V
Então
foram chamados à sala de jantar. E
Claude fez questão de puxar a cadeira de Rosa e sentar-se ao seu lado. A mesa
estava decorada com os pratos que Dadi havia preparado e o aroma espalhado pelo
ar deixava o apetite ainda mais aflorado.
- Dadi,
hoje você se superou! - Diz Joana,
apontando para a mesa. - Essa mesa está muito apetitosa! Rosa, você vai provar
a melhor comida que existe! Pode parecer
exótica ou estranha pra você, acostumada ao paladar do sudeste...
-A
culinária é uma das mais ricas formas de expressão cultural. Através dela
podemos atingir melhor compreensão da história e de como vive uma determinada
comunidade – completa François.
-
Eu adoro experimentar novos sabores! – Rosa diz, descontraída – Acredita que eu
ainda lembro de alguns lanches franceses que a Dadi fazia pra Janete levar na
escola?
-
Os lanches de Dadi sempre fizeram sucesso! – Comenta Janete. - Mas se você não
gostar de alguma coisa, por favor, não coma forçado, não é mesmo, mamãe?
Estamos em casa, não faça cerimônias...
-
Com certeza, Rosa non engole nada forçado, non é mesmo, Rosa? – Solta Claude
num tom irônico, provocando um súbito silencio de todos e o esforço de Rosa
para não estragar o jantar com uma resposta à altura...
François
lança um olhar de desaprovação para Claude e tenta contornar a situação,
mudando o rumo da conversa.
-
Então, Rosa, como eu falei antes, eu gosto de variar, de mudar minhas
atividades. E agora me interessei por esse caminho do ecoturismo. É uma atividade muito profissional lá fora e,
por enquanto, a maioria dos visitantes ecoturistas verdadeiros ainda vem de
fora do Brasil.
Rodrigo
continua, dando sua opinião.
-
É uma atividade relativamente nova ainda. Mas temos diversas pousadas
praticando esta modalidade de turismo sustentável e fazendas adaptando seus
quartos para receber os turistas, mas sem nenhum planejamento. François teve uma ótima ideia!
-
Por isso que um arquiteto especializado era necessário, Rodrigo. – No caso,
temos uma arquiteta!
Dessa
vez, Rosa não se contém e, virando-se de frente para Claude, responde no mesmo
tom irônico:
-
Caso ainda esteja na dúvida da minha capacidade intelectual e profissional,
examine o meu currículo. Peça informações adicionais à minha faculdade, ao
CREA, aos departamentos nos quais fiz estágio! Vai ver que meu TCC e minha pós
foram baseadas na capacidade de existir equilíbrio entre natureza e ocupação do
meio ambiente, ou seja, uma relação
sustentável e perfeitamente possível!
-
No entanto, é seu primeiro projeto e sua primeira experiência
profissional! Nunca viveu o dia a dia de
uma empreitada como esta...
-
Seu pai confia em meus serviços e em meus projetos! Por que é tão difícil pra
você confiar em mim? Por que sou mulher? Qual o seu problema com as mulheres?
-
Não se trata de confiança. Mas de
experiência! E eu non tenho problema algum com mulheres! Non com a maioria
delas!
Praticamente
absorvidos pela disputa de quem ficaria com a última palavra comportam-se como
se não houvesse mais ninguém à mesa e acabam enfrentando um ao outro.
-
Ah, sim! Experiência! Você com certeza já nasceu com ela, nunca precisou
começar de algum lugar, claro! Sendo filho do dono...
-
O que você está querendo insinuar? Que eu usei da influência de meu pai pra ter
prestígio? Pelo menos, nunca precisei falsificar meu nome para conseguir um
contrato...
-
Eu também não! Se você tivesse sido mais atento, veria em outras plantas o meu
nome correto! Oh! Desculpe! Não lhe passou pela cabeça, não é?
François
intervém, mais uma vez, com um sorriso enigmático:
-
Vocês parecem duas crianças! Parem com
isso, hã? Vamos jantar antes que a comida esfrie!
Desconcertada
e envergonhada por ter perdido o controle, Rosa diz rapidamente:
-
Desculpem-me! Acho que o cansaço da viagem me fez perder o controle...
