sexta-feira, 5 de novembro de 2010

UM ANO INESQUECÍVEL DE NICHOLAS SPARKS - PRÓLOGO - COLABORAÇÃO ANNIE WALKER


Quando eu tinha 17 anos,minha vida mudou para sempre. Sei que algumas pessoas se espantam quando digo isso. Olham-me de um modo estranho, tentando compreender o que poderia ter acontecido nesse passado, embora eu raras vezes me dê o trabalho de explicar. Como morei aqui a maior parte da vida, não acho que tenha de dar explicações, a não ser em meus próprios termos, e isso levaria mais tempo do que a maioria está disposta a me conceder Minha história não pode ser arrumada e simples que as pessoas logo entenderiam. Apesar de decorridos quarenta anos, as que continuam morando aqui me conheceram naquele ano aceitam minha falta de explicação sem quaisquer pergunta. Minha história, em certos aspectos, é a história delas, porque foi uma coisa que todos vivemos do começo ao fim.

Fui eu, entretanto, quem a viveu de mais de perto.

Tenho 55 anos, mas ainda hoje me lembro de tudo o que se passou naquele ano, nos mínimos detalhes. Revivo-os muita vezes em minha mente, trazendo-os de volta á ida, e percebo que, ao fazê-lo, sempre sinto uma estranha mistura de tristeza e alegria. Há momentos em que gostaria que fosse possível girar o relógio para trás e eliminar toda a tristeza, mas tenho a sensação de que, se o fizesse, também a alegria desapareceria. Por isso acolho as lembranças como me chegam, aceitando-as todas e deixando que me guiem sempre que posso.

Hoje é dia 12 de abril do último ano antes do novo milênio. Dou uma olhada em volta ao sair de casa. O céu está encoberto e cinzento, mas quando sigo pela rua percebo que os cornisos e as azaléias já começaram a florescer. Fecho um pouco o zíper da jaqueta. a temperatura es´ta baixa, embora eu saiba que será uma questão de semanas para que o céu cinzento dê lugar àqueles dias que fazem da Carolina do Norte um dos locais mais lindos do mundo.

Com um suspiro, sinto tudo retornar. Cerro os olhos e as lágrimas começam a escorrer em marcha ré, marcando devagar o tempo de trás pra diante, como os ponteiros de um relógio a girar em sentindo contrário. Como que pelos olhos desaparecerem, os braços e as pernas se enrijecerem com músculos. As lições que aprendi com a idade tornam-se distintas e minha inocência vai voltando, à medida que se aproxima daquele ano memorável.

Então, como eu, o mundo começa a mudar. A desordenada extensão suburbana é substituída por terras agrícolas; as ruas do centro fervilham de gente. Os homens usam chapéus; as mulheres, vestidos. No prédio do tribunal, mas adiante, badala o sino da torre...

Abro os olhos e paro. Estou em frente à igreja batista e, quando olho para ela, sei exatamente quem sou.

Sou Landon Carter e tenho 17 anos.

Um comentário:

  1. Annie, muito interessante! Já deu pra perceber que você gosta de literatura. Além de fazer poesias, também gosta de ler. Isso é muito bom! Continue assim, tenho a intuição que você vai ser escritora. Parabéns, pela escolha do texto. Bjs.

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