Capítulo IX - Escolhas
No apartamento de Claude, Dadi tenta entender o que todos querem falar ao mesmo tempo:
D: Olhe, Dr. Claudes... O senhor tá dizendo que vai casar, pra poder ficar aqui no Brasil... E que o casamento vai ser depois de amanhã?
C: É isso, Dadi. E eu preciso que você confirme que Rosa e eu já estamos juntos há uns três anos, caso o juiz pergunte, hã?
D: E ainda dizer que ela ta à beira da morte... Isso não é pecado, D. Rosa?
R: Mas é um pecadinho do bem, Dadi...
D: Sei... O que eu não faço pelo senhor, não é Dr. Claudes?
Eles repassam as instruções de Freitas, pra não ocorrer nenhum erro. Dadi prepara um café, que todos tomam. Freitas é o primeiro a ir embora:
Fre: Bom, então estamos combinados. Eu tenho que ir, pois a Ninica tá me esperando pra ir a um evento de moda... Boa noite pra todos.
J: É, tá na nossa hora também né Frazão? Vamos?
F: Claro, minha vida! Vamos que a noite ainda é uma criança.
R: Então, eu vou também... Vocês me dão uma carona?
C: Hã... Rosa, eu preciso acertar uns detalhes contigo, oui? - Olha pro casal e continua – Podem ir que eu levo a Rosa.
Rosa vai argumentar, mas Claude a silencia, pondo seus dedos nos lábios dela:
C: Xiiiii, sem direito de resposta, hã? - E faz aquela cara de francês que perdeu o avião.
R: Ok, você venceu, por enquanto!
F: Então, fomos! E divirtam-se crianças, mas com responsabilidade, hem?!
Claude percebe que Rosa fica sem jeito e retruca:
C: Frazon...
F: Sim, mon ami? – Ele se volta, pois está próximo à porta.
C: Vai ver se tá chovendo na lua, hã?
Rosa e Claude ficam sozinhos, pois Dadi já havia se recolhido. Ele então segura a mão de Rosa e diz:
C: È melhor você conhecer o apartamento todo... Vem e a leva escada acima, mostrando todos os cômodos do apartamento, inclusive o seu quarto.
Eles retornam à sala e Claude diz:
C: Rosa, eu nem sei como te agradecer, você tá se complicando, se colocando numa situaçon delicada... E eu tenho receio que seja por nada, hã?
R: Que isso Claude?! Não foi você quem falou que não desiste dos sonhos e desejos? Eu só estou colaborando, como posso.
C: Você realmente é especial, sabia? E segura em sua mão e deposita um beijo terno, porém sedutor. Se aproxima dela, segura em seu queixo e a faz olhar pra ele.
R: Por que você tá falando isso?
C: Porque você tá me ajudando sem pedir nem receber nada em troca. Está lutando por um ideal de outra pessoa, desinteressadamente... E nesse meio em que eu vivo, ninguém ajuda ninguém. Non sem esperar algo em troca.
R: Mas eu espero algo sim... Que muitas pessoas possam ser beneficiadas, e consigam sua casa própria...
C: Está vendo só? Você está pensando nos outros, non é egoísta...- E vai contornando o rosto dela com a ponta dos dedos, até tocar seus lábios, num convite sensual. Então, com muita delicadeza ele se apossa de sua boca num beijo cheio de segundas intenções.
Eles estão tão juntos que podem sentir a pulsação de seus corações acelerados, no ritmo do desejo... Rosa o abraça, como se fosse possível trazê-lo pra mais perto de si. Num andar, os dois esbarram num móvel da sala. Então são interrompidos:
D: Oh! Dr. Claudes e D. Rosa... Eu não queria atrapalhar.... visse?. É que escutei barulho, coisas caindo, achei que fosse ladrão.
R: Que isso Dadi, eu já tava de saída mesmo. O Claude já ia me levar pra casa, e eu esbarrei num móvel sem querer.
D: Sei... esbarraram num móvel...
C: Mon Dieu! Isso deve ser praga do Frazon, anjinho barroco da Rosa, resmunga.
D: Que foi que o senhor disse?