-
É... o que deve esfriar son os seus ânimos, gatinha! – Sussurra Claude, numa nova
provocação.
Rosa
conta até dez para não revidar. Não daria a ele o gostinho de vê-la
descontrolada de novo. Não à mesa do jantar.
Joanna
apresenta os pratos para Rosa:
-
Bem, meus amores, eu estou com fome! Rosa, olha só, a Dadi preparou arroz
boliviano, farofa de banana, caldo de piranha, frango caipira com pequi, peixe
assado... Acho que não está tão longe do seu paladar paulistano! Claude, você que está perto de Rosa, poderia
servi-la!
-
Não precisa, Joanna! Prefiro eu mesma me servir. Assim experimento um pouco do
que nunca comi... – diz, servindo-se do caldo.
-
Se eu fosse você, gatinha, evitava o caldo de piranha. Dizem que é afrodisíaco!
– Claude fala, em meio à conversa dos demais que se serviam ao mesmo tempo,
fazendo um certo alvoroço.
-
É mesmo? Não se preocupe! Nem todo caldo de piranha do mundo faria eu me
interessar por um homem como você! – E prova o caldo, numa generosa colherada.
-
Non foi bem isso que eu senti hoje à tarde! – Continua, provocando-a e
fazendo-a corar terrivelmente.
-
Rosa! Vai devagar com o caldo! Você está vermelha como um tomate! – Claude diz,
casualmente, atraindo a atenção de todos para Rosa, que engasga nessa hora,
tossindo sem parar...
-
Mon Dieu, Claude! Você está mais perto dela, faça alguma coisa! – Fala Janete,
desesperada.
Rosa
levanta-se e afasta-se da mesa, andando em direção à porta lateral que dava
acesso à varanda inferior. Quanto mais andava, mais tossia. Claude vai atrás
dela.
-
Ei... Calma, hã? Tente respirar! – Diz, segurando-a pelos ombros... Então se
coloca atrás dela e levanta-lhe os braços...
-
O que... cof, cof! pensa que está fazen... cof, cof... do? – Consegue falar.
Aquela proximidade dele com seu corpo lhe dava arrepios...
-
Non sei, dizem que isso ajuda! E deve ser verdade, porque você já está falando!
Aos
poucos, Rosa vai respirando aliviada, mas perturbada. Claude ainda mantinha
seus braços para cima.
-
Acho que já passou... poderia soltar
meus braços, por favor? - Pede num fio de voz.
-
Pois non! Podia ser mais gentil e agradecer ao invés de me fazer sentir como se
tivesse uma doença contagiosa?
-
Me desculpe, não foi minha intenção! – Começa Rosa, a desculpar-se, e vira-se
para trás a fim de encará-lo e voltar para a sala, ao mesmo tempo em que ele dá
um passo para frente. Então suas pernas se enroscam e Rosa solta um grito
abafado, caindo. Claude ainda tenta segurá-la, mas acaba escorregando e caindo,
ficando embaixo de Rosa.
-
Eu non acredito! – Diz Claude – Isso non está acontecendo!
-
Rosa! Claude! – Janete é a primeira a chegar perto deles. – Mon Dieu! Vocês
estão bem?
-
Filho! Mas que brincadeira foi essa, hã? Rosa, você se machucou, filha?
-
Brincadeira? É claro que ela non se machucou, papai! Eu amorteci a queda dela!
-
Claude... eu sinto muito... como isso
foi acontecer...?– diz Rosa, segurando na mão de Rodrigo e pondo-se em pé.
-
Pelo menos, dessa vez, non houve danos físicos em mim! – Fala, levantando-se
com a ajuda do pai e se pondo entre Rosa e Rodrigo.
-
Bem, se os dois estão bem, vamos terminar o jantar! – diz François.
Eles
voltam à mesa e em poucos minutos tudo parece estar de volta à normalidade.
Rodrigo inicia uma nova conversa e ela se estende até a sobremesa: sorvete.
Depois disso, eles vão até a varanda, onde a conversa continua.
-
Vocês deviam visitar a Estância Mimosa Ecoturismo, no município de Bonito. A
fazenda é uma das pioneiras na área.
-
E fica muito longe daqui? – pergunta Rosa, interessadamente.
