CAPÍTULO
XLII - QUASE ANJOS
Vinte
dias depois...
C:
Non e non, Rosa. Você fica em casa… Dadi, me ajude a convencer essa cabecinha
dura, que ela precisa ficar de repouso. Ordens médicas, chérie! Você ouviu e
viu o que o Dr. Vítor disse: eles eston prontos.
R:
Mas só temos que voltar lá daqui a três dias! Olha, você viu, minha pressão tá
ótima, ele mesmo ficou admirado.
C:
Rosa, ele marcou assim por uma queston de calendário, ele deixou bem claro que
você pode entrar em trabalho de parto de repente, porque son dois, hã?
D:
D. Rosa, ouça Dr. Claudes e o seu médico, principalmente.
C:
Ohhh! Muito obrigado, Dadi, pela parte que me toca, hã? – Ele se volta pra Rosa
e continua - Está decidido, mocinha, você non vai à construtora até eles
nascerem ou melhor até que eles possam ficar longe de você.
R:
Mas, Claude, amor...
C: Non
tem mas, nem meio mas, chérie. Você já desceu pro café, agora vai voltar pro
quarto e deitar. Vem, eu te ajudo.
Ele
acompanha Rosa até o quarto, ajuda ela a se deitar e acomodar na cama. Depois
se despede, dando um beijo nela e outro na barriga dela.
C:
Eu vou resolver tudo que tiver pendente e volto pra ficar contigo, d’accord?
R: D’accord,
General! – Ela cruza os braços sobre a barriga.
C:
Sabia que eu adoro quando você faz birra? Tchau, mon amour, quer que eu ligue o
som?
R:
Liga sim, por favor.
Ele
liga o som, acena com a mão pra ela e vai saindo.
R:
Claude?
C:
Sim, chérie?
R:
Te amo.
C:
Eu também te amo... me espera acordada, hã?
Claude
desce pensativo.
“Se
esse contrato non fosse ton importante, com aquele prefeito disposto a
transformar antigos prédios abandonados em moradias... eu ficaria aqui...
Droga!”
C:
Dadi, non deixa ela sozinha, por favor, oui?
D:
Deixa comigo, Dr. Claudes. Já, já vou até lá e não arredo pé...
C:
Qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, você me liga.Vou fazer o possível pra
voltar logo... Tchau, Dadi.
D:
Até logo, Dr. Claudes. Vai tranqüilo!
Rosa
acaba se conformando e começa a ler um livro ao som de suas músicas favoritas.
Dadi
a cada tempo ia até lá saber como ela estava.
Já
Claude não conseguia esconder sua preocupação. Durante a reunião, olhava constantemente
para o relógio, até que o prefeito perguntou o que se passava com ele.
Pref:
Dr. Claude, me desculpa ser franco e direto, mas o senhor está atrasado para
algum outro compromisso?
C:
Non... que isso... eu tenho esse costume de olhar pro relógio... é isso.
F:
Na verdade, Prefeito, ele tá preocupado com a esposa dele que está grávida de
gêmeos, que podem nascer a qualquer hora...
C:
Frazon!
Pref:
E porque não falou antes? Já encerramos os tópicos do contrato, estamos jogando
conversa fora, você devia ter falado, meu jovem... Tá esperando o que? Vai lá
com sua esposa, curte esse momento... Eu sei o que falo, também sou pai de
gêmeos: dois meninos!
C:
Oh, é mesmo? Meus filhos son um casal: Anna Lucia e Joon Riccardo.
Pref:
Parabéns. E dê parabéns à sua esposa também. Eles dão um imenso trabalho, mas a
alegria é dobrada. Você vai ver! – Diz o prefeito, levantando-se. Até breve,
Dr. Claude.
Assim
que ele sai.
C:
Frazon, eu vou pra casa ficar com Rosa. Non tem mais nada pendente, hã?
F:
Não, Claude, não tem! Vai lá com a Rosa, antes que você tenha os bebês por ela!
Rsrsr
C:
Non teve graça, non... Isso é um assunto sério... você ainda vai sentir isso,
Frazon!
