CAPÍTULO
XXXV – FÉ
Enquanto
isso Nara recebia sua visita.
N:
Você é louco? Sabe que horas são?
Sam:
Hora de me encontrar com você, ruivinha. - E a olha descaradamente, dos pés à
cabeça – Linda, essa sua camisola... o que ela está cobrindo deve ser mais
interessante...
N:
Mas você é muito cara de pau! Vir até aqui sem me avisar... com essa “cantada”
barata de quinta categoria... o que o caseiro vai pensar de mim?
Sam:
De você? Absolutamente nada... ele deve querer estar no meu lugar... Vamos
entrar ou vamos nos acertar aqui fora mesmo? – Diz passando a mão pelo rosto
dela e descendo pelo braço...
N:
Eu não gosto de visitas inesperadas...
Sam:
Ok! Pensei que você tinha pressa para saber o endereço do Júlio... Mas se não
está mais interessada... Tenha um excelente fim de noite! Vira as costas e dá
um passo em direção ao seu carro.
N:
Espera! É claro que estou interessada... Entra, vamos conversar melhor...
Ele
sorri cinicamente, ainda de costas pra ela, se volta, e diz:
Sam:
Eu sabia... vamos nos entender muito bem, Nara!
Eles
entram, Nara prepara um wisky para os dois. Entrega um copo para Sampaio e
fala:
N:
Então? Cadê o endereço?
Sam:
Quanta pressa, ruivinha... ele não vai sair de lá, tão cedo! Não sem os dólares
e muito menos sem pagar a minha parte!
N:
Eu tenho pressa... vou sumir daqui depois de me encontrar com ele...
Sam:
E posso saber o motivo de tanta urgência?
N:
Eu quero pedir um favor a ele... acabar com aquela mulherzinha do Claude!
Sam:
Nossa! O que ela te fez pra tamanha... crueldade? – Ele termina a bebida.
N:
Ela existe! Só isso já me é um motivo suficiente! E eu quero ver o francês
sofrendo com a morte da florzinha dele... Então, cadê o endereço ou o celular?
Sam:
Não é assim que eu negocio... Primeiro vamos ao acerto do nosso combinado...
Sem pagamento não há entrega de mercadoria... não vendo à prazo minha querida!
Nara
dá um sorriso sarcástico:
N:
O que eu não faço por uma vingança! E começa a afrouxar o nó da gravata dele,
tirando o paletó, enquanto Sampaio a beijava, tocando-lhe por todo o corpo.
Um
tempo depois, já na cama, Nara olha cinicamente pra Sampaio e pergunta:
N:
Foi bom pra você?
Sam:
KKKKK - Você é fantástica, minha ruivinha vingativa... Valeu por todas as
letras desse endereço... – Diz enquanto
se levanta.
N:
Então agora que já nos acertamos “financeiramente”, queira entregar a minha
parte do negócio...
Ele
pega um pedaço de papel do bolso da calça.
Sam:
É aí que ele está. Essa casa era dos meus pais. Estava pra alugar. Eu “emprestei” a ele. É um lugar calmo, gente
simples. Um local que não levanta suspeitas... com a chegada de um casal... Claro
que tem um custo... mas esse eu quero em dólares mesmo...
Ele
estende a mão para entregar a ela e quando ela vai pegar ele recua...
Sam:
Não tão fácil assim... Ele a puxa e beija violentamente, jogando-a na cama em
seguida, pegando-a desprevenida...
N:
Que isso!... Seu cafajeste! - Grita, colocando a mão nos lábios feridos... –
Sai de cima de mim!
Sam:
Mas não é assim que você gosta? Pelo menos, foi o que ouvi dizer... - E não deixa
Nara responder...
D.
Amália volta para a sala e conta dos gêmeos. Todos querem cumprimentar Claude.
Frazão vai até o quarto.
F:
Claude, o pessoal quer que você desça... pra te cumprimentar pelos gêmeos, mon
ami.
C:
Frazon... non to com cabeça pra isso non... Eu sei que é na melhor intençon de
todos, mas eu quero ficar sozinho, hã? Eu preciso ficar sozinho...
F:
Ficar sozinho não vai te ajudar em nada...
C:
É só por um tempo, hã? Pede desculpas por mim, mon ami... e diz... sei lá, diz
que eu dormi...
F:
Tudo bem, meu querido. Eu falo com eles... qualquer novidade eu venho te
chamar.