C: Nada non Dadi... Esquece, hã? Eu vou levar a Rosa e já volto.
Se aproxima de Rosa e diz, só pra ela ouvir:
C: Salva pelo gongo... Non é assim que vocês falam?
Claude leva Rosa pra casa e faz questão de leva-la até a porta do apartamento.
Ela abre a porta, se despede dele e vai entrar quando ele diz:
C: Non vai me convidar pra entrar?
R: Claude...Você me prometeu um tempo! Além do mais a Janete deve estar dormindo já.
C: D`accord – Diz resignado – Mas eu non sou de ferro, oui?
E a segura firmemente e lhe dá um longo beijo, invadindo sua boca, como se estivesse invadindo seu corpo.
C: Boa noite, chèrie! Te vejo em meus sonhos – Diz acariciando o rosto de Rosa e indo em direção ao elevador.
Rosa entra e vai direto pro banho. Enquanto a água passeia pelo seu corpo, ela pensa:
R: “Meu Deus, será que eu to fazendo a coisa certa? Eu to seguindo meu coração, não posso estar errada! É tão diferente daquilo que eu sentia pelo Júlio... será que é amor?”
Ela sai do banho, e quando volta pra seu quarto e vê a bolsa em cima da cama, se lembra da rosa vermelha. Ela a retira da bolsa e fica triste, pois a rosa está murcha:
R: Que pena, com tudo isso, esqueci de vocês – Ela acaricia a flor, abre o papel que envolve e lê:
“É por toda vida
Que arderá em minhas veias
Essa chama farta e cheia
Acendida por você
Seja quando a gente ama
Seja quando a gente briga
E é por toda vida
Meu amor por toda vida
Non sei o que me dominou
Non sei como me livrar
O amor se fez
Agora,
é deixar florescer a rosa que há em você
Tenho sede em beber da tua água”
Claude
Ela lê e relê, até decorar as palavras que Claude lhe escreveu. Então com um olhar de felicidade, de encantamento guarda os dois, a rosa e o bilhete, entre as páginas de um livro. E aquela noite, eles se encontram, no mundo dos sonhos, onde tudo é permitido.
Na manhã seguinte, todos estão a mil por hora na construtora, pois as alterações já foram feitas e revisadas. A proposta formal já está completa, afinal, faltam poucos dias para entrega da proposta aos americanos.
C: Frazon, eu não sei se o que estamos fazendo com Rosa tá certo.
F: Meu amigo, ela não é mais criança. A decisão foi dela. Aliás, eu poderia dizer que ela decidiu por você, hem?
C: E se os americanos desconfiarem desse casamento assim, às pressas?
F: Eles não vão saber de nada... O que importa é o documento final, que é o seu visto de permanência... Não está tudo certo entre você e a Rosa?
C: É, a gente se acertou, conversamos... Mas ela ainda não confia no nosso relacionamento.
F: Você quer dizer que ela não confia em você, certo? Se eu fosse ela, também não confiaria...
Nesse momento entram na sala Janete, Rosa e Gurgel.
G: Rosa, minha flor, esse seu projeto tá impecável. Não é à toa que você sempre ganhava os concursos na faculdade...
R: Nada comparado aos seus trabalhos... Você também arrasa na informática. Claude, Frazão, o Gurgel quer que vocês vejam como ficou a proposta virtual, se querem alterar algo, ou colocar outras imagens... Pode ser agora?
J: Eu já preparei a sala dele, com o projetor.
F: Por mim, demorou.
C: Oui, oui... Vamos apreciar o trabalho do Gurgel.
Na referida sala, todos se impressionam com o resultado das imagens, da dimensão que Gurgel consegui imprimir ao projeto, desde a imagem da planta (civil, elétrica, hidráulica), às várias fases da construção, até chegar à casa pronta hora em que acontece um verdadeiro passeio pelas casas, com imagens internas das casas, projeção das mobílias, etc. Mas o que fazia a diferença, era a preocupação em mostrar o espaço destinado à coleta seletiva do lixo, a área verde que contava com um playground, e a pedido de Rosa, o projeto agora contava com uma casa destinada a ser uma creche comunitária, ou um centro de referência para os próprios moradores do novo bairro.