Claude
volta pra casa. São mais de treze horas.
Ele
entra no quarto. Rosa está deitada, olhos fechados, o livro aberto sobre a
barriga. Claude tira uma foto dela com o celular. Ele senta na outra metade da
cama.
C:
Rosa! Você prometeu que non ia dormir, que me esperava acordada,hã? Você tá ton
bonita assim – Ele pega o livro e põe na cabeceira da cama – Vocês non
concordam? – ele passa a mão pela barriga de Rosa.
R:
Claude... você voltou... que horas são amor?
C:
Passa das treze, chérie. E você non almoçou, que Dadi já me avisou.
R:
Eu tava te esperando, sabia que você parece bobo quando fica assim olhando pra
minha barriga?
C: É
que é ton incrível saber que aí dentro tem duas pessoinhas, nossa
continuaçon... dois anjinhos... feitos com muito amor... e de muito amor...
puro amor.
R:
Nossa! Você tá inspirado hoje? “Feitas com muito amor... e de muito amor...
puro amor.”
C:
Vocês, son a minha inspiraçon, hã – Ele desliza sua mão pelo rosto dela. Tá
tudo bem, chérie?
R:
Tá sim... só uma dorzinha aqui do lado... mas deve ser de ficar deitada a manhã
toda.
C.
Non é melhor ligar para o Vítor?
R:
Não, não é bem uma dor, é um desconforto, é isso! Os seus anjinhos devem estar
se preparando mesmo. Mas eu tô com fome. Vamos descer?
C:
Claro, antes... eu trouxe um presente pra você! Mas é só pra depois do almoço!
Ele
entrega uma caixinha vermelha em forma de coração para ela.
C:
Abre, mon amour.
Rosa abre e encontra
quatro bombons e um bilhete:
Tu es ma
lover
Et j'ai
suivi le vol d'un ange
Il m'a
emmené jusqu'à toi
Comme un
voyage au fond de moi
Est-ce
que tu te rappelles ?
On
partait droit devant
On
rêvait
De voler
là-bas
A
l'autre bout du ciel, à l'autre bout du ciel
J'ai
suivi le vol d'un ange
Et Il
m'a emmené jusqu'à toi
C'est un
chemin tout droit
Puisque
c'est l'amour
Tu és
minha amada
E eu
segui o voo de um anjo
Ele me
levou até você
Como uma
viagem no fundo de mim
Você se
lembra?
Nós
seguimos em frente
Nós
sonhamos em voar além... para o outro pedaço do céu
Eu segui
o voo de um anjo
E Ele me
levou até você
É um
caminho certeiro
Pois é o
amor
R:
Claude! Que lindo! Ai! - Ela põe a mão na barriga - Olha aí... eles também
gostaram... Isso tudo também vai lá pro baú dos meus tesouros... Te amamos.
C:
Eu escrevi há uns dias atrás. Estava esperando o momento certo e ele apareceu
agora – Ele mostra a foto no celular. Meus três anjos.
Depois
de almoçarem, eles curtem e conferem, mais uma vez, a mala que Rosa preparara
para levar à clinica. Eles estão no quarto de hóspedes, “adaptado” para receber
os bebês até que mudem para a nova casa.
C:
Non vejo a hora de mudarmos pra nossa casa...Lá vai ser muito melhor... Eles
von ter espaço, ar puro.
R:
Falta pouco, amor... Aliás, falta pouco em duplo sentido, oui? Rsrsr. Pronto!
Tudo revisado, General! Pela... décima vez?
C:
Você non perde oportunidade, non é? Eu acho que vou transferir o Frazon pro Nordeste,
assim non vou mais precisar mandar ele pra outro lugar... rsrsrs
R:
Excelente idéia, meu amor, mas pensa bem, porque outro igual ele, que te
socorre até debaixo d`água você não acha. Eu preciso tomar um banho. Me ajuda a
tirar esse vestido?
Eles
vão para o quarto e, enquanto Claude a ajuda a tirar o vestido, ela pergunta:
R: E
deu tudo certo, fechou contrato com o tal prefeito, amor?
