Capítulo VI - Namorados
Então a campainha toca. E o momento se perde, contra suas vontades.
R: Eu tenho que atender – diz saindo do domínio dele e ajeitando sua roupa.
E atende a porta, dizendo:
R: Pai! Mãe!
A: Filha, que foi, parece que você está vendo um fantasma! Não é Giovanni?
G: É, filha mia! Você não tá passando bem? – pergunta, entrando no apartamento – mas o que é isto, Serafina? Quem é esse homem?
R: Calma, pai... Esse é o Claude... ele é meu ... - ela ia dizer patrão, mas ele fala rapidamente:
C: Bom dia! Eu sou namorado de Rosa.
R: Claude!
C: Eles iam saber mesmo, hã?
A: Eu falei pra você, Giovanni, que era melhor telefonar antes, homem!
G: Como assim, Serafina? Você não disse nada pra nós que estava namorando!
A: Calma, amore mio, calma... nossa filha não é mais uma menina... ela sabe o que faz...
G: Não sabe não... se soubesse não tinha saído de casa hum? – Olha para Claude e continua – Io quero ter una conversa com o senhore.
A: Filha, vamos pra cozinha preparar um café...
Rosa então fala baixinho:
R: Viu o que você arrumou? Agora sai dessa...
G: Então, dotore... quais são suas intenções com minha Serafina?
C: As melhores, Seu Giovanni, as melhores... Eu quero... – mas é interrompido:
G: Eu não conheço o senhore, mas conheço minha filha Serafina. Ela não merece sofrer de novo por amore, hum? Depois que aquele farabuto do Júlio Castelli abandonou ela quase na porta da igreja, ela nunca mais foi a mesma. Só pensou em estudar e trabalhar... Eu sou pai doutore... só quero ver minha filha felice...
C: Eu entendo. O senhor não tem porque se preocupar. Eu quero a felicidade de Rosa também, hã? Mas o senhor falou Julio Castelli?
G: É, esse mesmo... O senhore conhece ele?
C: Non... non... é melhor nem conhecer. - Diz Claude, um tanto desconcertado.
Enquanto isso na cozinha...
A: Filha, porque você não me contou que estava namorando? Eu tinha preparado o teu pai...
R: Mãe, eu não sabia que estava namorando...
A: Como não sabia, Serafina?
R: Ah mãe, a gente só se beijou algumas vezes... nada sério... ele nunca falou em namoro... eu até engasguei quando ele falou isso... além do mais ele é meu chefe, é dele a casa que o Colibri está me ajudando a restaurar...
A: Filha... não joga fora uma chance de ser feliz, de amar e ser amada!
R: Eu não sei mãe... eu tenho tanto medo... a senhora sabe...
A: Serafina, a vida passa rápido, não se deixe levar pela desilusão... ela também passa... e se você não viver, ela te leva junto...
Claude e seu Giovanni entram na cozinha, falando de futebol, como se fossem velhos conhecidos, deixando Rosa e D. Amália de boca aberta...
Eles passam a conversar todos juntos. Claude e Rosa só trocam olhares, o que não passa despercebido por D. Amália.
Duas horas depois, eles se despedem. Rosa promete levar Claude para conhecer o cortiço um outro dia.
Eles vão para a construtora, mas não se falam pelo caminho.
Já no estacionamento da construtora, no subsolo do prédio:
R: Por que você fez isso, Claude? Falar que é meu namorado pros meus pais?
C: Porque é isso que eu quero ser, Rosa, seu namorado. Enton você seria minha namorada...
R: Você não pensou que eu podia não querer?
C: Podia? Enton você quer também... - E dá aquele sorriso escancaradamente sedutor; se inclina e a beija, com avidez...
R: Claude... eu... nós....não... podemos... aqui... Mas ele continua distribuindo beijos, desde a boca até o pescoço, e quando ele puxa Rosa mais para si, acaba tocando na buzina do carro, atraindo a atenção de outras pessoas.
Eles ficam desconcertados, mas riem da situação, tentam se recompor e saem do carro rumo ao elevador.
Assim que o elevador se fecha, Claude segura a mão de Rosa e pergunta:
C: Isso que você fez, foi um sim, non é chèrie?
