CAPITULO
XXV - CIÚME – ( EM DOSE DUPLA) Parte 2
Rosa
entra no quarto. Claude, logo em seguida. Rosa senta-se na cama, encosta na
cabeceira e pega seu livro, abrindo-o numa página qualquer.
C:
Rosa... – Ela não responde, nem olha pra Claude. Rosa, olha pra mim...
Ela
lança um olhar pra ele e volta para o livro. Claude respira fundo, fechando e
abrindo os olhos.
C:
Este livro realmente é muito interessante, non?
R:
A-han... - Diz sem olhar pra ele, fingindo ler.
C:
Mais interessante que eu...
R:
A-há... nesse momento sim...
C:
D ´accord... você deve ter feito um curso de leitura dinâmica suponho... pra
poder ler de ponta cabeça, chérie...
Rosa
fecha o livro, com força. Levanta e diz:
R:
Eu vou tomar banho, com licença! – Mas Claude a segura pelo braço.
C:
Espera! Vamos terminar essa conversa, hã?
R:
Claude, o que você quer que eu fale? Obrigado por você “omitir” a ligação do
Júlio? Ah, não! Melhor eu falar “Nossa, você viu como a Suzana se impressionou
por você!”
C:
Rosa, você está fazendo tempestade num copo d’água...
R:
O tempo todo “Claude faz isso, pega aquilo”. Só faltou se despedir dela com um
selinho!
C:
Ah é? E você desejando “sonhos lindos” pro seu fã de carteirinha? Vai sonhar
com ele também?
R:
Por quê? Por acaso você já está querendo sonhar com essa loira de farmácia?
C:
Rosa, non me provoque, hã? Eu estou farto de ver esse investigadorzinho
lançando olhares em sua direçon, cheio de cuidados... indiretas... você é minha
esposa!
R:
Exato, Claude. Sou sua esposa, não sua propriedade!
C:
O que você tá querendo dizer com isso?
R:
Claude, chega. Eu estou cansada. Cansada de trabalhar, cansada de brigar.
Cansada de me decepcionar com as pessoas...
C.
Eu decepcionei você?
R:
Você podia ter me avisado que o Júlio ligou... e não o fez...!
C:
Quer saber, Rosa? Você está certa. Eu também cansei, hã? Eu admito que tenho ciúmes das atitudes dele com você. Admito até que podia ter sido
mais frio com essa moça. Non fiz nada de propósito, mas estou vendo que serviu
pra você entender como me sinto, toda vez que o Paulo chega perto de você...
Rosa
abre a boca pra responder, mas ele a impede com um gesto.
C:
Deixa eu terminar, hã? Você tem todos os motivos do mundo pra estar magoada,
insegura, decepcionada... com o mundo! Porque desde que eu te conheci a única
coisa que tenho feito é pensar em você, em non deixar você sofrer, em te
proteger. Isso é amor, Rosa! Enton se alguém tem que se decepcionar aqui, sou
eu... – Ele se volta pra sair do quarto,
com os olhos cheios de lágrimas...
R:
Claude, espera! – Mas ele sai sem responder...
No
elevador
Suz:
Nossa, interesante esse caso, Paulo.
P:
Sei. O caso é interessante. Me pareceu que você achou o Claude interessante...
Não sei se você percebeu, mas a vítima, a Rosa, é esposa dele!
Suz:
E isso te incomodou?
Paulo
a segura pelos braços e muito irritado diz:
P:
Escuta aqui, Suzana, que brincadeira é essa, hem? Por acaso eu tenho cara de
palhaço?
Suz:
Pára! Você está me machucando! Ficou louco, é?
P:
É... acho que fiquei mesmo – E a beija com audácia.
Enquanto
isso, Claude desce pela escada, limpando as lágrimas com as mãos. Ele pega um
porta-retrato do dia do casamento, que está no aparador perto do último degrau.
Acaba sentando por ali mesmo.
“Mon
Dieu, Rosa, o que está acontecendo contigo?”
No
quarto, Rosa olha para a porta, esperando que Claude entre. Mas os minutos passam e ele não entra. Seus
pensamentos vagueiam pelas palavras dele:
“Rosa,
você está fazendo tempestade num copo d’água... Eu decepcionei você? Você está
certa. Eu também cansei, hã? A única coisa que tenho feito é pensar em você”...
“Enton se alguém tem que se decepcionar aqui, sou eu...”
Ela
vai até o banheiro, e começa a encher a banheira, com a torneira bem fraca. Ao
passar pelo espelho, pára, olha para o seu reflexo e diz baixinho:
“Como
você é estúpida! Está machucando a pessoa que mais ama... e que já provou que
te ama de muitas maneiras... Está deixando o medo e a dor te cegarem... Deixou
ele sair magoado daqui... e com razão...”
Sem
pensar duas vezes, ela vai procurá-lo. Seu coração acelera quando o vê ali,
sentado ao pé da escada com a cabeça baixa. Ela desce lentamente até chegar a
ele. Então percebe que ele está com uma fotografia deles do dia do casamento.
C:
Se você veio pra continuar me cobrando por algo que eu non fiz, é melhor dar
meia volta e ir pro quarto... - Diz Claude, limpando as lágrimas novamente, mas
sem olhar pra ela.
R:
Não... eu vim em missão de paz! – Fala
tentando quebrar a seriedade do momento e dá um sorriso, ainda que triste.
C:
Boa tentativa, chérie... mas eu non to sabendo como lidar com isso, hã? Eu
realmente to confuso.
R:
Eu também, Claude! Mas eu vim aqui pra me desculpar... eu sei que você só tava
querendo me proteger... e eu não queria que você se preocupasse mais comigo...
C:
Rosa, como non me preocupar contigo, se você é uma parte de mim? Cada vez que
acontece algo ruim com você, meu coração dói. Me faz mal ver você sofrendo e
non poder fazer nada...
R:
Mas quem disse que você não faz nada? Você me ama, me protege de mim mesma. Que
mais eu poderia querer?
C:
Liberdade... você disse que non é minha
propriedade. Rosa eu não sou e nunca quis ser seu proprietário. Eu quero ser
apenas o homem que você ama... e non estou conseguindo...
R:
Claude... eu falei de cabeça quente, sem pensar. Estava com raiva da situação,
daquela moça... do Júlio, de mim
mesma... e acabei descontando em você... Vem, sobe comigo... por favor...
Claude não responde,
apenas abaixa a cabeça
Sonia, que casal estressado esse! Mas se amam e isso é o mais importante! Muito bom! Bjs.
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