A
crônica que reproduzimos abaixo é da autoria de Luís Fernando Veríssimo.
Para
maiores informações sobre o autor, favor acessar: www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp.
Boa
leitura!
A
VELHINHA DE TAUBATÉ
Morreu
no último dia 19, aos 90 anos de idade, de causa ignorada, a paulista conhecida
como “a Velhinha de Taubaté”, que se tornou uma celebridade nacional há alguns
anos por ser a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo.
O
fenômeno, que veio a público durante o governo Figueiredo, o último do ciclo
dos generais, levou multidões a Taubaté e transformou a Velhinha numa das
maiores atrações turísticas do estado.
Além
de estandes de tiro ao alvo e de venda de estatuetas da Velhinha e de uma
roda-gigante, ergueram-se tendas para vender caldo de cana e pamonha em volta
da pequena casa de madeira onde a Velhinha morava sozinha com seu gato, e não
era raro a própria Velhinha sair de casa e oferecer seus bolinhos de polvilho a
curiosos que chegavam em ônibus de excursão para serem fotografados com ela e
pedirem seu autógrafo.
A
Velhinha sempre acompanhou a política e acreditou em todos os governos desde o
de Getúlio Vargas, inclusive em todos os colaboradores dos governos militares,
“até”, como costumavam dizer muitos na época, com espanto, “no Delfim Netto!”
O
presidente Sarney telefonava freqüentemente para Taubaté para saber se a
Velhinha, pelo menos, ainda acreditava nele, e Collor foi visitá-la mais de uma
vez para pedir que ela não o deixasse só.
As
circunstâncias da morte da Velhinha de Taubaté ainda não estão esclarecidas.
Sua sobrinha Suzette, que tem uma agência de acompanhantes de congressistas em
Brasília embora a Velhinha acreditasse que ela fazia trabalho social com
religiosas, informou que a Velhinha já tivera um pequeno acidente vascular ao
saber da compra de votos para a reeleição do Fernando Henrique Cardoso, em quem
ela acreditava muito, mas ficara satisfeita com as explicações e se recuperara.
Segundo
Suzette, ela estava acompanhando as CPIs, comentara a sinceridade e o espírito
público de todos os componentes das comissões, nenhum dos quais estava fazendo
política, e de todos os depoentes, e acreditava que como todos estavam dizendo
a verdade a crise acabaria logo, mas ultimamente começara a dar sinais de
desânimo e, para grande surpresa da sobrinha, descrença.
A
Velhinha acreditara em Lula desde o começo e até rebatizara o seu gato, que
agora se chamava Zé. Acreditava principalmente no Palocci. Ela morreu na frente
da televisão, talvez com o choque de alguma notícia. Mas a polícia mandou os
restos do chá que a Velhinha estava tomando com bolinhos de polvilho para exame
de laboratório. Pode ter sido suicídio.
O
ambiente no parque de diversão em torno da casa da Velhinha de Taubaté é de
grande consternação.
Fonte: phaleixo.blogspot.com.br/2013/02/a-velhinha-de-taubate.html.
Essa crônica é ótima, como toda a obra de Luís Fernando Veríssimo! Amei ler!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkk Já que ela morreu, agora ninguém mais acredita no governo!
ResponderExcluir