Sinopse
Rosa viajara mais de
mil quilômetros - de São Paulo a Mato Grosso do Sul - para realizar seu
primeiro trabalho como arquiteta depois de receber a aprovação do seu projeto:
adaptar para o ecoturismo uma velha fazenda de criação de gado.
Agora começava a
arrepender-se de sua ousadia.
Afinal, estava parada
no meio do nada, quando poderia estar em Paris, em plena lua de mel. Isso se
não tivesse rompido um compromisso de quatro anos, praticamente às vésperas do
casamento.
Mas não era amor o que
sentia por Júlio.
Além do mais, esta
seria a oportunidade de rever sua amiga de infância, Janete e os pais dela,
proprietários da fazenda.
Só não contava com a
presença do meio irmão dela, o engenheiro Claude Antoine Geraldy, que passava
uma temporada na fazenda.
Um francês
perigosamente sexy, que sentia prazer em deixá-la perturbada...
I
Existem
lugares que impressionam pura e simplesmente pela grandiosidade de sua beleza.
Paisagens perfeitas para uma fotografia. Conquistam pelos detalhes: a terra
vermelha, a planta, o som do passarinho, do vento ou do coração batendo forte
diante de toda essa visão...
E
embora o desmatamento causado por queimadas, pela agropecuária ou pela
comercialização de madeira seja evidente, é possível, em muitos locais,
observar tucanos, lobos-guará e outros representantes da fauna sem muito
esforço.
Mato
Grosso do Sul é assim. Bom para férias, descanso, cultura, esportes e aventura.
Excelente
para negócios e eventos. Propício para estudos científicos, para contemplação e
investimentos. E para o turismo. Mato Grosso do Sul é o Estado de todos os
destinos.
O
Pantanal, maior planície alagável do planeta, é o principal destino para
observação da vida selvagem na América do Sul. O lugar típico para hospedagem
são os hotéis-fazenda, onde o turista pode observar a natureza e ainda tem a
chance de conhecer o modo de vida rural do homem pantaneiro e desfrutar de sua
tradicional hospitalidade.
Cavalgadas,
passeios de barco, focagem noturna e observação de pássaros são algumas das
atrações.
Premiado
sete vezes consecutivas como o melhor destino de ecoturismo do Brasil, Bonito,
localizado na região turística “Bonito-Serra da Bodoquena”, é um lugar em que o
próprio nome descreve o que o turista vai encontrar.
Grutas
de belezas fascinantes, nascentes e rios de águas cristalinas para mergulho em
meio a peixes e vegetação aquática, aquários naturais, cachoeiras e corredeiras
para esportes de aventura, trilhas ecológicas, fauna e flora que fazem qualquer
um ficar apaixonado pela natureza. Na verdade, não é bonito. É lindo.
Era
pra essa região que Rosa se dirigia. A fazenda ficava entre os municípios de Bonito
e Aquidauana, há alguns quilômetros da capital, Campo Grande. Mas, naquele
exato momento, nada lhe parecia bonito. Muito menos lindo.
A
chuva caia impiedosa, castigando a vegetação e provocava um barulho
ensurdecedor ao bater contra a lataria do carro.
Há
quanto tempo estava ali, sentada à direção do carro, esperando a chuva passar?
Rosa
não se conformava com sua falta de cuidado! Parara tantas vezes para
fotografar! Era um de seus passatempos
preferidos, que lhe rendera até um prêmio amador. E por que não tivera o
cuidado de observara temperatura do carro e reabastecer a água do reservatório?
O
resultado ali estava: provavelmente, o motor fundira.
Há
alguns quilômetros atrás o motor fervera e ela insistiu em continuar, mesmo
porque não havia outra opção, onde se encontrava. A estrada era praticamente
deserta, parecia o meio do nada. Ela poderia contar nos dedos o número de vezes
que cruzou com algum outro veículo. E quanta vezes tentou usar o celular sem sucesso.
Ligou
o som. Pelo menos isso, ainda funcionava. Tentou sintonizar em alguma rádio da
região, mas a estática foi a resposta.
Pegou o primeiro CD que encontrou no porta-luvas e inseriu no aparelho.
Um pouco de música lhe faria bem.
-
Perfeito para o momento! – Diz para si mesma.
Recostou
seu corpo contra o banco macio do carro e respirou profundamente, tentando se
reconfortar.
Então,
pela centésima vez, retirou um envelope da bolsa, amarrotado pelo constante
manuseio, mas em cuja textura ainda se notava a boa qualidade do papel e a
elegância refinada do formato.
