C: Alô. Oh
Freitas... como vai?
Fre: O
Frazão me ligou... parabéns!
C:
Obrigado, hã? Mas você tem participaçon importante nisso tudo. Non fosse você,
non teria conseguido meu visto...
Fre: Só
fiz meu trabalho... É... Claude... eu tenho uma notícia não muito agradável... que
fiquei sabendo... achei que devia te alertar...
C: Algum
problema com o casamento ou o visto?
Fre:
Não... isso já é um caso encerrado. A
Ninica recebeu uma mensagem, um email da Nara. Ela tá voltando pro Brasil.
Claude
fica sério, muda o tom de voz:
C: Eu non
tenho mais nada com ela. Ela vai e volta pra onde quiser.
Fre: Eu
sei que você está bem com a Rosa... É só um alerta... a gente conhece bem os
interesses dela...
C: Ok.
Mas eu non pretendo nem passar perto dela. Merci, hã?
Fre:
Ok... Até mais.
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Claude
desliga o celular. Está tenso. Apesar de não sentir mais nada por Nara, sabe
perfeitamente do que ela é capaz pra alcançar seus objetivos.
Seus
olhos encontram Rosa, que está olhando pela janela, absorta em seus
pensamentos. Imediatamente a paz entra em seu coração e ele vai até ela e a
abraça por trás, enlaçando sua cintura.
R: Alguma
notícia ruim, meu amor? Você ficou
tenso.
Claude tenta
disfarçar.
C: Non,
era o Freitas, nos parabenizando. E
você, ta ton quietinha, olhando pela janela... Que foi hã?
R: Ah!
Não! Você vai rir de mim, de novo. Vai me chamar de filósofa barata...
C: De
novo, porque hã? Algum dia eu ri de você?
R: Não.
Rir você não riu... Eu estava olhando o céu, assim com essas nuvens escuras.. como se fosse a vida da gente... de
repente a chuva cai, inunda tudo, varre as coisas ruins e o sol volta a brilhar...
C: Hummmm.
Você tá dizendo... que eu sou o seu sol?
R: A-hã. Meu sol, minha lua... meu dia, minha
noite...minha tempestade e minha calmaria...
C: E você
á luz de minha vida – E vai deslizando sua boca pelo pescoço de Rosa, virando-a
lentamente de frente para ele – Chérie, seu tempo está acabando, hã?
Eu quero
você... na minha vida....
Rosa se
deixa levar pelas carícias, envolve-se num beijo quente. Ela o envolve, passando
as mãos pelos cabelos dele, perto da nuca, deixando-o ainda mais exigente...
C: Vamos
pra casa, hã? A gente pode namorar um pouquinho...
se amar...nada melhor nesse tempinho de chuva...
R:
Assim... no meio do dia...?
C: A hora
a gente faz... quer melhor oportunidade que essa? A gente comemora várias
coisas: o contrato, eu, você... – E não parava de beijá-la, nos ombros, na
orelha...
Ela se
retrai e diz, de maneira ríspida:
E:
Oportunidade? É isso que eu sou pra você?... Uma oportunidade de restauração da
sua casa, de refazer um projeto, de conseguir um visto de permanência? – E sai
de perto dele.
C: Rosa,
pelo amor de Deus... foi só uma maneira de me expressar, hã? Vem aqui, chérie. -
E tenta puxá-la pela mão, mas ela se esquiva...
R: Diz, Claude...
diz a verdade... eu vou ser apenas mais uma?
C: Rosa,
o que é que há com você, hã? Você me pediu um tempo... eu respeitei sua decison...
mas eu te avisei, eu não sou mais criança, nem um moleque... eu sou um homem...
Ele a
puxa, repentinamente, e se apossa de sua boca, num beijo violento, num ímpeto
impensado, provocando um ferimento no lábio de Rosa.
Ela o
empurra, passa a mão pelo lábio ferido, e diz já alterada, tentando bater nele
com os punhos:
R: Você é
um estúpido...
C: E você
deve ter algum desvio de personalidade... E segura-lhe os braços... não dando
espaço pra ela passar.
