XXX
- Mon Dieu, Borboletinha! – Diz Claude,
tentando dar comida à Fernanda - Jogar tudo no chon continua sendo irresistível
pra você, non? – Diz, abaixando-se pela enésima vez para pegar a colher de
plástico que ela jogara.
- Papa, papa, papa... – Resmungava Fer,
batendo com as mãos no tampo da cadeirinha.
Claude entrega a colher na mão dela e,
imediatamente, ela estica o bracinho para fora e sorri, antes de soltá-lo
novamente.
-
Nonnn! – Claude não consegue evitar que ela a jogue novamente.
-
Isso é pra você ver a aeróbica que eu faço todos os dias, Claude. – Fala Rosa,
sorrindo. – Atualmente, é a brincadeira preferida dela. Eu vou buscar a
sobremesa.
-
Hummm... Enton, esse é o segredo para a mamãe se manter em forma? – Diz Claude,
olhando para Fernanda e falando bem baixinho, continua – Obrigado,
Borboletinha... Acho que o papai precisa praticar mais com você, hã?
-
Mama, mama, dadada, pruuuuu...
- Eu
ouvi isso, Claude Geraldy... – E passando pelo lado dele, sussurra rapidamente
- Obrigada pelo elogio, papai... Você também está... um gatinho, hã? – E
fala imitando Claude.
-
Ouviu isso, Fernanda? – A mamãe acha o papai um gatinho!
- Na,
nananana... – Fernanda balançava a cabeça, fechando a boquinha.
-
Voilá, você non quer mais, non é? – Diz ao ver Fer fechando a boca, tentando
evitar a comida. – D’accord! Melhor non insistir. – E vai tirando-a da
cadeirinha, quando seu celular toca.
-
Alô! – Responde - Ah... É você... Boa tarde, Edmond! - E dando uma rápida
olhada para Rosa, entrega Fernanda a ela e afasta-se para atender.
Alguns
minutos depois, ele retorna.
-
Alguma novidade? – Pergunta Rosa, curiosa, enquanto amparava Fernanda, que
bebia água com o seu copinho.
- Oui!
Após esses trinta dias, finalmente Nara saiu do CTI. Está num quarto normal. E
Edmond está quase que totalmente recuperado.
-
Mas ela já está consciente?
- Os
médicos a tiraram do coma induzido, mas ela ainda non está ciente de tudo que
aconteceu. Passa a maior parte do tempo dormindo sob efeito de uma sedaçon mais
leve.
-
Vai ser um choque para ela, quando se der conta do seu estado...
- Eu espero que non seja por aqui, hã?
Se em dez dias, ela non apresentar mais nenhum risco, Edmond vai levá-la para a
França. Já está providenciando um avion equipado para isso e já tem um bom
hospital de destino por lá. Ela ficará em boas mãos.
-
Meu Deus! – Fala Rosa - Olha só o que ela finalmente aprendeu! – Conclui vendo
a carinha de felicidade de Fer ao soprar pelos furinhos do seu copo produzindo
bolhas.
-
Isso é muito bom, hã? Ela vai poder apagar a velinha do bolo sozinha. Vamos
treinar isso non é, filha?
-
Claude, agora que ela está praticamente andando sozinha, precisamos cercar a
piscina... – Diz Rosa, colocando-a no chão sentada.
- E
lá vai ela... – Diz Claude, vendo Fernanda engatinhar para fora da sala - As
grades seron entregues por esses dias e o Antoninho vai fixá-las, chérie, non
se preocupe.
-
Sabe o que eu queria? Dar um pulinho na nossa casa da árvore. Ela deve estar
precisando de uma faxina... Fernanda, não mexa aí! – Diz, vendo a filha em pé
com as mãozinhas no puxador de uma gaveta do aparador.
Fernanda olha para os pais sorrindo.
-
Nã? – Fala em sua língua.
-
Non/Não – Falam Claude e Rosa, ao mesmo tempo, de maneira séria.
Fernanda
ainda hesita, mas, de repente, solta o puxador e se deixa cair sentadinha no
chão, engatinhando de volta até seus pais.
- Ótima ideia, chérie! – Diz Claude, pegando a filha no colo. -
Podemos ir hoje mesmo. Só tenho que dar um pulo no escritório da fazenda. –
Você é muito esperta, sabia, Borboletinha? – Diz, erguendo a filha acima de sua
cabeça.
Fernanda
solta uma gostosa gargalhada e Claude a entrega para Rosa.
