Claude
percorre o caminho que ela costuma fazer. A chuva está mais fraca, mas a
escuridão dificulta a procura. De repente a voz de Rosa ecoa em seu pensamento “eu fugiria pra um lugar assim.”
C: Mon
Dieu! Ela foi pra lá... Aquela
maluquinha! Como eu sou estúpido, non pensei nisso antes! Com essa chuva,
toda! Ah, maluquinha! Minha adorada
maluquinha...
Ele liga
várias vezes pra ela, mas só escuta a mensagem “Telefone fora de área ou
temporariamente desligado”.
Depois de
sair da construtora, Rosa encontrou com Colibri – que havia ido até lá para pegar
alguns materiais - Ela nem espera ele falar, pega as chaves do carro, e sai,
sem pensar aonde vai.
Apenas quer sair dali, se esconder, esconder
suas lágrimas, fugir de si mesma.
As
lembranças daquela noite do estupro insistiam em passar em sua mente, como
cenas de uma novela, de um filme triste...
Rosa nem
se lembrava como havia chegado em casa. E nem queria recordar a humilhação e a
vergonha do que havia acontecido...
As nuvens
começam a encobrir o sol, tornando o céu cinza chumbo. Rosa olha pro céu e a
discussão com Claude lhe vem à mente. (no mesmo instante em que ele chora no banho)
“Tola,
idiota... eu sabia que ia ser assim... estúpida, é isso que eu sou... Meu Deus,
porque eu fui me apaixonar pelo Claude, por quê? Se ele soubesse o quanto eu o
amo!
Ela
dirige mecanicamente, e quando percebe está na casa em restauração. Desce do
carro e vai se abrigar entre as roseiras. Numa atitude súbita, ela procura a
tesoura de podar e se lembra que está na casa de Claude. Então pega um alicate de
corte e começa a podar as roseiras, como se estivesse podando suas lembranças.
De repente a chuva começa, mas ela nem percebe, pois seu rosto já está
totalmente molhado pelas lágrimas que ela tanto tentava evitar.
Rosa
continua podando, sem perceber que suas mãos já estão cobertas de bolhas, pois
estava sem luvas. A chuva aumenta, mas ela não se importa... não sente medo dos
trovões, nem dos relâmpagos... Está ali, à mercê do tempo, como se a chuva
fosse lhe lavar a alma. Ela passa horas podando roseiras e arbustos.
Seu
celular toca e a desperta das lembranças. Ela vê que é Claude e não atende.
Só então
percebe que já é noite e volta pro carro. Ela está encharcada. Entra no carro,
dá a partida, mas não consegue sair do lugar, pois que um dos pneus está
furado. Ela se põe a trocá-lo, e numa das voltas, a chave escapa e provoca um
corte em sua mão.
R: Droga!
Era só o que faltava!
Ela
enrola uma toalha que encontra no porta luvas, e termina de trocar o pneu.
Volta ao carro, mas não anda nem quinhentos metros e ele pára. Ela vê que não
tem mais combustível. Tenta ligar pra alguém, mas só dá fora de área.
Ela
percebe que a mão está sangrando, pelo esforço. Sente seu corpo quente. Sem
mais forças, ela se deita sobre o volante e chora. Já não sabe se chora pelas
lembranças, pelo amor que sente por Claude, pela dor do ferimento. Chora até
adormecer. Ali no meio da estrada de acesso à casa...
Claude
está acima da velocidade permitida, ele tem pressa em encontrar Rosa, e fica
imaginando o que pode ter acontecido, já que o carro está sem combustível.
Durante o caminho ele liga pra Frazão, pois Rosa pode ter ido pra casas dela
com Janete:
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C: Frazon...
você sabe se a Rosa tá com Janete?
F: Não
está não francês... eu estou aqui com ela... Aconteceu algo grave?
C: A Rosa
saiu de carro nessa chuva e non voltou até agora... eu to procurando ela.
F: Você
quer ajuda?
C: Por
enquanto non... Se ela aparecer por ai me liga, mon ami, por favor...
F: Claro,
eu ligo sim...
C:
Obrigado, Frazon. Vou desligar que to dirigindo.
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C: Mon
Dieu! Ela tá sozinha nessa escuridon... nessa tempestade! Dieu... Eu nunca rezei, non sei rezar... non sou muito bom em
pedir hã? .Mas protege a Rosa... non deixe que
nada de mal aconteça a ela... por favor, Dieu! Eu amo essa mulher... amo
....
Alguns
quilômetros à frente, ele vê um carro parado, com pisca alerta. Ele reconhece o
carro de Rosa. Encosta seu carro, desce e a vê, com a cabeça deitada sobre o
volante. Ele percebe um fio de sangue, em sua testa, e se desespera:
C:
Rosa... Rosa... Mon Dieu non... non… Serafina, fala comigo!
E abre a porta do carro, envolvendo-a em seus
braços.
C: Chérie...
Você ta ardendo em febre! Maluquinha, eu
vou cuidar de você, meu amor! Confia em mim, hã?
Rosa
começa a delirar, pela febre;
R: Não...
sai daqui! Eu não quero você Júlio, me deixa em paz! – E se debate nos braços
de Claude, que a abraça e diz:
C: Rosa,
sou eu... Claude... calma chérie, eu vim te salvar...
