Capítulo VIII – Rosas
Na manhã seguinte...
Rosa chega atrasada, na tentativa de evitar Claude, mas acabam se encontrando no elevador. Paira um silêncio que incomoda os dois:
C: Rosa, a gente precisa conversar. – Ele é o primeiro a quebrar o silêncio.
R: Agora não Claude. Depois.
A porta se abre e eles entram lado a lado, sem dizer uma só palavra. Janete que está na recepção avisa:
J: Rosa, eu já instalei o Gurgel na sala que era do Dr. Coutinho, já adiantei alguns projetos e maquetes pra ele. Ele disse que não vai ser difícil, que vai conseguir a tempo.
E: Que bom Jane. Depois eu vou lá falar com ele, assim que resolver uns probleminhas do paisagismo.
Então vão direto pra sala de Claude, que estava a seu lado ainda. Cada um vai pra sua mesa. Frazão, que já esta lá, diz:
F: Bom dia, meus amores!
C&R: Só se for pra você! E se olham, como se estivessem se fuzilando.
F: Que isso gente, o dia lá fora ta lindo... Não vão me dizer que vocês brigaram de novo!? Rosa?
R: Pergunta pro seu amiguinho, quem sabe ele te explica...
C: Ohhh Frazon, diz aí pra “Miss Simpatia”, que eu non briguei com ela... Foi só um mal entendido, hã? Eu non tive intençon de ofender...
R: “Frazon” fala pro “Poderoso Chefon”, que de “intençon” o inferno está cheio!
F: Ah não! Vocês querem me enlouquecer... Querem saber? Fui! E sem querer ofender, vocês são brancos, vocês se entendam... - E sai da sala.
Rosa e Claude se enfrentam com o olhar e voltam a sentar. E assim passam a maior parte da manhã, divididos entre olhares desviados, respostas monossilábicas e trabalho. Lá pelo meio dia, Rosa se levanta e diz:
R: Eu vou conversar com o Gurgel e depois almoçar no cortiço. Minha mãe está me esperando. Eu volto pra gente continuar.
C: Rosa, me escuta...
R: Claude, a gente vai conversar sim... Mas não aqui e nem agora. – E sai sem se despedir.
Ele segue Rosa até a porta, mas desiste de segurá-la. Frazão vendo a cena, entra e pergunta o que aconteceu.
C: Non aconteceu nada Frazon... Ou melhor, a Rosa teve um ataque, ficou histérica só porque eu rasguei a alça do vestidinho dela, e me colocou pra fora do apartamento..
F: “Só” por isso, Claude? Você queria o quê? Eu já te falei que a Rosa não é qualquer uma dessas aí, que você tá acostumado a pegar...
C: Eu sei Frazon... mas eu me empolguei e aconteceu, non fiz de propósito, hã?
F: Então francês, vai atrás dela... Corre atrás do prejuízo. Eu também vou almoçar. Você vem?
C: Non, eu vou ficar aqui, mais um pouco, hã?
F: Tá bom, meu querido, mas... cuidado com o Gurgel hem...
C: Você ainda não foi, ohhh anjinho da guarda?
Claude assina alguns documentos. Depois de um tempo, ele pega sua bolsa, passa na recepção, pede o endereço do casarão pra Silvia e vai em busca de Rosa.
Claude chega no cortiço, e quem aparece pra recepciona-lo é Dona Pepa:
P: Nossa, que carrão chique! Quem será que é, hem Antonietinha?
Aproxima-se dele e pergunta:
P: Boa tarde viu... o senhor tá perdido é? Tá procurando alguém?
C: Boa tarde... eu to procurando a Rosa, a senhora pode me ajudar?
P: Rosa, Rosa... Ah! A Serafina... E o que o senhor quer com a nossa Fina, hem?
C: Eu preciso falar com ela, hã? Colibri entra na conversa e diz:
Co: Doutor Claude, eu precisava mesmo falar com o senhor. - E vai puxando ele pra outro lado – Vem comigo que essa é fofoqueira de primeira... Então eu preciso que vocês venham até a casa, porque tem um problema na colocação do encanamento da fonte e da irrigação.
C: D`accord, Colibri. Nós vamos sim, ainda hoje. Mas eu preciso ver a Rosa agora...
Co: É só subir a escada... Eu to indo pra obra, espero vocês lá...
Claude vai subir a escada, quando vê Rosa descendo de braços dados com Antoninho e fica de cara fechada.
R: Claude!!! Que você está fazendo aqui?!?!?!
C: Eu vim falar contigo, mas estou vendo que tá ocupada.
R: Claude, este é o Antoninho, Antoninho este é o Claude!
C: Prazer... hã? – Diz com cara de poucos amigos.
A: O prazer é meu... Você é o dono da casa que a Rosa está restaurando, não é?
C: É sou sim...
Rosa estava de divertindo com o ciúme de Claude. Ela acompanha Antoninho até o portão e eles se despedem com um abraço.
