XXVI
Rosa estava no camarote da comissão organizadora com Claude e Fernanda, que brincava entretida com sua mamadeira vazia. Claude conversava com o prefeito sobre seu projeto de casas populares.
- Seu pai e sua tia comentaram sobre seu
projeto de casas populares, Claude. Eu fiquei muito surpreso a princípio.
Pensei que a França não tivesse esse tipo de problema habitacional por ser um
país de primeiro mundo. – Dizia o prefeito Afrânio Marques.
- A França tem um déficit permanente de
moradia, Afrânio. Atinge cerca de um milhon de famílias. Mas isso deixou de ser
um tema político relevante. O governo considera essa queston como secundária e
controla a comercializaçon, o auxílio para a compra ou para a locaçon de
terrenos. E com isso, permite que a construçon de habitações decline.
-
No Brasil, então, vai de mal a pior. Pessoas vivendo sem serviços básicos, como
uma rede de esgoto apropriada, coleta de lixo, água potável, etc. A carência
habitacional é mais forte na faixa de renda que vai até três salários mínimos.
Essa parcela da população responde por mais de noventa por cento da carência
habitacional.
-
Meu projeto tinha como objetivo contemplar essa mesma faixa de rendimentos na
França. Mas a pessoa que o implantou non tinha o mesmo interesse,
transformando-o em mais um sonho impossível para quem ganha de um a três
salários mínimos.
-
Nosso município sempre teve um dos maiores déficits habitacionais de Mato
Grosso do Sul. Esse ano, a Prefeitura vai realizar uma Audiência Pública, onde
será discutido com a sociedade o diagnóstico dessa situação habitacional.
Durante a audiência serão apresentadas as Diretrizes de Ação para enfrentar os
problemas encontrados no município. Gostaríamos que você fizesse parte do
Conselho Gestor. Aceita?
-
Mon Dieu! Non sei... O que você acha, Rosa?
- Eu
penso que você deve aceitar. Seu projeto é fantástico, adequa-se a qualquer
lugar do mundo e...
Então,
escutam os protestos de Fernanda, que atrai a atenção de todos:
-
Mamamama papapapapa... tatatata... bruuuubruuuu - E vai estalando a língua e
querendo bater palminhas.
-
Sua filha também é a favor, Claude. Não aceito não como resposta! - Diz o
prefeito sorrindo – Minha secretária entrará em contato com você assim que
definirmos dia e hora.
-
Está bem, Afrânio. Eu aceito participar da reunion. Está na hora mesmo de
retribuir um pouco do que recebi, desde que vim morar aqui.
-
Então, estamos combinados. - Confirma Afrânio.
Como
Fernanda continuasse reclamando, Rosa diz:
-
Amor, acho que ela cansou e quer dormir. Vamos pra casa?
- D’áccord,
chérie. Vem aqui com o papai, hã? – Diz Claude, tirando-a do carrinho. – Que é
que foi, borboletinha... Você está irritada com todo esse alvoroço, non é?
E antes que pudessem se despedir do prefeito, eis que Nara e
Edmond entram no camarote.
-
Boa noite, Claude. Não me diga que já está indo embora! Não vai nos apresentar
ao seu amigo?
Sem
outra opção, Claude os apresenta a Afrânio, que pouco depois é chamado por um
outro grupo do camarote.
Nara,
então, pede para segurar Fernanda. Claude já ia negar, explicando que a menina
estava irritada e com sono e que não seria uma boa hora, nem mesmo era seu
desejo vê-la nos braços de Nara. Mas não teve tempo.
Nara
insistiu em pegar Fernanda no colo e antes que Rosa pudesse impedir, tomou-a
dos braços de Claude.
O
desconforto de Fernanda nos braços de Nara era evidente. Olhava para Rosa e
Claude, esticando os bracinhos e começou a choramingar.
E
Nara fez a única coisa que não devia ter feito: balançar Fernanda, que havia
acabado de tomar sua mamadeira há poucos minutos.
Os
soluços de Fernanda e a exagerada força com que Nara a balançava, na tentativa
de mantê-la quieta, foi uma combinação fatal. Fernanda ficou pálida e devolveu
o leite, vomitando sobre Nara.
-
Oh, meu Deus... Que cheiro horrível! Que nojo! – Gritava Nara, vermelha de
raiva – Sua garotinha nojenta! Olha só a minha roupa... O meu cabelo... O meu
sapato italiano!!