R:
Claude? Me perdoa. Eu te amo... me desculpa... E cai num sono febril...
Claude a
coloca em seu carro, fecha o carro de Rosa, pois só no outro dia alguém poderá
pegá-lo. Alguns metros à frente ele liga para Dadi:
C: Dadi,
prepara um banho morno, na banheira. A Rosa tá ardendo em febre. E por favor,
liga pra D. Amália e pro Frazon e diz que tá tudo bem, hã? Amanhã a gente
explica tudo... Eu chego logo aí...
Claude
chega no apartamento, carregando Rosa em seus braços. Dadi já o esperava na
porta.
D: O
banho já tá pronto Dr. Clodes...
C:
Obrigado, Dadi... Non sei o que seria de mim sem você!
E sobe a escada, em direção ao seu quarto. Ele
pára nos últimos degraus e pede:
C: Dadi,
por favor, faz uma bebida quente pra ela, hã? Um leite, um chá... O que for
mais rápido e trás pra mim, oui?
Rosa
tenta abrir os olhos, mas a luz a incomoda. Ela não reconhece o quarto de
Claude:
R:
Claude??? Que lugar é esse? Onde você me trouxe? – Fala pausadamente, com
dificuldade
C: Calma,
chérie! Você está em casa. – E a coloca no chão.
C: Me
ajuda, hã? Você precisa tomar um banho quente, agora!
E começa
a desabotoar a blusa dela. Ela se retrai e tenta impedir, mas seu corpo todo
treme, por causa da febre:
R: Que
você tá fazendo? Pára com isso - Fala com a voz mole - Eu quero deitar e
dormir... dormir pra sempre!
Mas não
consegue impedir que ele tire suas roupas encharcadas, deixando-a apenas com a
lingerie. Ele a coloca na banheira com cuidado, como se ela fosse uma criança
indefesa. Ele repara nas mãos dela, cheias de bolhas, e com o ferimento
provocado pela troca do pneu...
C: Você é
muito maluquinha mesmo! Olha só suas mãos, por que você fez isso Rosa? Diz
baixinho, pra si mesmo
O contato
da água, com os ferimentos provoca uma reação desconfortável em Rosa, que tenta
sair...
R: Hmm...
tá ardendo! Tira!
C:
Xiiiii! Tá tudo bem! Eu to aqui contigo. Eu vou cuidar de você.
Ele pega
a bucha de banho e começa a esfregar o corpo dela, delicadamente, massageando
seus ombros, suas pernas... Lava seu rosto, seus cabelos. E fica ali com ela,
por um tempo, até que a febre baixe.
Conforme
a febre baixa, Rosa vai voltando a si, como se acordasse de um longo sonho mal.
Ela abre os olhos, vagarosamente, e seu olhar percorre um local estranho, até
encontrar os olhos de Claude, que velavam por ela...:
R: Claude.
O que aconteceu? Por que eu estou na sua banheira só de lingerie?
C: Você
ficou muito tempo na chuva, se torturando meu amor, se feriu... Estava com
muita febre. Eu cuidei de ti hã?
R: Você
me despiu?
C: De
corpo e alma, chérie – Diz com um olhar que era só desejo...
Rosa
sente o rosto esquentar, fica sem jeito:
R:
Éhhh... Eu to com frio, essa água tá gelada... Eu quero sair...
C: Claro...
deixa eu pegar uma toalha pra você.
Ele traz duas
toalhas, dá uma pra ela, mas Rosa fica indecisa em sair da banheira quase nua,
na frente dele...
R: Dá pra
você ficar de costas, por favor?
Ele faz o
que ela pediu, com um sorriso maroto:
C: Um
pouco tarde pra ficar envergonhada, mon amour... - E se vira pra ela, que já tinha se livrado da
lingerie e estava enrolando a toalha no corpo.
Sem que ela tivesse tempo de recusar ele a
pega no colo e leva para o quarto.
C: Você
ainda tá com febre, hã? Precisa descansar, dormir... E a deita em sua cama.
Ele vê
que Dadi já trouxera um copo de leite e alguns comprimidos antitérmicos. Ele
senta do lado dela:
C: Vem...
toma esses comprimidos. Ele põe os comprimidos entre os lábios dela, e leva o
copo até a boca de Rosa que toma um gole do leite. Nenhum dos dois consegue
desviar o olhar do outro...
R: Eu não
gosto muito de leite - E empurra o copo de volta pra ele.
C: Você
ficou com bigodinho. – E passa os dedos pelos lábios dela...
Claude pega
a outra toalha e começa a enxugar o corpo de Rosa, que não protesta, apenas
permite a si mesma viver aquele momento.
No embalo
desse carinho ela adormece, sentindo-se segura, salva.
Sônia será que agora esses dois vão se acertar? Parece que o próximo capítulo promete, mas ainda tenho dúvidas, eles são meio desajeitados em matéria de amor rsrsrs. Gostei muito de ver Claude delicado,carinhoso, espero que continue assim. Vou aguardar ansiosa a continuação. Bjs.
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