CAPÍTULO
XLVIII - O FIM -
PRIMEIRA PARTE
Dois anos
se passam, Claude abre outra representação de sua construtora, dessa vez na
região centro-oeste do Brasil.
A
restauração do casarão virara manchete e Claude e Rosa receberam alguns prêmios
de “Honra ao Mérito”, “Sustentabilidade”, “Cidadania”, “Preservação do
Patrimônio Público” e outros, atraindo o interesse de algumas esferas do
governo para outras restaurações semelhantes.
Nesse
tempo, Rodrigo acabara se casando com a babá das crianças – Leninha - e moravam
numa casa anexa, construída por Claude como presente de casamento, pois Rodrigo
e Leninha eram muito bem quistos e adorados pelas crianças.
João e
Anna já estavam com quase cinco anos e Déborah, com seus dois aninhos, tentava
acompanhar os irmãos em suas aventuras e travessuras...
O almoço
de família, das terças passara a ser feito aos domingos por causa das crianças.
Claude e
Rosa tentavam estabelecer uma rotina que não prejudicasse a qualidade do tempo
que tinham com as crianças. Toda folga que conseguiam era compartilhada com
elas num piquenique, uma viagem à praia, um passeio pelo Shopping, um Parque de
Diversões, uma visita aos nonos ou, simplesmente, numa reunião em casa mesmo
com muita história, filmes, brincadeiras e pipoca.
Esse era
um desses dias. Claude e Rosa haviam saído bem mais cedo da construtora.
Eles
estão reunidos na varanda da casa, enquanto as crianças brincam no jardim. Já é
final de tarde, o sol está quase na linha do horizonte, bem em frente à
varanda.
C: Chérie,
nós temos filhos incríveis. Já reparou que eles non brigam? Frazon vive dizendo
que Pedrinho briga demais com a irmã.
R: È
verdade, Janete tem que ser severa com ele. Mas eu acho que é ciúmes, ele quer
apenas chamar a atenção pra ele...
Anna:
Papai, mamãe vem brincar com a gente de pega-pega? - Ela está de mãos dadas com
Debh.
C: Mon
dieu, Anna Lucia! Pega-pega? Só pode ter sido idéia de seu irmão Joon Riccardo!
Anna: Ah,
vem papai, vem mamãe! Só um pouquinho,
hã?
R: Com
quem será que ela aprendeu a dar esse “hã” tão suplicante...
C: Non
sei non, chérie mas... você tá pega, “hã”? – Diz Claude, piscando para Anna,
relando em Rosa e descendo os degraus da varanda rapidamente, ficando ali,
rente ao primeiro degrau.
R: Claude
Geraldy! Isso não vale! – Ela se levanta da cadeira.
C, J, A
& Debh: Valeu! Valeu! Valeu!... rsrsrrss
Rosa põe
as mãos na cintura e diz:
R: Ah,
valeu é? Pois se preparem! Mamãe foi campeã de pega-pega no casarão! E tem que
ser no gramado, porque alguém pode cair e a grama amortece a queda. – Ela tira
os sapatos – Lá vou eu!
As
crianças vão se afastando em direção à parte gramada do jardim. Rosa vai descendo os degraus e olhando para
elas, mas um raio de sol bate em seus olhos, ela se desequilibra nos degraus e
quando pensa que vai cair e rolar escada abaixo, dois braços conhecidos a
envolvem, impedindo a sua queda. Seus rostos ficam muito, muito próximos um do
outro.
C: Mon
Dieu! Eu acho que já vi essa cena antes... Rsrsrsrsrs
R: Mas
hoje eu não vou sair correndo. – Ela o enlaça pelo pescoço.
E seus
lábios se tocam num beijo suave, que vai se aprofundando, exigindo uma resposta
mais ousada, até escutarem as conhecidas risadinhas, que agora eram três.
J: Tão
namorando! Tão namorando! U hu!!!
C: Esse
foi o melhor e o mais gostoso “déjà
vu” de minha vida.
J: Tão
namorando! Tão namorando! U hu!!!
R: João
para com is...
C: Deixa,
Rosa. Vamos ver... É Joon, papai e mamãe ton namorando porque se amam, d’accord?
