O INFERNO
DE UM ANJO
Romance-folhetim
Título original:
L’enfer d’un Ange
Henriette de Tremière/o inferno de um anjo
e revisado por Paulo Sena
Rev. G.H.
BIBLIOTECA GRANDE HOTEL
Capítulo
XIX – Parte 1
SEM
MÁSCARA
Ubaldo
Duroi mal acabava de sentar-se no seu lugar, na salinha de espera da
quiromante, quando esta reapareceu, e, depois de tê-lo olhado por um instante, disse:
-
Veio, naturalmente, para uma consulta...
O
investigador se ergueu e, mantendo a cabeça baixa, sem fitar o rosto da mulher,
respondeu:
-
Sim. Eu desejo muito falar com a senhora.
-
Lamento, mas, infelizmente, teremos que adiar a consulta. Estou muito fatigada
e não me sinto disposta a enfrentar o esforço de outra sessão.
-
Ah! Está muito fatigada...
Na
voz de Ubaldo havia um forte tom de ironia e isso não escapou à quiromante, que
tornou a fitá-lo persistentemente.
-
Esteja ou não esteja - sibilou - o caso é que já lhe disse para ir embora.
Compreendeu?
-
Permite que lhe diga, senhora Delapierre, que é muito ríspida com os seus
clientes?
-
Bem, mas o fato é que a sua opinião não me interessa absolutamente!
-
Pensa, talvez, que não lhe poderei pagar?
-
Isto não tem a mínima importância!
-
E, então?
Os
olhos cor de esmeralda da quiromante adquiriram um brilho mais vivo, cheio de
ameaça.
-
Então... Trate de ir embora! Estou na minha casa e tenho o direito de agir como
bem me pareça!
Ubaldo
Duroi se apoiou na bengala que tinha na mão e, sem tirar os olhos da mulher,
disse, com um sorriso sarcástico:
-
Pois eu acho que não sairei, apesar disso, e que a madame, embora esteja assim
fatigadíssima como disse, vai ter uma conversa comigo... Ou melhor, vai
responder a umas perguntas que eu lhe farei! Estamos de acordo?
Sem
dar resposta, sem o menor sinal de estar amedrontada, a vidente se voltou para
a porta e chamou:
-
Jordi!
Imediatamente,
como se tivesse surgido do nada, o hindu mudo apareceu no vão da porta, com os
longos braços que quase tocavam o chão, o que lhe dava certa semelhança com um
gorila.
Seus
olhos felinos, cujo branco contrastava fortemente com o tom da pele, fixaram-se
primeiro nos da quiromante e, depois, no investigador. Como se tivesse recebido
uma ordem silenciosa, mas imperiosa, mostrando os dentes alvíssimos também num
sorriso que era uma careta feroz, o hindu deu um passo em direção do detetive,
estendendo as grandes mãos peludas e fortes como garras.
-
Agarre-o, Jordi! - ordenou Ivonne Delapierre.
Mas,
naquele mesmo instante, aconteceu uma coisa imprevista, inesperada, que fez a
quiromante soltar um grito de terror! Quando o hindu estava quase a alcançá-lo,
o investigador, agilíssimo, retrocedeu alçando ao mesmo tempo a bengala em que
esteve apoiado até aquele momento. A mão de Ubaldo premiu um botão oculto no
punho do bastão-arma. Ouviu-se um estalido seco, metálico, e da ponta da
bengala saiu, com um brilho ameaçador, uma lâmina cintilante e pontiaguda! O
servo da vidente, a tempo, estacou, rangendo os dentes. Daquele instante de
hesitação se aproveitou Ubaldo Duroi que, sempre mantendo o hindu a distância
respeitosa, com a mão esquerda arrancou todo o disfarce que lhe velava a
autêntica personalidade, mostrando-se aqueles quatro olhos atônitos como realmente
era.
