O INFERNO
DE UM ANJO
Romance-folhetim
Título original:
L’enfer d’un Ange
Henriette de Tremière/o inferno de um anjo
e revisado por Paulo Sena
Rev. G.H.
BIBLIOTECA GRANDE HOTEL
Capítulo XXXIX
AS SOMBRAS DA NOITE
Já era muito tarde e os frequentadores do
"Bingo", mais ou menos embriagados, começavam lentamente a ir embora.
Denise, que durante horas estivera a dançar, sentia-se cansada, mesmo porque
não estava mais habituada a tais noitadas. A certa altura, depois de ter
deixado a pista de dança, perguntou a Afonso:
- Não acha que já é hora de irmos embora?
- Tão cedo assim?
A moça lançou um olhar ao relógio que havia na sala.
- Não é tão cedo assim, como você diz. E, além disso,
estou cansada.
- Mas eu não a quero deixar, agora!
- Meu querido, é preciso contentar-se. Parece-me que
já fui bastante camarada,
bastante condescendente, por hoje. Vamos embora. A carruagem continua à nossa
espera...
Segurando o rapaz, por um braço, ele cambaleava um
pouco, Denise caminhou em direção ao guarda-roupa, de onde retirou seu casaco
de peles. Depois saíram, ela sempre agarrada ao malandro. Os dois
aproximaram-se da carruagem que esperava estacionada junto ao meio-fio. Afonso
Houdin abriu a portinhola e, afastando-se para deixar entrar primeiro a
companheira disse:
- Vou com você, depois volto para o centro. Assim
teremos tempo de conversar ainda um bocado.
- Como quiser...
Quando os dois se acomodaram na carruagem, o
cocheiro, um sujeito estranho, com uma cartola na cabeça, perguntou, sem se
voltar:
- Para onde vamos, senhor?
- Sabe onde é o palácio do barão de Rastignac?
- Claro que sei!
- Pois toque para lá.
- Mas olhe que são bem uns dezoito quilômetros... Vai
sair caro...
- Não se preocupe com isso e trate de andar!
Pelo jeito, Ubaldo, o investigador particular,
quando assumia um papel, encarnava de modo integral o personagem que estava
vivendo. Havia falado, no caso, como teria feito exatamente um cocheiro de
praça com vinte anos de prática. O detetive teve o cuidado de abrir a vidraça
que estava por detrás da boleia, o suficiente para ele poder ouvir o que
falassem os que iam dentro da carruagem. Ele escutou perfeitamente quando
Denise perguntava a Afonso:
- Você ainda me ama, Afonso?
- Meu bem, como pode imaginar o contrário?!
- Não sei... Pensei que, depois de tanto tempo...
Houve uma pausa, mas logo Denise continuou:
- Tenho um pouco de medo... Não gostaria que meu
marido fizesse uma cena, vendo-me voltar para casa a esta hora...
- O cara é muito ciumento?
- Quem, Luís Paulo? É o homem menos desconfiado,
menos ciumento do mundo. Mas sabe como são esses fidalgos, fazem muita questão
das aparências...
- Isso pode dar aborrecimento - observou Afonso. -
Mas, afinal de contas, o fato de seu marido não ser ciumento não a favorece um
bocado, dando-a uma liberdade de movimentos muito maior?
- Isto é verdade. E pretendo passar muitas outras
noites como a de hoje, dançando com você.
Ando com uma vontade louca de me divertir, de viver. Detesto aquele
palácio austero, onde fico mofando, onde tenho a impressão de esbarrar com um
fantasma em cada corredor, em cada canto!
Interrompeu-se um instante e depois Ubaldo, o
detetive, ouviu novamente a voz dela, agora mais baixa, dizendo:
- Afonso, quero ter certeza de que você saberá
manter tudo isto em
segredo. Pense só no que aconteceria se viessem a saber a
vida dupla que eu comecei a levar agora! Seria uma catástrofe.
- Sim, uma verdadeira catástrofe...
- Você disse isso de um modo estranho!
- Acha querida? - e a voz do malandro se tornara
sibilante.
- Mas pensa que estou completamente satisfeito
apenas por ter passado a noite dançando com você?
