segunda-feira, 1 de abril de 2013

WEBNOVELA - LAÇOS - CAPÍTULO 4 - AUTORA: JULIANA SOUSA

4° CAPÍTULO – A decisão.

No dia seguinte, Mariana e Emanuela acordaram cedo e estavam tomando café da manhã quando alguém bateu à porta. Era Vanessa, amiga e vizinha das duas.
Oi, lindas, desculpem invadir, mas queria dizer "bom dia", já que quase não tenho falado com vocês. Ultimamente, tenho chegado muito tarde. Esse trânsito é horrível, não preciso nem dizer, né?
Mariana sorriu.
Não se preocupe. Está servida?
Obrigada, mas não posso ficar muito tempo. Só queria saber como vocês estavam - e sentando-se em uma das cadeiras próxima a mesa - Vocês já sabem sobre o homem que estava perguntando por vocês duas?
Mariana olhou para Emanuela.
Sim, nós soubemos antes de ontem pela sua mãe. Mas eu acho que vocês estão exagerando demais na preocupação - disse Emanuela tentando disfarçar a própria ansiedade.
Vanessa balançou a cabeça negativamente.
Pois, eu acho totalmente o contrário - disse Vanessa - Afinal, vocês moram sozinhas. E, de repente, um homem que não se sabe o porquê, vem aqui e pergunta por vocês... Isso é muito estranho, vocês não acham?
Mariana percebeu que Emanuela parecia tensa.
Pode ser estranho, mas também pode não ser - Mariana falou, tentando tirar a preocupação do rosto de Emanuela - Por exemplo, pode ser que alguém queira que eu dê aulas de reforço...
Vanessa sorriu.
É verdade. Eu sei que estão há pouco tempo aqui, mas parece que conheço vocês há muito tempo, por isso me preocupo - e levantando-se - Bem, agora estou indo, meninas, porque hoje não posso chegar atrasada à aula... Depois da aula, eu venho aqui para a gente conversar mais um pouco.
Vanessa saiu. Emanuela e Mariana olharam uma para outra.
Manu, você parece muito preocupada desde ontem. É por causa do que a D. Helô falou?
Emanuela olhou para a irmã.
Mari... – disse, olhando um pouco apreensiva para a irmã - Eu tenho minhas suspeitas sobre quem estava perguntando por nós.
Quem? - perguntou a outra desinteressada.
Emanuela olhou séria para a irmã.
Você tem certeza que não desconfia de ninguém?
Você está desconfiando que seja alguém que a gente conhece? - disse Mariana pensativa e se assustando de repente ao perceber de que Emanuela desconfiava. - Por acaso você não está falando do nosso pai,  está?
Emanuela ficou calada.
Mas é impossível!- continuou Mariana - Quer dizer, faz muito tempo que não o vemos.
Não se esqueça o tipo de pessoa que ele é.
Acho que se for ele, não há por que ter tanta preocupação. Afinal ele é o nosso pai de criação. Ele nos ajudou a fugir da Tânia e nos entregou para a Rebeca.
E nos levou para o abrigo, dizendo que sempre estaria com a gente, mas depois de um tempo desapareceu. E para as pessoas, um ladrão sempre será um ladrão...
Mariana olhou para a irmã com tristeza.
Acho que não deveria falar assim do homem que nos criou como se fôssemos filhas de verdade. Não se esqueça que ele foi preso durante um tempo por nossa causa.
Eu sei - disse Emanuela, suspirando - O problema é que as pessoas não podem saber que somos filhas de uma "mulher da vida" e fomos criadas por um ladrão. Não que eu não goste da nossa mãe e do homem que nos criou, mas o que as pessoas vão pensar? "Filho de peixe, peixinho é", não é o que sempre dizem?
Mariana suspirou, não podia ir contra os argumentos da irmã.
Eu não tiro sua razão, mas mesmo assim é um pouco triste ouvir você falar assim do Rogério – depois sorriu - Mas vamos deixar de lado tudo isso e vamos trabalhar. Você não está atrasada?
Emanuela olhou para o relógio e se assustou.
Meu Deus! Estou muito atrasada – disse, se levantando e dando um beijo na irmã - Tchau, mana, depois a gente se fala!
Mariana olhou para a mesa desarrumada.
"Parece que ela faz de propósito, deixa sempre a mesa comigo!" - pensou.