Um dia, você vai encontar a sua “Rosa” e vai namorar com ela também.
J: E
“bejar” na boca? Eca!!!! Prefiro
pega-pega... Vem mamããããããe! Tá com você!!!!
Claude
sorri, dá mais um selinho em Rosa, depois a solta e diz:
C: É...
tá com você, Madame Geraldy... Vem pegar a gente, vem.
E por
algum tempo, eles ficam assim, brincando com as crianças, como se fossem as
próprias crianças, com a inocência do amor e a ousadia da paixão. Eles correm,
pulam, perdem, gritam, ganham, rolam pela grama e no fim, todos exautos, se
deitam na grama, cansados, mas felizes, extremamente felizes.
O céu vai
se enchendo de nuvens trazidas pelo vento, encobrindo, aos poucos, o que
restava da luz do sol.
João e
Debh ficam literalmente em cima de Claude e Anna fica deitada ao lado de Rosa.
C: Joon,
non pule assim… isso dói, hã? Cuidado com a Debh. Olha, deita aqui do lado como
fez a Anna. Hoje, as nuvens estão com vontade de brincar! Vamos imaginar! Com o que se parece aquela nuvem?
J: Com um
elefante. E aquela lá do ladinho dela
parece um gatinho.
R: Olha
só ali do outro lado. Tem uma que parece um coração. Escolhe uma Anna.
A: Ali...
em cima do coração, tem uma que tá se mexendo... ficando igual uma borboleta.
J:
Borboleta nada... tá parecendo um livro.
A: Olha
ali... tem uma que parece o papai “bejando” a mamãe... rsrsrs
R: Onde,
Anna? Não tô achando.
C: Eu
também non...
A: Ali em
cima daquela árvore, pertinho do arco-íris... atrás de você, mamãe!
J: Achei!
Rosa e
Claude se voltam para onde as crianças olham.
C: E non
é que parece mesmo, chérie? rsrsrs Ele dá um selinho nela e faz um carinho em
Anna.
R: Que
lindo! Um pedacinho de arco-íris... E não é “em cima” da árvore, Anna, é
“acima”! Se fosse em cima, a nuvem estaria na árvore mesmo, deu pra você
entender?
A: Hum,
hum – Responde, sem muita certeza.
Debh:
Mamãe... fome.
R: Oh,
meu amor! A gente já vai entrar. – Diz, se levantando - Essa é a única vantagem
desse horário de verão, a gente pode curtir um pouquinho mais a tarde... Pena
que o relógio não para.
Nesse
momento, Dadi vem até a varanda:
D: D.
Rosa, o jantar tá quase pronto.
R:
Obrigada, Dadi! Nós já vamos nos arrumar. Família! Todos pro banho. Claude,
você ajuda o João hoje com o banho? Eu fico com as meninas.
C: Claro,
chérie. Vamos, campeon?
J: Papai,
a gente não podemos dar aquele abraço de família?
C: Oui...
A gente “pode” Joon, ou nós “podemos”.
J: Uh
huuuuuuuuu! Podemos chamar a Dadi pra abraçar junto?
R: Claro
que sim, filho. A mamãe chama.
R:
Dadiiiii! Vem pra cá! Desce pro abraço-família!!!!!
E o famoso abraço acontece. Dadi fica muito
emocionada:
D: D. Rosa e Dr. Claudes... Obrigada... Eu nem sou
da família.
C: Que isso, Dadi? Você é mais que da família. Você
é a minha mãe do coraçon, avó de meus filhos e nós amamos você!
Depois do
abraço, eles entram. Dadi vai terminar o jantar. Claude, Rosa e as crianças
tomam banho e descem pra jantar. Antes de se sentarem à mesa, o telefone toca. As
crianças ficam à mesa com Dadi.
C: Alô?
Ah... oi, Frazon! Já tava estranhando você non ligar, hã? Rsrsr.
F: Claude,
mon ami, estamos tentando falar com você há algumas horas. Vocês não estão
vendo tv?
C: Não...
Íamos jantar agora! O que aconteceu? “Chérie,
liga a TV, por favor.”
F: O
Coutinho e a Nara. Foram encontrados mortos na casa dele. A principio, a
polícia divulgou um boletim como roubo seguido de morte. Mas tá com jeito de
ser vingança de traficante.
