quinta-feira, 11 de outubro de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 23 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

CAPÍTULO XXIII

INSEGURANÇA

No domingo, Claude tenta convencer Rosa a visitar os pais.
C: Rosa, mon amour, acaba logo com essa situaçon... você sofre de um lado, eles do outro... non é bom pra ninguém, hã?
R: Amor, entenda, eu não quero, não estou preparada pra voltar lá. Ainda não...
C: Tudo bem, non insisto mais. Seu coraçon vai dizer quando for a hora... E o que faremos hoje?
R: Bem já que não temos a Dadi hoje e eu não quero estragar outra panela... que tal a gente almoçar lá no Parque do Sol, curtir aquele lugar, só nós dois... depois um cineminha com muita pipoca???
C: Boa ideia! Aliás você sempre tem boas ideias...
E assim eles passam o domingo aproveitando ao máximo as horas, sem pensar em nada que os incomode ou atrapalhe, alheios aos acontecimentos do mundo real.
Depois do cinema, por volta das vinte e duas horas eles retornam pra casa. Eles tomam banho e se preparam pra deitar. A campainha toca.
C: Eu atendo, chérie! Quem será a essa hora?! - Claude abre a porta e se depara com Paulo.
P: Desculpe pela hora, Dr. Claude, mas eu precisava falar pessoalmente com vocês sobre o que aconteceu hoje... posso entrar?
C: Claro! Perdon por atendê-lo assim, eu já ia me recolher, hã? Mas o que aconteceu hoje?
Rosa resolve descer. Mas antes ela coloca o roupão de Claude.
R: Claude, quem é? Ah! É você, Paulo? O que houve?
P: Vocês não viram na TV? Todos os canais noticiaram em boletins extraordinários...
C: Nós passamos o dia fora, acabamos de chegar... mas pelo seu tom...
R: Pelo amor de Deus, fala logo sem rodeios, Paulo...
P: O Júlio foi resgatado do presídio. Provavelmente a mando de um chefe do tráfico conhecido por Coronel. O Júlio foi visto várias vezes na favela que ele domina... entrando nos domínios dele.
C: Mas como foi isso? E os guardas?
P: Foi uma ação cinematográfica: eles invadiram o presídio na hora da visita, renderam várias mulheres e crianças, e negociaram a troca pelo Júlio. Não havia como não fazer isso. Eles estavam fortemente armados.
R: E agora... ele vai vir atrás de mim... – Ela procura as mãos de Claude, gesto que Paulo não deixa de notar, baixando os olhos rapidamente.
C: Mas a policia, non tá procurando ele non?
P: Tem uma equipe varrendo todos os locais que servem de abrigo, de esconderijo pra esses  criminosos... Eu vim pessoalmente, porque liguei várias vezes aqui e ninguém atendia. Cheguei até a pensar que ele poderia ter voltado aqui...
R: Eu fico agradecida, mais uma vez, Paulo...
P: Por favor, fiquem alertas. Ele não está brincando. Eu vou voltar pra delegacia agora, e qualquer novidade eu informo vocês! E vocês, qualquer suspeita de que ele está por perto me liguem.. Boa noite!
C&R: Boa noite! – E obrigado, hã? – Emenda Claude. – Levando Paulo até a porta.
R: Como vai ser agora, Claude? Que faremos?
C: Vamos contratar seguranças, chérie! E você non sai mais sozinha, nem pra ir ao elevador, hã? E non abre a porta pra ninguém também... Vamos voltar pro quarto...
R: Quando isso vai acabar, meu amor? – Fala Rosa, desanimada, a caminho do quarto.
Claude a abraça e diz:
C: Logo, mon amour, logo... – Mas por dentro teme as próprias palavras...

