terça-feira, 28 de maio de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 10 - AUTORA: JULIANA SOUSA

Capítulo 10 – Visita inesperada.

Emanuela acordara um pouco cansada. Já fazia uns dois dias desde que passara mal e fora para o hospital. Levantou-se da cama e pegou a bolsa. De dentro pode ver a receita que o médico tinha entregado. Guardou novamente, por enquanto, não podia comprar. Trocou de roupa e foi para a cozinha. Depois de alguns minutos, a irmã apareceu sonolenta para o café da manhã.
— Que milagre você aqui em casa… Não foi você que passou a semana passada toda procurando por emprego escondida de mim? Onde está aquela garra toda? – disse, sentando-se na cadeira próxima a mesa.
Emanuela riu.
— Ainda chateada com isso? Eu já entreguei muitos currículos… Acho que tenho que esperar agora. De qualquer forma, eu tenho algumas economias, e se precisarmos de alguma coisa, com certeza, temos vizinhos que vão nos ajudar.
— Isso é muito feio. – disse Mariana sorrindo. – Depender assim dos outros.
Emanuela sentou-se perto da irmã. Mariana parecia um pouco preocupada.
— O que foi? – perguntou Manu à irmã.
— Só estava pensando no nosso pai…
— Eu não sei por que você gosta tanto de chamar o Rogério assim.
Mariana riu do equívoco da irmã.
— Não estou falando do Rogério. Estou falando do nosso pai biológico. Você nunca teve curiosidade de saber de quem se trata?
— Curiosidade eu tenho, mas convenhamos que é bem complicado descobrir… Você sabe que tipo de mulher a mamãe era.
— Eu sei. Mas a Rebeca sempre me falava que a mamãe queria desistir da vida que levava por causa do nosso pai. Então, eu acho que ela o amava. Se é assim, é possível que possamos descobrir quem ele era. E se…
— Não adianta, Mari. – interrompeu Manu. – Mesmo que descobríssemos, você acha que ele nos aceitaria? Com certeza, ele se recusaria até a fazer um exame de DNA. Ou você esqueceu de quem somos filhas?
— Você não pode ter certeza. – Mariana rebateu o comentário da irmã.
Emanuela compreendia perfeitamente Mariana.
— Tudo bem, digamos que ele nos aceite. E a família dele? Ele deve ser casado, ter filhos… Você não acha que a nossa presença traria desconforto? Nós destruiríamos uma família. Depois, se ele tivesse filhos, com certeza não gostaria tanto assim de nós...
— Tudo bem, tudo bem... – interrompeu a irmã – Mas, imagine o lado bom... E se ele for rico?
Emanuela olhou para a irmã assustada.
— Mari, do que está falando? Não sabia que era tão interesseira.
— E não sou... É só que é sempre bom ver o lado prático das coisas de vez em quando.
Emanuela balançou a cabeça negativamente
— Estou desconhecendo minha própria irmã... Com que tipo de más influências você está andando, hein?
Mariana riu.
— Não digo.

Um táxi parou em frente à mansão dos Alcântara. A porta foi aberta e uma jovem senhora com uma roupa muito provocante desceu do carro, logo em seguida, desceram um menino nos seus seis anos de idade e sua babá. A mulher pagou o táxi e olhou para a mansão.
— Parece que não mudou nada… – comentou. – Vai ser muito interessante a estadia aqui…
— O que foi, mamãe? – perguntou o menino olhando para ela.
— Nada. – respondeu fria. – Vamos.
Ao entrar na casa foi recebida pela empregada.
— Oi, dona Érica, os patrões estavam esperando pela senhora.
Érica olhou a mansão por dentro e mais uma vez sentiu uma certa nostalgia.
— Onde está o Otávio? – perguntou.
A empregada não soube o que responder. Érica riu alto.
— Parece que minha fama não ajuda muito, não é? Estava falando do Dr. Otávio e não do Otávio Jr… Você sabe onde ele está?
