terça-feira, 30 de abril de 2013

FIC - BORBOLETAS NO CORAÇÃO - CAPÍTULO 23 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

XXIII

- Tem certeza que é isso que você quer? – Perguntava Rosa, aproximando-se de Claude, vendo-o com a caneta em punho, pronto para assinar o documento, sentado à mesa.
- Absoluta, chérie. Meu pai também concordou, hã?  Vendemos a construtora  na  França e aplicamos o dinheiro aqui na fazenda, aumentando a infraestrutura e a oferta de atrativos, como um parque aquático, por exemplo.
- Não vai sentir saudade de fazer plantas, gerenciar as obras...?
- Non. Desde que inauguramos a fazenda, serviço é o que non falta. Ainda mais agora que Frazon e Janete decidiram morar em Campo Grande, abrindo uma Agência de Turismo,  papai e Joanna em lua-de-mel  pelo mundo, tia Elisabeth nos Estados Unidos com Rodrigo... E você quase dando à luz nossa borboletinha, hã?
Claude passa o braço ao redor da cintura de Rosa, encostando sua cabeça delicadamente na barriga dela. Rosa descansa sua mão pelo cabelo dele, retribuindo o carinho.
- Non quero mais ter o Atlântico entre nós. – Fala, referindo-se ao fato de ter ido à França de uma hora para outra, resolver problemas pessoalmente. - - E você? Non vai sentir falta da arquitetura? O plano era ter seu próprio escritório em São Paulo, non era?
- Era. Antes de conhecer este lugar e você. Mas se sentir falta, posso fazer projetos e colocá-los em sites especializados.
- É uma boa ideia. Pode fazer seu próprio site e usar a fazenda para divulgar do que é capaz, hã? – Diz sorrindo - Olha só o que você conseguiu com a velha casa da piscina! Sem contar com o resultado dos chalés!


- E você não queria me contratar, porque eu sou uma arquiteta, uma mulher...
- Na verdade, non queria te contratar porque você era “a” mulher, hã?  Era, non.  É e vai continuar sendo a mulher da minha vida
- Como tia Elisabeth sempre viu em suas cartas, lembra?
- Oui. Tia Elisabeth non sabe o que perdeu ao insistir em que morássemos aqui na casa da piscina. – Diz Claude, voltando a rubricar os papéis.
- Ela praticamente se mudou para a casa de Rodrigo depois que nos casamos, insistindo que devíamos ter a nossa privacidade. Eles devem estar de volta em três meses. Quer estar aqui quando nossa borboletinha nascer. Foi o que disse em seu último e-mail.
- D’accord.  E ela estava certa. Se morássemos na casa da fazenda, você non andaria só de camisola me provocando, hã? – Murmura, enquanto assina o documento. Depois, volta-se novamente para a barriga de Rosa e diz - Ei,  Fernandinha, non vai chutar o papai hoje non?
- Ah, ela chutou a mamãe o dia todo!  Deve estar descansando agora, não é Fernanda Petroni Geraldy? E é muito bom, porque eu estou morrendo de sono.
- Enton – Claude fica em pé, guardando os papéis num envelope – É melhor eu levar as duas para a cama – Fala,  pegando Rosa em seus braços e subindo para o quarto.



Três meses depois, numa manhã qualquer...
- Pronto- Diz Claude, descendo e tirando a camisa rasgada por um galho - Agora você já viu que nosso refúgio continua firme e forte no alto da árvore, gatinha.
- Ótimo! Eu tive receio que ela não suportasse essas chuvas todas e o vento! Faz tanto tempo que não ficamos por aqui.
- Uns seis meses. Desde que confirmamos a sua gravidez. Non seria nada bom se você se machucasse ao subir pela escada de cordas. Daí, eu vou reformar nossa casa da árvore. Agora com a chegada de nossa borboletinha, tem que ser um lugar mais seguro pra ela também!
- Você podia ter deixado Janete e Frazão usá-la também... Foi muito egoísmo de sua parte.
- Non foi non, senhora! Esse é o nosso lugar. Só nosso, d’accord? Se eles querem um, que procurem outro lugar. A fazenda é enorme, poderiam construir até um castelo, hã?
- Está bem, não vamos mais discutir por isso. – Diz, voltando para a camionete a poucos metros da árvore. Vamos que ainda temos que passar na recepção da fazenda.



Mais tarde, no chalé que servia de recepção e escritório para os negócios da fazenda, Rosa falava ao telefone.
- Eu sinto muito, mas não temos mais chalés disponíveis para esse evento...  Eu vou anotar seu nome e telefone e em caso de desistência, o senhor acaba de inaugurar a lista de espera...  Eu é que agradeço sua compreensão... Bom dia!
- Outro grupo querendo um chalé? – Esse evento parece atrair bastante gente mesmo.
- Pois é. Mas esse não teve sorte. Reservei o último disponível há meia hora. Com os hotéis e pousadas da cidade lotados, restam as pousadas em fazendas.
- Foi muito boa essa parceria que fizemos com o Freitas da Estância Mimosa. Quando falta hospedagem por lá, ele nos indica e vice-versa. Agora com o Festival, enton...
 - A comissão organizadora do Festival de Inverno de Bonito arrasou com os shows. Dá uma olhada em quem vai se apresentar. – Diz, mostrando um folheto à Claude.


  
- Sérgio Reis, Alcione, O Rappa, Maria Rita, Nando Reis, Monobloco e Roberta Sá – Fala Claude, lendo os nomes em voz alta. – Non conheço todos, mas alguns son formidáveis mesmo, hã?
Como Rosa não responde, Claude olha para ela.
- Rosa? Que foi? Se non concorda comigo é só dizer, non precisa morder o lábio com tanta força... Vai acabar se ferindo.
- Eu mordi o lábio? Nem percebi. É que... Claude acho que tive outra contração!
Claude sorri e seus olhos brilham ao fitar os de Rosa.
- Mon Dieu... - Murmura, acariciando o rosto dela - Já esperávamos por isso, non é mesmo?  Non prefere ir pra casa e deitar-se?
- Não, eu não quero ficar sozinha...
- Dadi pode ficar com você, minha gatinha manhosa... E eu irei assim que terminar por aqui, hã?
- Não é manha, Claude! É que não é a primeira do dia... Eu tive várias durante a noite e agora elas estão mais constantes...
- Porque non me acordou, Rosa? Eu sei que non poderia fazer muita coisa, mas poderia confortá-la. Non devia nem ter ido até a casa da árvore, hã?
- Eu estava bem naquela hora. Mas se quer me confortar, você pode fazer isso agora... Neste exato momento! – Fala, segurando a mão de Claude com força. – Meu Deus, como isso é desconfortável!
Horas mais tarde, Rosa estava no hospital, sendo preparada para dar à luz sua filha com Claude.



 Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário