Sou filho de um coveiro. Moramos num casarão antigo no alto de uma colina vizinha ao cemitério. Cresci correndo por suas alamedas e brincando de esconde-esconde entre suas lápides.
Por isso, o medo insano que as pessoas sentiam por cemitérios soava-me estranho. Para mim era um lugar como qualquer outro.
Mas houve uma ocasião em que compartilhei deste medo...
Estava atrasado com meus deveres do colégio e fiquei acordado madrugada adentro porque precisava terminar um trabalho para a manhã seguinte. Minha aprovação na matéria dependia de terminá-lo e eu corria contra o tempo na tentativa de concluí-lo. Tinha que fazer um relatório sobre o texto do filósofo Sêneca chamado “Sobre a brevidade da vida”.
Chovia muito aquela noite. E então a luz apagou!
Desci para procurar uma lanterna ou vela para poder prosseguir com minha tarefa, mas não encontrei. E não queria acordar meu pai por tão pouca coisa.
Voltei para o quarto desconsolado e desesperado, sem saber o que fazer. Simplesmente não daria tempo de terminar o trabalho pela manhã, pois minha aula começava bem cedo.
Foi então que olhando pela janela vi brilhando ao longe a luz de uma vela.
Estava em um jazigo no meio do cemitério.
Fiquei paralisado por um momento, sem conseguir pensar direito e então tive a idéia de ir buscá-la.
Peguei uma capa e galochas e saí com cuidado para não acordar meu pai.
Cheguei bem rápido ao local, porque conhecia aqueles caminhos de olhos fechados. Não foi difícil localizar o mausoléu onde ela estava. Voltei correndo e ansioso para prosseguir com minha tarefa.
Subi para meu quarto e continuei o que estava fazendo. Estava quase terminando e estava exausto. Mal conseguia pensar de tanto sono. E faltava pouco para o amanhecer.
De repente ouvi um barulho no andar de baixo, de alguma coisa abrindo com força. Peguei o castiçal e desci para ver o que era. Na cozinha encontrei a porta escancarada e um vento forte apagou a chama. Tranquei a porta e voltei para o quarto. Com certeza não a tinha fechado direito quando voltei para casa.
Enfim terminei o trabalho e deitei sobre os braços para tirar um cochilo. Estava tão cansado que não tive nem ânimo de ir para a cama. Adormeci ali mesmo.
Acordei assustado algum tempo depois, como se alguém tivesse me dado um cutucão. Quase caí da cadeira. Pensei que tivesse sonhado. Mas então me dei conta de algo estranho.
A vela havia desaparecido. E também não encontrei meu manuscrito.
Cocei a cabeça, meio atrapalhado, tentando me lembrar o que eu tinha feito. Será que o guardara na pasta e tinha me esquecido?
Procurei por todo o meu quarto e não o encontrei.
E então meu sangue congelou nas veias!
Ao passar pela janela notei uma luz brilhando lá longe, no mesmo lugar onde eu já estivera.
Fiquei um tempo sem coragem de fazer nada, mas respirei fundo e saí novamente de casa em direção ao mausoléu.
Quando cheguei lá, o que vi me deixou paralisado de terror. Um arrepio percorreu meu corpo e quase me fez desmaiar.
A vela brilhava novamente no mesmo vaso de onde a tirara.
E, embaixo do vaso, molhado e respingado de cera, estava o meu trabalho de escola.
Val, já disse que você é ótima? Você é ótima, Val. Muito bom, fiquei com medinho. Bjs.
ResponderExcluirkkkk Val que maravilha de história!!! Apesar de ser um pouco assustadora fez eu lembrar de muitas das que meu pai contava quando era menina. Valeu pelas lembranças!! Obrigada por isso!! Parabéns!! E concordo com Cláudia, você é ótima!!! Bjos, Lu
ResponderExcluirVal, que história assustadora! As meninas disseram tudo: você é ótima! Lembrei de contos que li na adolescência, tão bom recordar! Obrigada por compartilhar seu talento conosco. Bjs.
ResponderExcluirMeninas, adorei compartilhar com vocês. Também ouvi muito destas histórias quando pequena e depois ficava morrendo de medo de ir dormir. Obrigada pelas palavras de incentivo. Vocês é que são ótimas amigas. Beijos. Val
ResponderExcluirval adorei a historia ..amo historia de terror..e essa me fez lembra de uma que minha vo me contara a alguns anos a tras..ela era muito boa em historias..jurava que era verdade n tenho muita certeza..mas tambem n vou duvida..tinha uma entao que era a mulher da lagoa que ela falou que a mulher morreu numa briga como amiga a facadas e toda 6/00 horas da noite ia tomar banho de lagoa..e tambem tem outra de um homem que cantou no inferno ela jurava que os conhecia..eu morro de medo mas n deixo de ler ou querer saber..acho que e a pepinha kkk...essas historias sao d+ e parabens val vc e d+ tambem.. xD huum...feliz aniversario muitas felicidades viu..beijjao
ResponderExcluirVal! Que sinistro e interessante esse texto! É de arrepiar mesmo...eu não queria estar no lugar do seu protagonista de jeito nenhum...
ResponderExcluirParabéns por mais um belo texto.
E parabéns pelo seu niver, beijos!
Que bom que vocês gostaram! Combinou com o clima do dia né? Bjs Val
ResponderExcluirVAL, JÁ É DE MADRUGA, AGORA ESTOU COM MEDO DE DORMIR, CARAMBA, ME ARREPENDI DE LER A ESTA HORA, SE FOSSE DE DIA, TUDO BEM, MAS QDO A GENTE COMEÇA A LER, MESMO SABENDO QUE É DE TERROR QUER IR ATÉ O FINAL., MEUS PARABÉNS, VC CONSEGUIU ME ASSUSTAR BJOS.
ResponderExcluirMari, kkkkkkkkk E sabe da maior, no dia que postei isto, ao me deitar, também fiquei me lembrando de outras estórias parecidas. Resultado: demorei para dormiu, porque me assustava com qualquer estalinho que ouvia... kkkkkk Bjs Val
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