-
O acesso à Estância é feito pela rodovia MS-178 que liga Bonito à Bodoquena.
Eles oferecem excelentes opções, tanto para quem procura aventura como
conforto. São diversos estilos de passeios, acomodações e guias. Um ambiente
exclusivo que proporciona momentos inesquecíveis!
-
Você já esteve lá? – continua Rosa.
-
Uma única vez, há algum tempo atrás. Mas fui a negócios e não como turista...
Claude,
então, resolve falar, deixando todos de boca aberta:
-
O interessante dessa Estância para nós engenheiros e arquitetos, Rosa, está no relevo
na propriedade que é bastante acidentado. Este fato dificultou o desmatamento
pelos proprietários anteriores, pois grande parte dessas terras está em áreas
de preservaçon permanente como: encostas, morros e matas ciliares. Existem
matas contínuas lá e nas propriedades vizinhas, em especial, na porçon leste, o
que resulta em uma considerável extenson florestal e possibilita a existência
de uma diversidade faunística considerável. Já foram catalogadas na Estância Mimosa
espécies de vegetaçon, de mamíferos, anfíbios, reptéis e aves.
-
Pelo visto, você fez a lição de casa, filho! – comenta François.
-
Papai, eu non iria assumir um compromisso desses, sem antes ter certeza que
pode dar certo, mesmo a médio ou longo prazo. Eu pesquisei muito, antes de
decidir, hã?
-
Olha, Rosa, pra você que gosta de fotografar a natureza, seria um prato cheio!
– Comenta Janete.
-
Seria mesmo, se minha máquina não tivesse sido danificada naquele... incidente
lamentável... E lança um olhar pra
Claude. – Infelizmente, era meu único recurso!
-Se
você quiser, assim que tiver uma folga – diz Rodrigo – eu posso te levar até
lá. Quem sabe não conseguimos comprar uma máquina nova em Aquidauana?
-
Eu creio que Rosa non vai ter muito tempo livre ou disponível para se divertir
por aí nas próximas semanas... – diz Claude, secamente. – Ela está aqui a
trabalho e non para se comportar como uma turista!
Rosa
mal acredita que ouvira aquilo. Atrevidamente, ela diz:
-
Mas não sou nenhuma escrava, não é mesmo, François? – Fala como se desafiasse
Claude - Eu vou adorar conhecer essa fazenda com você, Rodrigo! – e sorri para
ele.
-
Pois, eu lamento muito. Você está sob os nossos cuidados e se alguém tiver que
acompanhá-la, serei eu, d’accord? Aliás, Rodrigo, você pode mandar a conta do
conserto do carro de Rosa para mim. A fazenda arcará com os custos, afinal, ela
estava vindo aqui atendendo ao nosso contrato.
Claude
parecia falar com um empregado e não com o proprietário da fazenda vizinha, o
que gerou um silêncio constrangedor.
-
Claude, acho que ao bater a cabeça no chão, você perdeu as boas maneiras! Isso
são modos de falar com Rodrigo? – ralha Janete com ele.
-
Janete, eu sinto muito se feri os seus sentimentos ou os de Rodrigo com a
minha... sinceridade!
-
Sua sinceridade não me ofende, Claude! Nos conhecemos há muito tempo pra isso e, apesar de
não sermos tão íntimos, eu admiro
sua capacidade de adaptação. Bem, está
na minha hora. François, Joanna, Janete, muito obrigado pelo jantar. Agradeçam à Dadi também! Como sempre a comida
estava excelente. Boa noite a todos!
-Boa
noite, Rodrigo! – respondem Joanna e François, ao mesmo tempo, retirando-se em
seguida. Janete acompanha os pais.
-
Eu vou acompanhá-lo até o carro, Rodrigo! – Rosa fala, sorrindo, ao mesmo tempo,
em que passa o seu braço pelo dele, descendo os poucos degraus da varanda até o
gramado do jardim.
Rosa
percebe o olhar de desaprovação de Claude e sorri ainda mais para Rodrigo.
Claude que pegasse o seu mau humor e...
-
Você parece bem cansada, Rosa! Tem certeza que não se machucou na queda? –
pergunta Rodrigo, parecendo preocupado.