C: Frazon
tenta localizar o Paulo e vê o que você descobre ao certo. E amanhã você me
diz. Só amanhã, oui, Frazon?
F:
Amanhã? Tá certo, francês. Pelo jeito, vocês estão “ocupados”, não é?
C:
Estamos sim, Frazon. Estamos nos
divertindo com nosso trio, hã? Um abraço pra Janete... e pra você... Bem, já sabe onde pode ir... Au revoir!
Na TV,
passavam algumas imagens de Nara e Coutinho e
os comentários do repórter:
(...) Os corpos foram
encontrados pela diarista. Otávio Coutinho era um advogado conceituado até se
envolver em alguns escândalos de corrupção, lavagem de dinheiro, narcotráfico,
jogo do bicho. Nara Paranhos de Vasconcelos ficou conhecida pelo seqüestro da
arquiteta Rosa Geraldy, há quase seis anos atrás e ainda esperava pelo
julgamento, em prisão domiciliar. A polícia ainda investiga outras possibilid...
Rosa
desliga a TV.
R: Meu
Deus, que triste fim eles tiveram, Claude.
C: O fim
que procuraram por serem ton gananciosos e se envolverem com essa gente
corrupta, traficantes, mafiosos.
R: Olha,
eu posso até estar pecando, mas estou aliviada.
C: Enton,
somos dois, chérie. Vem, vamos esquecer isso e jantar – Diz, pegando-a pela
mão.
Após o
jantar, eles ficam desenhando com as crianças por um tempo, até que elas
começam a querer dormir.
C: Mon
amour, vamos levá-los pra cama. Joon, vem
– Eu levo ele e volto pra pegar a Anna.
R: Ok, eu
já to subindo com a Debh.
Depois de
colocarem os três na cama, eles ficam um tempinho observando-os. Eles começam a
conversar baixinho.
C: Hoje,
non deu tempo de contar história! Também o que eles pularam.
R: Se
divertiram e eu também! Fazia muito tempo que não me divertia assim como
criança. Foi muito bom. Mas, vou te confessar, minhas pernas tão doendo.
rsrrsrsrs
Eles saem
do quarto das crianças e continuam conversando, parados no corredor.
C: É você
precisou correr muito pra me pegar, chérie.
– Diz, enlaçando Rosa e puxando-a para perto de si.
R: Hummm,
foi nada. Você foi o mais fácil de pegar. - Ela passa suas mãos pelo pescoço
dele – Amor, daqui quinze dias, é aniversário do nosso casamento... Do primeiro.
Rsrsr. Seis anos. Bodas de Perfume ou
Açúcar, eu já procurei saber.
C: E você
quer comemorar de alguma forma especial? – Sua voz é rouca - Outra noite
típica, por exemplo? – Ele a aperta ainda mais junto a seu corpo.
R: Pra
falar a verdade não! Eu quero ficar por aqui mesmo, só eu, você e as crianças.
Isso já vai ser especial!
C: D’accord!
– Ele a pega nos braços, assustando-a.
R:
Claude!
C: Que
foi, chérie? – Ele sorri - Eu vou levá-la pra cama como fiz com Anna e Joon e
você com Debh. Mas, você non vai dormir ton rápido tenha certeza disso, hã?
E se as
paredes do quarto falassem, naquela noite, iriam contar uma linda história de
amor entre dois corpos que se procuram no desejo e duas almas que se
encontraram nesse desejo.
No dia
seguinte, na construtora, eles recebem o telefonema de Paulo, informando o que
conseguira saber sobre o caso de Nara e Coutinho.
(...)
C: Enton,
chérie, Paulo disse que as investigações eston sob segredo de justiça. A
imprensa non vai ter muito o que noticiar. Parece que eles estavam planejando
uma fuga e contavam com a ajuda de um grupo de pessoas suspeitas de aliciar
mulheres para a prostituiçon na Europa. Como estavam sob vigilância, telefone
grampeado, ficou fácil para a polícia federal desmontar o esquema, o resto foi
conseqüência.
R: Meu
Deus, a que nível eles desceram! Se envolver com esse tipo de gente.
