quinta-feira, 28 de março de 2013

FIC - BORBOLETAS NO CORAÇÃO - CAPÍTULO 16 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

XVI

Depois de um tempo, eles se despedem de Pimpinone e de Freitas e continuam a viagem de volta à fazenda. A paisagem era exuberante e Rosa faz Claude parar várias vezes para fotografá-la.
A última parada foi à beira da estrada a poucos quilômetros da fazenda, na mesma curva do primeiro encontro.
- Por que você parou aqui, Claude? – Pergunta Rosa, descendo da moto e tirando o capacete.
- Porque foi aqui que tudo começou... A nossa história, hã? Vem! – E estende sua mão a ela.
- Você não acha que eu vou rolar barranco abaixo outra vez, acha?
- Você é uma graça, sabia?  Claro que non vamos rolar... Se bem que rolar contigo agora, non seria má ideia. – Diz, puxando-a para si e beijando-a demoradamente.
- Nem pense nisso, francês... Eu fiquei toda esfolada, cheia de arranhões... Minha roupa então...
- Onde está seu romantismo, gatinha? Anda, pega sua máquina, vamos descer, hã?
- Posso saber por que insiste tanto em descer esse barranco?
- Quem sabe non encontramos aquela arara que você filmava... Tem certeza que non quer rolar comigo? – Pergunta, piscando para ela.
- Tenho! Rsrsrsr. Sabia que já faz  algum tempo que não caímos?
- D’accord. Vai ver “equilibramos a nossa energia”, hã? Responde, sorrindo maliciosamente.
Eles descem cuidadosamente até chegarem às arvores que ladeavam a estrada. Apesar do sol que fizera o dia todo, o chão ainda estava úmido da última chuva. As copas das árvores formavam uma cobertura densa, impedindo o sol de penetrar totalmente até o chão.
Andaram por vários metros, mas nem sinal da tal arara.
- É melhor voltarmos – diz Rosa – Com esse calor, ela deve estar no seu ninho.
- D’accord... Antes eu quero uma foto sua aqui... – E tira a máquina das mãos de Rosa – Se afaste um pouco...  isso, perfeito... Atençon, hã?
- Espera... Aquilo ali é um pé de goiaba? – Pergunta, apontando para algo atrás de Claude. - Eu não acredito!!! Adoro goiaba! – E anda na direção da árvore.
- Mon Dieu, Rosa!  Eu quero uma foto sua, non de uma goiaba! – Diz, movimentando os olhos.
- Vem, me ajuda a pegar uma...
Claude se volta para a mesma direção e olha para o pé de goiaba carregadinho.
- Você só pode estar brincando... Já viu a que altura elas eston? E non dá nem pra subir no pé, porque o tronco é esguio e comprido demais, hã?
Rosa olha atentamente para a goiabeira, depois para Claude.
- Já sei. Se você me segurar, eu alcanço uma delas!
- Non sei non, gatinha. Isso non me parece uma boa ideia...
- Hummmm... Por favor!  Se a gente não tentar, não vai saber se é uma boa ideia!
 Rosa parecia uma criança pedindo um presente, mas suas mãos no peito de Claude o fizeram falar:
- Oui. E o que eu ganho em troca? – Pergunta com um sorriso safado no canto da boca.
Rosa se aproxima dele, bem perto de seu rosto, quase colando seus lábios aos dele e diz provocante:
- Um beijo... - E passa seus lábios pelos dele – Assim do jeito que você gosta - Então, se afasta e conclui - Sabor goiaba!
- Isso soa como um desafio, gatinha... E eu non sou de fugir a eles, hã?
Então, eles se aproximam da goiabeira e pensam numa maneira mais adequada para Claude segurar Rosa. Antes, colocam a máquina num lugar seguro.
Por fim, Claude decide que é melhor ela ficar sentada em seus ombros, por cima de sua cabeça, pois levantando os braços, alcançaria a tal goiaba. Então, ele se abaixa para que ela pudesse subir em seus ombros.
- Mon Dieu...  Non seria mais fácil comprarmos goiabas no mercadinho? – Diz, enquanto se ergue devagar, equilibrando-se para não derrubá-la.
- Não teria o mesmo gosto... Comer fruta direto do pé é muito melhor... E encontrar uma goiabeira aqui, então, foi muita sorte! Vai mais pra direita um pouquinho... Não foi muito... volta!
Rosa tenta alcançar a goiaba, levantando apenas um dos braços com a outra mão pousada na cabeça dele.
- Essa sua ideia, vou te contar, gatinha...