C:
Merci, mon ami.
Assim
que Frazão sai, Claude tranca a porta. Ele olha por todo o quarto, observando
cada detalhe que Rosa havia incorporado ali; seus cremes, perfumes, fotos...
Ele
caminha até a cama, e seu olhar encontra o livro que ela tentava terminar de
ler, desde que se conheceram. Ele pega o livro e passa os dedos pela capa, como
se estivesse acariciando Rosa...
“Eu
comecei a ler um pouco antes de te conhecer... eu tinha mais tempo “livre”, se
é que você me entende” – ele se recorda
de Rosa, falando sobre o livro, enquanto mordia o lábio ...
Claude
se se joga de costas na cama, “abraçado” ao livro. Ao tombar sobre a cama, seu
braço aperta o controle do som que reproduz o CD italiano que Rosa lhe dera...
Dolce amore mio
http://www.youtube.com/watch?v=GmtCIcRL_QQ
Em
sua mente, os momentos que tivera com Rosa, como um filme, como um arquivo de
imagens... só pensamentos...
...
o dia que se conheceram, a discussão...
o beijo na escada....
...
as mudanças que inventou na restauração
só pra tê-la por
perto mais tempo...
... a primeira vez que ela dormiu em seus
braços... ao som de uma música...
...
o modo como ela reagiu por causa do vestido rasgado...
... o casamento “in extremis”...
... o passeio no Parque do Sol...
... os bombons que repartiram...
... a
revelação da história dela com Júlio e como ele cuidou dela ...
... a
primeira vez que fizeram amor, a
maneira tímida com que Rosa se entregou...
... as outras noites que tiveram... no
motel, as reconciliações...
... a recepção com os americanos...
...
a noite em que a defendeu de Júlio...
... os desmaios, enjôos... o macarrão com geleia de goiaba...
... o fim
de semana na casa... a chuva... a lareira...
... a noite italiana onde Rosa se mostrou uma
grande esposa-amante...
... o seqüestro...
... a notícia dos gêmeos...
Tudo
junto e misturado às lágrimas de Claude. Ele se levanta, num sobressalto como
se escutasse a voz de Rosa lhe pedindo ajuda... o livro cai e a capa se abre na
primeira página, onde Rosa havia escrito algo que ele não lembrava muito bem...
Ao pegar o livro ele lê:
"Para
falar com Deus através da oração, não é preciso de fórmula alguma. Deixai que
vosso pensamento fale, e Deus, que tudo vê e tudo sabe, saberá ouvir-vos e
ajudar-vos."
*Trecho
do livro "Laços eternos" de Zibia Gasparetto.
Ele
fecha o livro, o devolve à cabeceira de Rosa e diz, num sussurro:
C:
Mon Dieu, que meus pensamentos sejam
suficientes pra Te alcançar e merecer Tua ajuda... Protege Rosa...
protege ela, por favor!
Ele
vai ao banheiro, lava o rosto, desliga o som e volta à sala.
Ao
mesmo tempo, em seu quarto no cativeiro, Rosa sonhava que estava perdida, presa
em um castelo mau assombrado sendo perseguida por um monstro (Júlio, Nara) e
pedia ajuda de Claude, seu eterno Cavaleiro...
Na
casa de Coutinho, onde Nara estava...
Já
amanhecia quando Sampaio finalmente se arruma. Ele olha sem nenhum sentimento
pra ela e diz:
Sam:
Nem pense em dizer ao Júlio que eu te dei o endereço. Não é só você que tem
sede de vingança, meu bem! E obrigado pela noite, Nara! Foi o melhor Natal que
eu já tive! Sabe... tenho que admitir que você é muito mais “divertida” na cama
do que diz sua reputação...
Nara
lança um olhar mortal pra ele e grita:
N:
Sai daqui, seu CAVALO!
Sam:
Vou entender como um elogio... afinal há alguns minutos atrás você pedia
mais... - E vai embora, deixando Nara possessa.
Assim
que os primeiros raios do sol invadem o céu, Nara se prepara para sua mais nova
missão: convencer Júlio a acabar com Rosa.
Enquanto
se maquiava em frente ao espelho, pensava:
“Não
deve ser tão difícil conseguir isso... basta eu lembrá-lo de que ela é a
culpada por ele ser pobre... ter ficado sem herança... ter perdido o pai e ter
tido uma mãe vadia!”