F: Mentes
doentias, Rosa. O Coutinho sempre foi ganancioso, se vendia por qualquer coisa
que trouxesse grana pra ele. E Nara, com todo aquele egoísmo, tanto procurou
que encontrou.
J: E
assim se encerra essa parte da sua história. Agora, você já pode sentir-se
segura, não vai mais ficar imaginado ameaças.
R: Disse
tudo, Janete. Fim de um período. Daqui pra frente é esquecer que um dia vivemos
tudo aquilo, toda aquela loucura.
C: Concordo
contigo, chérie e por falar em nova história, vamos pra mesa de reunion, temos
uma proposta pra analisar.
E assim
passam-se os dias. Uma semana e meia.
Numa
noite, depois que as crianças já dormiam, Rosa pega o seu “baú dos tesouros” e
vai até a cama, onde Claude está deitado.
Já era o quarto baú que ela substituía.
C: Chérie,
logo vamos precisar de um baú tamanho “pirata”, pra guardar tudo que nos é
importante, porque vamos ter muitas recordações ainda .
R: Mas
não é gostoso, voltar aqui e lembrar desses momentos?
C:
Principalmente com você do meu lado. - Ele coloca os cabelo dela para
trás.
R: Agora
já temos outras. Sabia que o João já ta quase perdendo o primeiro dentinho?
C: Oui...
ele me mostrou todo orgulhoso.Vamos ver... Qual desses tesouros você gosta
mais?
R: É
difícil gostar mais de um ou de outro, porque cada um deles tem a sua emoção.
Mas, as que mais me emocionam sãos as rosas azuis que você conseguiu pra nossa
noite francesa.
C: D’accord. Son símbolos do amor eterno como é o nosso. Mas,
como é que elas eston durando tanto tempo, chérie?
R: Você
não vai rir de mim, né? Eu passei spray de cabelo, tipo laquê. É um truquezinho
que aprendi na faculdade ainda.
C: Mon
Dieu! Você non usa isso em você non, hã? Eu gosto de seu cabelo assim natural,
sem conservantes. Rsrsrs.
R: Bobo!
Eu nunca usei isso em meu cabelo. – Ela balança os cabelos, provocando-o.
C: Mas,
non eston faltando algumas recordações aqui non?
R: Só os
papéis dos bombons. Eu não disse que faria um quadro com eles? Vai ser meu presente
de aniversário de casamento. Você não se esqueceu dele, né?
C: Non, é
depois de amanhã. Vamos ficar por aqui mesmo?
R: Oui.
Se você não se importar, eu não vou pra construtora amanhã. E nem depois, como
combinamos. Eu já adiantei tudo que necessitava ser adiantado.
C: Rosa,
você não precisa me pedir autorizaçon pra “faltar” ao trabalho. É só avisar que
non vai. Tudo bem que eu vou ficar abandonado, sozinho por lá...
R: Oh...
Meu Deus... que dó. Em compensação você terá o seu presente feito por mim, hã?
C: D’accord.
- Ele começa a colocar os objetos de volta ao baú e o coloca no chão.
R:
Claude! Por que guardar?
C: Porque
agora você vai ganhar um presente de amor feito por “nós” – E a puxa para si,
explorando seu corpo com beijos, carícias e promessas.
Dois dias
depois, uma sexta-feira, dia do aniversário, pela manhã no quarto...
C: Chérie...
non fique assim! É uma emergência. Assim
que terminar essa reunion, eu volto. – Claude está segurando as mãos de Rosa.
R:
Claude, nós combinamos, planejamos esse dia juntos. Não é só um dia qualquer, é
o nosso aniversário. As crianças estão na maior expectativa, porque iam ajudar
a preparar o almoço. Como você quer que eu me sinta? – Diz, se afastando dele.
C: Mon
Dieu... Eu vou matar o Frazon! Rosa, eu realmente non posso adiar isso. E se
tivesse outra pessoa pra ir em meu lugar, tenha certeza que eu mandaria. Mas,
Gurgel era o único que poderia ir, se non tivesse assumido o novo escritório.
Precisamos contratar outro engenheiro, você podia cuidar disso, hã?
Silêncio.
C: Rosa?
R: O quê?
– Ela deixa escapar um soluço.
