Eles
saem da delegacia e cruzam, sem saber, com o advogado que Coutinho enviara pra
defender Júlio.
Enquanto
seguem pelas ruas, Rosa fica quieta, tentando achar uma lógica, uma linha de
raciocínio que fizesse tudo aquilo ser verdade.
C:
Vamos pra casa, hã? Frazon e Janete podem dar conta de uma tarde, na
construtora.
R:
Não, vamos pro casarão, eu preciso tirar isso a limpo. Mas antes vamos até o
escritório do Antoninho. Meu pai, quer dizer o S. Giovanni, entregou os documentos
pra ele, por causa lá do tombamento. Eu quero ver isso.
C:
Chérie, você non achou uma história muito estranha? De repente, ele inventou
tudo isso na cabeça dele e acabou acreditando!
R:
Se fosse isso, porque meu pai faria questão de me afastar dele? Ele nunca
aprovou meu namoro com o Julio. Implicava, impunha horários... ele nem se
abalou quando eu disse que não ia mais ter casamento. Pelo contrário, ele até
me pareceu aliviado com isso!
C:
Mas se for verdade, porque esconder que você é adotada? Eu non vejo nada demais
nisso.
R:
Não sei. Eu não consigo encontrar uma razão pra nada disso!
Eles
chegam ao prédio, onde Antoninho trabalha. Rosa indica o caminho para Claude,
pois é a primeira vez que ele vem até ali.
Ela
bate à porta e entra:
R:
Com licença... Antoninho?
Ant:
Serafina! Claude! Que surpresa! Desculpem, estou sem secretária. Veio retirar suas
coisas ou ficou com saudades da sua sala? rsrsrsrs
R:
Nem uma coisa nem outra.
Ant:
Nossa! Você está tão séria! Aconteceu mais alguma coisa?
Rosa
parece indecisa, um misto de medo, ansiedade e curiosidade. Pensa se está
fazendo o certo... Vendo sua indecisão e querendo desvendar a história, Claude
toma a iniciativa:
C:
Antoninho, nós precisamos examinar aqueles documentos que o S. Giovanni
entregou pra você.
Antoninho
fica sério e muda de expressão. Parece travar uma luta consigo mesmo.
Ant:
Aqueles documentos são confidenciais. – Tenta argumentar.- Porque vocês precisam examiná-los?
R:
Pra obter respostas, Antoninho! Pra saber quem eu sou!
Ant:
Como???
C:
O safado do Júlio, contou uma história pra Rosa, que ela non é uma Petroni,
falou até do pai dele e do pai biológico de Rosa. E disse que esses documentos
provariam o que ele falou... Queremos apenas saber se ele falou a verdade.
Antoninho
fica pálido, não sabe o que fazer, pois prometera sigilo ao tio.
Ant:
Entendo... mas meu tio me pediu sigilo absoluto sobre esses documentos. Eu
sinto muito Serafina... Eu prometi a ele...
R:
Eu tenho direito de ver esses papéis! E você não é padre, que ouviu algo em
segredo de confissão! É a minha vida, Antoninho! Por favor!
C:
Se você non tá querendo que Rosa leia, é porque tem alguma verdade no que ele
falou... Mas se você gosta um pouquinho
dela, deixa a gente ver isso, hã?
Ant:
Meu Deus! Serafina! Eu prometi ao meu tio!
R:
Ele não é mesmo meu pai, não é? E você sabia disso!
Ant:
Não! Eu só soube esses dias, quando li os documentos do casarão. Nunca
imaginei, nunca suspeitei dessa situação... Quer saber? Melhor você ficar a par
de tudo mesmo! – Ele procura a pasta do processo e retira vários papéis e
entrega a Rosa.
Ant:
Melhor vocês sentarem. A leitura vai ser longa.
Claude
e Rosa ficam por quase duas horas lendo e relendo vários papéis e anotações.
Rosa mal conseguia segurar as folhas, tamanho o tremor de suas mãos.
C:
Mon Dieu, Rosa! Tudo que ele contou é verdade! Esses papéis provam toda a
verson dele!
R:
Tem até o registro da maternidade onde eu nasci e o nome da minha mãe: Maria
Lúcia Antunes Delatorre. E o documento, assinado pelos meus avós biológicos de entrega
para adoção aos Petroni.... Meu Deus, Claude! Minha família... minha vida toda
é uma mentira! – E as lágrimas que ela segurava explodem.
Claude
a envolve em seus braços, tentando acalmá-la e aliviado ao mesmo tempo por ela
finalmente extravasar suas emoções. Antoninho os deixa à sós, entendendo que é
um momento particular de Rosa.