C: Muito bonito, D. Serafina Rosa...
R: O quê? Diz de maneira inocente.
C: Se divertindo às minhas custas, hã?
R: Quem devia estar descontente sou eu... Depois do que aconteceu!
C: Será que a gente pode conversar agora?
R: Agora eu vou pra sua casa, Colibri está com problemas. E cadê o Colibri? Eu ia com ele.
C: Ele foi na frente. Nós vamos juntos. A gente precisa conversar... Principalmente sobre esse Antoninho... E que intimidade foi aquela hã? Abracinho... só faltou beijinho, selinho...
R: Claude, como você é bobo! Ele é meu primo. É advogado. Eu uso uma sala do escritório dele até conseguir montar o meu... A gente almoça toda terça-feira aqui. Almoço em família, sabe como é, né?
C: Non, non sei... Minha família é a Dadi, se é que posso chamar de família...
R: Desculpa, não quis te magoar...
Eles entram no carro e seguem em direção à casa. Toda vez que Claude tenta puxar o assunto, Rosa dá um jeito de desconversar, mudar o foco da conversa.
Eles finalmente chegam à casa. Os dois vão ao encontro de Colibri, que comandava mais três ajudantes.
Rosa dá as coordenadas pra Colibri e Claude só a observa, enquanto pensa como pode viver tanto tempo sem conhecê-la.
Depois de tudo resolvido e acertado, Rosa chama por Claude, para voltarem pra cidade.
R: Pronto... Assim que eles recolocarem os tubos de irrigação, eu já poderei podar as roseiras, e plantar outras flores, nos canteiros que estão sem nada... Podar estas árvores, plantar outras...gramar...
C: Você está muito feliz com essa restauraçon, non é?
R: Eu gosto muito mesmo do que faço, e essa casa tem uma coisa especial, não sei... um encanto, uma magia... Eu fugiria pra um lugar assim...
C: Gostei de ver... Você é muito segura pra dar suas opiniões, tocar essa restauraçon... Estou até pensando em te efetivar no cargo... – Diz de forma carinhosa, querendo “amolecer” Rosa...
R: É mesmo, Dr.Claude? Olha que eu posso aceitar, se a proposta for realmente boa – Responde , entrando na brincadeira.
Já no carro, eles se olham intensamente. Claude quebra o silêncio:
C: Rosa, eu sinto muito pelo que aconteceu. Não quis te magoar ou te ferir... Será que você pode me perdoar mais uma vez? Eu non sei, de repente você ficou com medo de mim. E natural que eu queira ficar com você, han?
R: Ah! Claude... Não foi de você que eu tive medo.... foi de mim – Sussurra. “Dos meus fantasmas, do meu passado” – Eu também quero muito você, mas, por favor, me dá um tempo... – E passa a mão pelo rosto do francês, que a segura e beija.
C: Oui, chérie... Eu vou me controlar, desde que você non me provoque.
R: Eu te provoco?
C: Você nem imagina... Você desperta em mim muitas “emoções” hã?
Rosa fica vermelha e Claude sorri, sedutoramente, tirando do bolso do casaco uma rosa vermelha, que havia “roubado” de uma das roseiras abandonadas, embrulhada com um papel qualquer que achara na casa e entrega à Rosa.
C: Você sabe o que simbolizam as rosas vermelhas?
R: Paixão?
C: Paixão, amor, respeito, adoração... - E enquanto fala se aproxima da boca de Rosa, e a beija com volúpia – Quando chegar em casa, por favor leia o que lhe escrevi...
Rosa faz menção de abrir o bilhete, mas ele a impede.
C: Non, chérie. Agora non. Só em casa…
Rosa dá um sorriso, os dois se abraçam e se beijam novamente.
R: Bom, pra não perder o costume – tira um bombom da bolsa – vamos comemorar! - Ela desembrulha o bombom morde e dá outra metade pra ele, que sorri, lembrando da outra noite...
Eles voltam pra cidade, pois ainda tem que concluir o novo projeto.
De volta à construtora, os dois saem do elevador e dão de cara com Frazão, que andava nervosamente de um lado pra outro.
F: Até que enfim, meus queridos!Pelo jeito já passou a “tempestade” entre vocês. Tá até sorrindo francês... Olha rimei: vocês - francês...
C: Ohhh Frazon... Você non tem mais o que fazer non, do que ficar ai fazendo joguinho de rima, hã?
F: Tenho... e como tenho! E vai te preparando, meu amigo, que atrás daquela porta, te esperam más notícias...
Rosa vai até a sala de Gurgel, ver o que ele já fizera.
Na sala de Claude, Freitas o esperava. Assim que eles entram:
C: Boa tarde, Freitas!
