segunda-feira, 15 de abril de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 6 - AUTORIA: JULIANA SOUSA

CAPÍTULO 6 – MILAGRE

Emanuela tentava a todo custo se desvencilhar daquele garoto, mas era impossível. A força com que ele a segurava era quase inumana. De repente, ao invés de só tapar a sua boca, a outra mão do garoto veio ao seu pescoço. Ele estava tentando a sufocar.
Emanuela pensava que não escaparia dali. O ódio que havia no rosto daquele rapaz era quase palpável. Ela começou a torcer para que alguém a pudesse ajudar.
De repente, em meio aquela penumbra, alguém avançou contra ele, fazendo com que ela caísse no chão tossindo.
Ela não conseguia ver muito bem o que estava acontecendo, mas pode perceber que duas pessoas brigavam. Um era o rapaz que até a um momento atrás estava a sufocando, e o outro parecia ser alguém conhecido.
— Fabrício? – sussurrou percebendo de quem se tratava.
— O que está fazendo aqui, Fabrício? – perguntou o rapaz dando um soco em Fabrício, fazendo-o cair no chão. – Eu não disse para não se meter nos meus assuntos?
Fabrício levantou-se um pouco tonto pelo soco que havia levado.
— Você é maluco?! Não acha que está indo longe demais? O que pretendia? Matar a garota?
— E seu a matasse? Qual o problema? Você não viu a forma como essa vadia nos tratou?
Fabrício se aproximou dele e lhe deu um soco.
— Seu idiota!!! Como pode falar tão despreocupado sobre matar pessoas?
O rapaz deu uma gargalhada. Emanuela pode ver a expressão dele. Parecia insano.
— Fabrício, acho que entendi mal você... Pensei que queria ser um dos nossos. Você tem certeza que vai continuar agindo desse jeito?
Fabrício ficou calado.
— Ok. – disse ele rindo – Depois não diga que não avisei. Você com certeza vai se arrepender disso.
O rapaz se afastou rindo.
Fabrício se aproximou de Emanuela que ainda estava sentada e de vez em quando ainda tossia.
— Você está bem? – disse se abaixando e estendendo a sua mão.
Emanuela riu-se.
— Você acha que é o herói aqui? Desculpa, não preciso da sua ajuda. – disse tentando levantar-se sozinha apoiada no muro.
Ao tentar se levantar, Emanuela pareceu cair fazendo com que Fabrício a segurasse de repente. Ela o afastou.
— Já disse que não preciso da sua ajuda. – disse ela já de pé.
Emanuela deu alguns passos e pegou a sua bolsa que estava no chão. Fabrício a segurou pelo braço.
— Acho melhor ir a um hospital ver se está tudo bem.
Emanuela se soltou dele.
— Já disse que está tudo bem. – e olhando para ele – Não preciso que se preocupe comigo. Eu vou ficar bem.
Emanuela saiu enquanto Fabrício a observava de longe pensativo.