C: Mon
amour, non chora, hã? Vem cá. – Ele a abraça – Eu prometo ser o mais rápido
possível.
R: Claude,
nós sabemos que essas reuniões não são rápidas o suficiente pra você chegar pro
almoço! E se você tem quem ir, então, vai logo, antes que eles acordem.
Nesse
momento, eles escutam o chorinho de Debh...
R: Olha
aí... eles estão acordando... Vai – Diz, ajeitando a gravata dele.
C: Eu non
vou demorar, confia em mim. – Ele dá um selinho em Rosa e sai.
Assim que
Claude sai, as crianças acordam, perguntando por ele; se já está na hora de
fazer o almoço, se vai ter bolo; se os nonos vem. Rosa pede calma e explica que
Claude teve que sair, mas que volta
rapidamente, mesmo sem crer nas próprias palavras.
Depois de
dar o café da manhã para as crianças, Rosa decide ir com elas ao pequeno pomar,
que haviam feito à época da restauração.
R: Vamos
lá. Eu vou ensinar vocês a escolherem as frutas maduras e vocês, João e Anna,
me ajudam a olhar a Debh.
D: D.
Rosa, a senhora não quer que eu vá junto?
R: Não,
Dadi, você está de folga, assim como o Rodrigo e a Leninha. Só que eles saíram
e você preferiu ficar. rsrsr. Vai descansar, vai.
D: É que
a senhora ficou tão triste.
R: E não
era pra ficar, Dadi? Mas vai passar. Um tempo com essa galerinha aqui e já fico
bem de novo. Obrigada por se preocupar, Dadi. E vai para o pomar.
Cerca de
duas horas depois, Rosa está mais conformada, pois a alegria das crianças em
descobrir algumas frutas maduras a contagia.
R: Meu
Deus! Vamos ter que tomar banho... Olha só, estamos todos melados, mas não tem
nada mais gostoso do que comer uma fruta direto do pé.
J: Mamãe,
vamos brincar de esconde-esconde?
R:
Esconde-esconde? Tá bom, mas não pode sair daqui do pomar e só vale até a
varanda. A Debh fica comigo.
A: Eu
começo... eu conto... um, dois, três..(...). quinze (...) vinte. Lá vou eu!!!!
E continua
a brincadeira.
Enquanto
isso, Claude retorna para casa, entra preocupado e encontra Dadi dando uma
ajeitada na sala.
C: Dadi!
Você non estava de folga hoje? Onde está Rosa e as crianças? Eu tô ligando pra
ela no celular há mais de duas horas e ninguém atende, nem no fixo.
D: Eu
resolvi ficar, Dr. Claudes, mas entrei agorinha aqui. D. Rosa tá lá no pomar
com as crianças. Ela desligou o celular e o fixo. O senhor quer que eu vá
chamá-la?
C: Non,
Dadi. Eu mesmo vou lá. Só preciso pegar
uma coisa que deixei no carro.
No pomar,
era a vez de Rosa “bater cara” e ela começa a contar com Debh no colo.
R: Eu vou
contar até cinqüenta pra dar tempo de vocês se esconderem bem, porque é a
última rodada, hem! Depois, banho e almoço!
Ela se
volta para uma árvore - uma goiabeira - e começa a contar.
João e
Anna combinam de se esconderem na varanda e assim que sobem a escada, vêem o
pai e antes que gritem, Claude faz sinal de silêncio para eles.
C:
Psiuuu! Vamos fazer uma surpresa pra mamãe! – Diz bem baixinho.
Os dois
abraçam Claude, como conseguem.
A: Quanta
flor bonita, papai! - Sussurra Anna
J:
Dãããã... claro, né? Papai vai dar de
presente pra mamãe.
Eles descem
em direção a Rosa, que sentara no chão com Debh em suas pernas.
R: Conta
comigo, meu amor: um, dois, três (...), oito, nove, dez (...), quinze...
Claude
tenta fazer o mesmo sinal pra Déb, mas não dá tempo.
D: Papai!
R: O
papai não está brincando hoje, Debh...
dezess...
D:
Rsrssrrsr. Papai tá sim, olha ele aí.... e corre para ele, juntando-se aos irmãos.
Rosa se
vira e encontra um lindo ramalhete de flores encobrindo o rosto de Claude. Ela
fica em pé.