R: Me
deixa passar Claude!
C: Non...
a gente vai resolver issi agora, de uma vez por todas....se você passar por
aquela porta, non precisa mais voltar...
R: Se é
isso que você quer...
C: Você
sabe que non é o que quero... pára de agir como se fosse uma donzela
ofendida...
R: E o
que você sabe sobre donzelas ofendidas Claude? – E vai em direção à porta,
tentando segurar as lágrimas...
C: O
problema é ele, non? O seu ex-noivinho, o Júlio Castelli?
Rosa para
no mesmo instante, como se tivesse sido atingida por um raio. Se volta pra ele
e pergunta:
R: Como
você sabe o nome dele? Quem te falou sobre ele?
C: Seu
pai. Ele disse que non queria que você sofresse por amor de novo, que esse seu
noivinho te deixou no dia do casamento. E pelo visto você deve gostar dele
ainda, porque eu non posso nem encostar em você.....
R: Meu
pai não tinha o direito de falar isso! E você não sabe o que fala! Diz já
deixando as lágrimas escorrerem livremente pelo seu rosto.
C: Rosa,
você me pediu pra não te comparar com outra mulher de minha vida, mas é você
que esta me comparando a este crápula, hã? Eu non sou como ele!
R: Eu
preciso ir! Minha mãe está me esperando pro almoço – Diz entre lágrimas... e
chegando à porta.
C: Rosa,
non faz isso com a gente... Droga! Me
diz, hã... fala o que ele te fez... me deixa te entender pelo menos!
Rosa já
estava com a mão na maçaneta. Ela pára, olha para Claude e diz:
R: Você
quer saber o que ele me fez, não é? Então presta atenção, porque vai ser a
primeira e última vez que eu vou contar isso pra alguém. Nem minha mãe sabe ao
certo. Eu nunca disse tudo a ela. Não queria que ela sofresse por mim...
Eu fui ao
apartamento dele. Eu tinha tomado um pouco de vinho e deixei me levar, mas ele
queria mais. E quando eu disse pra ele esperar até no outro dia, ele ficou
louco, começou a gritar comigo e praticamente... Me violentou. Quando ele
acabou, apenas me mandou sair de lá, que aquilo tinha sido uma boa e divertida
despedida, uma oportunidade única, já que eu não podia dar pra ele a vida que
ele queria. Porque ele estava indo embora do país com outra mulher, pra viver
uma vida de luxo!
Lágrimas silenciosas caiam, sem que Rosa
pudesse contê-las.
R: Não houve magia, não houve romance. Só dor,
decepção, nojo...
Claude
anda em sua direção, quer confortá-la, fazê-la esquecer disso tudo, mas Rosa
sai correndo, e consegue chegar ao elevador, sem que ele a alcance.
C:
Rosa!Rosa! Espera... Rosa!...
Ele corre
descendo pelas escadas. Quando consegue chegar ao térreo, encontra Colibri:
C: Você
viu a Rosa, Colibri?
Co: Ela
disse que estava com pressa, pegou as chaves da Saveiro e nem deu tempo de
avisar ela que...
Claude
não escutava mais, pois já voltava para o escritório, pensando em ir atrás de
Rosa. Porém, resolve dar um tempo pra
ele mesmo e pra Rosa. Ele tenta desviar os pensamentos, fazendo alguns cálculos
e a imagem de Rosa lhe contando a verdade, não sai de sua cabeça.
“Aquele
infeliz! Eu tenho vontade de acabar com ele!” – Pensa, enquanto uma caneta
quebra entre seus dedos.
Ele
resolve ir pra casa. Chama Janete até
sua sala, pois não queria que ninguém ouvisse e:
C:
Janete, eu non volto mais hoje.
J: Mas, e
se os americanos ligarem, ou alguém da representação?
C: Diz
que eu to no inferno, hã? – E sai batendo a porta.
J: Ai...
Eles brigaram de novo! E dessa vez a briga foi feia! – Ela liga para o celular
de Rosa, que não atende...
