papelão? — Assim...
- As cabeças de papelão não são más de todo. Fabricações por séries. Vendem-se muito.
- Mas a minha cabeça?
- Vou buscá-la.
Foi ao interior e trouxe um embrulho com respeitoso cuidado.
- Consertou-a?
- Não.
- Então, desarranjo grande?
O homem recuou.
- Senhor, na minha longa vida profissional jamais encontrei um aparelho igual, como perfeição, como acabamento, como precisão. Nenhuma cabeça regulará no mundo melhor do que a sua. É a placa sensível do tempo, das idéias, é o equilíbrio de todas as vibrações. O senhor não tem uma cabeça qualquer. Tem uma cabeça de exposição, uma cabeça de gênio, hors-concours.
Antenor ia entregar a cabeça de papelão. Mas conteve-se.
- Faça o obséquio de embrulhá-la.
- Não a coloca?
- Não.
- V.EX. faz bem. Quem possui uma cabeça assim não a usa todos os dias. Fatalmente dá na vista.
Mas Antenor era prudente, respeitador da harmonia social.
- Diga-me cá. Mesmo parada em casa, sem corda, numa redoma, talvez prejudique.
- Qual! V.EX. terá a primeira cabeça.
Antenor ficou seco.
- Pode ser que V., profissionalmente, tenha razão. Mas, para mim, a verdade é a dos outros, que sempre a julgaram desarranjada e não regulando bem. Cabeças e relógios querem-se conforme o clima e a moral de cada terra. Fique V. com ela. Eu continuo com a de papelão.
E, em vez de viver no País do Sol um rapaz chamado Antenor, que não conseguia ser nada tendo a cabeça mais admirável — um dos elementos mais ilustres do País do Sol foi Antenor, que conseguiu tudo com uma cabeça de papelão.
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O HOMEM DA CABEÇA DE PAPELÃO,
SESSÃO LEITURA
MEU AMOR - AUTORA: TAINARA REIS
Meu amor
Nunca havia chorado por amor
Nunca sentira dor igual a esta
Nunca pensei em te olhar tanto assim
Não imaginei que não seria uma festa
Pensava sim que seria pra sempre
Que a minha solidão seria eterna
Mas você chegou e me fez mudar
Me fez amar e tirou minha dor interna
Hoje eu chorei e não foi como antes
Não perguntei o motivo, já sabia o que era
Talvez tenha sido nossa ultima conversa
E agora o que farei sem ver o teu olhar
Não me encontro no amor... sem estar ao teu lado
Não me vejo sorrindo... se não for pelo teu sorriso
Não me vejo chorando... se não for por tua dor
Não me vejo amando... se não sentir teu amor
Não me vejo num fim de tarde... se não for à tua espera
Não me vejo à noite... sem estar sonhando contigo
Não me vejo compondo... se não fores minha melodia
Não me vejo lembrando de alguém... se este alguém não for você
By:Jesus & Tai reis
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quarta-feira, 27 de abril de 2011
SESSÃO SAUDADE
Se alguém viveu a vida de forma apaixonada seja nos erros, seja nos acertos, esse alguém foi Maysa.
Cantora de grandes méritos e intérprete maravilhosa, ela nos deixou obras-primas que tocam até hoje o nosso coração. Por conta disso, Maysa é inesquecível!
Para recordá-la, escolhemos a canção Ouça. No vídeo abaixo, a musa interpreta essa canção no filme Camelô da Rua Larga, de 1958, dirigido por Eurides Ramos.
Boa recordação!
OUÇA
Composição: Maysa
Ouça, vá viver
Sua vida com outro bem
Hoje eu já cansei
De pra você não ser ninguém
O passado não foi o bastante
Pra lhe convencer
Que o futuro seria bem grande
Só eu e você
Quando a lembrança
Com você for morar
E bem baixinho
De saudade você chorar
Vai lembrar que um dia existiu
Um alguém que só carinho pediu
E você fez questão de não dar
Fez questão de negar
Quando a lembrança
Com você for morar
E bem baixinho
De saudade você chorar
Vai lembrar que um dia existiu
Um alguém que só carinho pediu
E você fez questão de não dar
Fez questão de negar
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IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 1
Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 1
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DUDA
SINHANA
SEBASTIÃO
JERÔNIMO
JOÃO
JUCA CIPÓ
JAGUNÇO
LOCUTOR
GARIMPEIROS
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DUDA
SINHANA
SEBASTIÃO
JERÔNIMO
JOÃO
JUCA CIPÓ
JAGUNÇO
LOCUTOR
GARIMPEIROS
LETREIRO:
RIO DE JANEIRO - 1965
CENA 1 - ESTADIO DO MARACANÃ - EXT. - DIA
O Maracanã estremecia. Bandeiras rubro-negras, aos milhares, agitavam-se no imenso anel do estádio. A cada finta, a cada passe, a multidão respondia com a cadencia do “olé”! Feições transtornadas, mãos que se apertavam em desespero, na solidariedade do sofrimento. Era o Flamengo na ânsia da vitória. Em todo o campo – num eco gigantesco – a voz dos locutores brotava de dezenas de milhares de transistores. O Brasil acompanhava atento a “tortura” de seu time mais querido. Frios, os ponteiros dos relógios assinalavam os instantes finais. O Flamengo insistia.