-
Basta de comédia, de fingimento! - gritou. - Chegou o momento de colocar as
cartas na mesa, minha cara marquesa Renata!
Por
um instante, Ivonne Delapierre, ou melhor, Renata Duplessis, permaneceu incapaz
de dizer palavra, tal era a surpresa que se apoderara dela. Imóvel, arquejante,
fitava estarrecida o homem que a contemplava com um riso sardônico nos lábios.
-
Você!... - articulou finalmente. - Você!... Não é possível! Não é verdade... É
uma alucinação!...
-
Como? - zombou o detetive. - A grande quiromante está a falar em alucinações?
Pensei que logo me tivesse reconhecido... Ou que adivinhasse!
A
marquesa Renata, como se as forças lhe fossem faltar, caíra sentada numa das
poltronas de couro de leopardo, enquanto o hindu, tomado do maior estarrecimento,
sem compreender a mudança de atitude da patroa, ia dando uns passinhos para
trás na direção da porta.
-
Saia, Jordi - ordenou a falsa cartomante, quando começou a dominar-se. - Não
preciso mais de você...
O
servidor, embora com visível relutância, se retirou.
-
E então? Que deseja de mim? - retomou a marquesa, voltando-se para o
investigador.
O
sorriso de Ubaldo se fez mais insolente:
-
Que bela maneira de receber-me, depois de tantos anos!
Terá
você esquecido o amor eterno que me jurou?
-
Amor, aquilo?! Não passou de uma loucura juvenil, nada mais que uma tolice!
Ubaldo
Duroi, o mitigo aventureiro e agora detetive, ficou repentinamente sério.
-
Dê-lhe o nome que quiser - disse. - Mas, se não estou enganado, daquela tolice
nasceu uma criança, uma menina...
-
Uma menina? Está enganado.
A
voz de Ubaldo se fez dura:
-
Renata, não tente fazer-se esperta comigo, pois lhe asseguro que se
arrependerá! E a aviso, para seu governo, que sei tudo o que você tem feito,
desde o dia em que o conde Fernando a expulsou de seu palacete.
-
E, então?
-
Só um detalhe me escapou: a criança. E quero saber, com exatidão, que foi feito
dela!
A
marquesa Renata baixou os olhos e seu rosto assumiu uma expressão de tristeza.
-
Pois bem, isso corresponde a abrir novamente uma grande ferida, mas já que você
insiste, devo dizer-lhe Ubaldo: nossa filha morreu.
Não
havia, porém, terminado a frase e o investigador avançou sobre ela, agarrando-a
por um braço.
-
Isso é mentira!
-
Não! É verdade! Largue-me!...
-
Mais uma mentira sua, mulher miserável! Oh! Sei muito bem que sempre adora a
mentira! Tantos anos se passaram e não foram suficientes para que mudasse! É
sempre a mesma! Todo esse tempo decorreu e nada melhorou em você!
A
marquesa, num puxão, libertou-se da mão que a subjugava.
-
Cada um é senhor de acreditar no que lhe aprouver! - disse.
Como
se não houvesse entendido o que ela dissera, Ubaldo se curvou para seu lado.
-
Renata - falou com toda calma - talvez você não saiba que eu, graças a certas
habilidades que não vem ao caso revelar aqui, consegui tornar-me investigador
privado, um detetive.
Em
virtude do que estou em contato direto com muitas figuras importantes da
polícia...
Renata
deu de ombros com ar de perfeita indiferença.
-
E eu com isso? - perguntou - Por que quer que eu me impressione com isso?
-
Você se importará muitíssimo, quando souber que um desses figurões, justamente,
incumbiu-me de fazer averiguações sobre você e as atividades que desenvolve e
me deu carta branca, plenos poderes para agir. Sabe o que isso significa?
A
marquesa Renata não deu resposta, simulando continuar indiferente e
desinteressada, mas uma sombra escurecera seu semblante, ainda belo.