R:
Claude?!
C: Oi,
chérie. Demorei muito?
R: Claude,
você não foi à reunião? Não teria dado tempo de você ir até lá e...
C: Eu fui
e remarquei pra segunda-feira. Você e nossos filhos são mais importantes que
qualquer contrato.
R: Mas e se
eles desistirem...
C: Eu
corro o risco, prefiro perder um contrato a perder sua confiança em mim, no meu
amor por vocês. – Ele a abraça – Eu amo vocês, chérie. Vocês son o mais
importante em minha vida. E hoje é uma data especial, não podemos deixar que nada atrapalhe esse dia.
R: Claude,
eu...
C: Xiiii,
non fala nada. Eu tô vendo nos seus olhos, tudo que você quer falar e se você
falar, eu também vou chorar, as crianças von chorar e hoje non é dia de chorar,
hã?
Anna e
João se aproximam. Anna fala:
A:
Mamãe... você não vai pegar as flores?
Se você não quiser, eu quero.
J: Ai...
meninas!
R: As
flores! Claro que vou aceitar, meu bem. – Rosa fala alguma coisa no ouvido de
Claude.
C:
Princesa... – ele tira duas flores do arranjo – Essa aqui é pra você e esta outra
pra você, princesinha... (Debh)
Anna dá
um sorriso radiante e um beijo em Claude.
A: Merci,
papai.
Debh:
“Meci”, papai. – Debh a imita.
C: Joon,
você quer uma flor também?
J: Eu
“non”! Isso é coisa de menina!
C&R:
rsrsrsrsrsrsrsrsrsr
R: São
lindas, obrigada, meu amor. – E dá um selinho em Claude.
J:
Ihhhh... já vão começar a namorar, lá se
vai nosso almoço!
R:
Falando em almoço, já pro banho, tirar essa meleca de fruta... Vamos! Claude
você deixou eles te abraçarem, olha só o seu terno.
Claude
olha pra sua roupa e vê várias “mãozinhas” espalhadas pelas pernas, no paletó.
C: Mon
Dieu! Essas devem ser as marcas da paixon, mon amour. Será que lavando sai?
R: Não
sei mas vamos tentar. E agora que você chegou, vamos preparar o almoço, que
eles estão ansiosos para ajudar na macarronada, capice?
Depois
que todos estão limpos, eles vão pra cozinha. Dadi saíra pra casa de sua irmã.
Rosa
separa o que vai usar. Ela coloca João, Anna e Debh pra lavar os tomates,
arrumar a mesa, enfim bem longe do fogão. Eles preparam o macarrão, o molho, a
salada. E almoçam.
Na hora
da limpeza.
Rosa
lava, Claude enxuga e as crianças guardam o que podem. Depois, vão para sala.
Claude coloca um filme para as crianças e elas acabam adormecendo. Claude e
Rosa também estão deitados no chão da sala.
R: Isso
que você fez hoje foi muito lindo, mas eu nunca perderia a confiança em você,
nem no seu amor por nós.
C: D’accord.
É bom ouvir isso, mas na dúvida... - Ele sorri – eu trouxe um presente especial
pra você. Um dos presentes.
R: E onde
está?
C: Bem
aqui. - Claude pega um embrulho pequeno. Uma caixinha em forma de coração.
Abre, você vai entender.
Rosa abre
o embrulho e encontra um bombom.
R: Ah! A
nossa marca. Nossa “bandeira branca”. Mas nós não brigamos, meu amor. – Diz com
o bombom na mão.
C: Non,
mas enquanto eu dirigia pra lá, eu percebi que o meu melhor contrato é você e ele tá vencendo
hoje. É ele que eu preciso renovar. Serafina Rosa você quer casar comigo...
mais uma vez? – Diz, olhando dentro dos olhos dela.
R:
Quantas você me pedir, Claude.
C: Enton,
abre o bombom... Vamos comemorar.
Assim que
Rosa desembrulha o bombom, ele se abre ao meio e duas alianças surgem, uma
delas – a de Rosa - com seis pequenas pedras azuis.