LOCUTOR - (off) ...Avança o Flamengo nos minutos derradeiros da partida. O placar permanece mudo. Só a vitória interessa á equipe da Gávea... Lá vai Gérson. Domina o couro.
Ultrapassa o meio do campo. Finta um adversário. Passa por outro e estende na direita a Carlos Alberto, que entrega a Duda – a maior figura em campo... O Brasil acompanha atento a “tortura” do seu time mais querido. Frios, os ponteiros do relógio assinalam os instantes finais. O Flamengo insiste!
O repentino silêncio foi quebrado apenas pelo locutor nervoso
LOCUTOR - (off) ...Duda investe pelo miolo. Vence um adversário. Dois. Penetra na área. Atenção. Pode marcar....
De repente a loucura. O grito da multidão em uníssono.
LOCUTOR - (off) “Gooooooool! Goooooooool! Do Flamengo! Duda! Duda!
Espocavam foguetes, frenéticas as bandeiras são agitadas. No gramado, um inferno.
LOCUTOR - “Uma pirâmide humana esmaga o ídolo da Gávea... Duda chora. O juiz olha o seu cronômetro. Vai terminar a partida. Há um delírio no Maracanã, senhoras e senhores. E atenção! – terminou o jogo... Flamengo, campeão carioca de 1965!
Surdos e tamborins misturam-se aos gritos de Mengo! No gramado verde, salpicado de papéis, os rádio-repórteres investiam de microfones volantes.
REPÓRTER - E agora, Duda? Depois do título e do gol histórico...
DUDA - Um só pensamento. Pedir licença ao clube para ver minha mãe. Visitar minha terra e abraçar meus irmãos, que não vejo há muitos anos. É tudo o que quero.
REPÓRTER - Senhoras e senhores, que admirável exemplo de profissional. Dono da tarde, autor do gol que deu o campeonato ao Flamengo, Duda foge de qualquer outro compromisso para voltar á sua terra, rever sua gente e sua mãezinha, numa cidade distante, no interior do país...
CORTA PARA:
LETREIRO: COROADO
CENA 2 –RANCHO CORAGEM - SALA DE JANTAR - INT. - DIA
Na casa rústica de Coroado, a velha Sinhana colocava o último prato sobre a mesa de pés maciços. Num canto da parede a imagem de São José. Sobre o baú secular – herança não se sabe de quem – algumas amostras sem valor de pedras da região. O cheiro do feijão bem temperado inundava a sala onde o garimpeiro Sebastião – pele curtida, enrugada, faces esquálidas – retirava a bota enlameada e gasta.
SINHANA - Sabe, velho,esta noite sonhei com o nosso Duda, o ingratão.
SEBASTIÃO - Se preocupa não. O menino tá mais arranjado na vida que os dois irmãos, o Jerônimo e o João.
Sinhana chegou á janela. Ao longe, na linha do horizonte, o risco das montanhas arranhava o céu. O verde das árvores tingia de alegria a solidão ambiente. A velha porteira, corroída pelo tempo, fechava os sonhos de liberdade do gado tristonho, a ruminar. Ao longe, um manto de poeira levantava-se da estrada de barro batido. Num galope cadenciado, um cavaleiro se aproximava.
SINHANA - (sotaque carregado) Jerome vem aí.
CENA 3 – RANCHO CORAGEM - EXT. - DIA.
Era um jovem de traços belos, cabeleira revolta, gestos agressivos e expressão sofrida. O cavalo estacou retido pela pressão das rédeas, o suor do animal se confundindo com o suor do homem. Fôra longa a esticada de Coroado ao rancho humilde e pobre.
Ligeiro o jovem saltou da sela, atou o laço num tronco de árvore e dirigiu-se á casa, agitado.
CENA 4 – RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA
JERÔNIMO - Mãe! Mãe!
SINHANA - Que e isso, Jerome! Que escarcéu é esse? Será que achou rubim?
JERÔNIMO - Não. Mãe. Tava no garimpo, não. Vim da cidade, correndo pra lhe mostrá esse telegrama que seu Zequinha, do correio, me deu. É do Duda, mãe!