-
Olha lá como fala da minha filha, sua louca! – Diz Rosa, tirando a menina de
Nara – Vem com a mamãe, vem! Essa... bruxa ruiva não vai fazer mal pra você!
-
Bruxa ruiva? – Grita Nara, atraindo a atenção das outras pessoas.
- A
culpa foi sua, Nara. Por que insistiu em pegar a menina se não gosta de
crianças? - Intervém Edmond.
- Oras, cale a boca e me tire daqui! – Fala histérica - Eu estou
cheirando leite azedo! Mon Dieu, isso é humilhante! Vai me pagar por mais essa,
sua brasileirinha subdesenvolvida! – Diz, olhando Rosa com os olhos vermelhos
de raiva.
-
Agora chega, hã? – Diz Claude, colocando-se na frente de Rosa - Edmond, sua
esposa já passou dos limites! Tire-a daqui, antes que eu faça uma
loucura.
-
Nara, o que deu em você? Ameaçar a mãe da menina só porque ela... – Vai falando
Edmond, enquanto arrasta Nara para fora do camarote.
-
Pronto, borboletinha... Non chore mais, hã? - Diz Claude, afagando Fernanda
carinhosamente no colo de Rosa – Vamos pra casa!
Depois
de um banho morno e perfumado com Rosa na banheira, Fernanda dormiu
tranquilamente. Quando Rosa retorna ao quarto do casal, Claude saía do
banheiro.
- Eu
devia tê-los colocado para fora da fazenda ontem. – Diz, referindo-se a Nara e
Edmond - Teria evitado toda essa confuson, non é?
- E
causado uma pior. Você não acha que ela sairia sem fazer um escândalo, acha? –
Comenta, deitando-se na cama.
-
Tem razon... – Ele tira o roupão, ficando apenas com a bermuda do pijama,
juntando-se a Rosa - Nara seria capaz de anunciar à imprensa local que a
expulsamos da fazenda e isso abalaria a reputaçon de nossos serviços e da
festa.
- Se
ela tivesse feito alguma maldade com nossa borboletinha, ah, não sobraria um só
fio vermelho naquela cabeça de pica-pau!
-
Mon Dieu! Rsrsrsrrs.
-
Por que está rindo? Eu estou falando sério. Ela que não se meta a besta comigo!
-
Lembrando de tudo agora... Foi muito engraçado vê-la toda... suja. Eu nunca vi
Nara ton dramática... Ton desalinhada e ton mal cheirosa. Ao contrário da minha
gatinha, hã? – Diz, aproximando-se do ouvido de Rosa, respirando pesadamente e
deslizando sua boca até a dela.
-
Você também não fica atrás... – Diz com o corpo mole pelas carícias que Claude
já lhe fazia – Me faz perder a cabeça... – Diz com a voz rouca.
-
Sabia que eu non podia ter arrumado um apelido mais perfeito pra você do que
gatinha?
- É?
Por quê?
-
Porque quando você perde a cabeça, assim, como agora, e se derrete toda em meus
braços,... Quando me pede pra te fazer minha... Sua voz é igual ao ronronar de
uma gata... firme... profunda... sexy...
-
Deve ser pela sensação de prazer que você me dá! Pura endorfina... paixão,
euforia. É aquela sensação indisfarçável da felicidade. É isso, você é a minha
endorfina... – Diz Rosa.
- E você
a minha Serafina... – Murmura Claude, sorrindo malicioso e subindo com suas
mãos pelo corpo de Rosa, presas à camisola, que se arrasta com elas. –
Anteontem eu voltei ton zangado, que non te acordei como prometi, gatinha...
- E
promessa a gente tem que cumprir, não é? _ Diz ofegante, correndo suas mãos
pelo peito e pelas costas de Claude.
- D’accord...
Se naquela noite non te acordei... Essa, non vou deixá-la dormir!
E
cobre a boca de Rosa com a sua, enquanto seu corpo se inclina totalmente sobre
ela.
E quando não há mais porque esperar, eles se tornam um só,
sedentos de prazer. E se fartam na fonte do amor que um dia os uniu.