A filha da marquesa Renata se agarrou ao braço de
Afonso, assustada.
- Que quer dizer com isso?
- É muito simples, minha bela Denise. Quero dizer
que temos uma conta a ajustar...
- Afonso! Você está bêbado? Ou está maluco?
- Nunca estive tão bem da "bola" como
agora, Mas não tenha receio, menina. - Quero simplesmente fazer-lhe lembrar que
um dia, que não vai muito longe, você me jurou amor eterno, prometendo que eu
seria, e para sempre, o homem de sua vida. Pois agora eu pergunto: você manteve
essa promessa?
- Mas, você não quer compreender!
- Ao contrário, compreendo muito bem! Realmente,
reconheço que agora já está viciada com as vantagens da riqueza e o conforto da
vida de fidalga. Hoje você é a mulher de um senhor barão e vive nadando em ouro. Mas , apesar disso,
não é feliz; porque, é inútil que o negue, percebo perfeitamente as coisas em
que pé estão, ele a despreza! Não tardou em descobrir quem é você, segundo
parece...
Denise sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.
Sabia perfeitamente que Afonso não estava enganado, nem exagerava, e começava a
maldizer a idéia que tivera, àquele dia, de vir à cidade.
- Aí está minha bela - exclamou o gatuno. - Agora
responda: tem certeza de não haver faltado descaradamente à promessa solene que
você me fez?
- Mas, querido, procure pensar um pouco nas
condições em que eu me encontrava...
- É você quem deve lembrar as enrascadas em que me
meti, por sua causa! Não se lembra mais de nada, não é? Sujeitei-me a bancar o
cocheiro do conde Fernando, recebendo ordens como se fosse um palhaço! Tentei
liquidar com uma facada a tal Flora Sardon, a intrusa que você temia e odiava.
Tive de fugir para não ser apanhado e nem comprometer você. Acha pouco? Vamos,
responda!
Denise teve de fazer um grande esforço para não se
deixar vencer por uma crise de nervos. Compreendia perfeitamente o grave perigo
a que se encontrava exposta. Afonso nunca cedia diante de coisa alguma, quando
visava um objetivo.
- Não esqueci, de maneira nenhuma, o que você fez
por mim - disse ela, procurando tornar o mais doce possível a voz. - Por que me
trata assim?...
O sórdido indivíduo soltou uma risada sarcástica.
- Pobrezinha da vítima... Devo estar muito
satisfeito com a maneira pela qual você me demonstrou seu reconhecimento! Se
alguma coisa posso perdoar-lhe é apenas o que diz respeito à enrascada da
facada que dei na tal Flora. Naquele caso, você não podia mesmo fazer nada por
mim, sob pena de se comprometer irremediavelmente...
- Então compreende, não é, querido?
- Não é, querido... - repetiu o ladrão, imitando-a,
- Compreendo, sim, que você é uma víbora, isso sim, eu compreendo! Conheço-a há
muito tempo, aliás, e sei perfeitamente como as coisas se têm passado com você!
Denise, incapaz de dominar-se, rebelou-se e se
encrespou, gritando:
- Afinal, que quer você de mim? Devia agradecer-me,
porque eu poderia mandá-lo para a cadeia, se quisesse!
A excitada criatura, porém, deveria arrepender-se
daquele rompante, se pensara obter êxito e safar-se daquela situação com o uso
de violência e de ameaças, errara completamente e estava arranjando pano para
as mangas... De fato, Afonso, com a maior calma, segurou-a com ambas as mãos
pelo queixo virando-a de frente para si, numa posição que lhe pareceu
perfeitamente cômoda. Depois, deliberadamente, primeiro com a palma e depois
com as costas das mãos, esbofeteou-a.
- Agora, já sabe como são as coisas - disse,
deixando que a moça se desfizesse em soluços, debruçando-se sobre o encosto do
assento da carruagem. - Está em minhas mãos agora! Posso fazer de você o que
bem quiser. Toda vez que eu precisar de você terá de vir correndo para mim e
arranjará as desculpas que forem necessárias. E não quero saber de mentiras
comigo.