SINHANA - (estremeceu)) Duda? Que é que diz, meu filho? Má nova?
JERÔNIMO - (alegre) Que ele chega depois de amanhã!
A noticia fôra forte demais. Sinhana escorou o corpo pesado de encontro á porta de madeira, com lágrimas a estourarem de seus olhos, O pensamento voltou aos dias de outros tempos. Ao filho ausente. Nascido ali. Na natureza agreste da região. Dali partira para a cidade grande. Aprendera a arte do futebol – “tão diferente das lutas do garimpo” – e hoje, famoso – “tava nos jornais e na boca de toda gente”.
JERÔNIMO - Chega depois de amanhã, mãe. Parece mentira...
SINHANA - Tu leu direito, filho? É verdade mesmo?
JERÔNIMO - Então. Mãe, eu não sei lê? Olha: (lê em voz alta) “Chego trem de quinta-feira. Duda”.
Sinhana pensava nos anos de ausência do filho. Nunca escrevera uma linha, nunca mandara notícia... e as lágrimas deslizaram incontidas pela face da velha mãe. Jerônimo se aproximou. Com rudeza levantou as pontas do avental e enxugou as lágrimas da mãe.
SEBASTIÃO - Deixa isso pra lá, velha. Sei porquê ta chorando, mas cada um tem seu jeito de sê.
SINHANA - (voltou-se para o marido) Se alegra, Bastião. Seu filho Duda vai chegar.
SEBASTIÃO - Ouvi tudo, mulher. Tou alegre. Você sabe que tou. (dirigindo-se ao filho) Seu irmão já sabe?
JERÔNIMO - João? Inda não.
SINHANA - Então corre, vai dizê pra ele. Tá no garimpo.
CORTA PARA:
CENA 2 - GARIMPO DOS CORAGEM - EXT. - DIA
Peitos nus, tostados pelo sol, os garimpeiros catavam a riqueza. As peneiras rudes passando, mão-a-mão, num ritmo de máquina. O trançado fino deixando escapar fios cristalinos de água do rio, retendo o cascalho bruto, as peneiras rolavam ns dança das mãos. Peneira na água. Peneira no sol. De mão-para-mão. Barro no rio. Cascalho no sonho que não se acabava. Era a cata do diamante.
Jerônimo apareceu correndo.
JERÔNIMO - (telegrama na mão) João! Ô João!
O homem rijo susteve a peneira. Era um jovem másculo de peito largo, irmão Coragem de olhos negros, mãos calosas do trabalho duro de sol-a-sol. Fez sinal ao outro que esperasse. Era todo concentração no dançar das pedras. Jerônimo avizinhou-se, impaciente.
JERÔNIMO - Bamburrou, mano?
JOÃO - Nada. É um chibiu, pedrinha miúda.
JERÔNIMO - Olho de mosquito...
JOÃO - Que era que tu vinha gritando, feito maluco?
JERÔNIMO - Trago notícia, Jão. Chegou telegrama do Rio. Do Duda... ele vai vir depois de amanhã.
JOÃO – (virando-se risonho) Duda? Vai vir aqui?
JERÔNIMO – Pode lê o telegrama, mano.
JOÃO - (segurando o telegrama com a mão molhada e suja de barro) É mesmo. Puxa, há quanto tempo não vejo aquele sem-vergonha. Vai ser uma alegria pros velhos...
JERÔNIMO - Tão chorando de alegria.
JOÃO - (feliz) Menino, vai sê uma festança!
Dois homens se aproximavam a cavalo. Um deles, tipo estranho, de gestos afeminados, conhecido em toda a região do garimpo. Juca Cipó. Homem de feições traiçoeiras, onde a maldade se mostrava clara. Caráter formado em anos de crime contra a gente simples do garimpo. Juca era temido. Rostos sombrios, ele e o companheiro alcançaram a margem do rio. Súbito silencio quebrou a alegria dos presentes.. O próprio ar pareceu parar de repente.
JUCA CIPÓ - Tardes...
JOÃO - Tardes...
JUCA CIPÓ - Como vai o garimpo, gentes? Bamburrando muito?
JOÃO - Que o quê.... só farinhada, quando muito.
JUCA CIPÓ - Trago um recado do patrão procês. Do coroné Pedro Barros.
Todos os olhos se voltaram a um só tempo.
JOÃO - Que recado?
JUCA CIPÓ - Avisar a ocês que tem gringo na cidade. O coroné manda prevenir que quem vender diamante pra eles vai se dá mal...