Abriu
a carta, que mais parecia um bilhete de tão concisa, e de olhos fechados,
recitou as palavras, em vez de ler:
“Conforme sua solicitação, em reposta ao
nosso e-mail, confirmamos que seu projeto foi escolhido. Caso realmente tenha
interesse em realizá-lo, por favor, confirme sua vinda no prazo máximo de sete
dias. Valores iniciais também confirmados. Demais particularidades acertaremos
pessoalmente.
Atenciosamente,
C.A.Geraldy
Ferme Papillon Bleu
(Fazenda
Borboleta Azul)
P.S. Após esse
período, descartaremos seu projeto automaticamente.”
Quando
recebeu aquela carta mal acreditara.
Há
vários meses atrás, enviara sem pretensões um projeto feito ainda na faculdade
para uma amiga de infância, que lhe pedira ideias de como transformar a fazenda
do pai numa fazenda ecologicamente correta para o turismo.
A
tal fazenda ainda guardava resquíciosda criação de gado, mas François – o pai
francês de Janete - fora fisgado pela necessidade de preservação, da manutenção
dos ecossistemas e via no ecoturismo uma maneira de aliar renda, educação e preservação
ambiental, uma vez que pretendia continuar no Brasil, até o fim da vida.
A
proposta, em forma de carta, só viera a dez dias atrás, providencialmente, pois
os comentários maldosos de
que rompera com Júlio por causa
de outro homem ferviam pela vizinhança.
Era
uma oportunidade única e Rosa não pensou duas vezes: seria um alívio escapar
dos olhares desconfiados dos vizinhos, do olhar de reprovação do pai, cujo
pensamento sempre fora “lugar de mulher é
em casa, cuidando dos filhos e do marido”.
E
não seria para sempre. Assim que terminassem os serviços, voltaria para casa
com um belo empreendimento em seu currículo. Num prazo de seis a oito meses,
estaria de volta a São Paulo.
Alugaria
um apartamento, pois o valor combinado daria para mantê-la por um tempo,
enquanto procurasse um novo emprego, já que fizera a burrada de demitir-se do
antigo, cedendo aos apelos de Júlio.
Sem
contar que iria rever sua amiga de infância, Janete Camargo Geraldy.
Estudaram
no mesmo colégio particular, até que os pais de Rosa não puderam mais mantê-la
por lá e ela foitransferida para um colégio público, junto com os irmãos
Terezinha e Dino.
Apesar
de estudarem em escolas diferentes, mantiveram contato e sempre se encontravam,
até que o pai de Janete resolveu entregar o comando de suas empresas do Brasil
e da França para seu filho do primeiro casamento e mudaram-se para Mato Grosso
do Sul, numa pequena fazenda de criação de gado, da qual já eram proprietários.
Realmente
era sua grande chance de provar ao pai que todos os sacrifícios que fizera pra
se manter na faculdade tinham valido a pena.
Saiu
do transe do devaneio e esfregou os olhos, cansada. A viagem estava sendo mais
longa do que planejara.
Dobrou
a carta, colocando-a no envelope e reparou que seu nome estava errado: no
destinatário constava Serafin R. Petroni. Provavelmente, um erro de digitação.
Guardou-a na bolsa e algo a incomodou.
Não
havia mais música. Apertou todos os botões existentes e nada. Então, seus olhos
focaram o painel e horrorizada notou que a bateria já era.
Não!
Isso não está acontecendo, pensa enquanto gira a chave e nenhuma luz se acende
no painel. Era só o que faltava! Não era possível que deixar o farol ligado
junto com o pisca-alerta tivesse descarregado totalmente a bateria... a não ser
que... Droga! Esquecera o ar condicionado também ligado...
Isso
era demais! O que está acontecendo comigo? Calma, Rosa! Feche os olhos, respire
fundo e concentre-se. – Ordenava a si mesma - A grama é verde, os pássaros voam
e o sol sempre brilha!
Ela
repete essas palavras várias vezes, até sentir-se mais calma e vagarosamente
abre os olhos... O sol sempre brilha – murmura - mesmo que seja por detrás da
nuvens, Rosa! – completa com certo
desgosto.
A
chuva diminuíra. Era sua chance de tentar alguma coisa. Sem pestanejar, ela
desce do carro. Abre o capô, não sabe exatamente para que, pois não entendia
nada de mecânica.