— Acho que ele está no escritório, dona Érica, quer que eu vá chamá-lo?
— Não precisa. – e olhando para a babá. – Leve o Fabinho para o quarto, por favor, eu vou conversar com o Dr. Otávio. A empregada vai dizer onde pode deixar as malas.
A babá obedeceu, enquanto Érica se dirigia ao escritório. Érica bateu à porta e depois de ouvir um “ Pode entrar”, ela a abriu. O Dr. Otávio estava conversando com o advogado, Dr. Tarcísio. Quando Érica entrou, os dois ficaram bastante admirados com a presença dela.
— Érica? Você aqui tão cedo? – perguntou Otávio, ainda não conseguindo acreditar que ela já estava na mansão.
— Dr. Otávio, assim você me ofende… Não foi o senhor mesmo que pediu para que eu viesse logo?
— Talvez ele não sabia que acordaria tão cedo. – comentou o Dr. Tarcísio.
Érica riu.
— Dr. Tarcísio, você tem um ótimo senso de humor.
— Desculpe, mas acho que não fiz uma piada. – disse Tarcisio sério.
Érica se aproximou do Dr. Tarcísio, se insinuando.
— Por que me trata de forma tão rude, Tarcisinho?
O Dr. Otávio pigarreou, tentando avisar que ainda estava ali.
— Contenha-se Érica. Não gosto desse tipo de brincadeira, principalmente com o Dr. Tarcísio que tem se dedicado a essa família por muitos anos.
Érica sentou-se próxima à escrivaninha de Otávio.
— Tudo bem. Vou parar com minhas brincadeiras… Mas me responda, Dr. Otávio, por que o senhor precisa de mim? E qual é a condição para que eu fique aqui?
Dr. Otávio tratou de explicar a condição para aceitar aquela mulher na sua casa.
— Bem, Érica, preciso da sua ajuda com algo. Eu sei que você fez um curso de artes cênicas e atuou como atriz durante um tempo.
Érica riu.
— Sim, claro... Fiz algumas peças de teatro e alguns filmes também...
Tarcísio pigarreou, imaginando que tipo de filmes uma mulher como aquela teria feito.
— De qualquer forma, explicarei o que quero que você faça. – disse Otávio.
— Eu sou toda ouvidos.
Logo após Otávio explicar o que ela iria fazer.
— Ok, Dr. Otávio. Entendi tudo que me disse... – disse Érica - Mas, tenho uma pergunta, por que o senhor não contratou outra atriz para isso? Não me diga que o senhor confia mais em mim?
— Não importa. Eu só quero que mantenha isso em segredo.
Érica sorriu.
— Tudo bem então. Agora, me desculpem, estou um pouco cansada. Vou para os meus aposentos. – disse, levantando-se.
— Antes que eu me esqueça. – disse Otávio antes que Érica saísse. – Como foi sua estada nos Estados Unidos?
Érica riu.
— Maravilhosa. – respondeu, abrindo a porta e saindo.
Depois que ela saiu, Dr. Tarcísio pode respirar aliviado.
— Ainda bem que ela saiu logo…
O Dr. Otávio riu.
— Com certeza, aquela mulher sabe deixar um homem sem fôlego.
Tarcisio parecia pensativo. Otávio resolveu interromper os pensamentos do amigo.
— Parece que tudo está indo bem. – comentou Otávio rindo. – Mas, o senhor acha que ela vai conseguir? E se as garotas a reconhecerem depois?
Tarcísio sorriu.
— Érica pode ser o que for, mas com certeza ela é uma boa atriz. Vai dar tudo certo.

Rafael se encontrou com Fabiano nos corredores do hospital.
— Então é hoje que ela aparece por lá… – disse Rafael a Fabiano, enquanto andavam pelos corredores do hospital.
— É. Ainda bem que passo a minha vida mais aqui do que na mansão.