Jerônimo sentiu o rosto ferver. Tentou sacar da arma que descansava na bainha. Deu um passo á frente na direção do capanga. João, pressentindo a aproximação do perigo, num gesto rápido, conteve a fúria do irmão. Juca Cipó permanecia atento, o riso sarcástico na boca feminina.
JERÔNIMO – (impetuoso) - Pois diga lá ao “seu” coronel Pedro Barros que quem vai se dar mal é ele. Nós vendemos nossas pedra pra quem quisé.
JOÃO - Calma, Jerônimo... ( e dirigindo-se a Juca Cipó) Este garimpo é nosso. “Seu” coronel Pedro Barros manda lá, no garimpo dele.
Impassível, acariciando a crina do animal, Juca observava a reação dos Coragens. Jerônimo apertou os olhos, nervosamente.
JUCA - Tá certo. Mas na hora de vendê as pedras ocês tem que vendê pra ele.
JOÃO - A gente sempre vende.
JERÔNIMO - E ele se aproveita pagando o que qué...
JOÃO - (explodindo) Até o dia que a gente quisé vendê a outro, porquê a gente é livre, Juca!
Juca irritou-se. Sorriu, irônico.
JOÃO – (chegando perto da montada) Hôme, vou até lhe dizê... Tenho encontro marcado com os gringos e vou vendê minhas pedras pra eles.
JUCA - Pois vamos vê... O recado tá dado. O resto é com ocês. Vamo.
Juca partiu a galope seguido do capanga. Os irmãos permaneceram rígidos, como que tocados por um vento de morte. Ao longe os cavalos se perdiam numa curva da estrada. O tropel cessara.
JERÔNIMO - Que vontade, Jão, de dar uma surra nesse jagunço desgraçado.
JOÃO - Calma, mano. Nada de gastá vela com mau difunto...
João estreitou o irmão num abraço e caminhou com ele até a beira do rio.
JOÃO - Anda. Vem me ajudá a catá um pouco. Esta noite sonhei que estava correndo atrás de um boi.
JERÔNIMO - Sonhar com boi é pedra grande na certa!
JOÃO - E o boi era zebu.
JERÔNIMO - Melhor ainda.
O cascalho acumulava-se á margem do rio. Macias as águas rolavam acariciando o fundo barrento. O ritmo da peneirada voltou a alegrar os homens rudes e a confundir-se com a movimentação da natureza – o rio a correr, os pássaros a voar, o vento a embalar a copa das árvores. João lembrou-se do telegrama e da chegada do irmão.
JOÃO - Como será que ta o Duda, mano?
JERÔNIMO - Tá um home. É jogadô de futebol, de fama.
JOÃO - Vivo que ele é. Encontrou uma mina nos pés, o safado. E a gente aqui, a dá duro feito um escravo...
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# NO GARIMPO DO CORONEL PEDRO BARROS, SEUS CAPANGAS CASTIGAM O GARIMPEIRO BRAZ, ACREDITANDO QUE ENGOLIU UM DIAMANTE.
# COROADO ESTÁ EM FESTA COM A CHEGADA DO ÍDOLO DO FLAMENGO.
# RITINHA ESTÁ ANSIOSA PARA REVER SEU AMOR DE INFÃNCIA.
# JOÃO CORAGEM SE IMPRESSIONA COM A BELEZA DE MARIA DE LARA, FILHA DE SEU INIMIGO, O CORONEL PEDRO BARROS.
RIO DE JANEIRO - 1965
CENA 1 - ESTADIO DO MARACANÃ - EXT. - DIA
O Maracanã estremecia. Bandeiras rubro-negras, aos milhares, agitavam-se no imenso anel do estádio. A cada finta, a cada passe, a multidão respondia com a cadencia do “olé”! Feições transtornadas, mãos que se apertavam em desespero, na solidariedade do sofrimento. Era o Flamengo na ânsia da vitória. Em todo o campo – num eco gigantesco – a voz dos locutores brotava de dezenas de milhares de transistores. O Brasil acompanhava atento a “tortura” de seu time mais querido. Frios, os ponteiros dos relógios assinalavam os instantes finais. O Flamengo insistia.
LOCUTOR - (off) ...Avança o Flamengo nos minutos derradeiros da partida. O placar permanece mudo. Só a vitória interessa á equipe da Gávea... Lá vai Gérson. Domina o couro.
Ultrapassa o meio do campo. Finta um adversário. Passa por outro e estende na direita a Carlos Alberto, que entrega a Duda – a maior figura em campo... O Brasil acompanha atento a “tortura” do seu time mais querido. Frios, os ponteiros do relógio assinalam os instantes finais. O Flamengo insiste!
O repentino silêncio foi quebrado apenas pelo locutor nervoso
LOCUTOR - (off) ...Duda investe pelo miolo. Vence um adversário. Dois. Penetra na área. Atenção. Pode marcar....