Denise continuava a soluçar e ele, brutalmente,
segurou-a pelos cabelos. Aproximou o rosto do dela e acrescentou:
- E tem mais! Há uma coisa muito importante, na qual
você não pensa. Sabe do que se trata? Do que há de mais interessante na vida...
Não adivinha o que seja?
Ubaldo, o detetive, no seu posto, ouvia tudo,
interessadíssimo.
- Não... Não sei do que você está falando. -
respondeu a moça, pálida como um cadáver.
Afonso riu ainda, sarcasticamente.
- Ah, a inocente mulherzinha! Leva um vidão de
grande dama. Vive num palácio como eu nunca vi nos sonhos de criança, tem
dúzias de criados prontos para lhe obedecer a um simples aceno, enquanto que eu
vivo praticamente na miséria... E ela diz que não sabe do que estou falando!...
Tornou-se grave e sério de súbito, e seus olhos
brilharam na escuridão.
- Escute, Denise, - murmurou.- Até agora eu fui
bonzinho com você, muito bonzinho mesmo... Mas agora chega! Quero dinheiro!
Estou farto de arriscar a pele, de sofrer o risco de ir para a cadeia para
conseguir aquilo que, com um simples garranchinho numa tira de papel, você pode
conseguir à vontade.
- Mas eu não tenho!
- Mentira! É impossível que uma dama da sua situação
não possua uma conta num banco!
- Tenho, isso tenho...
- Pois então? Que estória me quer impingir?
Apesar da ira que a fazia arder interiormente, a
filha da marquesa Renata teve um instante de hesitação.
- Mas acontece que... Já gastei tudo quanto estava
depositado em meu nome...
- Denise! Não pense que vai me fazer de bobo! -
gritou Afonso, segurando-a por um braço e apertando-o até a moça se contorcer
de dor. - Estas conversas comigo não pegam!
- Mas é a verdade, pura verdade... Eu juro! Luís
Paulo me abandonava, eu vivia sempre sozinha, sem distrações, naquele velho
palácio horroroso onde até a própria música parece mal-assombrada. Não sabia
como passar o tempo e então comecei a fazer loucuras, a frequentar casas de
jogo, onde perdi um bocado de dinheiro... E assim, sem perceber, acabei sem
nada...
Afonso fez um gesto de indiferença.
- Não adianta arranjar desculpas - cortou. - Não vou
perder meu tempo ouvindo suas mentiras.
- Mas é a pura verdade!
- Veremos minha bela baronesa! Veremos se de fato
você gastou milhões em tolices, sem sequer pensar em mim, que cheguei ao
extremo de apunhalar uma mulher, para encobrir as suas tramoias... Pois se for
assim, saberei usar novamente a faca, e dessa vez pode estar certa de que não
errarei o golpe!
Denise, exausta, deixou-se cair contra o encosto do
banco.
Não sabia mais o que fazer, o que dizer, para se ver
livre daquele bandido que, tempos atrás, fora seu amor, infelizmente. Pela
segunda vez sentia-se vencida, derrotada, humilhada. Pensara poder apagar o seu
passado, casando-se com Luís Paulo e iniciar uma vida nova, mas o passado a
ameaçava agora, parecendo envolvê-la numa espiral de humilhação e
sofrimento. A marquesa Renata ameaçara-a
de fazê-la voltar à pobreza de que a tirara. O instinto, o desejo de lutar para
não perder o que obtivera com tanto esforço e correndo tantos riscos, ao preço
de um abominável embuste, animou-a a defender-se, enfrentando a onda que
ameaçava abatê-la. Virando-se para Afonso, que começava a dar sinais de estar a
ponto de perder a paciência, perguntou:
- Quanto você quer, por agora?
Um sorriso apareceu nos lábios do bandido.
- Oh! Finalmente se decide a ser um pouco razoável!
Por momentos pensei que você estava querendo saber da minha faca, como aquela
tal Flora Sardon... Quanto preciso, disse? Bem... não quero me mostrar cobiçoso nem exigente,
uma vez que esta será a primeira prestação, o primeiro tributo que vai pagar à
nossa boa amizade: penso que cinco milhões chegarão para pôr a minha vida em
dia...
- Cinco milhões?! - exclamou Denise, apavorada. -
Mas é muito dinheiro!