Rafael riu do comentário do colega.
— Você realmente não gosta dela, não é?
Fabiano ficou calado por um instante.
— Érica não é exatamente uma má pessoa… Mas, há uma dor muito grande nela que a faz com que seja cruel às vezes. Não sei como explicar. – e olhando para Rafael. – Se quiser paz nessa vida, é melhor não se aproximar dela.
— Do jeito que fala, até parece que foi ela quem terminou daquela vez.
Fabiano ficou calado, existiam coisas que até seu amigo Rafael desconhecia sobre o relacionamento dele com Érica.

Mariana estava assistindo TV. Naquela segunda feira, não havia nada para fazer. Olhou em direção à cozinha e viu a irmã cozinhando. Olhou para o relógio de pulso. Parecia que o tempo estava passando muito devagar.
— Nossa, ainda a pouco eram 11:00 horas, agora são 11: 03... Por que esse almoço não sai logo? – disse alto para que a irmã escutasse.
Da cozinha, Emanuela ouviu a reclamação da irmã.
— Se está achando ruim, então venha me ajudar.
— Você sabe muito bem que sou péssima em fazer comida. Da última vez, coloquei açúcar no ovo pensando que era farinha. E quando eu fui inventar de fazer arroz, por alguma razão ele não desgrudava da colher.
Emanuela apareceu na sala.
— Desculpas e mais desculpas... Por que não arruma a casa por enquanto?
Mariana se esticou no sofá.
— Por que você só me manda fazer coisas chatas? Por que não diz: “Mari, vai comer chocolate!” ou “Mari, tome algum dinheiro e vá tomar um sorvete!”.
Emanuela olhou para a irmã, balançando a cabeça sem esperança.
— Você é uma criança por acaso? Depois não quer que eu lhe trate como minha filha.
Mari levantou-se.
— Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa completamente diferente. Ah... Que tédio. Pior que hoje não tenho nenhuma aula para dar e ainda tenho que ficar aqui nessa casa com você.
— Obrigada pela parte que me toca. – disse Emanuela, voltando para a cozinha.
De repente, Emanuela voltou.
— Ah, agora que lembrei. Você pode ir ao supermercado aqui perto e comprar algumas coisas. Não tive tempo de fazer as compras e algumas coisas já acabaram.
Mari levantou-se do sofá com preguiça.
— O que eu fiz? Eu fiz algo de mal a você? Por que me castiga assim?
Emanuela semicerrou os olhos.
— Não reclama. – disse, tirando algum dinheiro do bolso. – Você não queria fazer alguma coisa? Então, aí está.
Mariana saiu um pouco a contragosto. Depois de pensar um pouco, não fazia mal, precisava espairecer um pouco. Apesar de tudo, durante todo o dia estivera com uma sensação ruim, como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer.
“ Eu não posso ter esse tipo de pensamento” – falou consigo mesma.
Mariana foi ao supermercado e estava voltando, quando por distração um carro quase a atropelava. O que a fez cair de susto. O motorista do carro desceu depressa para socorrê-la.
— Você está bem? – ele perguntou.
Mariana olhou para ele e balançou a cabeça afirmativamente, enquanto ele a ajudava a se levantar. O motorista que era bem jovem olhou para ela.
— Emanuela? Que coincidência!
Mariana ia dizer que não era Emanuela, mas a curiosidade foi maior que a sua sensatez. Estava muito curiosa para saber quem era aquele rapaz. Ele a olhou com certo mistério.
— Então, Emanuela... Há quanto tempo! – disse ele.
Mariana tentou tomar cuidado nas palavras para que ele não percebesse.
— Sim, há quanto tempo! E-Eu nem lembro quando foi exatamente a última vez que nos vimos... Mas, me diga, como você está?
— Bem... Que tal eu lhe dar uma carona para casa? Não está tão longe, mas pelo menos podemos conversar um pouco no caminho.
— Ok. Tudo bem.