O
terceiro e último dia da festa incluía um passeio a cavalo pelos arredores da
fazenda, não incluso na diária. Com duração de até duas horas, o itinerário
apostava em trilhas e cachoeiras na própria fazenda e nas fazendas vizinhas,
cavalgando-se pelas estradas vicinais
Rosa
não sabia o por quê, mas não queria ir como combinado com Claude e os outros
monitores. Fernanda também estava agitada e manhosa. Nada a satisfazia.
- Eu
acho que é outro dentinho dela que tá rompendo, dona Rosa! – Dizia Dadi, vendo
Rosa tentar distrair Fernanda com um brinquedo qualquer.
-
Sabe que você tem razão, Dadi! – diz Rosa, olhando a boquinha de Fernanda com
atenção. - A gengiva dela está mais abaulada e esbranquiçada e ela não consegue
engolir toda a saliva. Por isso está agitada e manhosa.
-
Deve ter um mordedor novo guardado em algum lugar... Eles são ótimos pra
aliviar a coceira da gengiva. – Fala Rosa, enquanto procura o mordedor nas
gavetas do armário de Fernanda. – Achei! Ainda bem que eu comprei vários...
-
Sabe que eu ouvi outro dia, na televisão, um dentista falando que o alívio é
maior se antes o mordedor ficar na geladeira, porque o frio ajuda a confortar a
região. – Fala Dadi, toda prosa.
-
Ah, é? Então, põe na geladeira pra mim, Dadi. Eu vou dar um banho nela, tá tão
suadinha...
Depois
de deixar Fernanda com Dadi, bem mais calma, depois do mordedor em suas mãos,
Rosa se arruma e vai ao encontro de Claude, no salão de festas, onde ele dava
as instruções para o grupo com quem sairiam. Continuava com aquela sensação que
não deveria ir.
E a
sensação aumenta ao ver Nara e seu marido, Edmond no grupo.
- Eu pensei que ela havia ido embora depois de ontem. – Diz para
Claude, enquanto um dos monitores explicava sobre não deixar nenhum tipo de
resíduo pelo caminho, como sacolas e garrafas plásticas, embalagens em geral,
pois isso poderia atrair os animais, que os ingerindo, morreriam na certa.
- Eu
também, hã? Mas non daremos a ela o gostinho de estragar nosso dia, chérie.
Então,
Claude repassa alguns itens essenciais e diz que mesmo quem não tem experiência
em montar pode se sentir seguro, pois os cavalos da Papilon Blue eram mansos e
adestrados. Cita até que Rosa, sua esposa, havia aprendido recentemente a
montar.
Foi
a deixa para Nara se aproximar e provocar Rosa, dizendo:
- Eu
não consigo sequer imaginar alguém da sua idade ainda aprendendo a cavalgar.
Claude e eu montamos desde nossa infância. Era um dos nossos hobbys preferidos
na França.
Nara
parecia se divertir com a reação de Rosa, que ficou tensa e incomodada. E
apesar da vontade que Rosa tinha de puxar todos os cabelos daquele topete de
Nara, simplesmente respondeu-lhe assim, antes de virar as costas e ir em
direção às baias:
- E
eu não consigo sequer imaginar que alguém da sua idade e da sua classe, não
tenha aprendido a ser pelo menos educada ainda. Principalmente com os
anfitriões da festa.
Enquanto
Claude vistoriava os cavalos rapidamente, Rosa lhe dizia de sua falta de
vontade de ir. Podiam cancelar o passeio e devolver o dinheiro.
-
Rosa, non podemos deixar esse grupo para trás por causa dela, hã? Quer, por
favor, pegar o seu chapéu para nos acompanhar, gatinha? Chantal está acostumado
contigo e é um cavalo obediente. Além do mais eu estarei do seu lado todo o
passeio, d’accord?
-
Você quer muito que eu vá, não é?
-
Claro, vai ser a nossa primeira cavalgada juntos. A primeira de muitas, hã? E
você é a primeira rainha da festa, seria falta de consideraçon não acompanhar
seu rei, oui?
-
Está bem, eu vou por você, Claude! E pela festa. Vou buscar o meu chapéu e
volto num instante.
Minutos depois, estavam todos montados e a caminho do passeio.
Percorreram alguns quilômetros pela fazenda e logo passaram para as imediações.
O monitor do grupo contava um pouco da história local.
Pararam
algumas vezes para que aos turistas tirassem fotos, filmassem ou apreciassem
com atenção a paisagem. A última parada foi numa das cachoeiras na fazenda de
Rodrigo. Todos desceram dos cavalos e puderam ver de perto a queda d’água.