Estava
parada no acostamento da estrada, se é que se podia chamar aquela estreita
faixa de terra de acostamento. A poucos centímetros começava a inclinação de um
barranco de alguns metros.
Lá
embaixo, as árvores e arbustos de galhos tortuosos, cascas grossas, folhas
cobertas por pêlos e raízes muito profundas fechavam o local. O barulho da água
pingando para a terra e dos pássaros saindo de seus abrigos era como uma
sinfonia. De repente, percebe algo se movimentando e estreita o olhar, tentando
identificar o que era...
Uma
graciosa arara azul havia saído de seu ninho. Provavelmente em busca de comida.
“Preciso registrar isso” – Pensa Rosa,
voltando ao interior do carro em busca de sua máquina semiprofissional – seu
prêmio em um concurso amador.
Ela
aciona a câmera para filmar, tentando enquadrá-la da melhor maneira possível e
a arara parecia mesmo querer se tornar uma celebridade, pois exibia suas longas
asas azuis num voo espetacular, pousando mansamente na próxima árvore.
Com
isso, ela se afastara vários metros do carro e tarde demais percebeu que estava
quase no meio da pista, tarde demais se
deu conta da moto que se aproximava veloz em sua direção.
Então,
tudo aconteceu também rápido demais! Ela balançava os braços, pedindo ajuda,
mas o asfalto molhado e a velocidade fizeram a moto derrapar num giro de cento
e oitenta graus ao tentar desviar de Rosa, que se afastava.
Por
sorte, a moto foi para o lado oposto, mas o condutor foi lançado na direção
dela, batendo contra suas pernas, arrastando-a consigo barranco abaixo...
Rolaram
atracados um ao outro, alguns minutos, os poucos metros do barranco, que
pareceram uma eternidade. Quando finalmente pararam, próximos às raízes de uma
frondosa árvore, foi que Rosa se deu conta do que acontecera. E de onde se
encontrava: estirada literalmente embaixo do corpo de um desconhecido, que a
fitava pelo visor do capacete.
Sua
cabeça ainda girava, enquanto o cheiro impecável de um bom perfume lhe invadia
as narinas... Os cabelos negros caiam parcialmente pela testa bem feita dele e
ela podia perceber a barba curta por fazer. Ela levantou a cabeça e pode
observar uma boca sensual o suficiente para mexer com seus instintos... A forma
com que o corpo dele se encaixara no seu era íntima demais. E as mãos dele em
volta do seu corpo a faziam perder a respiração. Mas a fisionomia dele não era
das mais agradáveis no momento em que ele tira o capacete e coloca no chão,
chacoalhando a cabeça.
Claude
olhava para aquela mulher de corpo bem feito, com curvas femininas e sinuosas...
Não era tão alta, mas o conjunto era gracioso.
-
Sua louca! O que pretendia dançando na chuva no meio da estrada? – Começa a
falar, sentindo seu raciocínio ser alterado para a frequência do desejo...
-
Eu não dançava na chuva – Rosa tenta
controlar a raiva que sentia. Eu pedia ajuda! Meu carro... pifou e eu preciso
de uma carona.
-
Pedia ajuda no meio da pista, em plena curva fechada, onde non se enxerga
nada? Non acha que foi tola, para non
dizer outra coisa?
-
Escuta aqui seu... seu... Não era eu quem estava acima da velocidade, correndo
como um louco em cima daquela moto numa pista molhada e escorregadia... Se tivesse mais cuidado isso não teria
acontecido!
-
Mas é muito pretensiosa, hã? Enton, a culpa é minha? Você invade a pista, me
faz desviar de você derrapando a moto, isso nos faz cair barranco abaixo e a
culpa é minha?
-
Claro! A culpa é toda sua,sim senhor! Se tivesse diminuído a velocidade, como
indica aquela placa que está lá...
-
E como eu ia adivinhar que sua alteza iria estar com probleminhas em sua
carruagem e sairia pela floresta encantada, pedindo socorro? Você quase nos
matou!
-
Quem quase nos matou foi você! Pensou que era um personagem de Matrix, por
acaso?
-
Ah! Mulheres! Por que vocês simplesmente non aceitam quando eston erradas e
pedem desculpas?
-
A única coisa que eu vou pedir é pra você ter a gentileza de sair de cima de
mim! Pode ser? - Rosa pede com a
respiração alterada.