Mariana entrou no carro. Não sabia o que estava fazendo, mas não podia deixar de tentar descobrir que segredos a irmã escondia dela.
— E aí? Você já está melhor? – perguntou ele.
— Sim. O carro não chegou a tocar em mim.
Ele sorriu.
— Não estou falando disso, estou comentando sobre você ter passado mal naquele dia.
Mariana ficou assustada. Emanuela não contara nada sobre aquilo.
— Do que você está falando? – perguntou confusa.
Fabrício sorriu disfarçadamente.
— Nada. Acho que você não lembraria... Mas, me diga, quando vamos ter mais um encontro daqueles?
O rapaz olhou para Mariana e sorriu. Mariana ficou um pouco desconfiada.
— Encontro daqueles? Ah... Encontro daqueles...
— Você não gostou? Que tal naquele mesmo lugar? Ou...
Fabrício aproximou o seu rosto do de Mariana lentamente.
— ... pode ser aqui também. Não faz tanta diferença.
Fabrício se aproximava mais. De repente, Mariana gritou:
— STOP! Eu não sou a Manu, eu não sou a Manu!
De repente, Fabrício caiu na gargalhada.
— Ah, pensei que ia fingir mais um pouquinho...
— Ah? – Mariana parecia confusa.
Fabrício ligou o carro.
— Eu sabia que você não era a Emanuela.
Mariana respirou aliviada.
— Como sabia?
Fabrício ficou confuso por alguns instantes.
— Não sei. Só sabia que não era ela. Então, você deve ser irmã gêmea dela. Não sabia que ela tinha uma irmã gêmea.
— Então... – disse Mariana ainda um pouco confusa. – Não teve um encontro daqueles?
Fabrício riu.
— Não... Do pouco que conheço a Emanuela, acho que ela não é desse tipo de garota, não é?
— Tem razão... Mas, como se conheceram?
— Bem, acho que quando fui a padaria com um grupo de... Ex-amigos.
— Humm. E, vocês já se encontraram muitas vezes?
— Acho que algumas vezes... Quando eu a salvei de um cara que a tentava estrangular e da outra vez quando ela desmaiou e...
— Espera. – interrompeu Mariana assustada – Do que está falando? Alguém a tentou estrangular? Ela desmaiou? Quando foi isso?
— Ela não lhe falou? Bem, acho que não deveria ter dito então...
Mariana olhou sério para Fabrício.
— Me fale tudo.
Fabrício não teve outra alternativa a não ser contar como havia encontrado Emanuela e o que tinha acontecido em seus encontros anteriores. Quando Mariana ouviu tudo, permaneceu calada.
Fabrício parou o carro. Já estava perto o bastante da casa dela.
— Você parece estar um pouco chocada.
— Mais que isso... Estou triste porque minha irmã não me contou nada...
— Acho que ela não queria lhe preocupar.
Mariana parecia pensativa.
— Você acha? Acho que é mais do que isso... A Manu tem dificuldade em confiar nas pessoas... Ela nem sequer confia em mim. Pior que eu nem sei por quê. Depois que a Rebeca morreu... – parou percebendo que estava falando demais. – Bem, acho que tenho que ir agora, obrigada pela carona. – disse, abrindo a porta do carro.
Fabrício a chamou antes de sair completamente.
— Entregue isso para ela. – disse entregando um cartão pessoal. – Meu número está aí. Se ela quiser me ligar...
— Então, você gosta da minha irmã? – disse, pegando o cartão. – Saiba que ela é uma garota muito difícil!
Fabrício sorriu.
— Diga a ela que pode ligar se estiver precisando de qualquer coisa.
— Ok, digo sim.
Depois de se despedir, Mariana foi andando até em casa. Logo que chegou, percebeu que havia mais alguém com Emanuela. Quando foi para a cozinha teve uma surpresa:
— Pai?! – exclamou, enquanto via Rogério sentado à mesa.

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