Claude
chega em sua casa, debaixo de chuva. Apesar de ainda ser quatro horas da tarde
o céu estava negro, “negro como a minha mente”, pensa. Ele entra, sem fazer
barulho e se serve de whisky – dose dupla - e vai direto pro banho.
Enquanto
a água fria escorre pelo seu corpo, ele revive toda a cena da discussão com
Rosa. Seu corpo treme, e ele começa a chorar, como uma criança que se perdeu.
Se apóia
na parede e pensa “Serafina Rosa... meu amor... eu non vou deixar você fugir
assim... Eu amo você, chérie...”
Dadi que
via tudo calada diz pra si mesma... “Dr. Claudes, chegando a essa hora,
bebendo... Ele não fazia isso desde que conheceu D. Rosa..."
No
quarto, ele se veste e desce.
D: O
senhor chegou cedo hoje. Vai querer algo
especial pro jantar?
C: Non
Dadi, non vou jantar. Estou sem fome, hã? A Rosa ligou ou passou daqui pra
pegar alguma coisa?
D: Não senhor...
aconteceu alguma coisa com ela?
C: A
gente discutiu, Dadi. E ela saiu sem me deixar falar com ela, me desculpar... E
agora essa chuva toda. Ela deve estar lá no cortiço, com os pais dela.
D: Doutor
Claudes, o senhor é como se fosse meu filho. E eu vou lhe falar como falaria a
um filho meu. O senhor gosta dela não gosta? Assim pra valer... Ela também
gosta do senhor... visse? Eu não sei o motivo da briga e nem quero saber, que
não é da minha conta, mas procura ela, não deixa uma discussão com palavras
erradas estragar tudo, não deixa o orgulho vencer o amor...
Enquanto
ouvia, Claude se deparou com uma foto, tirada no dia do casamento... Ele sorri
- um sorriso triste. Nesse instante toca
o celular:
######################################################################
C: Alô!
Co: Dr.
Claude, sou eu Colibri... A Rosa tá ai com o senhor?
C: Non,
eu non a vi mais depois daquela hora...
Co: Eu to
preocupado, porque ela não me escutou e o carro estava com pouco combustível...
Ela não atende o celular e essa chuva toda...
C: Ela
deve estar na casa dos pais dela, hoje é o dia do almoço deles. Non se preocupe
mais, eu vou até lá, hã?
Co: Então
eu fico mais sossegado. Até...
######################################################################
C: Dadi,
eu vou lá no cortiço. Se por acaso ela ligar, você diz que eu fui atrás dela...
A chuva
não dava trégua, e Claude demorou, mais de uma hora pra chegar no cortiço.
Ele desce
sob a chuva mesmo e sobe a escada apressadamente, chamando por Rosa:
C: Rosa!
Rosa!... – Mas quem aparece para recebê-lo é D. Amália.
A: Dr.
Clodes! Que surpresa, entra o senhor tá todo molhado. Vem se secar!
C: D.
Amália, a senhora podia chamar a Rosa, eu preciso muito falar com ela!
A: Mas eu
pensei que ela tava com o senhor! Ela nem veio ao nosso almoço, hoje!
C: Ela
non veio? Mon Dieu...
A: Agora
eu fiquei preocupada, com essa chuva toda! Ela estava de carro?
C: Non se
preocupe – diz tentando acalmar D. Amália. - Ela deve estar presa no trânsito.
Eu vou procurá-la e ligo assim que encontrar Rosa.
Ele nem
se despede direito. Desce as escadas, pulando os degraus, pra ir mais rápido...
G: Quem
era Amália?
A: Era o
Colibri... Ele veio ver se a Rosa deixou alguma instrução pra ele. Ah! Meu
Santo Antonio, me perdoa essa mentirinha... E protege minha Serafina!
Sônia que casal complicado! Ele sempre falando o que não deve, ela, de uma sensibilidade exagerada! E que história a dela, que ex noivo canalha ela teve, coitada! E Nara voltando, pra piorar as coisas! Onde será que Rosa se meteu com essa chuva e sem combustível no carro, fiquei preocupada... Legal, gostei! Bjs.
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