Viviane acordou cedo para avisar ao avô que já havia falado com a família sobre a reunião que ele queria fazer.
Bom dia, vovô – disse, entrando no escritório do avô.
Dr. Otávio olhou para a neta rapidamente, enquanto organizava alguns papéis.
Sim, Viviane. O que quer?
Sobre aquilo que o senhor tinha me pedido... Eu falei com todos ainda ontem... A maioria terá um tempo livre ainda hoje, depois do almoço. O senhor que quer eu faça mais alguma coisa?
Otávio parecia satisfeito.
Não. Obrigado, Viviane.
Viviane sentou-se em uma cadeira próxima.
Vovô... O que o senhor tem a falar tem a ver com aquela carta que eu achei?
Otávio olhou para a neta de repente.
Não se preocupe. Você vai saber em breve – disse, levantando-se, enquanto guardava os últimos documentos que estavam em cima da mesa.
Viviane observou o avô sair.
Por que ele não me diz logo? – falou como para si mesma – Eu não estou gostando nada disso...

O Dr. Fabiano, o filho médico do Dr. Otávio, olhou pela janela do quarto da paciente que ele havia operado há alguns dias. Entrou no quarto e anotou alguns dados médicos, enquanto a enfermeira aplicava o medicamento.
Com licença, enfermeira. Você sabe dizer se já descobriram alguma coisa sobre essa paciente.
Não, Dr. Fabiano. Mas, se o senhor perguntar ao Dr. Rafael, ele poderá lhe responder melhor. Soube que andou conversando com o policial que a encontrou no dia do acidente.
Obrigado.
Fabiano suspirou. Fazia muito dias que não via Rafael. Ultimamente, por conta do mestrado, ele estava tendo alguns dias de licença e mesmo quando estava no hospital, estava sempre muito ocupado.

Verônica estava na biblioteca estudando. De repente, olhou para Viviane ao lado e percebeu que a amiga estava muito pensativa.
O que foi agora?
Viviane suspirou impaciente.
Eu não sei... – disse semicerrando os olhos – Eu não sei. Eu não sei.
O que você não sabe? – perguntou Verônica um pouco desinteressada.
Eu estou dizendo que eu não sei! – e olhando para a amiga – Sabe aquela sensação que diz que alguma coisa está prestes a acontecer?
Humm.
Então, eu estou com essa sensação... Por que ele não me falou logo?
Verônica olhou para a amiga um pouco confusa.
Ele quem? Do que está falando?
Nada.
Verônica sorriu.
Já que você não está fazendo nada, nem pensando nada, você poderia me fazer um favor e pegar um livro para mim? – disse escrevendo algo em um papel – É esse aqui. Faça esse favor, hã?
Viviane suspirou e se levantou. Nas estantes, localizou o livro e já ia voltando, quando esbarrou em alguém e derrubou o livro.
Não acredito. Você devia olhar para onde anda! – disse, pegando o livro no chão e ouvindo as desculpas da outra pessoa.
De repente, percebeu que a pessoa em quem esbarrara era conhecida.
Então é você. Gabriel Arantes – disse com olhar de poucos amigos.
Digo o mesmo, Viviane Alcântara – replicou ele, a encarando.
Viviane riu-se.
Não me diga que você é um stalker? Sim, porque só isso explicaria o fato de um estudante de Engenharia Civil estar frequentando uma biblioteca do curso de Medicina.
E quem eu estaria perseguindo? Você?
Claro. Afinal, eu sou linda, inteligente e rica. E por que não quase perfeita? Mas, sinceramente, você não vai conseguir nada com isso.
Gabriel riu.
— Do que está falado, garota quase perfeita?
— Estou falando que não é uma coincidência você estar justamente aqui e agora.  Isso me faz pensar que você não estava falando sério, quando falou aquilo na festa da Yasmin.
Para seu governo, querida Viviane, eu estou aqui ajudando uns amigos. E, antes que você continue entendendo errado, garotas quase perfeitas como você, eu quero bem, bem longe de mim – disse saindo.
Viviane foi em direção a mesa onde Verônica estava e sentou-se rapidamente em uma cadeira próxima.
Está aqui o seu livro – disse irritada, colocando rudemente o livro em cima da mesa.
Verônica ficou um pouco assustada com o humor de Viviane.
O que foi agora?
Não me pergunta. Só estuda.
Verônica deu de ombros, enquanto via a amiga assoprar de raiva.