De repente a loucura. O grito da multidão em uníssono.
LOCUTOR - (off) “Gooooooool! Goooooooool! Do Flamengo! Duda! Duda!
Espocavam foguetes, frenéticas as bandeiras são agitadas. No gramado, um inferno.
LOCUTOR - “Uma pirâmide humana esmaga o ídolo da Gávea... Duda chora. O juiz olha o seu cronômetro. Vai terminar a partida. Há um delírio no Maracanã, senhoras e senhores. E atenção! – terminou o jogo... Flamengo, campeão carioca de 1965!
Surdos e tamborins misturam-se aos gritos de Mengo! No gramado verde, salpicado de papéis, os rádio-repórteres investiam de microfones volantes.
REPÓRTER - E agora, Duda? Depois do título e do gol histórico...
DUDA - Um só pensamento. Pedir licença ao clube para ver minha mãe. Visitar minha terra e abraçar meus irmãos, que não vejo há muitos anos. É tudo o que quero.
REPÓRTER - Senhoras e senhores, que admirável exemplo de profissional. Dono da tarde, autor do gol que deu o campeonato ao Flamengo, Duda foge de qualquer outro compromisso para voltar á sua terra, rever sua gente e sua mãezinha, numa cidade distante, no interior do país...
CORTA PARA:
LETREIRO: COROADO
CENA 2 –RANCHO CORAGEM - SALA DE JANTAR - INT. - DIA
Na casa rústica de Coroado, a velha Sinhana colocava o último prato sobre a mesa de pés maciços. Num canto da parede a imagem de São José. Sobre o baú secular – herança não se sabe de quem – algumas amostras sem valor de pedras da região. O cheiro do feijão bem temperado inundava a sala onde o garimpeiro Sebastião – pele curtida, enrugada, faces esquálidas – retirava a bota enlameada e gasta.
SINHANA - Sabe, velho,esta noite sonhei com o nosso Duda, o ingratão.
SEBASTIÃO - Se preocupa não. O menino tá mais arranjado na vida que os dois irmãos, o Jerônimo e o João.
Sinhana chegou á janela. Ao longe, na linha do horizonte, o risco das montanhas arranhava o céu. O verde das árvores tingia de alegria a solidão ambiente. A velha porteira, corroída pelo tempo, fechava os sonhos de liberdade do gado tristonho, a ruminar. Ao longe, um manto de poeira levantava-se da estrada de barro batido. Num galope cadenciado, um cavaleiro se aproximava.
SINHANA - (sotaque carregado) Jerome vem aí.
CENA 3 – RANCHO CORAGEM - EXT. - DIA.
Era um jovem de traços belos, cabeleira revolta, gestos agressivos e expressão sofrida. O cavalo estacou retido pela pressão das rédeas, o suor do animal se confundindo com o suor do homem. Fôra longa a esticada de Coroado ao rancho humilde e pobre.
Ligeiro o jovem saltou da sela, atou o laço num tronco de árvore e dirigiu-se á casa, agitado.
CENA 4 – RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA
JERÔNIMO - Mãe! Mãe!
SINHANA - Que e isso, Jerome! Que escarcéu é esse? Será que achou rubim?
JERÔNIMO - Não. Mãe. Tava no garimpo, não. Vim da cidade, correndo pra lhe mostrá esse telegrama que seu Zequinha, do correio, me deu. É do Duda, mãe!
SINHANA - (estremeceu)) Duda? Que é que diz, meu filho? Má nova?
JERÔNIMO - (alegre) Que ele chega depois de amanhã!
A noticia fôra forte demais. Sinhana escorou o corpo pesado de encontro á porta de madeira, com lágrimas a estourarem de seus olhos, O pensamento voltou aos dias de outros tempos. Ao filho ausente. Nascido ali. Na natureza agreste da região. Dali partira para a cidade grande. Aprendera a arte do futebol – “tão diferente das lutas do garimpo” – e hoje, famoso – “tava nos jornais e na boca de toda gente”.
JERÔNIMO - Chega depois de amanhã, mãe. Parece mentira...
SINHANA - Tu leu direito, filho? É verdade mesmo?
JERÔNIMO - Então. Mãe, eu não sei lê? Olha: (lê em voz alta) “Chego trem de quinta-feira. Duda”.
Sinhana pensava nos anos de ausência do filho. Nunca escrevera uma linha, nunca mandara notícia... e as lágrimas deslizaram incontidas pela face da velha mãe. Jerônimo se aproximou. Com rudeza levantou as pontas do avental e enxugou as lágrimas da mãe.