Fre: Claude, boa tarde! Mas minhas notícias não são boas. Mesmo com os contatos que conseguimos no Departamento de Estrangeiros da Secretaria Nacional de Justiça, do Ministério da Justiça, o pedido de permanência não foi aprovado, foi indeferido. Obra do Coutinho. Não há mais tempo hábil para solicitar a reconsideração do pleito junto à Polícia Federal e conseguir o visto de permanência, não pelos meios politicamente legais...
Claude desaba na cadeira.
C: Mon Dieu... Eu non acredito nisso... O projeto todo alterado, pronto pra ser enviado! Só faltava esse maldito visto, e sem ele os americanos não vão nem olhar a proposta. A Camargo American vai ganhar a licitaçon e eu vou ter que voltar pra França.
F: Calma, francês, escuta o que o Freitas tem pra dizer...
Fre: Tem uma maneira de você permanecer aqui no Brasil, e conseguir o visto de permanência.
C: E qual é essa maneira?
Fre: Casando-se com uma brasileira.
C: Casar?! Ah era só o que me faltava acontecer... Non tem um jeitinho brasileiro non?
F: Já tentamos Claude, mas o Coutinho também deu o jeitinho dele, entende? E antes de nós...
Fre: É a única solução, pro seu caso. É um casamento “in extremis”, pra pular a fase dos proclamas, etc. Isso pode ser feito quando um dos cônjuges está à beira da morte... Eu pensei, já que você e a Rosa estão se relacionando..
C: Non, Freitas, non posso envolver a Rosa ainda mais nisso! Eu non tenho direito de pedir isso pra ela.
Nesse momento Rosa entra na sala e escuta a ultima fala de Claude:
R: No que você não pode me envolver, Claude? –
C: Nada non Ro... – mas é interrompido por Frazão:
F: O Claude precisa casar pra poder ficar no Brasil... Senão adeus contrato, adeus americanos, adeus construtora. É um casamento de emergência, e ele não quer envolver você nisso...
R: Não quer me envolver nisso? Mas eu já estou envolvida até o pescoço, você não acha, Claude?
C: Chérie... Rosa... Eu non tenho direito de te pedir isso... Nem sabemos se vamos fechar o contrato, ou melhor, se os americanos vão fechar conosco...
R: Ah não... Eu não vou deixar você desistir assim de tudo! Dos seus sonhos de ajudar tanta gente... Explica direito isso Freitas.
Freitas torna a explicar, com detalhes, sobre o casamento nesses termos e conclui:
Fre: ... então se vocês toparem, a gente alega que vocês já tem uma união estável, e querem formalizar a união, diante das condições de saúde, de um dos dois, qualquer juiz homologa isso. E pra comprovar a gente pode arranjar um atestado médico, e testemunhas que confirmem que vocês já estão juntos...
R: Bom, testemunhas a gente já tem: Frazão, Janete e até a Dadi, se precisar. Eu topo. Claude?
C: E se a gente non fechar os contratos?
R: Nós vamos ser escolhidos, temos que ter pensamentos positivos, mentalizar pra valer! E se não for, coisa que não vai acontecer, a gente desfaz, anula o casamento... não pode ser Freitas?
Fre: Pode. Dá um certo trabalho, mas pode sim...
C: Rosa, você tem certeza? E seus pais, o que você vai dizer pra eles?
R: A verdade, Claude... sempre a verdade, como eles me ensinaram. E eu sou bem grandinha, posso tomar minhas próprias decisões. Eles vão ter que aceitar.
F: Mon ami, é a melhor solução, ou seja, a única solução no momento.
R: Claude?
C: D`accord, d`accord... Vamos ver o que vai dar isso!
Fre: Rosa, é bom você levar algumas coisas suas como roupas, sapatos, perfumes, fotos, pra casa do Claude... Tem que parecer que você mora lá mesmo... E seria bom vocês fazerem umas fotos juntos, só pra prevenir...
R: Tá... Eu levo no fim de semana.
Fre: Sem chances. Vocês se casam quinta-feira, depois de amanhã.
C&R: O quê?
Fre: Precisamente às doze horas. Eu já adiantei todo o processo. Mãos à obra pessoal.
Claude, Rosa, Janete, Frazão e Freitas vão até a casa de Claude, pra combinar, juntamente com Dadi, os detalhes do casamento.
Sonia que capítulo heim...
ResponderExcluircheio de emoçoes!!!
assim que eu gosto :)
aguardando ansiosamente o próximo capítulo *-*
Sônia, agora é que vai ficar demais, com esses dois sob o mesmo teto! Estou indócil pra ver esse casamento. Ri muito com o bate-boca deles e das tiradas do Frazão, uma cena muito engraçada! Claude é romântico e ciumento, gosto de ver! Muito bom! Bjs.
ResponderExcluirEstou amando a fic :D
ResponderExcluirSônia parabéns estou lendo e relembrando as trapalhadas do casal mais amado do Biscoito Café e Novela ...
Fico no aguardo e ansiosa pra continuar lendo sua fic bjs...