-
Significa – continuou, imperturbável, Ubaldo - que posso mandar prendê-la à
hora que o desejar! Que me diz, agora? Vai falar ou prefere que eu a obrigue a
fazê-lo diante dos meus... colegas da polícia? Garanto que eles já são muito
menos pacientes do que eu.
Desta
vez, o medo mais repentino e violento se deixou ver no rosto da marquesa
Renata. Por um instante, ela fitou intensamente o homem, como para verificar se
ele blefava ou se ameaçava a sério. E a fria decisão que leu nos olhos de
Ubaldo Duroi teve o poder de convencê-la. Vencida, baixou a cabeça.
-
O que quer saber?
-
Já disse a você, há pouco! Nossa filha? Que foi feito dela?
Renata
fez um gesto vago.
-
Não tema, fui sempre muito boa mãe, embora possa duvidar. Sim, cuidei dela
muito mais do que você, que agora assume o papel de justiceiro, de pai aflito e
ansioso pela sorte da filhinha...
-
Não perca tempo em comentários idiotas! - retrucou o detetive. - Onde se
encontra ela agora? Onde posso encontrá-la?
-
Num lugar onde você jamais conseguiria colocá-la, certamente. Eu a elevei a uma
posição excepcional, proporcionando-lhe uma felicidade que você nem poderia
sonhar... Ela agora é rica, bajulada, respeitada: uma baronesa!
Ubaldo
Duroi não pôde conter uma exclamação, que era difícil saber se de alegria ou de
surpresa.
-
Como posso ter certeza de que você não mente? - perguntou arquejante. - Diz que
é uma baronesa? Dê-me uma prova, dizendo o seu nome, para que eu possa
verificar a verdade.
Renata,
indecisa, permaneceu calada. Via-se perfeitamente que, se pudesse, mataria
aquele homem, que estava quase a lhe arrebatar o segredo que ela considerara sempre
como sua mais eficaz e mais preciosa vantagem, o seu melhor "trunfo".
Confusa,
olhou em torno, talvez à procura do hindu Jordi, ou de um meio qualquer para
neutralizar a forte influência de Ubaldo. Mas o detetive não era homem para
perder tão facilmente uma vantagem que obtivera a duras penas. Aproximando-se
de Renata, ameaçou:
-
Se não me responder imediatamente, se não me disser o título nobiliárquico de
nossa filha... levo-a para a prisão, sem perder um minuto!
Posta
assim contra a parede, sem ter uma possibilidade de escapar, a marquesa Renata
murmurou:
-
Vejo que sou mesmo forçada a revelar o segredo que desejaria conservar para
sempre trancado em meu coração... Nossa filhinha, ao se fazer moça, tornou-se
uma verdadeira beldade, de uma beleza maravilhosa, talvez mais bela ainda do
que eu fui na sua idade. É feliz... Mas você parece não ter piedade para com
ela!
Ubaldo
estourou numa gargalhada zombeteira.
-
Piedade! Esta é boa! O diabo pregando quaresma... Você, que sempre foi
impiedosa, cruel, que não conhece sentimento melhor que o ódio, quer falar em
piedade!
A
marquesa Renata mordeu o lábio inferior. Compreendia perfeitamente que nada
podia contra aquele homem que estava inteiramente a par de todas as suas
fraquezas, de sua astúcia, seus golpes, sua perfídia.
-
Sabe perfeitamente - continuou, evitando olhar para o detetive - que apenas com
a beleza não se consegue facilmente uma alta posição social. Muitas vezes até,
a beleza é que atrapalha, que impede que a jovem prossiga trilhando o caminho que
deveria, para obtê-la.
-
Ora! Poupe-me essas idiotices! Entre no assunto!
-
Agora mesmo, calma. As coisas estão neste pé: andava eu à procura de uma
elevada posição social para minha filha, algo que lhe pudesse permitir usufruir
tudo o que o mundo tem de belo e de bom, quando surgiu a única oportunidade, se
assim se pode dizer...
