quinta-feira, 26 de julho de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 10 - 3a PARTE - AUTORA: SÔNIA FIINARDI


C: Alô. Oh Freitas... como vai?

Fre: O Frazão me ligou... parabéns!

C: Obrigado, hã? Mas você tem participaçon importante nisso tudo. Non fosse você, non teria conseguido meu visto...

Fre: Só fiz meu trabalho... É... Claude... eu tenho uma notícia não muito agradável... que fiquei sabendo... achei que devia te alertar...

C: Algum problema com o casamento ou o visto?

Fre: Não... isso já é um caso encerrado.  A Ninica recebeu uma mensagem, um email da Nara. Ela tá voltando pro Brasil.

Claude fica sério, muda o tom de voz:

C: Eu non tenho mais nada com ela. Ela vai e volta pra onde quiser.

Fre: Eu sei que você está bem com a Rosa... É só um alerta... a gente conhece bem os interesses dela...

C: Ok. Mas eu non pretendo nem passar perto dela. Merci, hã?

Fre: Ok... Até mais.

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Claude desliga o celular. Está tenso. Apesar de não sentir mais nada por Nara, sabe perfeitamente do que ela é capaz pra alcançar seus objetivos.

Seus olhos encontram Rosa, que está olhando pela janela, absorta em seus pensamentos. Imediatamente a paz entra em seu coração e ele vai até ela e a abraça por trás, enlaçando sua cintura.

R: Alguma notícia ruim, meu amor?  Você ficou tenso.

Claude tenta disfarçar.

C: Non, era o Freitas, nos parabenizando.  E você, ta ton quietinha, olhando pela janela... Que foi hã?

R: Ah! Não! Você vai rir de mim, de novo. Vai me chamar de filósofa barata...

C: De novo, porque hã? Algum dia eu ri de você?

R: Não. Rir você não riu... Eu estava olhando o céu, assim com essas nuvens  escuras.. como se fosse a vida da gente... de repente a chuva cai, inunda tudo, varre as coisas ruins e o sol volta a brilhar...

C: Hummmm. Você tá dizendo... que eu sou o seu sol?

R: A-hã.  Meu sol, minha lua... meu dia, minha noite...minha tempestade e minha calmaria...

C: E você á luz de minha vida – E vai deslizando sua boca pelo pescoço de Rosa, virando-a lentamente de frente para ele – Chérie, seu tempo está acabando, hã?
Eu quero você... na minha vida....

Rosa se deixa levar pelas carícias, envolve-se num beijo quente. Ela o envolve, passando as mãos pelos cabelos dele, perto da nuca, deixando-o ainda mais exigente...

C: Vamos pra casa, hã?  A gente pode namorar um pouquinho... se amar...nada melhor nesse tempinho de chuva...

R: Assim... no meio do dia...?

C: A hora a gente faz... quer melhor oportunidade que essa? A gente comemora várias coisas: o contrato, eu, você... – E não parava de beijá-la, nos ombros, na orelha...

Ela se retrai e diz, de maneira ríspida:

E: Oportunidade? É isso que eu sou pra você?... Uma oportunidade de restauração da sua casa, de refazer um projeto, de conseguir um visto de permanência? – E sai de perto dele.

C: Rosa, pelo amor de Deus... foi só uma maneira de me expressar, hã? Vem aqui, chérie. - E tenta puxá-la pela mão, mas ela se esquiva...

R: Diz, Claude... diz a verdade... eu vou ser apenas mais uma?

C: Rosa, o que é que há com você, hã? Você me pediu um tempo... eu respeitei sua decison... mas eu te avisei, eu não sou mais criança, nem um moleque... eu sou um homem... 



Ele a puxa, repentinamente, e se apossa de sua boca, num beijo violento, num ímpeto impensado, provocando um ferimento no lábio de Rosa.

Ela o empurra, passa a mão pelo lábio ferido, e diz já alterada, tentando bater nele com os punhos:

R: Você é um estúpido...