-
Realmente, estou um pouco cansada. Acho que ainda não me adaptei ao fuso
horário! – Rsrsrsrsr! Quanto à queda, só o meu orgulho está ferido... Foi muito
desagradável e constrangedor...
-
Rosa, o convite continua de pé! Se quiser ir até Bonito, terei muito prazer em
acompanhá-la!
Rosa
dá um suspiro e diz:
-
Não sei por que ele fez questão de tornar tudo tão difícil! Sou responsável e
uma arquiteta competente, não precisava me tratar como uma criança! – diz,
lançando um olhar em direção à varanda. Mas Claude já não estava mais lá.
-
Eu ainda não entendi como você conseguiu que ele mudasse de ideia e te
contratasse... Digo pelo fato se você ser mulher!
-
Com certeza, não foi por minha causa,
mas por alguma ideia ou razão... Talvez queira se vingar das mulheres com minha
pessoa! Só sabe me deixar furiosa!
-
É estranho! Claude não costuma se
comportar assim com as mulheres da cidade...
Rosa
faz uma careta de dúvida e Rodrigo continua:
-
Quero dizer assim como igual. Normalmente, ele fala e as mulheres simplesmente
o escutam!
-
E obedecem! Ah! E devem agradecer por terem sido notadas pelo todo-poderoso Sr.
Geraldy!
-
Por aí... E parecem não se importar...
-
Pois bem, eu me importo e muito! Muito mesmo!
Não gosto de ser tratada como criança, tenho opiniões formadas!
-
Estou vendo! Mas seria razoável se vocês se entendessem. Não se esqueça, ele é
o seu patrão no momento. É o dinheiro dele que vai financiar a maior parte do
projeto...
-
E pagar o meu salário... Oh, Deus! Eu não sabia disso! Que droga! – diz, parecendo enfurecida.
Rodrigo
a observa demoradamente e passa os dedos pelo rosto de Rosa:
-
Sua reação diante dele é estranha... Como eu disse, as mulheres sentem-se encantadas
por ele. Mas parece que com você não está sendo assim... Melhor pra mim...
Rosa
afasta-se de Rodrigo, evitando o beijo que provavelmente ele lhe daria...
-
É melhor eu entrar. Não devo estar no meu estado normal! Viagem, mudança de
ambiente, estresse, ansiedade... não sei bem o que é. Tenha cuidado na estrada
e... boa noite, ok?
Caminha
para a casa sem olhar para trás.
-
“Como pude deixar ele flertar assim comigo? Eu devia estar envaidecida,
mas...” – Mas, ele não é Claude
Geraldy – completa aquela voz dentro de sua cabeça, deixando-a profundamente
irritada consigo mesmo.
Ela
entra cuidadosamente, evitando fazer barulho. Atravessa a sala de estar e já na
metade da sala de jantar, escuta a voz de Claude:
-
Onde pensa que vai, gatinha?
Ao
virar-se, encontra o olhar de Claude e aquele sorriso encantador e ao mesmo
tempo malicioso. Oh, Deus! Ele tinha charme! Sua razão rejeitava aquele apelido
: “gatinha”. Mas sua vaidade parecia não se importar e pior ainda parecia
gostar. Não! Realmente não estava em seu estado normal!
Desgostosa,
reconheceu que ao lado de Claude Geraldy, nunca estaria em seu estado normal.
Isso era evidente. Mas não o suficiente para perder a compostura. Não naquele
momento.
Ele
que a chamasse de gatinha o quanto quisesse! Devia esperar que ela caísse em
suas mãos, como se fosse fruta madura, igual às outras mulheres caíam. Pois
bem, espere o resto da vida!
-
Dormir! – respondeu simplesmente.
-
Mas, a nossa noite mal começou... Podemos nos divertir muito ainda!
-
Nossa noite? Não existe, nem vai existir
nossa noite!
-
Non? Por quê? – diz, chegando perto dela.
-
Por que... por que... Porque eu não
quero me divertir com você!
-
Esse é o seu problema! Você trabalha e
non se diverte! Sua vida non tem equilibrio!
-
No momento, estou focada na minha carreira. Ela é o mais importante pra mim. - sua
voz não saiu com a convicção que gostaria.
-
Mas isso não a impede de ter experiências pessoais. Todos temos necessidade de
certos contatos...