- Claude, me segura direito ou vou cair!
- É só você ficar paradinha que eu non saio do lugar...
- Eu to quase conseguindo... só mais um pouquinho... Peguei! Você quer uma?
- Non...
- Ok. Hummm...  Tá deliciosa! - Fala depois de morder a goiaba. - Tem certeza que não quer uma? – E morde a goiaba de novo.
- Me contento com um pedaço da sua... me dê aqui! – Diz, soltando a mão da perna dela e estendendo-a para cima...
 - Eu sabia que você não resistiria... Essa não! – Fala alto, chacoalhando a cabeça e abanando as mãos.
- Essa non o que, Rosa? – Pergunta Claude, sentindo-a balançar o corpo.
- Abelhas!!! Claude, socorro! Me põe no chão!!! – Grita agitada, mexendo-se demais.
- Abelhas?? Era só o que faltava, hã?  – Ele tentava olhar para cima e se abaixar ao mesmo tempo.
- Rápido, Claude, elas estão me atacando!  Eu acho que vieram todas as operárias, a colmeia toda! 
Enquanto, Claude dava alguns passos adiante, Rosa tentava desesperadamente “pular” do ombro de Claude, antes que ele estivesse totalmente abaixado.
- Rosa, non faça isso, senon vamos ca... Ai! – Ele solta uma expressão abafada.
Tarde demais! Rosa projetou o corpo para frente, fazendo com que Claude se desequilibrasse de vez e caísse para trás. Automaticamente, ele esticou as pernas e soltando Rosa, colocou as mãos na direção do chão, tentando amortecer sua queda. Foi a sorte dela. Rosa caiu para frente, quase  “sentada”,  com o rosto entre as pernas de Claude, bem na região do quadril e escuta ele dizer:
- Mon Dieu, non sei por que concordei com essa ideia maluca!
Ela percebeu a reação imediata dele e, embaraçada, girou o corpo rapidamente, sentando no chão ao lado dele, tentando espantar com uma das mãos algumas abelhas retardatárias e insistentes.
- Porque você me ama, oras! – Responde sorrindo e continua - Desculpa! Eu... machuquei você?
- Non,  machucar non é a palavra apropriada, hã? – Ele puxa as pernas, sentando de frente para ela.  – E você se feriu, foi picada?
- Creio que não...  Você foi? – E percorre o rosto dele com o olhar.
- Non tenho certeza...  – Diz, passando a mão na lateral do pescoço - Mas  tá ardendo aqui...
- Deixa eu ver. – Diz chegando perto – É, tá vermelhinho... mas não vejo ferrão nenhum!
- Com certeza eram abelhas nativas... essas, ao contrário das  africanas, por exemplo, non tem ferron... E você ficou sem sua goiaba... – Fala, acariciando-a no rosto.
- Não fiquei não! – Sussurra, sorrindo e mordendo o lábio, enquanto abre o zíper da jaqueta e tira algo de dentro dela – Eu peguei duas! Vamos dividir?
E eles comem a goiaba, alternando as mordidas. Quando terminam...
- Bem, vamos? Ainda podemos chegar antes do entardecer na fazenda. – Fala Claude.
- Espera! O que é combinado não sai caro... – Diz, aproximando-se dele.
- Non entendi, pardon...
- Eu prometi um beijo em troca da goiaba... Um beijo, sabor goiaba, esqueceu? – E encosta seus lábios nos dele suavemente.
E aos poucos, foram se inclinando, até ficarem deitados na relva macia, o corpo de Rosa sob o dele, pressionando-a sedutoramente.
E decidida, a boca de Claude exigiu que ela entreabrisse os lábios.
Passou seus braços pelo pescoço dele e o abraçou...
- Incrível, gatinha...  - Sussurra Claude, enquanto desliza seus lábios pelo rosto dela - Uma abelha visita dez flores por minuto em busca de pólen e  néctar.... Son quarenta voos diários, quarenta mil flores. Eu só preciso de uma flor pra me satisfazer... você, chérie. Minha Rosa!
- Amo você! – Responde ela, ofegante pelas carícias dele...
E permanecem ainda por vários minutos, trocando carinhos e afagos...
Finalmente, ao cair da tarde, chegam à Fazenda Borboleta Azul. Mas Claude não para na casa da sede, avançando para o outro lado da fazenda com a moto.
R: Claude, por que não paramos?
C: Eu quero te mostrar um lugar, do outro lado da fazenda, na beira do rio... Um lugar que vai ser só nosso, unicamente nosso...

Continua...

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