- Para você, é coisa à-toa... Você tem pai e marido milionários.
- Mas eu não tenho esse dinheiro, no momento! Se
você se contentasse com o que eu pudesse juntar, até conseguir mais...
- Migalhas, não? Não me contento com esmolinhas,
fixe isso na cachola! Se não tem essa gaita, trate de arranjá-la! Denise, quase
não a reconheço mais! A nobreza a tornou débil mental, ao que parece! Quer
coisa mais simples? Peça ao seu marido!
A pobre moça contorcia as mãos, aflita.
- Não posso recorrer a Luís Paulo! Procure
compreender...
- Não há nada a compreender. Invente uma desculpa.
Você tem a mente fértil e na sua posição não lhes hão de faltar pretextos!
- Mas eu nunca pedi nada a ele! Não vou começar a me
humilhar, mais do que ele tem me humilhado por si mesmo...
A mão aberta do rapaz se ergueu novamente, num gesto
de clara ameaça.
- Ouça bem, mulher idiota. Vai conseguir o dinheiro,
seja lá como for, custe o que custar, fique bem certa disso. E caso tente
desobedecer-me, ou passar-me a perna, lembre-se de que no dia seguinte o seu
Luís Paulo virá, a saber, com quem se casou!
Mais pela raiva impotente que sentia, que por desejo
de chorar, Denise ocultou o rosto entre as mãos, murmurando:
- Você é um demônio!... Um demônio!... Tem coragem
de fazer isso, depois de ter sido o meu amor, durante tanto tempo.
- O amor nada tem a ver com o dinheiro! E quanto a
eu ser um demônio, se ainda não o sou, vou tornar-me um, para fazer você
conhecer as penas do inferno, se não fizer tudo como estou mandando!
Afonso divertia-se vendo Denise dobrada sob a força
terrível dos seus argumentos e experimentava uma espécie de satânica volúpia
por sentir-se o árbitro do destino daquela mulher que procurara humilhá-lo,
mandando-o embora depois de ter-se dele servido.
- Quer, talvez, que eu escreva um bilhetinho ao
barão Luís Paulo - continuou ele, zombeteiro -contando a bela noitada que
estamos passando juntos? Como acha que ele receberia a coisa?
- Você é um monstro!...
- Eu? Estou apenas procurando chamá-la à razão...
A moça ergueu a cabeça e conteve raivosamente as
lágrimas.
- Mesmo querendo, não poderei obter cinco milhões de
Luís Paulo, para amanhã. Dê-me mais algum tempo...
- Já esperei demais!
- Tenho que procurar alguém que me consiga esse
dinheiro!
- Peça-o a seu pai! Que diabo, o conde Fernando, o
ricaço que todos conhecem, irá recusar cinco miseráveis milhões à filhinha? É
impossível... É uma coisa que ninguém admite! Vamos, baronesa, não me force a
usar métodos mais persuasivos...
- Eu o odeio, odeio-o Afonso!
O bandido deu de ombros.
- Ah, ah, ah! O ódio e o amor são sentimentos
afins... Não sabe disso?
- Eu o mataria, se pudesse!
- Mas,como você não pode, trate de arranjar o
dinheiro, pois preciso dele com urgência. Mas não sabe como? Soube enganar
lindamente o conde Fernando, fazendo-o acreditar que é sua filha, e agora não sabe
achar uma desculpa para justificar a necessidade de um pouco de grana?
- Mas ele dirá a Luís Paulo!
- E que importa isso?
- Importa porque eu amo LuísPaulo, meu marido.
Desta feita Afonso pareceu disposto a avançar sobre
a jovem, que pronunciara as últimas palavras com ar de desafio.
- Ah! É isso, não é? E ainda tem a coragem de me
dizer? - ele gritou, sem se preocupar com a presença do cocheiro.
- Escute, Afonso...
- Escute-me primeiro. Você só pode amar um homem:
eu, que fui seu primeiro amor, e que valho mais que todos esses nobres. Se eu
deixei que você casasse com o barão Luís Paulo foi apenas para que o dinheiro
dele passasse a ser o nosso dinheiro. Afora isso, o homem de sua vida, a quem
você deve amar e obedecer sou eu que...