C:
Calma, chérie... isso non muda nada...você é a minha verdade, hã?
Eles
ficam assim até que Rosa consegue se controlar.
R:
Obrigada, amor... por tentar me por pra cima.... mas eu quero falar com os meus
pa... com os Petroni, agora! Vai comigo?
C:
Tem certeza que quer ir agora? Non é melhor você dar um tempo?
R:
Não... tem quem ser hoje e agora! Antes
que eu perca a coragem!
Antes
de saírem, Rosa pede uma cópia de todos os documentos para Antoninho.
Eles
chegam ao casarão. Assim que entram, percebem que Giovanni e Amália estão
almoçando.
Am:
Serafina, minha filha! Dr. Claudes! Porque não me avisaram que viriam? Eu teria
feito um almoço mais refinado!
G:
Filha! Pensei que você ainda estava magoada com teu velho pai e não quisesse me
ver mais!
Mas
Rosa não sorri e começa a falar de maneira ríspida:
R:
Não viemos almoçar, não se preocupem. Eu vim apenas conversar com o S.
Giovanni, atrás da verdade, D. Amália.
Am:
S. Giovanni... D. Amália? Filha que está acontecendo, hem? Você nunca foi rude
assim...
G:
Filha... que passa, porque tá nos chamando pelo nome, hem? Tuo pai e tua mãe?
R:
Meu pai e minha mãe? Não precisa mentir mais S. Giovanni. Eu já sei que não sou
uma Petroni – E mostra os papéis que tinha em mãos.
G:
Que brincadeira é essa, Serafina? E que papéis são esses? – Ele tenta
desconversar.
R:
São os documentos do casarão, que eu peguei com o Antoninho. São os documentos
que provam que eu não sou filha de vocês!
Am:
Meu Santo Antonio!
G:
Mas o Antoninho me prometeu sigilo, aquele maledeto! Foi logo entregando os
papéis pra você, filha!
R:
Eu NÃO sou sua filha! Pára de mentir! Chega!
C:
S. Giovanni, o Júlio invadiu nossa casa ontem e tentou... abusar de Rosa. Mas ele non teve tempo, hã? Só que ele falou
algumas coisas e uma delas foi que Rosa é na verdade, neta dos antigos
proprietários do casaron e que foi adotada por vocês... O Antoninho non teve
culpa, non teve como impedir que Rosa lesse esses papéis...
Am:
O Júlio, ele machucou você, filha?
R:
Não mã.., D. Amália. Fisicamente não, dessa vez não.
Am:
Dessa vez?!
G:
Aquele farabuto, criminoso... Madonna mia! Ele não tinha o direito de se
intrometer na nossa vida!
R:
Ele pode até ser um criminoso, mas não mentiu... e eu queria que fosse mentira,
mas não é! Como vocês puderam sustentar essa mentira tantos anos? Porque
mentiram pra mim, me fazendo acreditar que tinha uma família... Ele, o Júlio é
na verdade a minha família! – Diz Rosa, agitada, acusando-os, com os olhos
lacrimejantes...
C:
Calma, chérie! Escuta o que ele tem pra te dizer, hã?
R:
E o que eles tem pra me dizer? Mais mentiras? E toda aquela conversa de só
falar a verdade, S. Giovanni? Me cobrando sempre pela honra, moral e bons
costumes! Me julgando por ter feito... “alguma coisa” com meu marido!
C:
Calma... senta aqui, no sofá.
E:
Eu não precisos entar!
C:
Rosa, por favor, senta aqui comigo e escuta, oui?
Resignada
e a contra gosto ela senta.
Am:
Calma, Serafina, nós não mentimos pra você!
G:
É isso mesmo, Serafina! Eu não menti pra você! Eu omiti algumas informações,
apenas isso. E foi para o seu próprio bem! Quando seus avós e sua mãe
descobriram que seu pai, o Riccardo, foi morto pela máfia, tentando salvar o
pai daquele infeliz do Julio, foi uma confusão tão grande! Sua mãe, a Maria
Lúcia, ela estava de sete meses... e não segurou... você nasceu e ela não
resistiu...- S. Giovanni, começa a chorar, lembrando de tudo que acontecera...
Am:
Não sabemos como, mas a Máfia encontrou seus avós e prometeu vingança, porque
seu pai, Serafina morreu lutando.... na troca de tiros ele acabou acertando um
dos filhos do chefão de lá! E eles não perdoam, nem se importam com o grau de
parentesco: se é da família, tá na lista, tá jurado de morte.