Só
então Claude se dá conta que ainda estavam estirados no chão, um sobre o outro,
discutindo inutilmente. Vagarosamente, ele vai se levantando e seu olhar
percorre todo o corpo de Rosa novamente, da cabeça aos pés... E aquela s pernas
eram algo mais, firmes e bem torneadas... – Rosa vestia um short jeans, que com
os movimentos se erguera ainda mais.
O
corpo dele reage involuntariamente e Claude tenta reprimir o impulso de tomá-la
nos braços e beijá-la.
-
“Mas era só o que me faltava! Me sentir
atraído por essa doida de carteirinha! Non... isso é só uma reaçon hormonal,
nada mais...”
Rosa
levanta-se rapidamente, antes que Claude pensasse em lhe oferecer a mão. Ela
olha à sua volta, procurando sua máquina.
-
Você está bem? – questiona Claude.
-
Droga! Tomara que não tenha sido danificada! – Diz ao pegá-la do chão a alguns
centímetros de onde caíram, sem escutar o que ele dizia.
-
Pelo visto você está bem, non é mesmo? Non quebrou nada, tá inteirinha e
preocupada com sua máquina! Muito
obrigado pela consideraçon! Eu também non quebrei nada, hã?
Claude
vira as costas e começa a subir o barranco. Não sabia por que a indiferença
dessa desconhecida o irritava tanto. Ela que se virasse sozinha pra subir...
Rosa
se volta para dar uma resposta e vê que ele já subia o barranco, mas esquecera
de pegar o capacete. Ela, então, o pega e sobe por onde já havia pisado.
-
O que houve com seu carro? - Pergunta Claude.
-
Eu ... acho que fundiu o motor! Ele ferveu e depois de alguns quilômetros puff!
Parou exatamente ali onde está! E pra ajudar, a bateria arriou também...
-
Mon Dieu! Non tem muito o que fazer nessas condições! Olha, eu levo você até o
socorro mais próximo...
-
O quê? Andar nessa moto com você? Nunca! Fala sério! Eu não estou a fim de morrer!
-
D’accord! Será que pode devolver meu capacete? - Pergunta ironicamente.
-
Com todo prazer! - Rosa coloca mais força que o preciso e ao esticar o braço,
acaba batendo o capacete na parte mais sensível de Claude, arrancando um gemido
e uma contração de dor por parte dele.
-
Ai! Não! Foi sem querer, desculpe...
-
Sua ... desvairada! – Diz entre dois tempos distintos pela dor que sentia - Quer
saber? Eu quero distância de você! Fique longe de mim, do meu caminho! Até
nunca mais! – Claude sobe com alguma dificuldade na moto, coloca o capacete,
acelera e sai, deixando-a sozinha.
-
“Mas que sujeitinho abusado! Com certeza
fingindo ser turista, com esse sotaque de nhem,nhem,nhem... Eu não preciso da
sua ajuda! Eu vou ficar bem... Daqui a pouco passa outra pessoa... Já nem tá
chovendo mais... Só está anoitecendo...
Deus, eu vou passar a noite no meio do nada sozinha?”
NÃO PERCAM O PRÓXIMO CAPÍTULO DE “BORBOLETAS NO
CORAÇÃO” NA QUINTA E NÃO DEIXEM DE ACOMPANHAR TERÇAS E QUINTAS OS CAPÍTULOS
EMOCIONANTES DESSA FIC!
To adorando essa fic.To lendo ela la na comu de Urca também.
ResponderExcluirMais adorei poder reler ela aqui.
Muito boa assim como as outras que a Sônia escreve,tem muito talento.
Adorei o primeiro capítulo.
ResponderExcluirFic também é cultura uhu
Parabéns!
Nossa ameiii.. Nem a fic começou direito e as brigas já estão na área! Está ótima e já me deixou na curiosidade... Parabéns.. esperando os próximos capítulos! :)
ResponderExcluirkkk Muito engraçado esse encontro de Claude e Rosa.
ResponderExcluirEssa fic parece ser bem engraçada.
Aguardo anciosa o próximo capítulo.
At. Marli
Oooie, meu nome é Áquila Vitória e eu gostaria de saber como eu faço pra escrever uma fic aqui no blog??
ResponderExcluiremail:aquilavitoria15@gmail.com meu whatsapp:(85)989762744
Oi queria que escrevece uma fic de DB Russell e julie finn do cis las Vegas queria muito uma fic deles como casal pq na série cis não souberam aproveita a química deles por isso queria uma fic deles como um casal alguém poderia escrever uma fic deles por favor queria muito essa fic
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