C:
Oui. Ele realmente tá muito interessado nesse projeto! Tudo bem que é a
plataforma política dele, pelo menos, ele vai fazer algo com esses prédios abandonados!
Pena que non é aqui. Mas pra mim tanto faz, hã? Desde que pessoas com menor
renda sejam beneficiadas.
R:
Hummmm... isso merece uma comemoração! Que tal você pegar os bombons? Isso é
muito bom pra você, Claude. Vai ficar conhecido em outros estados, vai ter
novos projetos. Eu fico muito orgulhosa de você, amor. Você merece isso. Lutou
tanto pra chegar onde queria e olha aí, você foi além...
Ela
coloca o roupão e prende o cabelo, antes de entrar no banho.
C:
Rosa, vai com calma, hã? Chocolate vai deixar eles agitadinhos, mon amour.
R:
Eles já são agitados, amor. Puxaram ao pai. – Ela sorri, descontraída. Porque
você não entra comigo?
C:
Hummmm! Eu sabia! Você está com segundas intenções. Maluquinha como sempre.
R:
Você vem ou não? – Pergunta quase inocentemente.
C:
Chérie, decide: você quer que eu pegue o bombom ou me quer no banho?
R: Não
dá pra ser os dois? – Ela começa a desabotoar a camisa dele.
C:
Pedindo assim... – Ele se despe, pega um bombom e entra no banho com ela.
C:
Mas, voltando ao assunto, eu só estou além do que planejei, porque você lutou
comigo! Lá no começo, eu acho até que você lutou “por mim” quando me ajudou com
o projeto dos americanos... quando se casou comigo de um dia pro outro... sem
pedir nada.
R: Você
não sabe que algumas coisas foram feitas simplesmente pra acontecer? Eu não
precisava pedir nunca precisei, porque eu já tinha o seu amor.- Diz olhando
para ele. – Claude? Você ficou sério... que foi?
Ele
desembrulha o bombom, morde metade e fala:
C:
Isso que você falou... das coisas acontecerem... Eu ainda non agradeci por você
ter acontecido na minha vida. Enton – ele dá a outra parte pra ela – Vou
começar a agradecer agora, hã? E a beija, suavemente, mas um beijo que apesar
de terno, exprimia todo o amor que ele tinha por ela.
R:
Humm... isso foi muito bom, pode continuar agradecendo.
C:
Melhor non, eu prometo agradecer melhor quando você estiver em condições de “agradecer”
de igual pra igual, hã?
R:
Só mais um pouquinho, assim um carinho, hum?
C: Você brinca
com fogo, Rosa Geraldy. Com meu fogo...
R:
Eu acho que tá na hora... - Ela sussurra entre os carinhos dele.
C:
Rápido assim, mon amour?
R:
Não... você não entendeu... Eu acho que tá na hora deles... da Anna e do João!
C:
Mon Dieu! Como assim, Rosa. Agora?
R:
Não exatamente agora... rsrs Mas a bolsa... já era... rsrsr
C: E
você fala isso assim, nessa calma, brincando? Mon Dieu, o que eu faço primeiro?
R:
Amor... não adianta eu ficar nervosa, eles vão nascer de qualquer maneira, melhor
que seja na paz, hã? E, primeiro, você coloca uma roupa e pega uma pra mim
também, ok? Não podemos ir pra clínica assim.
C:
Rosa... eu aqui preocupado e você fazendo piadinha... Non tem graça, chérie -
Ele se atrapalha todo pra se vestir na pressa. – Mon Dieu, qual roupa você
quer?
R
Claude! Já combinamos... essa que tá aí separadinha, na parte esquerda...achou?
C:
Ah... achei... eu tava procurando na parte da direita, chérie... perdon... eu tô
muito ansioso.. Tudo bem contigo, você tá com dor?
R:
Não, amor... ainda não... mas elas vão chegar... não se assuste, oui?
Ele
ajuda Rosa a se vestir:
C:
Vamos? Eles saem do quarto... – Dadi! Dadi! A Rosa... os bebês... o que eu falo
pra ela, hã?
