CAPÍTULO
XLVII - BEM PRA LÁ DO MEIO
Logo
amanhece e Dadi entra na cozinha para preparar o café de todos. Quando ela vai
até a sala de jantar arrumar a mesa, percebe Claude e Rosa dormindo no sofá.
Fica indecisa se os acorda ou não. Então, resolve dar um tempo. Volta à cozinha
e tenta não fazer tanto barulho.
Mas
Rosa acorda.
R:
Meu Deus, a gente dormiu aqui. - Sussurra. – Claude – Diz bem baixinho –
Claude, acorda, já amanheceu e a Dadi já tá preparando o café.
C:
Mas, chérie, eu só dei uma fechadinha de olhos e já amanheceu? Mon Dieu!
Perdemos a noçon do tempo. Vamos subir - Diz se levantando - antes que Dadi nos
veja.
R:
Ela já viu olha só a mesa do café posta. – Rosa se levanta e ajeita o roupão. -
Meu Deus... o que ela deve estar pensando.
C:
Mon amour, Dadi non pensa, ela tem certeza, hã? Que a gente se ama de corpo e
alma. – E afasta o cabelo dela para trás na intenção de beijá-la mais.
D:
Oh, meu Deus, desculpa. Eu acordei vocês, foi?
R:
Que isso, Dadi! Nós é que devíamos ter
subido logo, mas ficamos conversando e pegamos no sono, não precisa se
desculpar.
C:
Claro que non. Ahhh, Dadi, eu quero te contar uma coisa muito linda que
aconteceu.
D:
Pois conte, Dr. Claudes, o João aprendeu uma palavra nova?
C:
Non.
D:
Então, Anna já descobriu onde estão os sapatos de D. Rosa?
R:
Também não, Dadi. rsrsr
C:
Você vai ser “vovó torta” de novo. – ele abraça Rosa e esfrega a mão levemente
em seu ventre.
D:
Isso é sério, D. Rosa? A senhora tá grávida de novo?
R:
Tô sim, Dadi. Ela deve chegar em alguns meses.
D:
Ela? A senhora tá de quantos meses?
R:
Rsrsrsr. Estou de umas cinco semanas e tenho certeza que é uma menina. O Claude
até já escolheu o nome: Deborah!
D:
O nome de sua avó!
C:
Deborah Amália Petroni Geraldy.
D:
Eita que D. Amália vai ficar muito contente, abestalhada, visse? E se for
menino?
R:
Não será, Dadi. Eu tenho certeza que é uma menina. Coisas de mãe.
Dez
meses e um casarão totalmente restaurado depois (apesar dos palpites de S. Giovanni),
acontecia a festa de batizado da pequena Déborah. Terezinha e Conrado eram os
padrinhos. Anna e João já estavam com quase dois anos e meio.
Todos
reunidos novamente: A família Petroni: S. Giovanni e D. Amália; Conrado,
Terezinha e o pequeno Guilherme; Dino, que viera da Itália especialmente para a
festa; Antoninho e Alabá, Freitas e Ninica, Frazão e Janete (grávida novamente)
e Pedrinho; Sérgio e Roberta; o casal Smith, Gurgel, Silvia, Fernanda, Vera,
Dadi, Rodrigo e até mesmo Paulo e Susana. E todo o pessoal do casarão.
A
festa também comemorava a ‘reinauguração’ do casarão. Todos estavam muito
contentes, pois a restauração havia sido um sucesso e os moradores ganharam
algumas benfeitorias, como a lavanderia, um pequeno salão para lazer e um lindo
jardim, possível somente porque ocupavam uma área anexa ao casarão, uma vez que
uma restauração deve preservar a construção original sem nenhuma alteração.
Durante
a festa...
As
crianças estão sob o cuidado das babás, apenas Déborah passa de colo em colo,
pois todos querem uma foto com ela. É o bebezinho da família, o xodó do
momento.
Apenas
alguns convidados permanecem ainda no casarão, pois o dia passara muito rápido.
Claude
e Rosa conversam com Antoninho e Alabá, quando o celular dele toca. Antoninho
se afasta para atender e depois de alguns minutos retorna com uma cara não
muito feliz.
Ant:
Claude, Serafina, eu sei que não é uma boa hora pra se receber uma notícia
destas, mas é melhor saberem já.
R:
Alguma coisa errada com os papéis da restauração?
Ant:
Não... Olha, nem sei como dizer isso pra vocês.
C:
Fala de uma vez, hã?
Ant:
Acabei de ser informado que o advogado da Nara, finalmente, conseguiu a
liberação dela, após esses anos, ela conseguiu que um juiz aceitasse essa ideia
de “surto psicótico momentâneo” ou ‘insanidade temporária”. Ela vai aguardar o
julgamento em liberdade a partir de agora.