Alguns turistas arriscaram-se a entrar no rio e aproveitar ao máximo esse
presente que a natureza nos dá. A parada durou uns vinte minutos, tempo em que
os cavalos puderam também descansar.
Algumas
pessoas preferiram caminhar ao redor do local, explorando sua magnífica flora.
Claude e Rosa os acompanharam. Nara não se juntou a nenhum dos grupos, ficando
isolada, enquanto Edmond, seu marido, se divertia nas águas transparentes do
rio.
Passado
o tempo combinado, estavam todos reunidos para a volta. Claude conferia o total
do grupo antes de partirem de volta.
Rosa
aproximou-se de Chantal e notou que o alazão tinha as orelhas voltadas para
trás, os olhos e a boca contraídos. Contraiu a sobrancelha, lembrando das
explicações que Claude lhe dera:
- “Lembre-se:
os cavalos colocam as orelhas para trás quando galopam ou executam uma manobra
difícil. Mas também pode significar que ele apenas está atento a ruídos que vêm
de trás, à voz de quem o comanda ou mesmo que está sonolento. Porém, se isso
estiver combinado com um abanar de cauda e movimentos excessivos de boca e
olhos, indica que o animal pode estar irritado com alguma coisa.”
Lentamente
colocou sua mão no pescoço de Chantal e o acariciou suavemente.
- Ei
amigão, o que foi? – Dizia, enquanto olhava para o corpo de Chantal procurando
pelo motivo de sua inquietude. O que está acontecendo, hum?
-
Rosa, algum probleminha com esse seu pangaré? – Escutou a voz irônica de Nara
atrás de si, já montada. – Sabe, pessoas despreparadas como você, não deviam se
arriscar em cima de um cavalo, queridinha!
Mas
antes que respondesse à altura, ouviu Edmond repreender Nara num tom quase de
ameaça:
- Nara, joindre le groupe ! Il a promis
de rester loin les Geraldy, pour éviter toute confusion . Puis tenez votre
parole! Devrais-je ignorer notre accord? [Nara, junte-se ao grupo! Prometeu
manter-se distante dos Geraldy, para evitar mais confusão, então, cumpra sua
palavra! Ou devo desconsiderar nosso acordo?]
Não
entendeu completamente o que ele dissera, mas o tom em que foram ditas e a
reação de Nara ao ouvi-las lhe deram a certeza que não foram de carinho.
Desprezou
mentalmente a ironia de Nara, procurando Claude com os olhos. Então pulou para
a sela, acomodando seu peso sobre Chantal, que empinou levemente, levantando
suas patas dianteiras alguns centímetros do chão.
-
Calma, garotão! – Diz, afagando o pescoço arqueado do cavalo, com uma das mãos
- Nós sabemos que você não é um pangaré¹! A não ser que ela esteja se
referindo aos seus pêlos amarelados! Mas duvido que ela saiba disso...
Aparentemente
controlado, Chantal obedece aos comandos de Rosa, que se aproxima de Claude e
alinha-se aos outros cavalos.
-
Algum problema, Rosa? Eu vi Nara falando contigo.
-
Com ela, nenhum. É só Chantal que parece incomodado com alguma coisa.
-
Quer que eu o examine?
- Eu
já olhei por todo seu corpo, até as ferraduras. Não achei nenhum ferimento.
-
Pode ser stress ou cansaço. Chantal já non é ton novo, non é campeon? – Diz
Claude, lançando um olhar sobre o cavalo.
Começaram
a jornada de volta em passos lentos e cadenciados. Claude e Rosa estavam à
frente do grupo, como guias que eram. O outro monitor posicionava-se atrás do
grupo, evitando que alguém se dispersasse pelo caminho.
Rosa conseguiu manter Chantal sob seu completo domínio por quinze
minutos. Mas, de repente, o alazão relinchou, sacudindo a cabeça de um lado
para outro, ameaçando empinar a cada passo.
Rosa
apertou ainda mais as rédeas em suas mãos, concentrando todos os seus esforços
em controlar Chantal que aumentava a pressão para se libertar das rédeas,
iniciando um galope mais rápido.
-
Rosa, mais devagar, chérie. - Diz Claude seriamente. - Puxe as rédeas!
-
Ele não me obedece mais! – Diz, preocupada, inclinando o corpo para frente ao
perceber que Chantal vencia seus esforços e não conseguiria contê-lo por mais
tempo.
