terça-feira, 23 de abril de 2013

FIC - BORBOLETAS NO CORAÇÃO - CAPÍTULO 21 - PARTE 2 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

XXI

Parte II

Então, escutam algumas tossidas e olham na direção do som.
- Júlio? - Fala Rosa surpresa demais.
- Nara? - Rosa escuta Claude falar logo depois de si.
- O que você veio fazer aqui? – Falam os dois ao mesmo tempo.
Então, Elisabeth entra na sala:
- Com licença... Oh, my God! Claude e Rosa, vocês estão encharcados! Non podem ficar assim, darling, ou vão pegar um resfriado. Subam e tomem um banho, ok? E vocês dois – Diz, pegando suavemente  nos braços de Nara e Júlio – Podem voltar comigo para o café que Dadi fez, enquanto nossos pombinhos se  aprumam...
Claude e Rosa se olham e caminham para a escada, subindo-a:
- Essa era sua noiva? – Pergunta Rosa, o ciúme invadindo seu coração.
- Non cheguei a ficar oficialmente noivo como você.  O que ele faz aqui?
Rosa para no degrau em que está e olha para Claude, um degrau abaixo dela:
- Não faço a mínima ideia... Não está pensando que eu o convidei, está? – Pergunta ante a expressão desconfiada de Claude.
- Non. Por acaso, pensa que eu convidei Nara? – Fala, subindo os degraus, passando à frente dela.
- Quer parar de responder minhas perguntas com outra pergunta?
- Eu non estou fazendo isso, estou?
- Não só está a... aaa... atchin!... como fez de novo! Atchin! Atchin!
- Olha aí! Você já está toda resfriadinha... Melhor tirar logo esse vestido, hã? Vem... – Diz, estendendo a mão.
Rosa sobe rapidamente os degraus da escada para alcançá-lo e quando para, fecha os olhos, sentindo tudo girar ao seu redor e se agarra a Claude, abraçando-o.
- Voilá! Que ímpeto, gat... – Mas para ao perceber que não era uma brincadeira, assim que a escuta.
- Claude, me segura... – Pede com voz tensa.
- Rosa, o que foi? – Seu tom muda de zombaria para preocupação.
- Eu não sei... Uma vertigem.  Acho que vai ser mais que um resfriado...
Claude a carrega para o quarto e direto para o banheiro. Depois de tomarem um banho, decidem de comum acordo que cada um deveria conversar com a sua “visita”.
Assim, Claude vai para o escritório com Nara e Rosa para a sala de TV.
No escritório.
- Claro que vim ver você, mon amour! – Fala Nara, aproximando-se e colocando os braços ao redor do pescoço dele. - Não combinamos isso? Que eu viria ao Brasil?
- Você só pode estar brincando, hã? Eu non combinei nada contigo. – Diz, tirando as mãos dela e afastando-se. – O que aconteceu, Nara? Seu amante já a trocou por outra?
- Isso não é da sua conta! A não ser, é claro, que esteja interessado em ter uma... – Insinua-se claramente.
- Non seja ridícula! 
- Ridícula é essa sua esposinha! Sem brilho e sem classe!
- Você acredita que foi justamente por isso que me apaixonei por ela? – Diz Claude, calmamente, ignorando o veneno de Nara - Nosso primeiro encontro foi ridículo, sem classe e sem brilho... Eu quase a atropelei,despencamos de um barranco e literalmente ficamos atrelados um ao outro...
- Mon Dieu! Eu jamais estragaria meu look, ficando lambida como um pintinho molhado!
- Tem razon... Você non ficaria bem toda molhada... – Fala, olhando para o rosto de Nara excessivamente maquiado - Borraria demais seu rosto, hã? Já com ela...  Eu adoro quando Rosa fica assim toda molhadinha...
- Bem... – Diz, mudando de atitude, o que era um hábito para ela – Se te agrada, eu posso tentar!
- Tentar o quê, Nara? – Pergunta, distraído com as lembranças.
- Ficar molhada pra você! Adoro banhos de hidromassagem... – Diz, espalmando as mãos e passando-as pelo peito de Claude. – Principalmente, naquelas banheiras francesas...
- Non se rebaixe assim, Nara, e tire suas mãos de mim, s'il vous plaît, hã? – Diz friamente - Se gosta tanto do papel de amante e das banheiras francesas volte pra lá. Eu amo Rosa. Ela é a mulher de minha vida. E mesmo que ela non existisse, você non me serviria nem como amante, d`accord? [por favor]
- Você não pode me humilhar dessa maneira, Claude! Seu... francês estúpido! - Fala com raiva, levantando a mão para acertá-lo.