SEBASTIÃO - Deixa isso pra lá, velha. Sei porquê ta chorando, mas cada um tem seu jeito de sê.
SINHANA - (voltou-se para o marido) Se alegra, Bastião. Seu filho Duda vai chegar.
SEBASTIÃO - Ouvi tudo, mulher. Tou alegre. Você sabe que tou. (dirigindo-se ao filho) Seu irmão já sabe?
JERÔNIMO - João? Inda não.
SINHANA - Então corre, vai dizê pra ele. Tá no garimpo.
CORTA PARA:
CENA 2 - GARIMPO DOS CORAGEM - EXT. - DIA
Peitos nus, tostados pelo sol, os garimpeiros catavam a riqueza. As peneiras rudes passando, mão-a-mão, num ritmo de máquina. O trançado fino deixando escapar fios cristalinos de água do rio, retendo o cascalho bruto, as peneiras rolavam ns dança das mãos. Peneira na água. Peneira no sol. De mão-para-mão. Barro no rio. Cascalho no sonho que não se acabava. Era a cata do diamante.
Jerônimo apareceu correndo.
JERÔNIMO - (telegrama na mão) João! Ô João!
O homem rijo susteve a peneira. Era um jovem másculo de peito largo, irmão Coragem de olhos negros, mãos calosas do trabalho duro de sol-a-sol. Fez sinal ao outro que esperasse. Era todo concentração no dançar das pedras. Jerônimo avizinhou-se, impaciente.
JERÔNIMO - Bamburrou, mano?
JOÃO - Nada. É um chibiu, pedrinha miúda.
JERÔNIMO - Olho de mosquito...
JOÃO - Que era que tu vinha gritando, feito maluco?
JERÔNIMO - Trago notícia, Jão. Chegou telegrama do Rio. Do Duda... ele vai vir depois de amanhã.
JOÃO – (virando-se risonho) Duda? Vai vir aqui?
JERÔNIMO – Pode lê o telegrama, mano.
JOÃO - (segurando o telegrama com a mão molhada e suja de barro) É mesmo. Puxa, há quanto tempo não vejo aquele sem-vergonha. Vai ser uma alegria pros velhos...
JERÔNIMO - Tão chorando de alegria.
JOÃO - (feliz) Menino, vai sê uma festança!
Dois homens se aproximavam a cavalo. Um deles, tipo estranho, de gestos afeminados, conhecido em toda a região do garimpo. Juca Cipó. Homem de feições traiçoeiras, onde a maldade se mostrava clara. Caráter formado em anos de crime contra a gente simples do garimpo. Juca era temido. Rostos sombrios, ele e o companheiro alcançaram a margem do rio. Súbito silencio quebrou a alegria dos presentes.. O próprio ar pareceu parar de repente.
JUCA CIPÓ - Tardes...
JOÃO - Tardes...
JUCA CIPÓ - Como vai o garimpo, gentes? Bamburrando muito?
JOÃO - Que o quê.... só farinhada, quando muito.
JUCA CIPÓ - Trago um recado do patrão procês. Do coroné Pedro Barros.
Todos os olhos se voltaram a um só tempo.
JOÃO - Que recado?
JUCA CIPÓ - Avisar a ocês que tem gringo na cidade. O coroné manda prevenir que quem vender diamante pra eles vai se dá mal...
Jerônimo sentiu o rosto ferver. Tentou sacar da arma que descansava na bainha. Deu um passo á frente na direção do capanga. João, pressentindo a aproximação do perigo, num gesto rápido, conteve a fúria do irmão. Juca Cipó permanecia atento, o riso sarcástico na boca feminina.
JERÔNIMO – (impetuoso) - Pois diga lá ao “seu” coronel Pedro Barros que quem vai se dar mal é ele. Nós vendemos nossas pedra pra quem quisé.
JOÃO - Calma, Jerônimo... ( e dirigindo-se a Juca Cipó) Este garimpo é nosso. “Seu” coronel Pedro Barros manda lá, no garimpo dele.
Impassível, acariciando a crina do animal, Juca observava a reação dos Coragens. Jerônimo apertou os olhos, nervosamente.
JUCA - Tá certo. Mas na hora de vendê as pedras ocês tem que vendê pra ele.
JOÃO - A gente sempre vende.
JERÔNIMO - E ele se aproveita pagando o que qué...
JOÃO - (explodindo) Até o dia que a gente quisé vendê a outro, porquê a gente é livre, Juca!
Juca irritou-se. Sorriu, irônico.
JOÃO – (chegando perto da montada) Hôme, vou até lhe dizê... Tenho encontro marcado com os gringos e vou vendê minhas pedras pra eles.
JUCA - Pois vamos vê... O recado tá dado. O resto é com ocês. Vamo.