R:
Que você tá me levando pra clínica. Só isso. – Ela começa a descer a escada,
degrau por degrau, de mãos dadas com ele. De repente, ela pára e aperta a mão
dele.
R:
Espera... acho que começaram... as contrações... – Ele a carrega escada abaixo.
E telefona, avisando o médico.
Dadi
aparece na sala:
D:
Dr. Claudes... já tá na hora?
R:
Quase, Dadi... faz um favor pra mim... pega a mala e leva pra clínica depois. Ah!
Mais um favor, avisa minha mãe... a Janete... o Gurgel... e o Freitas... Ah,
não esquece do Antoninho.
C:
Rosa, non dá tempo de terminar a agenda, hã? A Dadi liga pra todo mundo, non é,
Dadi?
D:
Claro D. Rosa... Vai com Deus... Daqui a pouco, eu chego com a mala.
Assim,
Rosa dá entrada na clinica. Como o médico já havia sido alertado, uma equipe
está à sua espera, pois um parto de gêmeos é sempre mais complicado.
Enquanto
Rosa é preparada, o médico, Dr. Vítor, conversa com Claude.
V:
Claude, eu sei que não adianta falar, mas não fique muito ansioso... Você
acompanhou a Rosa até aqui em todas as consultas... E tanto ela quanto os bebês
estão ótimos.
C:
Mas ela estava tão pálida, com dores. Mon Dieu, precisava de tudo isso? Non
podia ser mais simples?
V:
Mais simples que isso? A natureza é simples, Claude. Nós é que complicamos...
Bem, certamente você vai querer estar com ela na hora do parto?
C:
Naturalmente... combinamos isso... e eu quero mesmo estar presente na vida de
meus filhos desde o começo.
V:
Então, você também precisa se preparar, colocar outra roupa...Vocês optaram
pelo parto normal, vamos realizar um último ultrasson, se eles estivem bem, na
posição certa, ok. Caso contrário, faremos uma cesariana.
C:
Ela corre algum risco ou os bebês?
V: O
tipo de parto indicado para as gestações de dois ou mais bebês é a cesárea por
causa dos ricos existentes. No caso de gestação de gemelares, o parto normal é
possível, dependendo da posição em que se encontram os bebês. A melhor posição
dos bebês seria que estivessem de cabeça para baixo, mas isso nem sempre
ocorre.
C:
Enton...
V:
Vamos ao exame primeiro. Até agora, foi tudo extremamente positivo. Creio que
não teremos problema algum. Vocês foram abençoados e olha que eu não sou
religioso, hem. A gestação da Rosa foi maravilhosa, sem maiores problemas,
apesar de gemelar.
C: Depois
de tudo que ela passou, daquele seqüestro, ela bem que mereceu... os três
mereceram .
V:
Então, eu vou te encaminhar pra sala do pré-parto. Você se prepara e nos
encontramos na sala de parto.
Trinta
minutos depois, Claude é chamado à sala de partos. Rosa já está preparada e
instruída a como se comportar.
Ele
se aproxima dela.
R: O
exame... tá tudo certo... os bebês... o João e a Anna... eles colaboraram...
estão certinhos... vai ser normal como eu queria... - Ela respira rapidamente.
Por causa das contrações.
C:
Que bom, chérie... eu vou estar aqui ao seu lado... apesar de non poder fazer
nada... – ele acaricia o rosto dela vagarosamente.
R:
Pode sim... já tá fazendo... me dando força... cuidando da gente... como sempre
fez... nossa... eu acho... eu acho que alguém vem vindo...
C:
Deixa eu segurar sua mão... pode apertar, porque eu quero dividir essa dor
contigo, mon amour...
V:
Força, mamãe! Vamos, Rosa, respira e ajuda ele... ou ela... Isso... Vai...
Força, Rosa, faz força...
Alguns
minutos depois, um chorinho invade a sala... Era João Riccardo anunciando sua chegada
ao mundo.
Exatos
nove minutos depois, um segundo choro. É a vez de Anna Lúcia chegar ao mundo,
diante do olhar encantado de seu pai e sua mãe: Claude e Rosa...
Nenhum comentário:
Postar um comentário