Enquanto isso num bar próximo ao flat/hotel:
Cou: Nara, você tem que pegar suas coisas e sair agora mesmo deste flat.  Esse resgate do Júlio, não foi à toa! Ele fez uma outra proposta para o chefão da favela: A nossa cabeça por três milhões de dólares!
N: E como é que você sabe?
Cou: Contatos, Nara! Contatos certos e uma boa grana compram informações até de quem já morreu...
N: Maldito! E nós vamos deixar ele ficar com a grana toda assim de graça?
Cou: Nara, eu adoro dinheiro... mas tenho mais  amor à minha vida. Mesmo porque, morto ou preso eu não posso desfrutar dos luxos que conquistei até agora.
N: Eu não acredito! Não estou acostumada a sair derrotada, Otávio!
Cou: Não pense assim querida, não é uma derrota, é apenas um recuo estratégico...

Segunda-feira. Na construtora. Apesar da sombra de Júlio, eles tentam seguir o mesmo ritmo.
R: Claude, eu creio que poderemos dar uma folga coletiva para o pessoal da obra... Pelo que nós vimos por lá estamos com folga no cronograma.  As trinta primeiras casas já estão quase prontas faltando apenas a parte elétrica e a pintura final. Isso em dez dias eles fazem. A equipe é ótima!
C: Você é a supervisora, quem decide, Rosa. Você e Janete, que comanda o financeiro, hã?
R: Mas eu preciso da sua autorização. Esqueceu dos termos do contrato? Tudo tem que ser autorizado por nós dois, incondicionalmente. Regras de Ms. Smith.
C: Essa americana, vou te contar, hem?! Non sei pra que tudo isso... mas enfim, você resolve que está autorizado!
R: Então vou pedir à Silvia que faça os papéis. Quero tudo registrado e assinado, pra não ter dor de cabeça “trabalhista” depois! Vejamos... – Ela vai falando e escrevendo o rascunho para Silvia: “Tendo em vista uma reserva de tempo (...) ficam assim dispensados no período de vinte e três de dezembro de dois mil e onze à dois de janeiro de dois mil e doze, sem prejuízo financeiro, para a parte dispensada; devendo se reapresentar sem falta, no primeiro dia útil do ano vindouro (03/01/2012). São Paulo.... etc, etc.”. Pronto!
Ela leva o documento para Silvia digitar e tirar as cópias necessárias.
S: D. Rosa, o Colibri está esperando a senhora na sala do Gurgel.
R: Ah! Ele já chegou. Que bom! E Silvia, duas vias para cada um, por favor, quero tudo arquivado na folha de pagamento.
S: Sem problemas, D. Rosa.
R: Rosa, Sílvia. Só Rosa, ok? O elevador se abre e Frazão chega.
F: Bom dia, meus queridos companheiros! Bom dia, minha flor! Diz se dirigindo diretamente à Rosa.
R: Bom dia, Frazão. Deixa o francês ouvir isso e você vai ver o que esses aqui são treinados para fazer! Rsrsrs – Ela tenta brincar com a situação.
Então ele percebe os seguranças que, com o olhar atento, não deixam de seguir Rosa.
Ele se dirigem à sala de Claude. Rosa vai falar com Colibri sobre a casa de Claude.
F: Mas o que é tudo isso aí fora?
C: Segurança, Frazon, segurança. Você non viu que o pseudo-psicopata do Júlio, foi resgatado da prison?
F: É verdade, mon ami! Acordei tão feliz que até esqueci essa notícia! Aliás, te liguei ontem pra falar sobre isso e nada!
C: Ontem foi dia de Rosa, Frazon... Rosa e Claude ! – E abre um sorriso.
O interfone toca.
S: Dr. Claude, telefone, linha dois.
C: Oui, Silvia.
C: Alô?
Ju: Eu tô na área, francês! E tenho cobertura. Dessa vez eu vou até o fim!
C: Escuta aqui ohhh seu projeto de psicopata, non tenho medo de suas ameaças non! – Diz Claude já em pé, nervoso.
Ju: Pois deveria ter!
C: Mas você é um ordinário mesmo... Desligou! – Ele devolve o telefone com força, sobre a base, soltando um palavrão. – Era ele, nos intimidando.