C:
Mon Dieu... Essa justiça brasileira, vou te contar, hã? Com certeza o Coutinho
tá por trás disso, deve ter feito um “acordo’ com esse juiz.
R:
Nara solta. - Rosa empalidece e Claude a abraça.
C:
Calma, chérie... Non fique assim.
Ant:
Serafina, ela ficará solta, mas vigiada. Pelo que entendi, ela terá que cumprir
prisão domiciliar. Não pode se ausentar da cidade, não pode freqüentar festas,
etc.
R:
Mas e se ela ainda quiser se vingar da gente?
Ant:
Eu já pensei nisso e vou pedir uma decisão judicial, que ela tenha que manter
uma certa distância de vocês.
R:
Bom, melhor que nada, mas...
C:
Mas nada, mon amour. Ela non vai estragar nosso dia e nem tentar nada de novo.
Porque ela non vai poder alegar insanidade temporária novamente.
Ant:
É, isso seria difícil pra qualquer juiz aceitar de novo. Ela não se arriscará.
O advogado dela sabe disso e o Coutinho também, eles devem ter outros planos.
C:
Faz isso que você falou Antoninho e nos mantenha informados, d’accord?
R:
Sim, não deixe de nos falar qualquer novidade, por menor que seja.
Ant:
Podem ficar sossegados, eu vou agir imediatamente. Agora, Serafina, não se
abale com isso, infelizmente, é mais comum do que gostaríamos... até que
demorou pra ela.
C:
Tem toda razon... Vem, chèrie, vamos procurar nossa pequena, hã? Ela tá perdidinha por aí.
R:
É vamos, tá quase na hora de amamentá-la.
Eles
caminham entre os convidados, falam um pouco aqui, um pouco ali, até
encontrarem Dèborah com D.Pepa e Dadi
logo atrás.
Pe: Serafina... mas que lindinha essa menina! Se
precisar eu posso tomar conta dela pra você trabalhar.
D:
Não precisa, D. Pepa. Eu já cuido de todos eles há muito tempo e dou conta do
recado, visse?
Pe:
Lindinha, eu conheço Serafina desde que ela
era uma menininha do tamanho da Anna.
R:
Com licença, D. Pepa... me dá ela, tá na hora de mamar... Isso... Agora vocês
podem continuar a conversa...
C:
Eu vou contigo, chérie.
Pe:
Mas esse doutor é cheiroso. Serafina teve uma sorte!
D:
Isso não é sorte, D.Pepa, é amor! E com licença que vou atrás de João e Anna.
Rosa
vai até seu antigo quarto, seguida de Claude.
R:
Você viu o tamanho do ciúme da Dadi? Rsrsr. Deu até dó de D.Pepa!
C:
Dadi non desgruda dos três, hã? Non falei que ela ia atrás da babá?
Rosa
se prepara pra amamentar Déborah se encostando na cabeceira da cama.
C:
É ton lindo ver você assim de novo, cuidando de nossa filha com esse carinho
todo que a natureza faz acontecer entre vocês.
R:
È... é um momento mágico esse. Só entende quem amamenta. Eu não consigo aceitar
essas mulheres que se preocupam só com o corpo e esquecem da saúde dos próprios
filhos. Quanta besteira!
C:
Concordo contigo, chérie.
De
repente, o quarto é “invadido” por Anna e João que falam ao mesmo tempo e logo
depois pela babá.
Anna:
Papai... papai... o João... – E vai se “escondendo” atrás das pernas de Claude.
João:
Mamãe, a Anna...
C:
João, Anna! Falem baixo, hã? Senon vocês assustam sua irmã.
Babá:
Desculpa, D. Rosa. Eles saíram correndo, não deu pra impedir.
R:
Tudo bem, não se preocupe, deixa eles aqui conosco, a festa já acabou mesmo,
vai se distrair um pouco. O Rodrigo deve estar te procurando... rsrsrs
Babá:
D. Rosa! Nós somos só amigos.
R:
Sei... Então vai curtir essa amizade, depois você continua a cuidar deles.
A
babá sai.
C:
Quer dizer que Rodrigo e ela eston de casinho? Quem diria! Rodrigo sempre ton sério.
João:
Que você tá fazendo? – Pergunta curioso, e subindo na cama, pois não havia
presenciado ainda tal cena.
R:
Tô dando de mamar pra sua irmãzinha... Como eu fiz pra vocês dois.
Anna:
A gente pode ficar aqui com você?
R:
Claro que podem, meu amor. Claude, coloca ela aqui pertinho também.
João
e Anna deitam na cama ao lado de Rosa e Claude se ajeita pertinho deles.
Anna:
Papai conta a história do João e Maria?
C:
Oui, papai conta.
João:
E porque não pode ser João e Anna?