Otávio Jr. andava de um lado para o outro no quarto, enquanto conversava com a esposa. Já passavam das 22 horas.
— E aí, o que achou? Minha atuação foi convincente?
Camila, sua esposa sorriu.
— Mais convincente impossível.
— Você viu quando eu saí naquela hora? O timing foi perfeito!
Camila olhou para o marido, curiosa.
— E então, o que vai fazer agora?
— O que vou fazer? Esperar. – riu-se – Mas, se tem uma coisa que aquele velho sabe fazer é surpreender a gente. Nunca pensei que ele fosse decidir tão rápido trazer as duas garotas para morar aqui. Sem ao menos confirmar que são realmente netas dele.
Camila pensou um pouco.
— Bem, mas isso seria até melhor, não acha? Quanto a confirmar ou não, acho que seu pai está seguindo sua intuição.
Otávio sentou-se em uma poltrona do quarto.
— Pode ser... Aquele velho está ficando gagá. Mas, é como você diz, fica bem melhor para os nossos planos. Assim que conseguirmos o dinheiro, podemos seguir com o que planejamos.
Camila olhou fixamente para o marido.
— Ainda acho que teria meios mais fáceis de conseguir esse dinheiro... Como por exemplo, herança.
Otávio Jr. olhou para Camila curioso.
— Você está falando em planejar a morte do meu próprio pai?
— Não seria muito difícil, não é? Afinal, ele nem sequer é seu pai biológico e você nem tem muito apego a ele...
Otávio Jr. riu.
— É... Não seria difícil. Mas, quero alcançar meu objetivo da maneira mais limpa que puder. De qualquer forma, o velho vai se aposentar logo. O que me preocupa mesmo é aquela outra pessoa subir à Presidência do Grupo Demontieux. É quase certo que isso vai acontece em breve e tenho que está preparado para isso.
Camila se aproximou do marido, sentando-se no colo dele.
— Então, quer dizer que você nunca tentou matar ninguém?
Otávio Jr, sorriu.
— Por que pergunta isso de repente?
— Não sei, curiosidade. Afinal, eu só lhe conheço há cinco anos...
— Quanto a isso, não se preocupe. Tenho minha consciência tranquila. Mas, se eu dissesse que sim, você teria medo?
Camila sorriu.
— Claro que não. A palavra medo não existe no meu dicionário.
— Sabe, querida esposa. Quanto mais penso sobre isso, mas tenho certeza que escolhi a mulher certa para me casar.
Camila sorriu de forma enigmática.
— Também tenho certeza disso.

Emanuela chegou em casa. Já era muito tarde. Tentou entrar sem fazer barulho, mas logo Mariana veio recebê-la um pouco sonolenta.
— Manu... Chegando uma hora dessas? Você fez hora extra? – de repente percebendo a marca vermelha no pescoço da irmã. – O-o que foi isso?
Mariana se aproximou da irmã tentando ver, embora Manu tentasse esconder com as mãos.
— O que foi isso, Manu?!
Manu sorriu;
— Não foi nada.
— NADA?! Tem uma marca vermelha ao redor do seu pescoço, você realmente acha que eu vou acreditar nisso?
— Não precisa se preocupar.
Mariana parecia nervosa.
— Como não vou me preocupar? Manu, por favor, me conte o que aconteceu.
Emanuela suspirou.
— Eu já disse, não foi nada. Foi uma queda. Eu estava muito preocupada, com a cabeça nas nuvens... Então, caí e me feri.
— Uma queda onde você apenas machuca o pescoço? Que queda foi essa? Me explique, porque  acho que não estou entendendo.
Emanuela sorriu olhando para a irmã.
— É sério. Não estou mentindo. Amanhã eu te explico como eu caí... Você vai morrer de rir quando eu contar, sério. – e se dirigindo ao quarto – Agora vou tomar um banho porque estou muito cansada.
Mariana olhou em direção ao quarto.
— Mentirosa. Até quando vai ficar me escondendo as coisas?

O Dr. Fabiano teve um chamado urgente. Era 2:00 horas da madrugada. Como era cirurgião era de se esperar que isso acontecesse a qualquer hora. Assim que chegou na sala de cirurgia, encontrou o Dr. Rafael, seu amigo e colega de longa data.
— O que faz aqui? Quem é a paciente?
— Aquela que você já operou.
— O quê?! Do que está falando?! Ela já não estava em processo de recuperação?
— Infelizmente, foi detectado um novo coágulo no cérebro dela. Se não operarmos imediatamente...
— Deixe-me ver as tomografias.
Rafael levou Fabiano à sala onde poderiam ver as últimas tomografias.
— Tem razão, precisamos operar imediatamente. – disse – Mas, acredito que a chance de sobrevivência é mínima. Mesmo que sobreviva, o que seria um milagre, eu não posso prever as sequelas.
Rafael olhou para Fabiano.
— Tem horas que até um médico tem que apelar para o sobrenatural.
— Ok, então. Seja o que Deus quiser. – disse Dr. Fabiano saindo – Preparem a paciente para a operação imediatamente.