G:
E D. Esperanza e S. Amadeo ficaram desesperados! Você era a última, a única
herdeira que eles tinham... o último pedacinho do filho deles, como costumavam
dizer... Então tiveram a idéia de mudar seu sobrenome. Mas isso impediria você
de herdar o casarão. Você era tão frágil! Una bambina prematura... Amália,
apesar de nova, da pouca idade, cuidou de você, como se fosse sua própria
filha, como se tivesse saído dela... S. Amadeo, vendo o carinho que tínhamos
por você, teve a idéia: ele nos deu você em adoção...
Am:
Eles já estavam muito doentes, velhos
mesmo... queriam ter certeza que você não seria enviada a um orfanato, podendo
perder este patrimônio, a única coisa que restava à eles. Então ofereceram em
troca, um abrigo pra seu pai e eu... porque nós somos sim, seus pais, Serafina.
Pais do coração, da alma! Por isso temos o usufruto.
R:
E esconderam de mim a minha origem? Eu não consigo compreender!
G:
Serafina, quanto menos você soubesse, menos risco correria, filha! Mudar seu
sobrenome, foi apenas um cuidado pra que não te descobrissem... Você está
vendo, filha... não foi mentira. Você pode me chamar de omisso, mas foi
pensando em te proteger de gente igual a esse miserável do Julio!
R:
Proteger? Se eu soubesse de tudo não teria me envolvido com ele, achando que
estava apaixonada! Não teria passado o que passei! Porque, já que não existe
mentira nessa história, já que estamos esclarecendo tudo, eu também omiti
algumas coisas pra vocês!
C:
Rosa, pensa bem o que você vai falar...
R:
Eu vou falar tudo, Claude! Sabem o que eu omiti, o que eu deixei de falar? O
Júlio, antes de me abandonar,ele... ele... me violentou! – As lágrimas voltam
sem que ela tenha o controle de suas emoções.
G:
Filho de uma perdida! E tudo por minha culpa!... Doutore... Amália... que foi
que eu fiz?! – E cai sentado numa poltrona!
Am:
Filha! Porque você escondeu isso da gente?
R:
Eu não queria que vocês sofressem, se decepcionassem comigo. Imagina! A filha
do S. Giovanni, uma perdida, marcada na vida! O que os vizinhos não iam falar,
não é S. Giovanni? E agora o que eles vão falar de tudo isso?
Terezinha
e Dino entram nesse momento:
T:
Fina! Porque você tá assim alterada? Gritando com o pai e com a mãe? Dá pra
ouvir lá de baixo essa discussão!
R:
Seu pai e sua mãe, Terezinha!
T:
Que isso, Fina? Que você tá falando?
R:
Pede pro S.. Giovanni te explicar. Eu vou pra minha casa. Claude, vamos... eu
não estou me sentindo muito bem... Ela recolhe os papéis e sai na frente de
Claude.
T:
Pai? Mãe? Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?
Am:
Depois, Terezinha, depois!
C:
D.Amália, S. Giovanni... eu sinto muito por tudo isso. Realmente é uma situaçon
desagradável. Mas Rosa vai entender, hã? Vamos dar um tempo pra ela... processar
isso tudo..
G:
Obrigado, Doutore... eu vou me deitar agora, não to me sentindo muito bem... Amália,
vem comigo, por favore!
Am:
Vamos, Giovanni... Dr. Claude, obrigada... e cuida dela, por favor....
C:
Non se preocupem. Ela vai ficar bem... Até breve!
Quando
Claude sai, Rosa já está na metade da escada. Ele pula vários degraus para
alcançá-la.
Já
no carro.
R:
Me leva pra casa, por favor. Eu... eu quero me deitar, não estou me sentindo
bem...
C:
È compreensível, chérie. Você enfrentou várias situações estressantes de ontem
pra hoje. E non se alimentou que eu sei...
R:
Eu não consegui comer, Claude. Não consigo comer quando estou nervosa,
preocupada...
C:
Mas hoje você vai se alimentar melhor, mon amour! Já pensou se a cegonha passa
e encontra você assim fraquinha? Ela nem pára pra conversar com a gente, hã?
Rosa
esboça um sorriso, olha pra Claude e diz:
R:
Você é meu anjo da guarda, sabia? Promete que vai cuidar sempre de mim?
C:
A vida toda, mon amour.
No
flat/hotel
Cou:
O Sampaio, aquele advogado que me deve favores, já foi até a delegacia, se
inteirou do caso e vai entrar com pedido de habeas corpus, ainda hoje. O Júlio
precisa tomar cuidado... Desse jeito, ele acaba antes da hora!
N:
Ele enlouqueceu! Se deixar pegar assim. Com certeza bebeu e algo mais!