R:
Claude... Meu Deus... É linda! – Rosa pega as alianças – Dá sua mão pra mim. –
Ela coloca a nova aliança em Claude e pronuncia: Eu, Serafina Rosa, prometo continuar te amando e renovo esse amor por
tempo indeterminado, porque meu amor por você é eterno, e meu desejo será
sempre o teu desejo...
Claude,
então, pega a outra aliança:
C: Eu, Claude Antoine, prometo continuar te
amando e renovando esse amor e esse desejo a cada dia, desde o nascer do sol
até o nosso adormecer, pois cada minuto ao teu lado é mais que toda eternidade
do meu amor...
C&R:
Eu te amo!
E seus
lábios se encontram num beijo que também promete outros carinhos. Mas que vão
esperar, pois Debh acorda, resmungando algo.
C: Mon
Dieu, melhor comermos o bombom. Mais tarde, eu continuo essa promessa, oui? –
Sua voz é quase um sussurro no ouvido de Rosa.
R: D’accord, Claude
Geraldy. Eu vou
buscar o meu presente pra você, o de agora, claro. Cuida de Debh!
Rosa sai
da sala e volta em alguns poucos minutos.
R: Como
eu prometi, o nosso lado mais doce. Abre, me diz se ficou bom.
Claude
abre o papel que encobria uma tela, onde Rosa havia colado os vários papéis de
bombons em forma de borboletas ao redor de uma rosa azul. Como os papéis eram
de várias cores, o efeito era parecido ao de um jardim repleto delas.
No alto
da tela uma poesia:
O amor precisa de asas
para voar. O amor é borboleta azul. Que voa alto, de
forma sublime, se confundindo com os olhos do amor, do céu, e do
mar...
C. Rosa
ficou maravilhoso, você foi genial, hã? Amei essa idéia de borboletas.
R: È, eu
me inspirei naquela sensação de borboletas no estômago que aparece quando gente
se apaixona e toca a pessoa amada.
Debh, que
só olhava para ambos, fala:
D: Que
lindo mamãe “ceio” de “boboleta”!
“Zoão... Anna... acoda.
Vem vê as
“boboleta” da mamãe! – Ela vai até os irmãos e os acorda.
C: Pelo
jeito vou ter que dividir esse presente com mais alguém. Então, em vez de pôr
no quarto, que tal no hall de entrada?
R:
Claude! Fala sério. Isso é uma brincadeira, né? Eu fiz isso como uma...
C. Non,
tô falando sério! Eu quero que todo
mundo que vier aqui veja o seu talento e a sua criatividade, porque ficou
impressionante, chérie. Non parece feito com papel de bombom.
Então,
Anna e João também começam a elogiar, à sua maneira, o trabalho de Rosa. E
Claude acaba por colocar o quadro no hall com a importante ajuda de João.
Depois de
colocado.
R:
Atenção família, eu vou fazer um bolo de chocolate. Quem quer me ajudar?
Todos:
Euuuuuuuuuuuu!
E lá vão
eles pra cozinha. Rosa vai lendo a receita e eles vão separando os
ingredientes.
Claude
insiste em “fazer” o bolo e Rosa vai dizendo o modo de fazer... As crianças
riem das palhaçadas de Claude, mas, finalmente, o bolo vai para o forno.
De
repente, Claude pega um pouco de farinha e assopra em Rosa, deixando-a
“branca”.
R:
Claude! Ah... isso vai ter volta. – Ela vai fazer o mesmo, mas Claude se abaixa
e a farinha vai toda em João.
J: Mamaãe...
Aí a
confusão é geral! João também joga farinha, que acerta em Anna, que acerta
Claude, que acerta em Debh.
R: Chega!
Rsrsr. Meu Deus... olha só essa cozinha! A Dadi vai matar a gente.
A: A
gente tá parecendo fantasma! Rsrsrsrs.
C: Chérie...
kkk... você ficou uma graça de
“Gasparzinha”
R: Não tô
vendo graça nenhuma, olha que sujeira! –Rsrsrsrs... ela não se contém
C: É só
farinha... rsrsr. Faz assim, vai tomar um banho com as meninas. Eu limpo aqui,
Joon me ajuda, non é, filho? Depois, a gente também toma um banho e volta pra
comer o bolo.
R:
Excelente idéia! E olho vivo com o seu ajudante, hein?
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