Rosa
e Claude riem da perspicácia de João.
R:
Porque o autor da história deu esses nomes aos dois, meu amor.
C:
Mas se vocês quiserem, eu conto a história de Joon e Anna.
J&A:
Oba!!!!!
E
Claude começa a contar a história, trocando o nome Maria por Anna. Rosa termina
de amamentar e deita Déborah em seu ombro, prestando atenção na voz de Claude e
acaba encostando sua cabeça no peito dele. Anna e João se colocam entre as
pernas deles e todos acabam adormecendo.
D.
Amália entra no quarto, procurando pelos gêmeos.
Am:
Serafina, minha filha... Meu Santo Antonio! Que cena mais linda o Senhor tá me
permitindo ver. Eles todos dormindo juntos. Essa eu tenho que registrar. – Ela
tira uma foto com o celular e sai.
Pouco
depois, Claude desperta com um gemido de Déborah. Ele sorri ao perceber a
situação.
C:
Mon Dieu! Vem aqui comigo, hã? Deixa sua mãe mais à vontade. – diz pegando Déborah
e colocando-a contra seu peito – Xiiii, non vai chorar. Isso pequenina...
dorme! Papai ama você, oui? – E dá um beijinho na mão de Dèborah, depois
encosta a cabeça na cabeceira da cama e relaxa, adormecendo novamente.
Algum
tempo depois, Rosa desperta. Ela fica olhando para Claude que dormia com Debh
em seu peito. Ela acaricia o marido, passando sua mão em torno de seu rosto.
Claude
abre os olhos e encontra o sorriso de Rosa. Ele sorri também.
R:
Oi, amor... Desculpa... Não queria te acordar... – Diz baixinho.
C:
Oi... Pode me acordar quantas vezes quiser, chérie, desde que seja assim
sorrindo... Sabia que você tem promessas no olhar e um arco-íris no sorriso?
R:
São só os reflexos da luz do seu amor.
Claude
coloca Debh na cama, segura a mão de Rosa e a beija com uma ternura infinita.
C:
Palavras nunca seron suficientes pra descrever o que sinto por você e pelos
nossos filhos. Eu agradeço a Dieu todos os dias em meus pensamentos por ter te
encontrado por aqui e ter merecido o seu amor.
R:
Sério? Porque eu faço a mesma coisa...
quando deito pra dormir e quando amanhece, eu agradeço por estar em seus braços... por mais um dia...
C:
Como non agradecer por tudo isso? – Diz, olhando para as crianças - E hoje
adormecer assim com eles durante uma história... acho que foi a primeira vez...
Mas foi muito bom, uma sensaçon de paz, de aconchego. Falando em aconchego,
escuta esse silêncio todo! Eu acho que já foi todo mundo embora. Que maus
anfitriões somos nós... rsrsr... saímos
e não voltamos.
R:
Já não tinha muita gente, só as pessoas da família. Espero que eles não levem a
mal... rsrrss
C:
Só tem uma coisa que eu preciso fazer agora. – Ele puxa Rosa até si e a beija.
Então, escutam umas duas risadinhas conhecidas.
Eles
param o beijo e olham para as crianças.
C:
Ahh, eston achando graça, é? Enton, se preparem, porque vocês son os próximos.
Anna
e João descem da cama e saem correndo pelo quarto tentando escapar de Claude,
que “tenta” várias vezes pegá-los, até que, finalmente, consegue e começa a
“guerra” de beijos e abraços.
Rosa
pega Debh nos braços para evitar acidentes e diz pra ela:
R:
Tá vendo, meu amor... Mamãe deixou seu papai maluquinho também... rsrsrsrs
Nesse
momento, S. Giovanni e D. Amália chegam à porta do quarto.
Am:
E agora, você ainda tem dúvidas da felicidade da nossa filha, do amor deles,
Giovanni? – Pergunta D. Amália, quase sussurrando.
G:
Não, Amália, nossa filha é Felice, io é que não queria ver.
Rosa
percebe a presença dos pais.
R:
Mãe, pai... Entrem. Eles adoram essa brincadeira, é a “hora do carinho”,
invenção do Claude.
C:
D. Amália, S. Giovanni, entrem, por favor, hã? Olhem só crianças o nono e a
nona, eles também tem um segredinho, uma brincadeira muito carinhosa: é o
abraço-família, porque a gente non faz isso agora, chérie?
R:
Linda idéia, meu amor... Vem pai, vem mãe... Vai ser o primeiro abraço-família
das crianças.
João
e Anna correm para os avós e eles todos se abraçam.
Quando
o abraço termina.
Am:
Filhos, eu tenho que mostrar uma coisa pra vocês. – Diz, pegando o celular –
Olha só essa foto, não é a cena mais linda do mundo? E mostra aquela foto deles
todos dormindo.
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