Cou:
Bom se ele sair com esse documento, melhor não vir pra cá. Não devemos ser mais
vistos com ele. Espero que você não se importe!
N:
Me importar? Eu vou agradecer! Manda esse advogado ajeitar um lugar pra ele até
a gente não precisar mais dele. Nada sofisticado, hem. Um hotelzinho barato
desses de quinta categoria.
Cou:
Já combinei tudo com ele, minha querida. Essas coisas eu não deixo pra depois!
Na
casa dos Petroni, D. Amália depois de acomodar S. Giovanni, resolve contar toda
a história pra Dino e Terezinha, acabando assim com esse segredo.
De
volta ao apartamento.
Claude
e Rosa entram. Dadi os espera.
D:
D. Rosa, a senhora está tão pálida! Melhor ela descansar, dormir, não é não,
Dr. Claude?
C:
Exatamente isso que eu vim fazer, Dadi! Trouxe Rosa pra descansar. Mas antes,
você podia fazer um lanche pra ela? Daqueles reforçados que você fazia pra mim,
hã?
D:
É pra já! Quinze minutos tá pronto! – E vai para a cozinha.
R:
Eu vou subir e tomar um banho. Depois vou tentar dormir um pouco. Quem sabe
essa dor de cabeça passa! Você vem comigo? – Diz olhando para ele.
C:
Eu vou já, chérie. Só vou ligar pro Frazon, falar que está tudo bem com você,
eles ficaram preocupados contigo, hã?
R:
Você devia ter ido à construtora. Eu atrapalhei sua rotina, hoje, não foi?
C:
Que isso, Rosa?! Você é minha esposa, eu não deixaria você passar tudo isso
sozinha non!
R:
Desculpa... eu já nem sei o que falo... não demora, tá? - E dá um selinho nele.
C:
Non... já, já estou lá contigo, oui?
Depois
de falar com Frazão,e saber que está tudo certo por lá, Claude sobe para o
quarto.
Rosa
já havia tomado banho e estava na cama. Claude se aproxima e se deita ao lado
dela.
C:
Rosa, você quer falar, o que está passando pela sua cabeça? Eu sei que non é
uma situaçon comum, mas também não é o fim do mundo hã? Eles explicaram os
motivos. E non deixaram faltar nada pra você. Te educaram, cuidaram de você, te
amaram, chérie, sem distinçon.
R:
E por isso eu tenho que entender e perdoar tudo?
C:
Rosa, se non tivessem te adotado, provavelmente você non estaria aqui agora.
Seria mais uma vítima da máfia ou teria se perdido nesses orfanatos que tem por
ai! Por que você non escuta seu coraçon como sempre?
Dadi
bate à porta e entrega o lanche.
R:
Porque meu coração está estraçalhado! Não foi você quem ficou sem chão! Claude,
até ontem eu era Serafina Rosa Petroni. Hoje, eu descobri que sou uma Delatorre
e tudo o mais. E você quer que eu esteja sorridente, pulando de alegria?
R:
Você esqueceu do Geraldy. – E começa a acariciá-la.
R:
Pára, Claude. Me deixa, eu quero ficar sozinha!
C:
Mon Dieu, Rosa! Até agora a pouco você queria que eu ficasse com você! Agora,
quer que eu saia?
R:
É! É isso mesmo... você está me irritando!
C:
Eu non acredito! Você só pode estar de TPM!
Rosa
olha pra ele com os olhos cheios de lágrimas:
Ele
tenta se aproximar dela, mas Rosa se esquiva.
R:
Sai, Claude! Eu quero mesmo ficar sozinha! E leva esse lanche que eu não vou
comer!
C:
D`accord! Eu vou! Fica aí, enton sozinha com seu mau humor... e sai batendo a
porta.
Ele
desce e avisa à Dadi:
C:
Dadi eu vou até a construtora. Não devo demorar por lá.
D:
Mas o senhor vai levar o lanche? – Só então ele percebe que estava com o prato
do lanche na mão.
C:
Mon Dieu! Guarda isso, hã? Daqui a pouco você tenta fazer ela comer, por favor,
Dadi.
A CADA VEZ Q VC POSTA UM NOVO CAPITULO DA GOSTINHO DE QUERO + . SÔNIA FINARDI MEUS PARABENS SUA FIC TA D+ PENA Q VC Ñ POSTA TODO DIA. BJS CHÉRIE
ResponderExcluirSônia, que drama esse de Rosa e sua família! E ela muito sensível, ficou desse jeito. Mas o pior, é Júlio solto novamente, que perigo! Legal! Bjs.
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