Rosa entra na sala, procurando alguns papéis que esquecera.
R: Algum problema na obra? Ouvi você “bravo”?
C: Non, chérie... era uma dessas ligações de oferta de serviços, só isso, hã?
R: Hummm, então tá!  Qualquer coisa eu estou ali na sala do Gurgel com o Colibri.
C: D`accord, mon amour.
Rosa volta para sua reunião. Frazão olha para Claude e diz preocupado:
F: Claude, Claude... você não pode omitir isso pra ela... A Rosa “É” o  principal objetivo do Júlio. Ela tem que ficar sabendo, pra poder se proteger melhor!
C: Eu sei, Frazon, eu sei... mas primeiro eu vou acionar o seu amiguinho investigador...
F: Ainda com ciúmes do Paulo, Claude?
C: Você fala isso, porque non é com Janete que ele flerta descaradamente! Mas ele que non ouse nem sonhar com Rosa, hã?
F: Vai lá francês, liga pro cara.

Na sala de Gurgel.
R: Então, Colibri, eu pedi que você viesse hoje, porque temos que fazer um balanço da restauração agora que acabaram as filmagens. Sempre tem algo pra se refazer.
Col: Pode deixar que amanhã mesmo eu vou pra lá  e  recomeço. Já estava sentindo falta desse serviço.
R: Outra coisa que eu queria te falar é que o Gurgel vai ficar mais com vocês nessa fase da restauração. O Claude quer fazer uma piscina, um outro jardim com árvores frutíferas, enfim é serviço  pra um bom tempo. Tudo bem?
Col: Por mim, sem problemas.
R: Satisfeito, Gurgel? Eu falei que o Colibri é do bem!
G: Amiga, o que é combinado não sai caro pra ninguém. Melhor assim.
R: Que bom, assim eu fico só com a supervisão das casas. Esse projeto não pode ter falhas...
Col: Rosa, antes de ir eu queria falar com você, é um assunto particular...
G: Saindo.com. Vou lá fofocar com a Silvia! E admirar aqueles seguranças, que eu também mereço!
R: Fala, Colibri. Algum problema sério?
Col: Rosa, você sabe que eu sempre gostei da Terezinha, sempre quis um compromisso sério com ela. Pois é, ela finalmente me aceitou! E eu resolvi voltar a estudar. Terminar meu curso de engenharia também!
R: Que bom! Eu sempre soube que ela gostava de você, mas tinha medo da reação do nosso pa..., quero dizer do S. Giovanni. Enfim ela resolveu enfrentar esse medo!
Col: Rosa, a gente sempre se deu bem, desde criança, mesmo você sendo mais velha. A Terezinha desabafou comigo, eu to sabendo que você não é filha biológica deles... eu queria dizer que eu nunca vi o seu pai tão deprimido assim. Ele nem tá indo vender as balas mais...
R: Sei, e aTerezinha pediu pra você me falar isso, pra eu ir lá...
Col: Não! Pelo contrário! Ela me implorou pra não tocar nesse assunto. Vocês sempre me socorreram, eu não gosto de ver sua família assim, não combina com vocês, sabe?
R: Eu preciso de mais tempo, meu amigo. Ainda não consigo perdoar essa mentira toda!
Col: Sabe, Rosa, pai e mãe é quem cria. Por no mundo é muito fácil. Dar amor, educar, é que são elas! E eu sei o que falo! Orfanato tem suas vantagens, mas não é um lar! Se cuida, cunhada! – Dá um beijo nela e sai, deixando Rosa pensativa...

2 comentários:

  1. Sônia que horror, Júlio solto! Vai infernizar! Mas, gostei de ver Nara tendo que abandonar seus planos rsrsrs. Legal esse conselho que Colibri deu pra Rosa no final, será que ela vai procurar sua família? Muito bom! Bjs.

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