“Ele
é tão instável, tão dependente emocionalmente falando... e financeiramente
também, claro – dá uma risadinha pra si mesma no espelho - que não vai aguentar
o tranco dessa jogada...”
N:
Nara, você é um gênio! Do mal, mas é gênio! kkkkkkkkkk
No
cativeiro, Rosa acorda assustada e logo percebe porquê: o pouco que comera
ameaça sair. Ela pula da cama, mas ao tentar abrir a porta, lembra-se que está
trancada...
Ela
começa a bater na porta e gritar:
R:
Júlio, abre a porta! Por favor... eu não estou bem... preciso ir ao banheiro...
urgente! Júlio... Júlio! Pelo amor de Deus... abre essa porta!
Ju:
Pára de gritar, Serafina... Você quer atrair a atenção dos vizinhos??! Vai ser
pior pra v... meus Deus o que você tem? Tá branca como papel...
Rosa
não responde... sai correndo em direção ao banheiro...
Assim
que melhora ela sai do banheiro e encontra um Júlio tão ou mais pálido quanto
ela estava minutos atrás.
Ju:
Tudo bem, Serafina? – Pergunta assustado.
R:
Tudo... não se preocupe, que não vou morrer não! Foi só um enjôo matinal...
mais um dos tantos que tive... é normal
numa gestação...
Ju:
Calma... desarme-se... eu realmente
fiquei preocupado com você...
R:
Se você realmente estivesse preocupado comigo, me deixaria ir embora... Eu para
um lado e você pra outro... ninguém iria te achar...
Ju:
Mas infelizmente você não vai... enquanto eu não tiver os dólares em minhas
mãos...
R:
Então eu acho que meus filhos vão nascer aqui... porque não tenho esse dinheiro!
Ju:
Chega, Serafina... eu tenho que sair... comprar algumas coisas... você precisa
de algo?
R:
Sim.. eu preciso ir embora, sair daqui, voltar pra minha casa!
Ju:
Olha, eu vou deixar você solta pela casa... só por causa desse enjôo... Mas nem
pense em tentar fugir ou pedir socorro! Tem alguns “amigos” meus aí fora! –
Mente Júlio - Eu não demoro...
R:
Não se preocupe... tudo que eu quero é deitar, pra ver se passa esse enjôo...
sair ou tentar fugir seria a última
coisa que eu faria nesse estado...
Júlio
sai e Rosa volta pra cama.
“Uma
oportunidade destas se eu passando mal... Ai, filhotes! Que mãe vocês
escolheram! Melhor a gente deitar e descansar... vai que ele sai de novo mais
tarde...
Bom,
eu vou cantar uma musiquinha pra vocês se acalmarem, oui?”
Rosa
começa recitar:
Quero
ver
Você
não chorar
Não
olhar pra trás
Nem
se arrepender...
E
acaba adormecendo, pois sua noite não fora nada confortável...
Do
lado de fora da casa, Nara vê quando Júlio sai sozinho, e tem uma nova idéia.
“Hummm
interessante... quando o gato sai, a ratinha aqui faz a festa... Ela deve estar
sozinha... Tadinha! Eu mesma vou acabar com ela! E a culpa vai ser todinha do
gato, quero dizer do Júlio...”
Ela
espera Júlio se afastar da casa, procura a chave embaixo do vaso, onde viu ele
colocando e entra.
“Que
porcaria de casa - pensa olhando tudo em volta - aposto que nem suíte tem...
mas pro bico da corticeira está bom demais...”
Ela
anda sorrateiramente sem fazer barulho por toda a casa até encontrar Rosa no
quarto dormindo.
“Tenho
que fazer isso de modo silencioso... e sem deixar vestígios...” E fica alguns
minutos pensando.
Então
vai até o outro quarto e pega um travesseiro. Volta ao quarto onde Rosa dorme e
chega bem perto dela.
“É
hoje e agora que eu vou me divertir... vão ser dois prazeres: acabar com você,
sua Bela idiota Adormecida e com a felicidade do Claude por tabela!”
Lentamente,
ela vai descendo o travesseiro, até encostá-lo sobre o rosto de Rosa, que
acorda assustada, grita e começa a se debater, tentando escapar das mãos de
Nara, que paralisa ao ouvir a voz de Júlio bem atrás de si:
Ju:
Nara?! O que você faz aqui?
Ta mara essa fic , estou contando os segundos para o proximo capitulo. Bjs Soninha <3
ResponderExcluir