- Eu
volto logo e, enton, iremos até o nosso lugarzinho, hã? – Diz, despedindo-se
com um selinho de Rosa, um afago em Fernanda e caminhando para a porta de
saída.
Então,
Fernanda faz cara de choro, esticando os bracinhos na direção do pai e começa a
resmungar, jogando-se na direção dele:
-
Papa... papa... papai!
Claude
para o passo e volta-se para olhar a filha, ao mesmo tempo em que Rosa o
chamava:
-
Claude! Você ouv...
- Mon
Dieu, eu escutei direito, chérie? Ela falou papai, non falou? – diz,
aproximando-se das duas novamente.
-
Falou sim! – Diz Rosa – Puxa, eu fico com ela o dia todo e ela fala primeiro
papai? Isso não é justo! - Reclama, enquanto Fernanda agitava braços e pernas
na direção de Claude, repetindo:
-Papa...
papai... pa... papai!
Claude
pega a menina em seus braços, sorrindo e a abraça, dizendo:
-
Borboletinha, você deixou sua mamãe ressentida... Vamos lá, diga mamãe, também!
Ma-mãe!
Fernanda
olha para Rosa e aponta o dedinho para ela:
-
“Ti” - Balbucia, olhando para o rosto de Claude.
- D’accord,
nós sabemos que a mamãe está aqui, hã? Vamos chamá-la? Ma-mãe... Repete,
filha... ma-mãe!
-
Mama... mama...mamamama...
-
É... Não adianta, Claude. Essa você ganhou. – Diz melancólica, virando as
costas e entrando na cozinha, retirando a louça. Claude a segue.
- Ei... Isso non é uma competiçon, gatinha! Nós três nos amamos
incondicionalmente... Ela ia falar uma hora, non ia?
-
Dá...dádádá – Resmunga Fer, vendo Rosa com o seu copinho.
-
Mas isso é angustiante... – Diz, entregando o copinho à filha. - Mas eu sei...
cada coisa ao seu tempo...
-
Rosa, nossa filha ainda vai fazer um ano e já consegue falar, à sua maneira, é
claro. Tem crianças que só falam aos dois anos!
-
Tem razão, amor! Desculpa, foi bobeira minha! Isso varia de criança pra
criança, não é mesmo? – Fala Rosa, insegura.
-
Non foi bobeira, mon amour! Olha, eu acredito que ela falou papai primeiro
porque pa é mais fácil que ma, hã? E tem o vamos papa ...
E você está sempre lembrando-a de mim: o papai ama você, o papai vai
te pegar no colo, o papai isso e aquilo...
-
Você deve ter razão... Se repetimos demais uma palavra perto do bebê, ele irá
produzi-la primeiro... Dá ela aqui, você tem que ir...
O
celular de Claude emite o som de mensagem. Depois de ler, ele diz:
-
Tia Elisabeth, pedindo pra eu levar Borboletinha até ela, hã? Me devolve ela...
rsrsrsrs - Fala tchau pra mamãe, Fernanda... e joga beijinho pra ela, assim,
oh...
E
movimenta a mão, para que Fernanda o imite.
Horas
mais tarde, Claude volta com a filha, Rosa já havia preparado uma cesta com
lanches para eles e para Fernanda, pois iriam até a casa da árvore e não tinham
hora para voltar.
Quando
vão até a garagem, Claude coloca Fernanda sentada na moto. Imediatamente, ela
começa a imitar o barulho:
-
Papapa... Bruuuuuuu... bruuuu – Faz, soprando com os lábios.
-
Como é que ela sabe que... Claude, você andou com ela de moto?!?!
- Oh, oh... Fomos descobertos, Borboletinha! Foi só uma voltinha
aqui mesmo, chérie, na garagem... – Diz, tirando-a da moto e colocando-a na
cadeirinha, no banco de trás da camionete.
-
Agora, só falta você comprar uma roupa de motoqueira pra ela também! – Fala
Rosa, sentando-se no banco do passageiro.
Claude
dá a partida e, antes de sair, diz:
-
Sabe que você me deu uma boa ideia? Assim podemos sair nós três de moto...
Minutos
depois, quando chegam à casa da árvore, Rosa não acredita no que vê.
-
Meu Deus! Eu não acredito no que estou vendo! Claude, o que aconteceu aqui?
- Aconteceu que non viemos mais... Há quantos meses non aparecemos
aqui? Eu vou subir primeiro, oui? Se estiver em condições, vocês sobem... Mas
de qualquer forma, vou fazer algumas adaptações pra nossa Borboletinha...
Continua...
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