-
Que tipo de oportunidade, mulher? - estimulou Ubaldo, impaciente.
-
Um conde muito rico procurava há anos sua única filha... E eu encontrei o modo
de fazer com que ele acreditasse que Denise, nossa filha, era a filha que ele
estava procurando!
O
investigador empalidecera tremendamente. Uma dúvida o atingira como uma
punhalada.
-
Não adivinha de quem se trata? - perguntou a marquesa.
-
Fernando Chanteloup!
-
Justamente! Fernando Chanteloup! O austero fidalgo que teve a coragem, a
ousadia de me expulsar de sua casa, do palacete onde eu até hoje deveria viver,
em meio ao conforto e à riqueza! O conde Fernando, que ignora ter perto de si
uma filha que não é fruto do seu amor com aquela insípida Marta Aubert, que
também fiz pagar caro a afronta que me fez, procurando roubá-lo de mim!
Ubaldo
Duroi sentara-se, tendo a cabeça entre as mãos.
-
Sim... Agora recordo - murmurou - agora me lembro de tudo... Tudo...
A
mulher sorriu, orgulhosamente.
-
Pois, quem diria? Vinguei-me encontrando, ao mesmo tempo, o modo de dar à
Denise uma situação invejável!
O
investigador não respondeu. Com a fronte banhada de suor, refletia, procurava
coordenar as recordações que afluíam em tumulto ao seu cérebro. Rememorava a
época em que estivera apaixonado por Renata, passivamente submetido à sua
maléfica vontade. O tempo em que tudo havia sacrificado até mesmo seu futuro de
escultor de certa fama e vivia a segui-la, pronto a obedecer a todos os seus
desejos, a satisfazer-lhe os mínimos caprichos.
-
Está vendo, então? - continuou altivamente a marquesa. - Pensei em Denise muito
mais do que você poderia ter feito, meu caro!
Mas
a quiromante não havia ainda terminado a frase e eis que, repentinamente, num
ímpeto violento, Ubaldo já se postava ao seu lado, levantando sobre ela a bengala
da qual ainda saía a lâmina reluzente com que se defendera do hindu Jordi.
-
Pare! - gritou a marquesa, num tom de voz em que tremia de medo, erguendo
instintivamente a mão para se defender. - Que é isso?! Você enlouqueceu? Baixe
essa arma!
-
Malvada! Infame! - gritou por sua vez o detetive particular, fora de si. - Como
tem a coragem de dizer que pensou na felicidade de Denise, quando há poucos
minutos apenas, falando com o barão Luís Paulo, o marido de nossa filha, que
você atraiu até aqui não sei com que intenção e sob que pretexto, tudo fez para
meter na cabeça dele que a esposa o trai?! Que intuito infernal move você? Que
tem em mente? Devo acaso abrir-lhe a cabeça com esta bengala, para ver o que há
ai dentro?
Num
instante, ela compreendera o que havia acontecido: Ubaldo tinha ouvido, palavra
por palavra, todo o diálogo que ela mantivera com Luís Paulo. E compreendera o
que ela procurava insinuar no espírito do barão a respeito de Denise! Talvez
pela primeira vez em sua vida, a terrível mulher se sentiu perdida, vencida,
incapaz de enfrentar o golpe do destino.
Sabia
perfeitamente que aquele que estava à sua frente não era mais o homem que
conhecera anos atrás, completamente dominado por sua vontade, pronto a dar a
vida por ela. Via-lhe agora com um brilho sinistro e ameaçador nos olhos, como
ameaçadora era também aquela mão que manejava uma lâmina que lhe poderia causar
a morte. E sabia que ele era capaz de golpeá-la!
