terça-feira, 2 de outubro de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 20 - TERCEIRA PARTE - II - AUTORA: SÔNIA FINARDI

Eles saem da delegacia e cruzam, sem saber, com o advogado que Coutinho enviara pra defender Júlio.
Enquanto seguem pelas ruas, Rosa fica quieta, tentando achar uma lógica, uma linha de raciocínio que fizesse tudo aquilo ser verdade.
C: Vamos pra casa, hã? Frazon e Janete podem dar conta de uma tarde, na construtora.
R: Não, vamos pro casarão, eu preciso tirar isso a limpo. Mas antes vamos até o escritório do Antoninho. Meu pai, quer dizer o S. Giovanni, entregou os documentos pra ele, por causa lá do tombamento. Eu quero ver isso.
C: Chérie, você non achou uma história muito estranha? De repente, ele inventou tudo isso na cabeça dele e acabou acreditando!
R: Se fosse isso, porque meu pai faria questão de me afastar dele? Ele nunca aprovou meu namoro com o Julio. Implicava, impunha horários... ele nem se abalou quando eu disse que não ia mais ter casamento. Pelo contrário, ele até me pareceu aliviado com isso!
C: Mas se for verdade, porque esconder que você é adotada? Eu non vejo nada demais nisso.
R: Não sei. Eu não consigo encontrar uma razão pra nada disso!
Eles chegam ao prédio, onde Antoninho trabalha. Rosa indica o caminho para Claude, pois é a primeira vez que ele vem até ali.
Ela bate à porta e entra:
R: Com licença... Antoninho?
Ant: Serafina! Claude! Que surpresa! Desculpem, estou sem secretária. Veio retirar suas coisas ou ficou com saudades da sua sala? rsrsrsrs
R: Nem uma coisa nem outra.
Ant: Nossa! Você está tão séria! Aconteceu mais alguma coisa?
Rosa parece indecisa, um misto de medo, ansiedade e curiosidade. Pensa se está fazendo o certo... Vendo sua indecisão e querendo desvendar a história, Claude toma a iniciativa:
C: Antoninho, nós precisamos examinar aqueles documentos que o S. Giovanni entregou pra você.
Antoninho fica sério e muda de expressão. Parece travar uma luta consigo mesmo.
Ant: Aqueles documentos são confidenciais. – Tenta argumentar.-  Porque vocês precisam examiná-los?
R: Pra obter respostas, Antoninho! Pra saber quem eu sou!
Ant: Como???
C: O safado do Júlio, contou uma história pra Rosa, que ela non é uma Petroni, falou até do pai dele e do pai biológico de Rosa. E disse que esses documentos provariam o que ele falou... Queremos apenas saber se ele falou a verdade.
Antoninho fica pálido, não sabe o que fazer, pois prometera sigilo ao tio.
Ant: Entendo... mas meu tio me pediu sigilo absoluto sobre esses documentos. Eu sinto muito Serafina... Eu prometi a ele...
R: Eu tenho direito de ver esses papéis! E você não é padre, que ouviu algo em segredo de confissão! É a minha vida, Antoninho! Por favor!
C: Se você non tá querendo que Rosa leia, é porque tem alguma verdade no que ele falou... Mas se você gosta  um pouquinho dela,  deixa a gente ver isso, hã?
Ant: Meu Deus! Serafina! Eu prometi ao meu tio!
R: Ele não é mesmo meu pai, não é? E você sabia disso!
Ant: Não! Eu só soube esses dias, quando li os documentos do casarão. Nunca imaginei, nunca suspeitei dessa situação... Quer saber? Melhor você ficar a par de tudo mesmo! – Ele procura a pasta do processo e retira vários papéis e entrega a Rosa.
Ant: Melhor vocês sentarem. A leitura vai ser longa.
Claude e Rosa ficam por quase duas horas lendo e relendo vários papéis e anotações. Rosa mal conseguia segurar as folhas, tamanho o tremor de suas mãos.
C: Mon Dieu, Rosa! Tudo que ele contou é verdade! Esses papéis provam toda a verson dele!
R: Tem até o registro da maternidade onde eu nasci e o nome da minha mãe: Maria Lúcia Antunes Delatorre. E o documento, assinado pelos meus avós biológicos de entrega para adoção aos Petroni.... Meu Deus, Claude! Minha família... minha vida toda é uma mentira! – E as lágrimas que ela segurava explodem.
Claude a envolve em seus braços, tentando acalmá-la e aliviado ao mesmo tempo por ela finalmente extravasar suas emoções. Antoninho os deixa à sós, entendendo que é um momento particular de Rosa.
C: Calma, chérie... isso non muda nada...você é a minha verdade, hã?
Eles ficam assim até que Rosa consegue se controlar.
R: Obrigada, amor... por tentar me por pra cima.... mas eu quero falar com os meus pa... com os Petroni, agora! Vai comigo?
C: Tem certeza que quer ir agora? Non é melhor você dar um tempo?
R: Não... tem quem ser  hoje e agora! Antes que eu perca a coragem!
Antes de saírem, Rosa pede uma cópia de todos os documentos para Antoninho.