- Guarde seus ataques histéricos – Diz, segurando a mão de Nara no ar, com força – Coloque-os em sua mala, volte para a França e esqueça que eu existo!  E já que está aqui... Os pais de Rosa non gostam de atrasos nas refeições. – Então a solta bruscamente, saindo do escritório e batendo a porta com força.
Ao mesmo tempo, na sala de TV.
- Rosa, como pôde me esquecer assim tão rápido?
- Não foi tão rápido, Júlio. Eu levei quatro anos pra te esquecer! – Diz, ironicamente.
- Nós ficamos juntos por quatro anos! Como pôde se casar em poucos meses com um estranho?
- O Claude não é um estranho. É irmão da Janete.
- Você já o conhecia, então? É isso? Veio para cá pra encontrar-se com ele!
- O que está insinuando, Júlio? Que eu tinha um caso com o Claude, enquanto estava com você, é isso?
- Eu não disse nada, você está dizendo...
- Olha, eu não sei o que veio fazer aqui! Aliás, como conseguiu me encontrar?
- Seu pai...  Eu implorei a ele o seu paradeiro, assim que cheguei daquele congresso, porque queria que você reconsiderasse o meu pedido de casamento.
- Eu sinto muito Júlio. Perdeu seu tempo, eu deixei bem claro que não havia chances de voltarmos. Não nos amamos!
- Você não me ama! Mas poderia aprender a me amar.
- Não, Júlio. O amor não se aprende. A gente simplesmente ama. Quantas vezes, você prestou atenção nas minhas ideias, nos meus sonhos, nos meus desejos, no que eu falava? Era sempre “eu” e nunca “nós”! Isso não é amor.
- Se não tivesse se casado ainda, se eu tivesse chegado ontem, você voltaria comigo?
- Não! Mesmo que não estivesse casada, eu não voltaria com você, nem para você. Eu amo o Claude. Ele é o homem da minha vida.  E quer saber? – Diz, olhando para o relógio no pulso – Já está na hora do jantar. Os pais do Claude não gostam de atrasos!
Rosa caminha até a porta e Júlio a segue. Quando coloca a mão na maçaneta, Júlio a detém, cobrindo-o com a sua.
- Espera...  Eu... Eu me contentaria em ter um outro papel na sua vida... – Fala e desliza seus dedos pelo braço de Rosa. – Eu não me importaria... Poderíamos passar uns dias na França, que tal? Já temos as passagens mesmo...
- Eu acho que não entendi direito... Você está me propondo ser... ser meu...
- Seu amante... Eu viajo sempre, poderíamos nos encontrar durante os congressos que eu organizo e... - Plaft!
Foi o som que ecoou na sala, quando a mão de Rosa bateu contra o rosto de Júlio com toda força que foi capaz.
- Essa é a sua ideia de amor?  Eu fico feliz em não concordar com você!  E mais feliz ainda em não ter casado com você! – Diz, saindo e batendo a porta com força.
Rosa escuta a porta do escritório bater e segue andando na direção da sala de jantar, enquanto diz:
- Era só o que faltava... Ser meu amante!
Claude escuta a porta da sala de TV bater e segue andando na direção da sala de jantar, enquanto diz:
- Era só o que faltava... Ser minha amante!
Então param a meio metro um do outro.
- O que foi que você disse?– Perguntam ao mesmo tempo. - Eu perguntei primeiro! – Continuam falando juntos. - Está bem, eu... – Calam-se sorrindo, pois continuavam a falar juntos.
- Isso non vai dar certo... Melhor tentarmos outra coisa! – Diz Claude, puxando-a para si e beijando-a avidamente.
- Humhum... Eu sinto interromper essa cena tão linda, mas o jantar está servido, meus queridos! - Fala Frazão com um sorriso divertido nos lábios.  - Onde estão nossos... hóspedes? Dadi não gosta de atrasos...
Claude e Rosa indicam as portas com as mãos e continuam o beijo.
Frazão revira os olhos e gira na direção indicada, mas as portas se abrem ao mesmo tempo e Nara e Júlio saem.
 - Nara e Júlio! Queiram me acompanhar, por favor! – Fala, fazendo um gesto com a mão, indicando o caminho para a sala de jantar e indo logo atrás deles. – Meus queridos... Não demorem!
O olhar de Nara ao passar por ele era de ódio e despeito. Já o de Júlio parecia mais com derrota e decepção.
 Em minutos, todos estão à mesa.
Dadi fizera um jantar tipicamente matogrossensse: arroz boliviano, farofa de banana, caldo de piranha, frango caipira com pequi e peixe assado... puchero e sobá – uma  comida japonesa feita com um tipo de macarrão mais fino, incorporada à região.
