VI
Claude
acordou irritado. Que noite mal dormida fora aquela, tentando se livrar da
imagem de Serafina Rosa! Nem todo o vinho da garrafa havia colaborado pra
apagar a sensação daquele beijo...
Resolveu
levantar. Um mergulho nas águas frias da piscina ajudaria. E foi o que fez.
Rosa
sai do banheiro de roupão e com a cabeça enrolada numa toalha. Seu olhar cai
sobre o vestido jogado na cadeira. As imagens da noite anterior vieram claras
como um relâmpago: Claude zangado – e com ela – era mais do que podia suportar.
Imediatamente, procurou afastar Claude Geraldy de seus pensamentos
Começou
a andar pelo quarto, inquieta e insatisfeita, parando na porta da varanda. O
que estava acontecendo? Sentia-se vulnerável e estranhamente preocupada com o
que ele estaria pensando...
Por
que não sentira isso por Rodrigo – uma pessoa amiga e solícita que não tinha os
nervos à flor da pele, sempre prontos para estourar?
Então,
um som vindo da piscina chama sua atenção.
E
seu coração perde o compasso ao reconhecer aquelas costas musculosas e firmes
que brilhavam A luz do sol, ainda saindo para o dia... Sem notar, passou os
dedos pelos lábios e fechou os olhos...
E
quando os abriu, viu Claude saindo da piscina e balançando a cabeça, enquanto
punha o roupão...
Deu
um passo para trás. Imaginação ou ele olhara em sua direção e sorrira sexy e
ironicamente?
Ficou
desgostosa. De novo pensando naquilo! Estou perdendo a razão, disse a mesma...
Sempre fui tão equilibrada e não me deixo levar por influências masculinas...
Que se dane essa voz profunda e sensual que ele usa comigo ou essa aparência
viril... Claude Geraldy é só um homem, um outro homem com quem eu vou
trabalhar...
Em
algum lugar da casa, um relógio bateu as horas e tirou Rosa dos devaneios. Ela
veste-se rapidamente, seca os cabelos e passa um leve baton.
Dirige-se
à cozinha e encontra Dadi, sorridente como sempre.
-
Bom dia, dona Rosa! Já em pé? É tão cedo ainda!
-
Bom dia, Dadi! Eu quero conferir alguns detalhes do projeto, a lista de
materiais e saber onde os compraremos por aqui... Tem tanta coisa a ser feita
antes de começarmos...
-
Bom dia! – Claude entra na cozinha, vindo da piscina - Vejo que acordou com
disposiçon. Em quinze minutos no escritório, d’accord? Prepare uma bandeja com
café e alguma coisa pra comer e leve até lá.
-
Mas... – Rosa começa um protesto que ele não ouviria, pois já estava subindo a
escada em direção ao quarto. Oh, Deus! Por que vê-lo assim tão perto, com os
cabelos ainda úmidos e cheirando à piscina a deixava tão... perturbada?
Depois
de algumas horas e muitas xícaras de café, finalmente, chegaram a um acordo
sobre a quantia dos materiais e o lugar de armazenamento. Eles acabam
dispensando o almoço e comem apenas um lanche levado por Dadi.
-
Já falei com o empreiteiro que realizou alguns serviços antes por aqui. Ele e
sua equipe eston aguardando nosso chamado. Devem ficar em alguma das casas,
pois seria perda de tempo ir e vir todos os dias e um gasto a mais.
-
Eu estava pensando... Não temos que ter um documento qualquer do IBAMA, que
libere essa mudança e o uso dos recursos naturais para lazer?
-
Oui! Uma burocracia enorme! Vamos gerar empregos, atrair turistas internos e
externos, pagar impostos... Isso poderia ser menos complicado! Mas non se desespere.
Já incumbi o Frazon de fazer tudo isso! Temos o alvará deferido pela Prefeitura
e, no momento, isso nos basta.
-
Certo. Não vejo a hora de começar e ver resultados!
-
Creio que podemos começar em dois dias. Mesmo que o prazo de entrega seja
maior, tem muita coisa pra fazer: retirar telhas, portas e janelas, derrubar
algumas paredes, marcar outras... – A voz dele vai sumindo dentro dos
pensamentos de Rosa...
Claude
não havia tocado no assunto do beijo e não seria ela que tocaria... Com certeza,
não passara de mais um beijo para ele, um tipo de ato impensado, um impulso
apenas pelo calor do momento...
-
...iremos até Aquidauana e se non acharmos tudo por lá, iremos até a capital,
Campo Grande... Rosa, você está me ouvindo?
-
O quê? Ah, claro, o cimento não pode ficar armazenado por muito tempo...
-
Mon Dieu! Quer manter-se concentrada e non mergulhada nesta xícara de
café? – Começa a dizer, quando Janete
bate à porta e entra falando:
-
Claude, Rosa... teremos visita! Se prepare, maninho: Tia Elisabeth em pessoa!
-
O quê? Era só o que faltava! Você só pode estar brincando, Janete! – Diz Claude
impacientemente. – Como é que ela vem assim sem avisar?
-
E tia Elisabeth, por acaso é de avisar alguém sobre alguma coisa que vai fazer?
Ela faz e pronto. Acho isso maravilhoso nela... Se bem que ela avisou: acabou
de ligar para o papai, está...