Eles chegam ao casarão. Assim que entram, percebem que Giovanni e Amália estão almoçando.
Am: Serafina, minha filha! Dr. Claudes! Porque não me avisaram que viriam? Eu teria feito um almoço mais refinado!
G: Filha! Pensei que você ainda estava magoada com teu velho pai e não quisesse me ver mais!
Mas Rosa não sorri e começa a falar de maneira ríspida:
R: Não viemos almoçar, não se preocupem. Eu vim apenas conversar com o S. Giovanni, atrás da verdade, D. Amália.
Am: S. Giovanni... D. Amália? Filha que está acontecendo, hem? Você nunca foi rude assim...
G: Filha... que passa, porque tá nos chamando pelo nome, hem? Tuo pai e tua mãe?
R: Meu pai e minha mãe? Não precisa mentir mais S. Giovanni. Eu já sei que não sou uma Petroni – E mostra os papéis que tinha em mãos.
G: Que brincadeira é essa, Serafina? E que papéis são esses? – Ele tenta desconversar.
R: São os documentos do casarão, que eu peguei com o Antoninho. São os documentos que provam que eu não sou filha de vocês!
Am: Meu Santo Antonio!
G: Mas o Antoninho me prometeu sigilo, aquele maledeto! Foi logo entregando os papéis pra você, filha!
R: Eu NÃO sou sua filha! Pára de mentir! Chega!
C: S. Giovanni, o Júlio invadiu nossa casa ontem e tentou... abusar de Rosa.  Mas ele non teve tempo, hã? Só que ele falou algumas coisas e uma delas foi que Rosa é na verdade, neta dos antigos proprietários do casaron e que foi adotada por vocês... O Antoninho non teve culpa, non teve como impedir que Rosa lesse esses papéis...
Am: O Júlio, ele machucou você, filha?
R: Não mã.., D. Amália. Fisicamente não, dessa vez não.
Am: Dessa vez?!
G: Aquele farabuto, criminoso... Madonna mia! Ele não tinha o direito de se intrometer na nossa vida!
R: Ele pode até ser um criminoso, mas não mentiu... e eu queria que fosse mentira, mas não é! Como vocês puderam sustentar essa mentira tantos anos? Porque mentiram pra mim, me fazendo acreditar que tinha uma família... Ele, o Júlio é na verdade a minha família! – Diz Rosa, agitada, acusando-os, com os olhos lacrimejantes...
C: Calma, chérie! Escuta o que ele tem pra te dizer, hã?
R: E o que eles tem pra me dizer? Mais mentiras? E toda aquela conversa de só falar a verdade, S. Giovanni? Me cobrando sempre pela honra, moral e bons costumes! Me julgando por ter feito... “alguma coisa” com meu marido!
C: Calma... senta aqui, no sofá.
E: Eu não precisos entar!
C: Rosa, por favor, senta aqui comigo e escuta, oui?
Resignada e a contra gosto ela senta.
Am: Calma, Serafina, nós não mentimos pra você!
G: É isso mesmo, Serafina! Eu não menti pra você! Eu omiti algumas informações, apenas isso. E foi para o seu próprio bem! Quando seus avós e sua mãe descobriram que seu pai, o Riccardo, foi morto pela máfia, tentando salvar o pai daquele infeliz do Julio, foi uma confusão tão grande! Sua mãe, a Maria Lúcia, ela estava de sete meses... e não segurou... você nasceu e ela não resistiu...- S. Giovanni, começa a chorar, lembrando de tudo que acontecera...
Am: Não sabemos como, mas a Máfia encontrou seus avós e prometeu vingança, porque seu pai, Serafina morreu lutando.... na troca de tiros ele acabou acertando um dos filhos do chefão de lá! E eles não perdoam, nem se importam com o grau de parentesco: se é da família, tá na lista, tá jurado de morte.
