domingo, 16 de dezembro de 2012

O INFERNO DE UM ANJO - CAPÍTULO 41 - COLABORAÇÃO: PAULO SENA

O INFERNO

DE UM ANJO

Romance-folhetim



Título original:
L’enfer d’un Ange




Henriette de Tremière/o inferno de um anjo

(Texto integral) digitalizado
e revisado por Paulo Sena

Rev. G.H.
BIBLIOTECA GRANDE HOTEL


Capítulo XLI

O TREMENDO EQUÍVOCO

Pouco a pouco, passado o primeiro choque, Denise começava a compreender a situação. Não percebia as coisas com precisão, mas imaginava que deveria ter acontecido algum fato novo, inexplicável para ela e, graças ao qual, o marido mudara totalmente de atitude a seu respeito.
Hábil e inteligente como era não respondeu às perguntas de Luís Paulo, até conseguir inventar uma desculpa. Foi então que ela disse:
- Estive confortando uma amiga querida, que está gravemente enferma e cuja família viajou para a França.
O braço de Luís Paulo estreitou-a mais um pouco, carinhosamente protetor.
- Eu sei que você tem um nobre coração.
- Ela é uma criatura excelente, angelical e virtuosa – afirmou Denise mentindo despudoradamente.
- Denise, responda-me: sente-se contente por eu estar aqui, junto de você?
- Oh! Tanto, tanto!... Você nem pode imaginar, meu bem!
- A partir de hoje, as barreiras que nos separaram por tanto tempo, não existirão mais e uma nova vida de paz e serenidade vai começar para nós... Se você me perdoar...
Desta vez a filha da marquesa Renata não pôde deixar de exclamar, admirada:
-Eu, perdoá-lo?!
- Sim, pelo meu péssimo comportamento para com você. Agora é que vejo quanto fui duro com você, mas havia para isso um motivo, que já não existe mais...
Denise permaneceu, alguns instantes, silenciosa, refletindo e perguntando a si mesma qual poderia ser o motivo a que o marido se referia. Afinal, convencida da radical modificação havida nele, achou tolice continuar a mostrar-se cheia de estranheza, constrangida e admirada. Apoiando a cabeça no ombro dele, murmurou:
- Tenho sofrido tanto, Luís Paulo, que não creio quase, agora que o ouço... Que está assim juntinho de mim, nem no que me diz...
- Pois eu juro que é verdade!
- Beije-me então, querido... O calor de seus lábios fará com que eu, esqueça as minhas mágoas.
As bocas dos jovens esposos se uniram num longo beijo.
Quando terminaram aquelas amorosas efusões tão ardentemente desejadas por Denise, e vendo Luís Paulo tão amoroso, a baronesinha quis aproveitar-se dessa circunstância para conseguir conjurar a ameaça de ser desmascarada por Afonso, o bandido, ameaça esta que a mantinha em violenta tensão nervosa.
- Meu querido, vou dizer-lhe porque me interesso tanto pela minha amiga Adélia, antiga colega de estudos. Naqueles tempos, era fraternal a amizade que me unia a essa bondosa criatura.
Soube casualmente que estava enferma e corri a visitá-la na clínica onde está internada. Ali vim a saber que a terrível depressão que põe em risco a sua vida é motivada por um problema que ela não pode resolver. Adélia, que é tão boa, para favorecer uma amiga, Ernestina Willy, foi fiadora de seu marido em um empréstimo, dando como garantia a casa que os pais dela puseram em seu nome. "O marido de Ernestina é um jogador incorrigível. Não pagou o empréstimo de cinco milhões que recebera mediante a garantia de Adélia e agora esta vê com pavor que sua casa vai ser confiscada e que quando seus pais, que agora estão na França, regressarem, vão ser despejados dessa casa que é o único bem da família e que, para comprá-la, o pai dela trabalhou duramente muitos anos..."Sabendo que Adélia definha diante de tão tremendo conflito, eu não pensei duas vezes e prometi a minha amiga que pedirei a meu pai esses cinco milhões. Ele é rico, generoso e não terá inconveniente algum em fazer esse grande favor a uma amiga tão querida."
Luís Paulo, na verdade, caiu na esparrela habilmente armada com aquele relato forjado pela fértil imaginação de Denise.
- Meu bem, você me ofende- protestou ele. – Porque você irá incomodar seu pai para obter esses cinco milhões, se você por si mesma pode lhe dar?
- Acontece, querido, que eu tenho feito muitos gastos ultimamente e minha conta no Banco está quase a zero.
- E por que não me falou? Amanhã mesmo providenciarei. Darei a você um cheque bem polpudo para que possa atender a essa sua amiga aflita, e o restante ficará para os seus gastos...