C: E você deve ter algum desvio de personalidade... E segura-lhe os braços... não dando espaço pra ela passar.

R: Me deixa passar Claude!

C: Non... a gente vai resolver issi agora, de uma vez por todas....se você passar por aquela porta, non precisa mais voltar...

R: Se é isso que você quer...

C: Você sabe que non é o que quero... pára de agir como se fosse uma donzela ofendida...

R: E o que você sabe sobre donzelas ofendidas Claude? – E vai em direção à porta, tentando segurar as lágrimas...

C: O problema é ele, non? O seu ex-noivinho, o Júlio Castelli?

Rosa para no mesmo instante, como se tivesse sido atingida por um raio. Se volta pra ele e pergunta:

R: Como você sabe o nome dele? Quem te falou sobre ele?

C: Seu pai. Ele disse que non queria que você sofresse por amor de novo, que esse seu noivinho te deixou no dia do casamento. E pelo visto você deve gostar dele ainda,  porque eu non posso nem  encostar em você.....

R: Meu pai não tinha o direito de falar isso! E você não sabe o que fala! Diz já deixando as lágrimas escorrerem livremente pelo seu rosto.

C: Rosa, você me pediu pra não te comparar com outra mulher de minha vida, mas é você que esta me comparando a este crápula, hã? Eu non sou como ele!

R: Eu preciso ir! Minha mãe está me esperando pro almoço – Diz entre lágrimas... e chegando à porta.

C: Rosa, non faz isso com a gente... Droga!  Me diz, hã... fala o que ele te fez... me deixa te entender pelo menos!

Rosa já estava com a mão na maçaneta. Ela pára, olha para Claude e diz:

R: Você quer saber o que ele me fez, não é? Então presta atenção, porque vai ser a primeira e última vez que eu vou contar isso pra alguém. Nem minha mãe sabe ao certo. Eu nunca disse tudo a ela. Não queria que ela sofresse por mim...
Eu fui ao apartamento dele. Eu tinha tomado um pouco de vinho e deixei me levar, mas ele queria mais. E quando eu disse pra ele esperar até no outro dia, ele ficou louco, começou a gritar comigo e praticamente... Me violentou. Quando ele acabou, apenas me mandou sair de lá, que aquilo tinha sido uma boa e divertida despedida, uma oportunidade única, já que eu não podia dar pra ele a vida que ele queria. Porque ele estava indo embora do país com outra mulher, pra viver uma vida de luxo!

 Lágrimas silenciosas caiam, sem que Rosa pudesse contê-las.

 R: Não houve magia, não houve romance. Só dor, decepção, nojo...

Claude anda em sua direção, quer confortá-la, fazê-la esquecer disso tudo, mas Rosa sai correndo, e consegue chegar ao elevador, sem que ele a alcance.

C: Rosa!Rosa! Espera... Rosa!...

Ele corre descendo pelas escadas. Quando consegue chegar ao térreo, encontra Colibri:

C: Você viu a Rosa, Colibri?

Co: Ela disse que estava com pressa, pegou as chaves da Saveiro e nem deu tempo de avisar ela que...

Claude não escutava mais, pois já voltava para o escritório, pensando em ir atrás de Rosa.  Porém, resolve dar um tempo pra ele mesmo e pra Rosa. Ele tenta desviar os pensamentos, fazendo alguns cálculos e a imagem de Rosa lhe contando a verdade, não sai de sua cabeça.

“Aquele infeliz! Eu tenho vontade de acabar com ele!” – Pensa, enquanto uma caneta quebra entre seus dedos.

Ele resolve ir pra casa.  Chama Janete até sua sala, pois não queria que ninguém ouvisse e:

C: Janete, eu non volto mais hoje.

J: Mas, e se os americanos ligarem, ou alguém da representação?

C: Diz que eu to no inferno, hã? – E sai batendo a porta.

J: Ai... Eles brigaram de novo! E dessa vez a briga foi feia! – Ela liga para o celular de Rosa, que não atende...