Juca partiu a galope seguido do capanga. Os irmãos permaneceram rígidos, como que tocados por um vento de morte. Ao longe os cavalos se perdiam numa curva da estrada. O tropel cessara.
JERÔNIMO - Que vontade, Jão, de dar uma surra nesse jagunço desgraçado.
JOÃO - Calma, mano. Nada de gastá vela com mau difunto...
João estreitou o irmão num abraço e caminhou com ele até a beira do rio.
JOÃO - Anda. Vem me ajudá a catá um pouco. Esta noite sonhei que estava correndo atrás de um boi.
JERÔNIMO - Sonhar com boi é pedra grande na certa!
JOÃO - E o boi era zebu.
JERÔNIMO - Melhor ainda.
O cascalho acumulava-se á margem do rio. Macias as águas rolavam acariciando o fundo barrento. O ritmo da peneirada voltou a alegrar os homens rudes e a confundir-se com a movimentação da natureza – o rio a correr, os pássaros a voar, o vento a embalar a copa das árvores. João lembrou-se do telegrama e da chegada do irmão.
JOÃO - Como será que ta o Duda, mano?
JERÔNIMO - Tá um home. É jogadô de futebol, de fama.
JOÃO - Vivo que ele é. Encontrou uma mina nos pés, o safado. E a gente aqui, a dá duro feito um escravo...
FIM DO CAPÍTULO 1
Duda (Cláudio Marzo), Sinhana (Zilka Salaberry), João (Tarcísio Meira) e Jerônimo (Cláudio Cavalcanti)
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# NO GARIMPO DO CORONEL PEDRO BARROS, SEUS CAPANGAS CASTIGAM O GARIMPEIRO BRAZ, ACREDITANDO QUE ENGOLIU UM DIAMANTE.
# COROADO ESTÁ EM FESTA COM A CHEGADA DO ÍDOLO DO FLAMENGO.
# RITINHA ESTÁ ANSIOSA PARA REVER SEU AMOR DE INFÃNCIA.
# JOÃO CORAGEM SE IMPRESSIONA COM A BELEZA DE MARIA DE LARA, FILHA DE SEU INIMIGO, O CORONEL PEDRO BARROS.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 2 DE IRMÃOS CORAGEM!!!
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TONI FIGUEIRA
terça-feira, 26 de abril de 2011
IRMÃOS CORAGEM - histórias e curiosidades - Colaboração: Toni Figueira
Com a estréia, quarta-feira, de "IRMÃOS CORAGEM" roteirizada na íntegra, no blog BISCOITO, CAFÉ E NOVELA, postaremos algumas curiosidades e detalhes da trama, publicados no livro NOSSA SENHORA DAS OITO, sobre a obra da saudosa autora Janete Clair:
Janete Clair arrebatou pela primeira vez o Brasil com esta novela que misturava garimpo, futebol e política, em meio aos habituais amores impossíveis de suas tramas. IRMÃOS CORAGEM conquistou a definitiva adesão do público masculino ás telenovelas. A inspiração veio quando, numa conversa da autora com Daniel Filho sobre o crescente sucesso mundial do western italiano, eles tiveram a idéia de transportar o gênero para o Brasil. A partir da leitura de livros como O GARIMPEIRO, de Herberto Salles, e A PÉROLA, romance de John Steinbeck, Janete resolveu criar uma novela de ação centrada no meio rural, mais específicamente nos garimpos do interior de Goiás. "A gente fez um "lelê" de novelas e histórias", define Daniel, lembrando que o "lelê" incluía também o filme AS TRÊS MÁSCARAS DE EVA", cuja protagonista inspirou a heroína de tripla personalidade vivida por Glória Menezes.
Precavida, a autora fez um dos três irmãos Coragem, Duda, ser um jogador de futebol do clube carioca Flamengo, para que o público urbano tivesse afinidade com a história.
IRMÃOS CORAGEM teve mesmo ares audaciosos. Exibida em tempos de ditadura, quando presos políticos eram torturados e mortos nos porões do regime militar, IRMÃOS CORAGEM mostrou sintonia com a realidade política do país ao apresentar na fictícia Coroado eleições, polícia e política controladas e corrompidas pelas elites latifundiárias.
O título de IRMÃOS CORAGEM foi idéia de Daniel Filho. Ao conversar com o diretor sobre a personagem Sinhana, mãe dos tres irmãos, a escritora contou que imaginava uma camponesa analfabeta, matriarca forte, no estilo de MÃE CORAGEM, personagem-título de uma das peças do dramaturgo Bertold Bretch. Terminada a conversa, Daniel teve o estalo de batizar a novela de IRMÃOS CORAGEM.