Sentiu
as rédeas ferindo suas mãos e na tentativa de aliviar a dor, afrouxou-as por
alguns segundos. Foi o suficiente para Chantal. Com um movimento brusco de
cabeça, o animal tomou as rédeas nos dentes e impetuosamente saiu num galope
desenfreado.
-
Rosa! Mon Dieu... Chantal! – Gritou Claude, apertando os calcanhares contra seu
cavalo, fazendo-o acelerar atrás de Rosa, vários metros a sua frente.
Enquanto
o cavalo disparava, o vento cortava o rosto de Rosa, tirando-lhe o fôlego.
Desesperada, sem conseguiu acalmar o alazão, sentiu sua visão escurecer e
enterrou o rosto na crina esvoaçante de Chantal, percebendo que a sela dançava
sobre o dorso do cavalo. Agarrou-se com força ao santantônio - a parte anterior
e elevada da sela – tentando equilibrar-se e lutou para não cair.
Ordenava
a Chantal que parasse, mas o animal parecia extasiado em sua aparente liberdade
e não a obedecia.
Então,
ouviu vozes e gritos assustados que se aproximavam dela misturados ao barulho
dos cascos de cavalos batendo sobre o chão de terra vermelha da trilha onde estavam.
Reconheceu
a voz de Claude, pedindo a ela que não se mexesse e suplicando desesperado a
Chantal que parasse. Fechou os olhos e entrou num estado de semiconsciência.
Ouvia as vozes, mas já não as identificava.
E não pode ver claramente quando Claude emparelhou seu cavalo e
segurou as rédeas soltas de Chantal, enquanto Edmond e outros cavaleiros se
colocavam à frente do alazão, forçando-o a parar, diminuindo o galope para um
trote duro e parando bruscamente.
Em
seu quase delírio, Rosa sentiu-se caindo de um precipício, enquanto escorregava
junto com a sela totalmente frouxa. Mas Claude já havia saltado de seu cavalo e
amparou-a antes que atingisse o chão.
-
Chantal, pare! Pare, por favor... – Dizia Rosa, soluçando, ao cair, nos braços
de Claude, já quase inconsciente – Chantal, pare... eu não quero morrer, não
posso... Claude, borboletinha... Eu amo vocês!
Claude
abraçou Rosa, apertando-a contra seu peito, enquanto tentava trazê-la de volta
à consciência:
-
Xiiiiiiiiiii,... Rosa, me escuta, chérie! Está tudo bem, Rosa! Acalme-se, oui?
Foi só um susto... Um grande susto, gatinha! – Mas, no fundo, sentia, sabia que
em tudo isso tinha a mão de Nara, sem dúvida.
E se
tivesse dúvidas, elas desapareceriam, pois enquanto todos voltavam a seus
lugares, Nara aproximou-se, olhando com desprezo para Rosa e com raiva para
Edmond, dizendo em alto e bom som, totalmente descontrolada:
-
Seu estúpido! Pourquoi est-ce ? Tout allait si bien. Je voulais voir ses morts!
[Por que fez isso? Estava tudo saindo tão bem. Eu queria vê-la
morta!] – E puxando as rédeas do cavalo com força, tomou a direção da
fazenda, forçando o cavalo a galopar e obrigando Edmond a segui-la.
O
resto do grupo seguiu de volta guiados pelo monitor, a pedido de Claude.
Bem
mais calmo sem a sela, Chantal aproximou-se de Claude e Rosa e, afetuosamente, inclinou
sua cabeça em direção a ela, como se pedisse desculpas.
-
Está tudo bem, Chantal! Com certeza você non teve culpa. Nossa gatinha vai
ficar bem, hã?
Alguns
minutos depois, Rosa voltou a si. Demorou outros minutos mais para se recompor
e entender o que havia acontecido. Montaram o mesmo cavalo e puxando Chantal
pelas rédeas com a sela solta sobre si, voltaram à fazenda.
1-Pangaré: (adj) Diz-se de cavalo ou muar cujo pêlo é vermelho-escuro ou
algo amarelado, como que desbotado no focinho, na barriga e nas virilhas. sm
Cavalo com essas características. P.-rampampão: cavalo fraco ou de
pouco valor. Fonte: Dicionário de Português Online – Michaelis.
Continua...
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