Claude chega em sua casa, debaixo de chuva. Apesar de ainda ser quatro horas da tarde o céu estava negro, “negro como a minha mente”, pensa. Ele entra, sem fazer barulho e se serve de whisky – dose dupla - e vai direto pro banho.
Enquanto a água fria escorre pelo seu corpo, ele revive toda a cena da discussão com Rosa. Seu corpo treme, e ele começa a chorar, como uma criança que se perdeu.
Se apóia na parede e pensa “Serafina Rosa... meu amor... eu non vou deixar você fugir assim... Eu amo você, chérie...”

Dadi que via tudo calada diz pra si mesma... “Dr. Claudes, chegando a essa hora, bebendo... Ele não fazia isso desde que conheceu D. Rosa..."


No quarto, ele se veste e desce.

D: O senhor chegou cedo hoje.  Vai querer algo especial pro jantar?

C: Non Dadi, non vou jantar. Estou sem fome, hã? A Rosa ligou ou passou daqui pra pegar alguma coisa?

D: Não senhor... aconteceu alguma coisa com ela?

C: A gente discutiu, Dadi. E ela saiu sem me deixar falar com ela, me desculpar... E agora essa chuva toda. Ela deve estar lá no cortiço, com os pais dela.

D: Doutor Claudes, o senhor é como se fosse meu filho. E eu vou lhe falar como falaria a um filho meu. O senhor gosta dela não gosta? Assim pra valer... Ela também gosta do senhor... visse? Eu não sei o motivo da briga e nem quero saber, que não é da minha conta, mas procura ela, não deixa uma discussão com palavras erradas estragar tudo, não deixa o orgulho vencer o amor...

Enquanto ouvia, Claude se deparou com uma foto, tirada no dia do casamento... Ele sorri -  um sorriso triste. Nesse instante toca o celular:

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C: Alô!

Co: Dr. Claude, sou eu Colibri... A Rosa tá ai com o senhor?

C: Non, eu non a vi mais depois daquela hora...

Co: Eu to preocupado, porque ela não me escutou e o carro estava com pouco combustível... Ela não atende o celular e essa chuva toda...

C: Ela deve estar na casa dos pais dela, hoje é o dia do almoço deles. Non se preocupe mais, eu vou até lá, hã?

Co: Então eu fico mais sossegado. Até...

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C: Dadi, eu vou lá no cortiço. Se por acaso ela ligar, você diz que eu fui atrás dela...


A chuva não dava trégua, e Claude demorou, mais de uma hora pra chegar no cortiço.
Ele desce sob a chuva mesmo e sobe a escada apressadamente, chamando por Rosa:

C: Rosa! Rosa!... – Mas quem aparece para recebê-lo é D. Amália.

A: Dr. Clodes! Que surpresa, entra o senhor tá todo molhado. Vem se secar!

C: D. Amália, a senhora podia chamar a Rosa, eu preciso muito falar com ela!

A: Mas eu pensei que ela tava com o senhor! Ela nem veio ao nosso almoço, hoje!

C: Ela non veio? Mon Dieu...

A: Agora eu fiquei preocupada, com essa chuva toda! Ela estava de carro?

C: Non se preocupe – diz tentando acalmar D. Amália. - Ela deve estar presa no trânsito. Eu vou procurá-la e ligo assim que encontrar Rosa.

Ele nem se despede direito. Desce as escadas, pulando os degraus, pra ir mais rápido...

G: Quem era Amália?

A: Era o Colibri... Ele veio ver se a Rosa deixou alguma instrução pra ele. Ah! Meu Santo Antonio, me perdoa essa mentirinha... E protege minha Serafina!

Um comentário:

  1. Sônia que casal complicado! Ele sempre falando o que não deve, ela, de uma sensibilidade exagerada! E que história a dela, que ex noivo canalha ela teve, coitada! E Nara voltando, pra piorar as coisas! Onde será que Rosa se meteu com essa chuva e sem combustível no carro, fiquei preocupada... Legal, gostei! Bjs.

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