Logo pela manhã, a campainha tocou cedo na mansão dos Alcântara. Viviane que estava no quarto foi avisada pela empregada que uma amiga veio visitá-la. Quando Vivi chegou na sala pode perceber que se tratava da sua melhor amiga, Verônica.
— Oi, Verônica! – disse com um abraço, e percebendo que a amiga parecia ansiosa, perguntou – O que aconteceu?
Verônica realmente estava preocupada.
— Desculpa aparecer de repente, amiga. Mas eu preciso conversar com alguém. Lá em casa o clima não está muito legal.
— O seu irmão conseguiu se meter em confusão de novo?
Verônica suspirou desanimada.
— Você já sabe, não é, Vivi? Ontem ele brigou com o nosso pai. Foi horrível. Apesar de até entender a revolta que meu irmão tem, mas ele já está começando a passar dos limites.
Viviane ficou curiosa.
— O que ele fez dessa vez?
— Ontem, além de chegar tarde, você não tem ideia do estado em que ele se encontrava. Parecia que tinha se metido em uma briga de gangues ou sei lá... Só sei que eu tentei fazer com que o papai não descobrisse, mas não deu certo. Eles começaram a brigar dizendo coisas horríveis um para o outro, até que meu pai se descontrolou e bateu no meu irmão, que se trancou no quarto e não saiu até agora. Hoje, o papai nem quis tomar o café da manhã e já saiu para o trabalho... – e olhando desanimada para Vivi – Vivi, não estou aguentando mais. Às vezes sinto até vontade de ir morar sozinha para não ter que presenciar essas cenas.
Viviane abraçou a amiga.
— Calma, minha amiga... Você precisa se acalmar. – disse olhando para o rosto da garota.
— Sabe, Vivi, depois que a mamãe faleceu, tanto o papai quando o Fabrício mudaram muito. O papai mergulhou mais ainda no trabalho e nada o faz querer sair daquele mundo, já Fabrício... Bem, esse não precisa dizer.
— As pessoas reagem de forma diferente… De qualquer forma, deve ser horrível mesmo. Briga de pai e filho não deve ser algo bom de presenciar.
Verônica que estava em pé, sentou-se.
— E o pior não é isso… – continuou – O Fabrício agora tem uns amigos novos que influenciam ele… Eu ouvi de algumas pessoas que um dos novos amigos do Fabrício é realmente perigoso. Já foi pego cometendo furtos e é acusado de tentativa de homicídio...
— Nossa, mas isso é sério! – Vivi comentou um pouco assustada.
— E eu não sei? O pior que eu não posso fazer nada. Conselhos ele não aceita. E o nosso pai, bem, veja a forma como ele tenta ajudar.
Viviane tomou uma decisão.
— Eu vou tentar falar com ele. Ele pode ter uma personalidade forte, mas isso já é demais! O Fabrício que eu conheço não é capaz de fazer esse tipo de coisa e nem de andar com pessoas desse jeito. – suspirou – Parece que pelo jeito nós entramos em uma maré de azar.
— Do que está falando? – perguntou Verônica um pouco curiosa.
Viviane suspirou de novo.
— Eu vou contar, mas quero que mantenha isso em segredo.
Viviane contou a Verônica toda a conversa que seu avô teve com a família.
— Nossa, Vivi. Isso até parece uma novela... Quer dizer então que seu avô vai mesmo trazer essas duas garotas, que supostamente são suas irmãs, para morarem aqui?
— Pois é. Mas, para mim, tudo isso foi planejado por essas duas.
— Do que está falando? Não está imaginando coisas demais?
— Claro que não. Você sabe que meu avô costuma fazer uma festa de confraternização com empregados da empresa e parentes distantes. Tenho quase certeza que algum cúmplice dessas garotas colocou essa carta nas coisas do meu pai. Seria o golpe perfeito.
Verônica pareceu pensativa.
— Sério? Mas, a carta não tinha a aparência de ser antiga? Forjar uma carta para que ela fique como se fosse antiga, a ponto de enganar um especialista... Acho que isso é quase impossível de acontecer.
— Ah, Verônica... Você não conhece do que as pessoas são capazes. Eles podem comprar os especialistas.
— Ainda acho que você está exagerando.
— Não estou, e com o tempo você vai ver que estou certa. Mesmo se essas garotas vierem para cá, eu juro, Verônica, juro para você, que vou fazer da vida delas um inferno.