Mas
o demônio, ainda dessa vez, parece que quis ajudar a marquesa Renata. Ubaldo,
pouco a pouco, foi baixando a bengala de estoque. Sua cólera violenta pareceu
abrandar, para dar lugar a uma fria determinação.
-
Escute o que vou dizer - disse com voz rouca - e grave na memória cada uma das
minhas palavras. Não sei por que motivo você tencionava perder Denise, a carne
da sua carne, ou, pelo menos, assim de momento não sou capaz de imaginar um
motivo plausível, como deve ser o que você tem... Provável, porém, que Denise,
depois de ter alcançado tão esplêndida situação na vida, não mais queira saber
da mãe indigna que o destino lhe deu. Ou, talvez, pode ser o caso de que no
meio dessa estória haja algum homem.
Um
grito rouco escapou dos lábios da marquesa. E Ubaldo continuou:
-
De qualquer modo, repito, seja qual for o motivo que a leva a tramar a ruína de
sua filha, ordeno-lhe que a deixe em paz! Ai de você se lhe suceder algo, se
você continuar a tentar, por qualquer modo, perturbar sua felicidade, mesmo que
essa felicidade tenha sido conquistada à custa de uma mentira! Ai, você estará
completamente perdida! Não hesitarei em liquidá-la!
O
investigador se calou, para respirar, cerrando os dentes e fixando na mulher os
olhos injetados de sangue. Nesse justo momento, porém, Renata Duplessis, num
ímpeto de rebelião, o enfrentou. Uma férrea resolução lhe alterava, endurecendo
as linhas do rosto. Até um segundo antes estava pronta a suportar tudo, mas
agora que Ubaldo queria intrometer-se para perturbar seus planos de vingança,
sua selvageria natural se rebelava, ultrapassando e dominando as vozes da
razão.
Os
verdes olhos tigrinos da bela mulher irradiavam lampejos!
-
Ubaldo! - gritou, com voz fremente. - Pode fazer o que quiser, eu não tenho
medo de você!... Fique sabendo que, assim como elevei Denise a um nível
superior ao da maior parte das outras mulheres, assim a arrancarei de lá,
bruscamente, sem a menor piedade, quando bem o entender! Ela me expulsou da
casa onde eu a introduzi e agora vai pagar caro essa ousadia!
-
Como aconteceu isso? - interessou-se o investigador.
-
Compreende muito bem, é desnecessário que eu lhe explique! E acrescento que só
é capaz de valentia diante de mulheres, trate de sair daqui!
Com
um movimento rápido e inesperado ela meteu a mão num bolso do vestido e de lá
sacou uma pequena pistola, que agora apontava para o detetive particular...
-
Vá embora daqui! - repetiu. - Desapareça, antes que eu o mate!...
No
primeiro instante pareceu que Ubaldo, dominado pela cólera, ia atirar-se contra
a mulher, apesar da arma ameaçadora que ela empunhava, apontada para ele. Mas a
atitude de Renata era tão visivelmente decidida que ele não teve coragem.
-
Está bem... Vou-me embora... - articulou, sem tirar os olhos do cano brilhante
da arma. - Minha permanência aqui já não tem mais sentido, uma vez que você
prefere a luta...
Aproximou-se
da porta, mas, antes de transpô-la, disse ainda:
-
Fique sabendo que, de agora em diante, você contará com mais um inimigo, e implacável,
que não lhe dará trégua, cuja lembrança envenenará cada minuto de sua vida!
-
Rua! Vamos! Ou eu disparo! - intimou Renata, sempre de arma apontada para ele.
- Já não suporto mais olhar para você!
-
Estou indo, mas não cante vitória!... Veremos, dos dois, quem é o mais forte!
Paulo, gostei muito desse encontro entre Renata e Ubaldo! Quem diria, ele é o pai de Denise, que sortuda, sempre se dá bem! Mas, sinto que a situação de Maria, vai piorar agora, coitada! Vou aguardar os próximos lances. Muito bom! Bjs.
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