Apostando alto na trama, a Globo escalou dois de seus mais populares casais de atores: Tarcísio Meira & Gloria Menezes e Cláudio Marzo & Regina Duarte. Regina lembra que adorou viver Ritinha, a namorada simplória de Duda, que na luta pelo amor do rapaz, se via envolvida nos bastidores pantanosos do futebol brasileiro. "Eu gostava muito dela pelo fato de ser uma caipirinha ingênua como eu, vinda do interior para a capital levada pelo amor. No caso dela, Duda, o jogador de futebol. No meu caso, a televisão, o teatro. Ritinha era deliciosa de interpretar porque, em sua simplicidade, tinha uma personalidade firme e um senso de humor muito especial. Algumas de suas cenas eram uma verdadeira comédia", rememora a atriz.
Curiosidades:
Antes do final da trama, a pedido da Rede Globo, Janete afastou da novela o casal formado por Regina Duarte e Claudio Marzo. Os dois atores deixaram o elenco para serem protagonistas de "Minha Doce Namorada", novela de Vicente Sesso, exibida a partir de abril de 1971, no horário das 19 hs.
Regina Duarte ficou grávida pela primeira vez quando já gravava "Irmãos Coragem". Janete Clair criou, então, uma gravidez para a personagem Ritinha, que ganhava uma filha, Gabriela. Regina deu á luz um menino, André, mas em 1973, grávida novamente, a atriz teria finalmente uma filha, batizada de Gabriela. Em 1995, já atriz profissional, Gabriela viveu Ritinha no remake de "Irmãos Coragem".
Os vilões caíram na preferencia popular no fim de "Irmãos Coragem". Pesquisa feita pela revista "Intervalo", em junho de 1971, detectou que Juca Cipó (Emiliano Queiroz) tinha a simpatia de 90% dos telespectadores consultados, enquanto o Coronel Pedro Barros (Gilberto Martinho) conquistava a adesão de 70% do público. Até o bandido Lázaro (Dary Reis), que se bandeou para o lado de João Coragem, era aprovado por 78% do público.
Na reta final, a trama mobilizava e dividia opiniões. Numa cidade próxima de São Paulo, um homem foi esfaqueado por seu vizinho por torcer por João Coragem. O vizinho passional era a favor de Pedro Barros.
A novela incluiu no seu elenco de atores uma iniciante que ainda iria fazer muito sucesso no Brasil e no exterior: Sonia Braga, intérprete de Lídia, mulher de Jerônimo (Claudio Cavalcanti).
Claudio Cavalcanti aproveitou a popularidade de Jerônimo e gravou um disco como cantor, editado em outubro de 1970, durante a novela.
Um remake de "Irmãos Coragem" foi programado pela Rede Globo em 1995 para comemorar os 30 anos da emissora. Dias Gomes acusou o diretor de ter alterado o ritmo e linguagem da história. "Não dá para fazer uma comparação. A abordagem foi diferente", argumenta Gloria Menezes. "Sem desmerecer o trabalho dos colegas, houve até uma deturpação da história", opina Tarcísio Meira.
Por coincidência, no mesmo mês em que IRMÃOS CORAGEM está sendo lançada em box com 8 DVDs pela Globo Marcas, o blog BISCOITO, CAFÉ E NOVELAS começa a apresentar, em 3 capítulos semanais e na íntegra, em versão roteirizada, a maior obra de Janete Clair.
Estréia, a partir desta quarta.
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SESSÃO REMAKE MUSICAL - FELIPE SABBÁ E BANDA - TEMPOS MODERNOS
A canção Tempos Modernos foi originalmente gravada por Lulu Santos. No vídeo abaixo, vamos assistir a regravação dessa música por Felipe Sabbá e sua banda.
Para verificar a gravação original, favor consultar: http://biscoitocafeenovela.blogspot.com/2011/04/sessao-tunel-do-tempo-musical-tempos.html.
Boa audição!
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SESSÃO TÚNEL DO TEMPO MUSICAL - TEMPOS MODERNOS - LULU SANTOS
A canção Tempos Modernos, interpretada por Lulu Santos, foi tema da novela Sol de Verão, apresentada pela Rede Globo de Televisão, no horário das 20 h., entre 11 de outubro de 1982 e 19 de março de 1983.
Queremos agradecer à biscoitinha Kelly Cardoso pela sugestão.
Para maiores informações sobre a novela, favor consultar: http://www.teledramaturgia.com.br/tele/soldeverao.asp.
Boa audição!
LETRA
Composição: Lulu Santos
Eu vejo a vida
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...
Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão...
Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...
Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...
Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...
Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não...
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há prá viver
Vamos nos permitir...
E não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...
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