R: Eu fiz? Você praticamente me atacou lá embaixo, nem me deu tempo de pensar... diz de forma inocente...
C: Chérie, chérie... non me provoque hã? Aqui non tem buzina... E você tem trinta segundos pra me dar uma resposta – Diz olhando pro relógio e para o painel do elevador
Como ela não responde, ele começa:
C: Cinco ... quatro... três... dois... um... Rosa sorri e diz:
R: Foi um sim. - E dá um selinho no francês.
O elevador chega ao seu destino, e eles entram de mãos dadas, provocando olhares de todos, até entrarem na sala de Claude.
Frazão e Janete já estão trabalhando no projeto, a todo vapor. Ao verem os dois de mãos dadas, se olham e dão um sorrisinho de cumplicidade...
F: Olha só Janete, o mais recente casal da cidade. Até que enfim se assumiram, hem?
C: A gente está só se conhecendo non é chérie?
E: Claro, o Claude, por exemplo, já conheceu meu pai e minha mãe... não é meu amor?
F: Nossa, a coisa tá mais séria do que eu pensava....rsrsrsrsrsr
C: Chega de gracinhas, hã? Vamos continuar com as mudanças no projeto.
Depois de um tempo, estudando as mudanças, Rosa diz:
R: Claude, Frazão Janete... que vocês acham da gente formular não só uma proposta escrita, assim formal, mas montar uma apresentação, um passeio virtual pelas casas, a gente pode usar uns programas do AutoCAD, ele tem ferramentas atualizadas para projeto conceitual, documentação de modelos e captura da realidade, até em 3D.
F: Rosa, Rosa, Rosinha.,. eu sabia que você era “demais”...que ideia genial!..
C: É, é uma ótima ideia, mas você sabe fazer isso? Acha que dá tempo ainda?
R: Eu não sei, ainda prefiro o desenho tradicional, mas conheço quem sabe... E tenho certeza que ele dá conta do recado.
C: “Ele?”
R: É, “ele”. Um colega da faculdade. Ele fez pós em design de interior, e adora passar tudo pro virtual...
C: Mon Dieu... primeiro Colobri, e agora esse coleguinha de faculdade... Non to gostando non... Tô ficando preocupado hã?
Rosa sorri, percebe uma pontinha de ciúmes do francês e fala:
R: Ah! Nesse caso, quem tem que se preocupar somos eu e a Janete! O Gurgel prefere meninos!
J: O Gurgel! Que ótima lembrança, amiga!
F: Bem, Rosa, eu me garanto... sou espada...
R: Claude?
C: Eu também sou espada... que isso?!
R: Não, Claude - e sorri - quero saber se você concorda com a ideia...Você mesmo disse que se precisasse, contrataria mais alguém.
F: Hum... to sentindo cheiro de pão francês queimando. – diz baixinho pra Claude.
C: D`accord! Isso pode ser um diferencial. Chama lá o seu amiguinho... e Frazon, eu preciso que você me faça um favor, oui?
F: Diz lá meu querido...
C: Vai contar quantos grons de areia tem no deserto do Saara, hã?
Rosa telefona pra Gurgel e explica a situação. Ele se entusiasma e aceita o trabalho, e começará na manhã seguinte.
Assim, eles passam a tarde. Lá pelas dezoito horas, Frazão diz:
F: Claude, porque não vamos os quatro, jantar num bom restaurante?
C: Boa ideia, Frazon... vocês aceitam meninas?
J: Eu aceito... diversão é comigo mesmo... você também vai né Rosa?
R: Vou sim... vai ser bom um pouco de distração...
F: Então melhor vocês irem pra casa, porque até ficarem prontas...
Elas nem respondem. Apenas fazem careta pra eles, arrumam os papéis dão tchauzinho e saem da sala. Frazão também se levanta pra ir, mas Claude o segura.
Sônia, muito engraçado esse capítulo. A chegada de Giovanni e Amália, cortou o clima do casal rsrsrs. Mas sogro e genro já estão até falando de futebol, gostei de ver! E Claude é ciumento, deve causar problemas pra Rosa. Muito bom! Bjs.
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