Emanuela chegou um pouco atrasada no trabalho. Infelizmente, devido o cansaço e ao que havia passado na noite anterior não conseguira acordar na hora certa. Ainda bem que, mesmo na pressa, não esqueceu de usar uma blusa com gola alta para evitar perguntas desnecessárias sobre as manchas ao redor do seu pescoço. Ao chegar ao trabalho, Tatiana, sua colega, veio em sua direção.
— Manu, logo hoje você tinha que chegar atrasada?
— O que houve?
— A dona da padaria chegou cedo hoje e está no escritório.Quando ela soube que você ainda não tinha chegado, não ficou muito feliz. Ela disse que assim que você chegasse que eu lhe dissesse que queria lhe ver.
Emanuela assentiu preocupada. Ela se dirigiu ao escritório da padaria que ficava nos fundos. Ao entrar, viu a dona Rosângela sentada na cadeira. Quando a mulher a viu, fez um gesto com a cabeça para que se sentasse.
— Então, Emanuela. Infelizmente, tenho uma notícia ruim.
— Do que se trata?
— Bem, vou tentar ser direta... Infelizmente, vou ter que lhe demitir.
Emanuela pareceu surpresa.
— Mas, por quê? Eu fiz alguma coisa errada? Foi por conta do que aconteceu ontem, ou foi o meu atraso hoje?
— Bem, Tatiana me explicou o que aconteceu ontem com o grupo de rapazes que vieram, e não foi exatamente por conta do seu atraso hoje que estou lhe demitindo. Infelizmente, estamos passando por uma crise, e temos que abrir mão de alguns empregados. Mas, assim que nos recuperarmos, eu posso ligar para você para uma recontratação.
Depois de algumas explicações por parte da proprietária da padaria, Emanuela saiu do escritório e foi para a padaria.
— E aí o que aconteceu? – perguntou Tatiana preocupada.
Manu sorriu tristemente.
— Eu fui demitida.

O Dr. Otávio mais uma vez chamou o Dr. Tarcísio em seu escritório na sua casa. Era já a segunda naquele dia que pedia para conversar com o advogado.
— Dr. Tarcísio, quero me desculpar por tomar tanto o seu tempo hoje. – disse o Dr. Otávio.
— Não se preocupe, meu amigo. Afinal sou pago para isso. – disse o advogado em tom de cordialidade – Mas o que queria conversar?
O Dr. Otávio sentou-se na poltrona e pediu para que o advogado sentar-se em uma das cadeiras próxima a mesa.
— Eu quero que o senhor entre em contato o mais rápido possível com as duas garotas. Conte a elas sobre o pai delas…
O Dr. Tarcísio ficou assustado com tal decisão.
— Se me permite Dr. Otávio, creio que o senhor não deveria ter tanta pressa assim. Não seria melhor o senhor conhecê-las antes de dizer a elas quem elas são? Não deve ser fácil para ninguém confiar em uma pessoa que chega em sua casa e lhe diz que você é um dos herdeiros de um dos maiores grupos empresariais do país. Além disso, ainda não fizemos nenhum teste de DNA para confirmar o parentesco.
— Estou ciente disso Dr. Tarcísio. Foi por isso mesmo que eu lhe chamei. Tenho um pedido para o senhor e espero que e o senhor possa atendê-lo.

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