Rosa não deixa de notar os olhares e gestos de Nara, tentando chamar a atenção de Claude.
- Claude, eu não sei por que prato começar... É tudo tão diferente do que estou acostumada.
Rosa interfere rapidamente:
- Querida, não se preocupe. Tudo que a Dadi faz é delicioso. Comece pelo caldo de piranha. – Diz, indicando a porção individual que estava à frente do prato.
Mal dá a primeira colherada, Nara engasga e tosse, muito vermelha.
- Oh, me desculpe! Esqueci de avisar que esse prato é muito apimentado...
- Oh, Nara querida, beba um pouco de água! – Fala Tia Elisabeth, piscando para Rosa. – Você não acostumada a esses pratos brasileiros tão apimentados...  Coma um pedaço de pão, ajuda a passar o ardor...
Nara dá um sorriso amarelo e lança um olhar ainda mais irado para Rosa. Mas não poderia fazer nada.
Tanto os pais de Claude quanto os pais de Rosa fizeram de tudo para contornar a situação.
Finalmente, Dadi trouxe a sobremesa: mousse de bocaiuva - ou macaúba, uma palmeira cujos frutos são encontrados maduros de setembro a dezembro, conhecida como chiclete cuiabano pela característica peculiar de não ser facilmente degustada e pela textura grudenta como chiclete.
Rosa acha delicioso e pega um segunda porção. Mas na terceira colherada, sente seu estômago revirar, fica pálida, com uma enorme ânsia.
- Filha, o que você tem? Ficou pálida de repente! – Pergunta Amália.
- Rosa... Non tá bem de novo? O que você tem?
- Eu preciso ir ao banheiro... Desculpem... – Diz, levantando-se com a mão sobre a boca.
- Isso é natural no estado dela... Non é, Amália? Tá esperando o que dotore? Vai logo atrás de minha Serafina!
Claude levanta para ir atrás de Rosa, mas ainda escuta as perguntas.
- Estado dela?  Como assim? – Pergunta Nara
- O que a Rosa tem s. Giovani? – Pergunta Júlio – Ela está doente?
- No! Rosa está com mais saúde do que nunca, Júlio! Rosa vai ter um bambino, capisce?
Claude sobe rapidamente até o quarto. Entra e vê Rosa saindo do banheiro, aproxima-se dela e diz:
- Gatinha, seu pai está convencido de sua gravidez, non precisava toda essa encenaçon, hã?
- Claude, olha bem pra mim... – Diz Rosa, levantando o rosto pálido para ele. – Espera... vou vomitar outra vez! – E corre ao banheiro.
Quando volta ao quarto, vai direto para a cama.
- Mon Dieu...  Você realmente passou mal...  Enton... Rosa será que você está mesmo grá...
Algumas batidas na porta que é aberta em uma pequena fresta, interrompem a conversa.
- Com licença, honey! – Seu mal estar causou uma pequena confusão, darling! Agora todos sabem que você está grávida... Seu ex-noivo resolveu ir embora hoje mesmo. Infelizmente, não posso falar o mesmo de Nara... Oh, Lord!  Rosa, melhor você ficar deitada, sua aparência está péssima!
- É, eu sei, tia Elisabeth. Acabei de me olhar no espelho...
- Olhe, peguem o notebook e deem uma olhada no seu álbum virtual de casamento. – Diz, entregando um pendrive à Rosa. – Se estiver do seu agrado, honey, farei a gravação num DVD com o making-off da cerimônia... Tem cenas muito interessantes!
- Obrigado, tia Elisabeth. Vamos ver agora mesmo, non é, chérie?
- Sim... Aproveita, enquanto eu não tenho que ir ao banheiro de novo...
Elisabeth sai, deixando-os sozinhos. Claude liga o note e conecta o pendrive e deita ao lado de Rosa.
- Vamos ver... Nossas primeiras memórias, gatinha... – diz, passando o braço por trás de Rosa, aconchegando-a junto de si.



Depois que terminam de ver, Claude coloca o note ao lado da cama, no chão.
- Ficou lindo! Tia Elisabeth é uma grande artista!
- D’accord... Gatinha... Eu realmente gostaria que você estivesse grávida,... De uma outra gatinha... Non, de uma borboletinha!
- Isso que eu tive não prova nada... Pode ser só um mal estar...
- Enton, nesse caso, melhor continuar tentando, non acha?
E prende Rosa sob seu corpo, cobrindo-a de beijos e carícias até alcançarem o êxtase total...

Continua...

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