G: E D. Esperanza e S. Amadeo ficaram desesperados! Você era a última, a única herdeira que eles tinham... o último pedacinho do filho deles, como costumavam dizer... Então tiveram a idéia de mudar seu sobrenome. Mas isso impediria você de herdar o casarão. Você era tão frágil! Una bambina prematura... Amália, apesar de nova, da pouca idade, cuidou de você, como se fosse sua própria filha, como se tivesse saído dela... S. Amadeo, vendo o carinho que tínhamos por você, teve a idéia: ele nos deu você em adoção...
Am: Eles já estavam muito doentes,  velhos mesmo... queriam ter certeza que você não seria enviada a um orfanato, podendo perder este patrimônio, a única coisa que restava à eles. Então ofereceram em troca, um abrigo pra seu pai e eu... porque nós somos sim, seus pais, Serafina. Pais do coração, da alma! Por isso temos o usufruto.
R: E esconderam de mim a minha origem? Eu não consigo compreender!
G: Serafina, quanto menos você soubesse, menos risco correria, filha! Mudar seu sobrenome, foi apenas um cuidado pra que não te descobrissem... Você está vendo, filha... não foi mentira. Você pode me chamar de omisso, mas foi pensando em te proteger de gente igual a esse miserável do Julio!
R: Proteger? Se eu soubesse de tudo não teria me envolvido com ele, achando que estava apaixonada! Não teria passado o que passei! Porque, já que não existe mentira nessa história, já que estamos esclarecendo tudo, eu também omiti algumas coisas pra vocês!
C: Rosa, pensa bem o que você vai falar...
R: Eu vou falar tudo, Claude! Sabem o que eu omiti, o que eu deixei de falar? O Júlio, antes de me abandonar,ele... ele... me violentou! – As lágrimas voltam sem que ela tenha o controle de suas emoções.
G: Filho de uma perdida! E tudo por minha culpa!... Doutore... Amália... que foi que eu fiz?! – E cai sentado numa poltrona!
Am: Filha! Porque você escondeu isso da gente?
R: Eu não queria que vocês sofressem, se decepcionassem comigo. Imagina! A filha do S. Giovanni, uma perdida, marcada na vida! O que os vizinhos não iam falar, não é S. Giovanni? E agora o que eles vão falar de tudo isso?
Terezinha e Dino entram nesse momento:
T: Fina! Porque você tá assim alterada? Gritando com o pai e com a mãe? Dá pra ouvir lá de baixo essa discussão!
R: Seu pai e sua mãe, Terezinha!
T: Que isso, Fina? Que você tá falando?
R: Pede pro S.. Giovanni te explicar. Eu vou pra minha casa. Claude, vamos... eu não estou me sentindo muito bem... Ela recolhe os papéis e sai na frente de Claude.
T: Pai? Mãe? Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?
Am: Depois, Terezinha, depois!
C: D.Amália, S. Giovanni... eu sinto muito por tudo isso. Realmente é uma situaçon desagradável. Mas Rosa vai entender, hã? Vamos dar um tempo pra ela... processar isso tudo..
G: Obrigado, Doutore... eu vou me deitar agora, não to me sentindo muito bem... Amália, vem comigo, por favore!
Am: Vamos, Giovanni... Dr. Claude, obrigada... e cuida dela, por favor....
C: Non se preocupem. Ela vai ficar bem... Até breve!
Quando Claude sai, Rosa já está na metade da escada. Ele pula vários degraus para alcançá-la.