O jovem barão, depois da conversa mantida com o conde Fernando a respeito de Maria Aubert, ficou persuadido de que "Flor de Amor" era apenas uma impostora, que o enganara habilmente com uma mentira, passou então a depositar toda sua confiança na moça com quem casou, resolvendo pagar com juros a dívida de amor que pensava ter com Denise.
Simulando um gesto de ressentimento pelos seus sofrimentos passados, Denise insistiu, com obstinação:
- Luís Paulo! Prefiro que seja meu pai quem me dê esse dinheiro.
- Mas, querida, por quê? Não entendo.
- Procedi sem aconselhar-me previamente, sem obter sua autorização...
- Nada disso! - cortou Luís Paulo. - Neste assunto, não transijo e a proíbo formalmente que recorra a seu pai. Compreendeu? .
Naturalmente a maquiavélica criatura que já contava com isso, simulou obedecer, fingiu ser dominada por ele e respondeu:
- Bem... Se você quer assim, querido...
Depois, vendo que o marido ficara parado; encabulado, como se quisesse dizer alguma coisa, murmurou:
- E agora, se não o incomoda... Quer deixar-me a sós?
Luís Paulo se pôs de pé e fez menção de sair. Mas mudou repentinamente de ideia, porque, em vez de atender ao que ela pedira, aproximou-se ainda mais e lhe disse, hesitante:
- Denise... Quero que saiba uma coisa muito importante. Ou que, pelo menos, acredito que o seja, para você...
- De que se trata?
- A mulher que eu amava... Morreu...
- Coitada! - fez Denise, hipocritamente. – Sinto imensamente!
Aproximou-se do espelho, para ocultar do marido sua satisfação, ajeitou levemente os cabelos que o vento da noite desarranjara. Depois perguntou, com um jeitinho de faceirice e, ao mesmo tempo, de ciúme, ou ressentimento:
- É talvez por isso que seu comportamento para comigo mudou tanto, não?
- Não, não, querida! - protestou Luís Paulo, veemente. - Mudei ao saber de que espécie era a criatura que eu amava. E também pelo arrependimento de não ter sabido, no devido tempo, apreciar o tesouro de bondade que se agasalha em seu coração!
O pobre Luís Paulo estava absolutamente convencido do que dizia; e sentindo-se culpado de ter agido em relação a ela como o pior dos esposos, tudo fazia no sentido de se justificar, de dar explicações.
Outra qualquer o teria interrompido, aproveitando a oportunidade para queixar-se, lamentar-se e acusá-lo. Denise, porém, que estava a gozar sua vitória, não se preocupou com isso e deixou que ele dissesse o que bem queria. Por fim, perguntou apenas:
-Como você soube que "ela" morreu? E que mais soube sobre ela?
- Ouve, Denise. Você sabe perfeitamente que eu me casei com você para manter uma promessa, um juramento feito ao meu pai em seu leito de morte...
A filha da marquesa Renata levou dramaticamente a mão ao peito, sobre o coração, àquela evocação.
- Sim... Foi um dia terrível aquele para mim...
-Eu sofri atrozmente, querida... Pelo mal que sabia que estava causando a você e pelo amor que me impelia irresistivelmente para aquela que, então, eu adorava. Tinha a impressão de vê-la sempre ao meu lado, como um fantasma, a reprovar o meu procedimento... Não podia esquecê-la... Não sabia mais como comportar-me, onde bater com a cabeça... Durante aquele tempo em que vivi uma existência de sofrimento e de abatimento. Creio que, se ainda continuasse assim, terminaria recorrendo ao suicídio, para acabar com tudo, para não pensar mais. Mas depois, isto é, hoje mesmo, veio aqui o seu pai, e a ele devo a mudança que se operou em meus sentimentos. Graças a ele, poderemos, agora, encarar o futuro com maior serenidade.
- Que disse ele? - inquiriu Denise, com os olhos brilhantes de curiosidade.
- Algo que eu não sabia, que por muito tempo ignorei. A mulher a quem eu dera totalmente meu coração até ontem, não passava de uma simuladora, uma farsante, mentirosa, criatura venal que, ambicionando meu nome, meus milhões, armou capciosamente toda uma comédia, para me iludir. Quando a encontrei pela primeira vez, durante um passeio a cavalo, no bosque, parecia um anjo. Nunca eu poderia imaginar que a mentira e a perfídia pudessem agasalhar-se dentro dela, se seu pai não me tivesse fornecido a prova.
- Uma prova? E você a obteve de meu pai?
- A prova de que ela era uma simples mistificadora! Naquela manhã ela me dissera que se dirigia a um sanatório próximo, onde queria procurar a mãe para retirá-la daquele ambiente de horror, para tentar curá-la com seus cuidados e desvelos. Tudo fiz, então, para ajudá-la, arrisquei inclusive a própria vida, estupidamente, idiota que fui, sem suspeitar de nada, sem imaginar que ela estava mentindo, que mentia sempre que abria a boca e, que seu único intuito era chegar à situação em que hoje você está, Denise: de baronesa de Rastignac... Enganou-me, iludiu-me até sobre o próprio nome, dizendo chamar-se... Maria Aubert!