-
Não tenho não. Eu quero me estabilizar profissionalmente. E só pra sua
informação, já tive experiências...
-
Tenho certeza que non foram do tipo a que me refiro. Você é uma garota bonita,
Rosa, devia se arriscar mais... – diz com a voz rouca, colocando uma mecha de
cabelos dela pra trás e deslizando a mão pelos braços dela com delicadeza.
O
bom senso a mandava sair de perto dele. Mas quem disse que ela queria ouvi-lo?
-
Eu não sou uma garota, sou uma mulher e não sou bonita! Eu sempre tive espelhos
em casa, sr. Geraldy.
-
Claude – corrige ele, sorrindo profunda e misteriosamente, antes de continuar -
E eu sou um homem, gatinha... E se a chamei de garota, é porque você é uma garota ainda. A mulher que você
pode ser ainda está adormecida...
-Adormecida
ou não, creio que isso não é da sua conta...
-
Qualquer coisa que diga respeito a você, enquanto trabalhar para mim,será de
minha conta... - continua com aquela voz profunda e sugestiva. Estavam bem
juntos, o que fazia o coração de Rosa acelerar ainda mais.
-
Eu preciso ir... Quero levantar bem cedo amanhã.
-
Vou deixa-lá ir para a cama, gatinha, mas antes eu queria mostrar a você que
non sou o monstro que imagina... Que tal
selarmos um acordo de paz com uma taça de vinho? – fala, se afastando, abrindo a garrafa de vinho e colocando-a sobre a mesa.
-
Pensei que a paz se selasse com uma bandeira branca...
-
Voilá! Você tem senso de humor! Espero que ele perdure durante o nosso relacionamento...
-
Relacionamento profissional, é claro! – E estica a mão para pegar a garrafa e terminar
logo com aquilo. Mas Claude faz a mesma coisa.
-
Quer deixar que eu sirva você? – fala, de modo autoritário.
-
Não precisa, eu não sou inútil, posso muito bem me servir...
Porém, nenhum dos dois cede e, naturalmente, a
força de Claude era maior. Quando ele, finalmente, decidiu soltar a garrafa,
toda a força que Rosa fazia serviu de alavanca para que o líquido da garrafa
escapasse atingindo o rosto dele e escorresse por sua camisa.
Sem
saber exatamente o que fazer, Rosa usa a saia do vestido para limpar o rosto dele, mas o olhar de fúria que
ele tem ao abrir os olhos a deixa paralisada.
-
Oh! Eu sinto muito...
-
Sente muito? Qual é o seu problema, hem?
Acho que me enganei... a sua diverson é tentar acabar com minha
paciência! Enton, encare as consequências...
E
suas mãos prendem os braços dela, rapidamente, apertando-os com força. Seus
rostos estavam próximos, próximos demais...
-
Deixe-me ir... A culpa foi sua... – murmura, espantada ao se perceber quase à
beira das lágrimas.
Mas
foi uma súplica inútil. Ainda tentou virar o rosto, mas Claude segurou-lhe, implacável e beijou-a. Também
tentou manter-se fria e indiferente, mas seus sentidos deliraram, extasiados.
Sentiu o corpo vibrar, apesar da brutalidade daquele beijo... E correspondeu
avidamente...
Então,
Claude a soltou. Olharam-se por um breve momento, os olhos dele prendendo os
dela. Pensou que ia ser beijada de novo.
E
antes que isso acontecesse saiu correndo para o seu quarto, trêmula. Fechou a
porta atrás de si. Estava sem forças. Aquilo era absurdo! Não podia estar
atraída por aquele francês arrogante!
Mas tinha desejado aquele outro beijo, desejado ardentemente sentir o
calor dos lábios dele novamente nos seus...
Tomou
um banho, tentando se livrar daquela sensação. Era ridículo! Não estava mesmo
em seu juízo normal, pensa, deitada na cama, tentando encontrar uma explicação...
E antes de adormecer para uma péssima
noite de sono, a encontra: “Se eu
fosse você, gatinha, evitava o caldo de piranha. Dizem que é afrodisíaco!”
– Claro! A culpa era total, única e
exclusivamente do caldo de piranha!
Continua
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