Já no carro.
R: Me leva pra casa, por favor. Eu... eu quero me deitar, não estou me sentindo bem...
C: È compreensível, chérie. Você enfrentou várias situações estressantes de ontem pra hoje. E non se alimentou que eu sei...
R: Eu não consegui comer, Claude. Não consigo comer quando estou nervosa, preocupada...
C: Mas hoje você vai se alimentar melhor, mon amour! Já pensou se a cegonha passa e encontra você assim fraquinha? Ela nem pára pra conversar com a gente, hã?
Rosa esboça um sorriso, olha pra Claude e diz:
R: Você é meu anjo da guarda, sabia? Promete que vai cuidar sempre de mim?
C: A vida toda, mon amour.

No flat/hotel
Cou: O Sampaio, aquele advogado que me deve favores, já foi até a delegacia, se inteirou do caso e vai entrar com pedido de habeas corpus, ainda hoje. O Júlio precisa tomar cuidado... Desse jeito, ele acaba antes da hora!
N: Ele enlouqueceu! Se deixar pegar assim. Com certeza bebeu e algo mais!
Cou: Bom se ele sair com esse documento, melhor não vir pra cá. Não devemos ser mais vistos com ele. Espero que você não se importe!
N: Me importar? Eu vou agradecer! Manda esse advogado ajeitar um lugar pra ele até a gente não precisar mais dele. Nada sofisticado, hem. Um hotelzinho barato desses de quinta categoria.
Cou: Já combinei tudo com ele, minha querida. Essas coisas eu não deixo pra depois!

Na casa dos Petroni, D. Amália depois de acomodar S. Giovanni, resolve contar toda a história pra Dino e Terezinha, acabando assim com esse segredo.

De volta ao apartamento.
Claude e Rosa entram. Dadi os espera.
D: D. Rosa, a senhora está tão pálida! Melhor ela descansar, dormir, não é não, Dr. Claude?
C: Exatamente isso que eu vim fazer, Dadi! Trouxe Rosa pra descansar. Mas antes, você podia fazer um lanche pra ela? Daqueles reforçados que você fazia pra mim, hã?
D: É pra já! Quinze minutos tá pronto! – E vai para a cozinha.
R: Eu vou subir e tomar um banho. Depois vou tentar dormir um pouco. Quem sabe essa dor de cabeça passa! Você vem comigo? – Diz olhando para ele.
C: Eu vou já, chérie. Só vou ligar pro Frazon, falar que está tudo bem com você, eles ficaram preocupados contigo, hã?
R: Você devia ter ido à construtora. Eu atrapalhei sua rotina, hoje, não foi?
C: Que isso, Rosa?! Você é minha esposa, eu não deixaria você passar tudo isso sozinha non!
R: Desculpa... eu já nem sei o que falo... não demora, tá?  - E dá um selinho nele.
C: Non... já, já estou lá contigo, oui?

Depois de falar com Frazão,e saber que está tudo certo por lá, Claude sobe para o quarto.
Rosa já havia tomado banho e estava na cama. Claude se aproxima e se deita ao lado dela.
C: Rosa, você quer falar, o que está passando pela sua cabeça? Eu sei que non é uma situaçon comum, mas também não é o fim do mundo hã? Eles explicaram os motivos. E non deixaram faltar nada pra você. Te educaram, cuidaram de você, te amaram, chérie, sem distinçon.
R: E por isso eu tenho que entender e perdoar tudo?
C: Rosa, se non tivessem te adotado, provavelmente você non estaria aqui agora. Seria mais uma vítima da máfia ou teria se perdido nesses orfanatos que tem por ai! Por que você non escuta seu coraçon como sempre?
Dadi bate à porta e entrega o lanche.
R: Porque meu coração está estraçalhado! Não foi você quem ficou sem chão! Claude, até ontem eu era Serafina Rosa Petroni. Hoje, eu descobri que sou uma Delatorre e tudo o mais. E você quer que eu esteja sorridente, pulando de alegria?
R: Você esqueceu do Geraldy. – E começa a acariciá-la.
R: Pára, Claude. Me deixa, eu quero ficar sozinha!
C: Mon Dieu, Rosa! Até agora a pouco você queria que eu ficasse com você! Agora, quer que eu saia?
R: É! É isso mesmo...  você está me  irritando!
C: Eu non acredito! Você só pode estar de TPM!
Rosa olha pra ele com os olhos cheios de lágrimas:
Ele tenta se aproximar dela, mas Rosa se esquiva.
R: Sai, Claude! Eu quero mesmo ficar sozinha! E leva esse lanche que eu não vou comer!
C: D`accord! Eu vou! Fica aí, enton sozinha com seu mau humor... e sai batendo a porta.
Ele desce e avisa à Dadi:
C: Dadi eu vou até a construtora. Não devo demorar por lá.
D: Mas o senhor vai levar o lanche? – Só então ele percebe que estava com o prato do lanche na mão.
C: Mon Dieu! Guarda isso, hã? Daqui a pouco você tenta fazer ela comer, por favor, Dadi.

2 comentários:

  1. A CADA VEZ Q VC POSTA UM NOVO CAPITULO DA GOSTINHO DE QUERO + . SÔNIA FINARDI MEUS PARABENS SUA FIC TA D+ PENA Q VC Ñ POSTA TODO DIA. BJS CHÉRIE

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  2. Sônia, que drama esse de Rosa e sua família! E ela muito sensível, ficou desse jeito. Mas o pior, é Júlio solto novamente, que perigo! Legal! Bjs.

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