-
Mas que barulho é esse? – Claude corta a voz de Janete.
-
É ela chegando! Veio de helicóptero, para não pegar estrada. - Conclui Janete.
-
Mon Dieu! Lá se vai a minha paz e o meu sossego, que já non eram tanto assim,
hã? – E lança um olhar rápido para Rosa, despercebido por Janete.
Rosa
ignora o comentário mordaz dele e pergunta:
-
Quem é Tia Elisabeth? – Pergunta e Janete responde:
-
Tia Elisabeth é uma artista, Rosa. Já fez teatro, televisão e cinema. Mas o que
ela gosta mesmo é de pintar, esculpir e fotografar; artes plásticas em geral!
Tanto que abandonou a carreira de atriz pra se dedicar a isso... Taí! Vocês vão se dar muito bem!
Claude
continua...
-
É a irmã de meu pai. A criatura mais louca e insana do planeta! Uma mulher
completamente desprovida de senso de razon...
Non percebe pela maneira discreta
como chegou? – Fala referindo-se ao barulho ensurdecedor do helicóptero que
pousara instantes atrás.
-
Pois eu acho que se ela é uma artista, é uma pessoa sensível... – Diz Rosa.
-
Ela é apenas excêntrica. Herdou toda a
fortuna do marido americano, pode se dar o luxo de não precisar trabalhar e
fazer apenas o que gosta. Claude é que implica com ela, porque tia Elisabeth,
queria casá-lo de qualquer maneira e não gostava de Nara...
-
Você se esquece das situações que ela me fez passar, hã? Marcando encontros às
cegas, baseada em mapas astrais!
-
Ela me tira do sério com essa história de ser “mística” de que tudo tem uma
razon para acontecer! Acredita que ela já estudou o tarô e a cabala, junto com
Madonna e se converteu ao budismo? Isso non é ser excêntrica! É ser pirada!
-
Rosa, eu tenho algumas imagens dela aqui! Venha ver, antes que ela entre com
papai e mamãe. – Fala Janete, aproximando-se da estante e tirando um álbum de
lá. – Ela foi capa de várias revistas, quando era atriz...
Rosa
olha as imagens de “tia Elisabeth”.
-
Mas ela é muito bonita! E simpática! – Exclama Rosa.
-
O que tem de bonita, tem de desvairada, hã? Claude fala em seguida.
-
Claude, como pode falar assim da sua tia?
-
Quando conhecê-la, vai me dar toda razon, d’accord? Ela tem ideias fixas de
querer casar todo mundo! E ela mesma non se casou mais...
-
Você sabe que o tio John foi o único amor da vida dela! Claro que ela tem suas
aventuras e casos... Era tão bonito ver os dois juntos! Ele fazia todas as vontades dela!
-
Outro desvairado! Por isso se davam ton bem! Se eu fosse você, ficava longe
dela, Rosa! Tia Elisabeth é sinônimo de perigo, hã?
Neste
instante, a porta do escritório se abre e entram François, Joanna e, claro, tia
Elisabeth.
-
Não falei, Elisabeth? Estão trabalhando no projeto! – Exclama François.
Elisabeth
se aproxima de Claude e diz:
-
Claude Antoine, você não muda! Sempre com essa cara fechada! Hummmm! Adoro meu
menino! – E aperta as bochechas de Claude, como se ele fosse um bebê...
-
Tia Elisabeth, carinhosa como sempre, hã?
- E esfrega o rosto com as mãos – Isso doeu, sabia?
-
Oh, mon Dieu! Pardon, acho que perdi a noção da minha força... Janete querida,
como está? Quantas vezes já pedi os seus olhos para mim, hã?
-
Muitas, tia Elisabeth! Rsrsrs – Que bom tê-la por aqui! Estávamos morrendo de
saudade, não é, Claude?
-
O quê? Ah, claro que sim... Muita saudade!
-
E esta jovem... eu non conheço! Quem é você? – Pergunta se dirigindo a Rosa.
Mas
Claude tenta se antecipar:
-
Esta é Rosa, ela vai ser a... – Ia dizer arquiteta responsável peal obra, mas,
Elisabeth se antecipa:
-
Rosa! Que lindo nome! Como vai querida? E abraça Rosa carinhosamente,
voltando-se depois para Claude - Oh, my God! Finalmente, você resolveu por
juízo nessa sua cabeça e formar uma família! E escolheu muito bem, tenho
certeza! Assim que eu entrei senti a energia que envolve vocês! É perfeita!
Como John e eu!
-
Non! Você entendeu tudo errado, tia Elisabeth! – começa Claude – Rosa é a
arquiteta responsável pelo projeto da fazenda, apenas isso!
-
Exato! - Confirma Rosa, desconsertada com a situação.
Joanna,
François e Janete pareciam se divertir com a cena e apenas observavam.
-
Bobagem! Isso é só um detalhe! – Diz, puxando os dois lado a lado – Olha só, combinam
em tudo! Sua cabeça, Rosa, está na altura do peito de Claude! Isso quer dizer
que, quando ele falar de amor com você, vai ouvir as palavras saindo direto do
coração! Para quando é o casamento?
-
Casamento???? – Perguntam Claude e Rosa ao mesmo tempo...
Continua...
kkkkkkkkk tinha que ter alguém q o Claude não gostasse kkk tia Elisabeth.. que fic viu..
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