Claude cumprimenta Gurgel pelo trabalho:
C: Mon Dieu, isso tá acima do que eu esperava, hã? Parabéns! Excelente! Realmente excelente!
F: E que cabecinha pensante essa sua Rosa! A ideia da creche é sensacional!
J: Essa dupla promete! Nunca pensaram em juntar forças, não? Serem sócios? Trabalharem juntos?
Claude fica enciumado rodeia Rosa, a enlaça pela cintura e diz:
C: Que é isso Janete?! A Rosa tem um contrato comigo, hã? Ela non está disponível. Non tá mesmo! - E surpreende a todos, dando um selinho nela.
R: Hum... Olha que eu acredito, hem!
C: Pode acreditar, mon amour! – Diz no ouvido de Rosa que se arrepia toda.
G: Então eu já posso editar o vídeo todo e colocar os créditos. Ah! Eu gostaria de fazer um resumo da história da Construtora pra iniciar o vídeo.
J: A Silvia pode te ajudar com isso. Ela te passa essas informações fácil, fácil...
G: Se é assim, até sábado está tudo ok.
C: D`accord. Temos que entregar a proposta na terça às oito horas em ponto no escritório que os americanos mantêm aqui em São Paulo. Depois é só aguardar a resposta.
R: Claude, eu preciso levar minha coisas pro seu apartamento...
C: Claro, mon amour... Eu vou ligar pra Dadi, ela passa aqui pra te pegar e te ajuda, oui?
R: Oui – responde com um sorriso radiante.
Algum tempo depois, Dadi chega pra pegar Rosa. Elas vão até a casa de Rosa, separam algumas roupas e objetos e vão pra casa de Claude.
Lá chegando Dadi vai levando as coisas pro quarto de Claude.
R: Dadi, não! Põe tudo no quarto de hóspedes, é melhor.
D: Que isso, D. Rosa! Se o juiz resolve verificar, como vai ser?
R: A gente fala que dorme em quartos separados! Afinal eu estou à beira da morte mesmo, não é?
D: Cruz-credo, visse, D. Rosa!?
R: A gente diz que é orientação médica. Eles não vão estranhar...
D: Bem, a senhora que sabe. Mas o Dr. Claudes, tinha dado ordens de pôr no quarto dele.
R: Eu me entendo com ele depois... Hammm... Dadi, você sempre cuidou do Claude não é?
D: Sim. Eu estou com ele desde que tinha uns cinco anos, eu sei quando ele tá bem ou não... E posso garantir que nunca vi ele tão bem, tão feliz! Nem mesmo quando ele namorava com a D. Nar... desculpa, isso não é assunto meu , não é?
R: Que é isso Dadi! Você é como se fosse a mãe dele. Ele te adora! Éhhh... Dadi, o Claude era muito apaixonado por ela? É Nara o nome dela né?
D: Eu penso que ele tava com ela pra não ficar sozinho. Não era amor não... Era só pra “ficar”, entende? Sem contar que ela era chata de galocha! Achei foi bom que ela sumiu. Só que aí, o Dr. Claudes resolver cair na vida. Até conhecer a senhora!
R: Ah é? Sei...
D: É verdade. Antes de conhecer a senhora ele vivia em baladas, barzinhos, mulher daqui, dali... Agora ele só faz do trabalho pra casa; da casa pro trabalho. E só fala a Rosa isso, a Rosa aquilo...
Rosa fica quieta, pensativa. Elas terminam de arrumar as roupas, espalham alguns retratos pela casa, pois eles tiraram várias fotos juntos.
R: Bom, acho que está tudo pronto Agora é só esperar até amanhã. Dadi... essa conversa fica só entre a gente tá?!
D: D. Rosa... conte comigo, a senhora é das minhas... é porreta!
Legal esse capítulo Sônia! Esse casal fofo está indo melhor do que eu esperava, estou ansiosa pra ver os dois na mesma casa! Dadi e Frazão são muito espirituosos, me divirto muito com eles! Parabéns é uma linda história! Bjs.
ResponderExcluir