Interrompeu-se de súbito, porque a voz rouca de
Ubaldo, o detetive disfarçado de cocheiro, se fizera ouvir:
- Cavalheiro! Chegamos.
- Chegamos aonde? - perguntou Afonso, que havia
perdido a noção do tempo e dos lugares.
- Bem... Ao palácio do barão de Rastignac! Estamos
na entrada do jardim. Não se pode avançar além daqui...
- Ah! Sim. Espere então um momento, aqui.
Afonso abriu a porta da carruagem de aluguel e,
depois de ajudar Denise a descer, murmurou, segurando-a pelo braço:
- Acompanho-a até o portão.
- Sei ir sozinha...
- Cale-se, e vá em frente! Ainda não acabei.
Quando se afastaram alguns passos da carruagem de
aluguel, em direção ao portão, Afonso a fez voltar-se e, parando à sua frente,
exclamou:
- Deixemos a discussão do nosso assunto para ocasião
mais apropriada. Por ora, o importante é que me traga os cinco milhões de que
preciso! Encontre-me amanhã às seis horas em ponto da tarde, no bar que fica
defronte do hotel "Trinité", lembra-se dele?
- Sim...
A voz de Denise era submissa, agora, como a de uma
escrava que teme ser chicoteada pelo amo. Ela se sentia como um brinquedo nas
mãos daquele homem sem escrúpulos, pior ainda que ela própria. Ergueu os olhos
para ele e fitou aquele rosto, aquele perfil marcado, espantando-se por ter um
dia visto beleza nele, tê-lo achado bonito, tê-lo beijado com prazer.
- Irá? - perguntou o bandido, num tom que fazia a
pergunta tornar-se uma verdadeira ordem, uma imposição.
- Sabe que sim... Murmurou Denise, torcendo as mãos.
Aquela afirmativa teve o poder de acalmar o violento
Afonso, que, mudando repentinamente de maneiras, como se já nem se lembrasse de
tudo o que havia ocorrido entre os dois até aquele instante, puxou a moça para
si, sem que ela opusesse resistência, e deu-lhe um longo beijo na boca.
Denise suportou o beijo, estremecendo, como se se
sentisse sufocada por uma serpente e não entre dois braços humanos.
O relógio da igreja, ao longe, batendo as horas,
fê-la sobressaltar-se, acelerando as batidas de seu coração.
Tinha os nervos à flor da pele. Sentia-se como uma
pobre mosca presa na teia viscosa de uma aranha, procurando inutilmente
livrar-se, debatendo-se, lutando, até que, exausta, acaba por se entregar ao
inimigo poderoso, que se avizinha com as garras prontas a estrangulá-la...
Sentia ainda nos lábios amargos o sabor do beijo de
Afonso.
- Como sou desgraçada! - murmurou, recordando tudo
quanto havia acontecido. - Sozinha, indefesa, dominada, nas mãos de um
miserável que pode fazer de mim o que quiser, até que eu descubra um meio de
escapar à sua maléfica influência... Ele continuará a extorquir-me, sempre,
inexoravelmente, fazendo chantagem! Ah, que destino infame!
Estava, agora, bem junto da entrada do palácio,
imerso nas trevas. Nem uma luz se avistava, não havia sinal de vida.
Pensou que, certamente, Luís Paulo já estaria
dormindo, no seu quarto de solteiro, que ficava logo acima do dela, e pelo
menos por esta vez se regozijou com a certeza de que não iria encontrá-lo, de
que não seria submetida à tortura de enfrentar o olhar dele a lhe penetrar até
o fundo da alma.
"Não", disse a si mesma, com decisão.
"Ele não deverá saber nada sobre o meu passado, de onde venho, como
vivi... Farei tudo, tudo, para evitar isto. Lutarei, enganarei, mentirei,
matarei até, se for preciso!"
Paulo, por essa Denise não esperava! E o detetive também já sabe até que ela não é filha de Fernando! Estou curiosa pra saber de que lado ele vai ficar. que homem esperto! Gostei muito! Bjs.
ResponderExcluirDesconfio que Denise também será chantageada pelo detetive. Que situação a dela! Muita emoção ainda vem por aí...
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