XXIII
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Tem certeza que é isso que você quer? – Perguntava Rosa, aproximando-se de
Claude, vendo-o com a caneta em punho, pronto para assinar o documento, sentado
à mesa.
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Absoluta, chérie. Meu pai também concordou, hã?
Vendemos a construtora na França e aplicamos o dinheiro aqui na
fazenda, aumentando a infraestrutura e a oferta de atrativos, como um parque
aquático, por exemplo.
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Não vai sentir saudade de fazer plantas, gerenciar as obras...?
-
Non. Desde que inauguramos a fazenda, serviço é o que non falta. Ainda mais
agora que Frazon e Janete decidiram morar em Campo Grande, abrindo uma Agência
de Turismo, papai e Joanna em
lua-de-mel pelo mundo, tia Elisabeth nos
Estados Unidos com Rodrigo... E você quase dando à luz nossa borboletinha, hã?
Claude
passa o braço ao redor da cintura de Rosa, encostando sua cabeça delicadamente
na barriga dela. Rosa descansa sua mão pelo cabelo dele, retribuindo o carinho.
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Non quero mais ter o Atlântico entre nós. – Fala, referindo-se ao fato de ter ido
à França de uma hora para outra, resolver problemas pessoalmente. - - E você?
Non vai sentir falta da arquitetura? O plano era ter seu próprio escritório em
São Paulo, non era?
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Era. Antes de conhecer este lugar e você. Mas se sentir falta, posso fazer
projetos e colocá-los em sites especializados.
-
É uma boa ideia. Pode fazer seu próprio site e usar a fazenda para divulgar do
que é capaz, hã? – Diz sorrindo - Olha só o que você conseguiu com a velha casa
da piscina! Sem contar com o resultado dos chalés!
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Na verdade, non queria te contratar porque você era “a” mulher, hã? Era, non.
É e vai continuar sendo a mulher
da minha vida
-
Como tia Elisabeth sempre viu em suas cartas, lembra?
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Oui. Tia Elisabeth non sabe o que perdeu ao insistir em que morássemos aqui na
casa da piscina. – Diz Claude, voltando a rubricar os papéis.
-
Ela praticamente se mudou para a casa de Rodrigo depois que nos casamos, insistindo
que devíamos ter a nossa privacidade. Eles devem estar de volta em três meses.
Quer estar aqui quando nossa borboletinha nascer. Foi o que disse em seu último
e-mail.
-
D’accord. E ela estava certa. Se
morássemos na casa da fazenda, você non andaria só de camisola me provocando,
hã? – Murmura, enquanto assina o documento. Depois, volta-se novamente para a
barriga de Rosa e diz - Ei, Fernandinha,
non vai chutar o papai hoje non?
-
Ah, ela chutou a mamãe o dia todo! Deve
estar descansando agora, não é Fernanda Petroni Geraldy? E é muito bom, porque
eu estou morrendo de sono.
-
Enton – Claude fica em pé, guardando os papéis num envelope – É melhor eu levar
as duas para a cama – Fala, pegando Rosa
em seus braços e subindo para o quarto.
Três
meses depois, numa manhã qualquer...
-
Pronto- Diz Claude, descendo e tirando a camisa rasgada por um galho - Agora
você já viu que nosso refúgio continua firme e forte no alto da árvore,
gatinha.
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Ótimo! Eu tive receio que ela não suportasse essas chuvas todas e o vento! Faz
tanto tempo que não ficamos por aqui.
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Uns seis meses. Desde que confirmamos a sua gravidez. Non seria nada bom se
você se machucasse ao subir pela escada de cordas. Daí, eu vou reformar nossa
casa da árvore. Agora com a chegada de nossa borboletinha, tem que ser um lugar
mais seguro pra ela também!
-
Você podia ter deixado Janete e Frazão usá-la também... Foi muito egoísmo de
sua parte.
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Non foi non, senhora! Esse é o nosso lugar. Só nosso, d’accord? Se eles querem um, que procurem outro lugar. A
fazenda é enorme, poderiam construir até um castelo, hã?
-
Está bem, não vamos mais discutir por isso. – Diz, voltando para a camionete a
poucos metros da árvore. Vamos que ainda temos que passar na recepção da
fazenda.
Mais
tarde, no chalé que servia de recepção e escritório para os negócios da fazenda,
Rosa falava ao telefone.
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Eu sinto muito, mas não temos mais chalés disponíveis para esse evento... Eu vou anotar seu nome e telefone e em caso
de desistência, o senhor acaba de inaugurar a lista de espera... Eu é que agradeço sua compreensão... Bom dia!
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Outro grupo querendo um chalé? – Esse evento parece atrair bastante gente
mesmo.
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Pois é. Mas esse não teve sorte. Reservei o último disponível há meia hora. Com
os hotéis e pousadas da cidade lotados, restam as pousadas em fazendas.
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Foi muito boa essa parceria que fizemos com o Freitas da Estância Mimosa.
Quando falta hospedagem por lá, ele nos indica e vice-versa. Agora com o
Festival, enton...
- A comissão organizadora do Festival de
Inverno de Bonito arrasou com os shows. Dá uma olhada em quem vai se
apresentar. – Diz, mostrando um folheto à Claude.
-
Sérgio Reis, Alcione, O Rappa, Maria Rita, Nando Reis, Monobloco e Roberta Sá –
Fala Claude, lendo os nomes em voz alta. – Non conheço todos, mas alguns son
formidáveis mesmo, hã?
Como
Rosa não responde, Claude olha para ela.
-
Rosa? Que foi? Se non concorda comigo é só dizer, non precisa morder o lábio
com tanta força... Vai acabar se ferindo.
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Eu mordi o lábio? Nem percebi. É que... Claude acho que tive outra contração!
Claude
sorri e seus olhos brilham ao fitar os de Rosa.
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Mon Dieu... - Murmura, acariciando o rosto dela - Já esperávamos por isso, non
é mesmo? Non prefere ir pra casa e
deitar-se?
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Não, eu não quero ficar sozinha...
-
Dadi pode ficar com você, minha gatinha manhosa... E eu irei assim que terminar
por aqui, hã?
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Não é manha, Claude! É que não é a primeira do dia... Eu tive várias durante a
noite e agora elas estão mais constantes...
-
Porque non me acordou, Rosa? Eu sei que non poderia fazer muita coisa, mas
poderia confortá-la. Non devia nem ter ido até a casa da árvore, hã?
-
Eu estava bem naquela hora. Mas se quer me confortar, você pode fazer isso
agora... Neste exato momento! – Fala, segurando a mão de Claude com força. –
Meu Deus, como isso é desconfortável!
Continua...
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