Otávio parecia um pouco tenso. Pedira a Viviane para reunir todos, mas não achava que fosse tão rápido. Todos já haviam almoçado e agora estavam reunidos ali. Á sua frente, na sala principal da mansão, estavam sentadas sua neta Viviane, sua nora Gabriele, mãe de Viviane e seu advogado Dr. Tarcísio. Fabiano, seu filho que era médico, chegaria mais tarde. No entanto, estavam seus outros dois filhos e suas esposas, Bruno e Iêda, arquitetos renomados e Otávio Jr. e Camila.
Estamos todos aqui, pai. O que queria falar de tão importante que foi preciso chamar toda a família? - perguntou Otávio Jr com seu mau humor habitual - Espero que realmente seja muito importante.
Não seja tão impaciente, Otávio – disse, levantando-se - Bom, tenho realmente algo muito importante para falar e, antes de tudo, espero que compreendam a minha decisão.
Dr. Tarcísio pigarreou. Não importava como Otávio falasse, o que ele estava prestes a dizer não iria causar uma boa reação nos presentes.
Vovô, o que pode ser tão importante assim? – perguntou Viviane já um pouco impaciente - Eu estou ficando preocupada. O senhor não poderia falar logo? Para quê esse suspense todo?
Gabriele, mãe de Viviane, olhou-a com reprovação.
Não fale assim com seu avô, Vivi. Tenha modos, minha filha. Você não é mais uma criança.
Otávio estava sério.
Claro, Viviane, mas isso também diz respeito a você - suspirou. - O que eu tenho a falar é... Bem, eu soube que há uma grande possibilidade de que Jorge teve filhos com outra mulher.
Gabriele ficou pálida. A reação de todos foi de total surpresa.
O quê?! O que o senhor está dizendo, pai? - perguntou Otávio Jr., estranhamente exagerado em sua reação.
Isso é realmente verdade? - o outro filho, Bruno, também não estava acreditando no que estava ouvindo.
Meu sogro, isso só pode ser uma brincadeira, não é? - perguntou Camila, esposa de Otávio Jr.
Otávio já esperava aquela reação.
Eu sei que parece mentira, mas eu averiguei os fatos. A verdade é que é quase certeza que Jorge teve filhos além da Vivi. Para ser mais exato, duas filhas, gêmeas.
Viviane ficou sem reação.
Mas como o senhor descobriu isso, vovô?
Pela carta que você encontrou, Vivi. E se quiserem saber mais detalhes, o Dr. Tarcísio poderá lhes explicar.
E o que o senhor pretende agora? - perguntou Bruno. - Creio que o senhor tomará algumas providências, visto que o senhor está aqui para comunicar algo além do que acabamos de ouvir, não é?
Otávio sempre se surpreendia com a perspicácia de seu filho Bruno, não era à toa que se tornara um dos melhores arquitetos do estado.
Sim, Bruno, você está certo. O que eu tenho a dizer é que eu pretendo trazê-las para morar conosco.
Todos ficaram perplexos com que tinham ouvido.
O quê?! - exclamou Vivi quase gritando - O senhor... O senhor pretende trazer pessoas desconhecidas para morar aqui? O senhor ficou louco?
Viviane! – Gabriele quase gritou – Mais respeito com seu avô!
Viviane parecia bastante irritada.
Eu... Eu não concordo com isso! Como o senhor pode tomar essa decisão sem perguntar a ninguém aqui? Como?! Como?!
Otávio olhou sério para Viviane.
Viviane, você é minha neta e eu lhe amo como tal, mas a minha decisão independe da opinião de qualquer um aqui.
Então, porque nos mandou chamar? - perguntou Otávio Jr. ainda consternado - Era só tomar sua maldita decisão e pronto! Afinal, você é o dono do Grupo Demontieux!
Dr. Otávio olhou para Otávio Jr. e suspirou.
Eu só quero que essas meninas tenham o que vocês tiveram. Afinal, quer vocês queiram ou não, elas têm o sangue dos Alcântara. E a única pessoa que poderia tentar criticar minha decisão permaneceu calada sobre isso até agora.
Todos os outros olharam para Gabriele que estava sentada.
O que você me diz Gabriele? - perguntou o Dr. Otávio.

Gabriele sorriu um pouco pálida.

Se o meu sogro quer assim. De qualquer forma, como o senhor mesmo disse, elas têm o sangue dos Alcântara...
Otávio olhou com tristeza para a nora.
Obrigado, Gabriele. Eu sei que é difícil para você. Mas, acredito que, com o tempo, vai me apoiar nessa decisão - e olhando para todos - Já está decidido, elas vão morar aqui.
Só uma pergunta, meu pai. - pediu Bruno - Por acaso, elas já sabem da decisão que o senhor tomou?
Dr. Tarcísio tomou a palavra.
Bem, isso é algo que ainda estamos providenciando. Por enquanto, há uma grande possibilidade delas desconhecerem até o pai.
Otávio bateu palmas, sarcástico.
Parabéns, meu pai, o senhor conseguiu tornar a situação mais cômica ainda.
De repente, entrou na sala Fabiano, que tinha conseguido sair do hospital para a reunião.
E aí, como está a família mais feliz do Brasil?
Todos olharam sério para ele.
Alguém poderia me explicar o que está acontecendo aqui?

- perguntou meio sem jeito.

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