Ao ouvir aquele nome, Denise empalideceu terrivelmente e teve que se apoiar nas costas do divã, para não cair. Por sorte dela, Luís Paulo estava de olhos baixos, e nada percebeu, não tomou conhecimento da violenta emoção que se apoderara de Denise, quando ele pronunciara o nome de Maria Aubert.
A baronesinha teve a impressão de que um verdadeiro furacão se agitava em seu cérebro. Um turbilhão de sentimentos e de ideias confusas como jamais sentira em sua vida!
Inopinadamente, sem jamais esperar por tal, sem mesmo de longe ter admitido nunca semelhante coisa, vinha a saber que a mulher amada por Luís Paulo era a mesma de quem ela usurpara o nome e a riqueza, por instigação e por maquinação de sua mãe, e cujo lugar, ali, como esposa e como baronesa, usurpara graças à fraude e à mentira!
A obscura costureirinha, a quem ela mal se dignara olhar, no palácio do conde Fernando, não era outra senão Maria Aubert, ou melhor, Maria Chanteloup, a verdadeira, a autêntica condessinha e a única herdeira da grande fortuna do nobre.
Pensando no perigo que havia corrido, Denise sentiu uma espécie de terror e por instantes esteve a ponto de ser tomada por uma crise de nervos e de fugir, correndo, através das trevas da noite, pensando com pavor na punição que teria recebido, se a fraude tivesse sido descoberta.
Logo depois, no entanto, um pensamento, calmo e vivificante, surgiu em seu cérebro, repondo nele a tranquilidade e a confiança: Maria Aubert, sua rival, morrera!Que poderia temer, então?
“Agora, pensou a filha da marquesa Renata, com perversidade, aquela desgraçada está morta e sepultada! Por que, então, preocupar-me com ela? Não vai sair da sepultura, e eu não tenho medo de fantasmas..."
Tendo, pois, readquirido todo o sangue-frio, tomou entre as suas a mão de Luís Paulo, dizendo, com voz suave:
- Mas, então, você havia dedicado todo o amor de seu coração a uma intrigante que, com suas manobras, com suas mentiras, conseguira tomar conta inteiramente de você, a ponto de me desprezar, a mim, que tanto o amo, a mim que, além de tudo, sou sua esposa?
O barão Luís Paulo olhou longamente para Denise nos olhos, depois baixou a cabeça, murmurando:
- Perdoe-me, querida...
- Não tenho nada a perdoar. Todos se enganam, nesta vida. Agora, a morte levou consigo aquela criatura pérfida, que neste momento deve estar expiando seus pecados, no purgatório ou no inferno, e não mais nos devemos preocupar com ela.
- Tem razão...
- Agora, o mal-entendido que nos separava deixou de existir, e as grandes dores que ambos passamos serviram, afinal, de certo modo, para reforçar os vínculos que nos unem. Estamos ainda em tempo de aproveitar nossa vida, e recomeçar tudo novamente!
Luís Paulo, comovido, emocionado, estreitou a bela criatura entre os braços, beijou-a ternamente na testa, nos olhos, na boca.
Denise, sem sentir sequer o menor remorso pelo odioso papel que desempenhava, ocupando o lugar de uma outra, colou-se bem a ele, como a esposa mais apaixonada deste mundo.
- Bem vê - murmurou ao seu ouvido - como as aparências enganam, às vezes, não é? Eu o amo sincera e apaixonadamente, e você me fugia, afastava-se sempre de mim, sem compreender...
- Fui um louco, um insensato! Mas você, querida, por que não falou, por que não procurou abrir meus olhos, mostrando-me o que eu não via?
Denise passou a mão aberta pela nuca do marido, acariciando-o levemente, para que ele não pensasse mais naquilo, deixasse de refletir, de esmiuçar o passado, assim podendo aceitar mais facilmente, engolir melhor suas mentiras e simulações.
- Você não leva em conta, Luís Paulo? Eu disse que eu o amei sempre, mais que à própria vida, e não queria aumentar ainda mais seu sofrimento, tornar mais cruciante a sua dor. Sofri, amando-o em silêncio, sofri sempre atrozmente, desde o dia em que nos casamos, mas não achei que devia reagir, esperando, com toda a fé, que, um dia, você mesmo pudesse conhecer a verdade, e voltasse para mim, meu amor, como afinal, felizmente, aconteceu...
O fingimento e a simulação constituíam uma segunda natureza em Denise e o jovem barão não podia deixar de ficar reduzido a uma vítima de seus enredos. Não podia deixar de acreditar nela.
Não amava ainda a esposa, mesmo porque era muito recente a mudança por que passara, e sofria ainda, de certo modo, por ter perdido Maria "Flor de Amor", com a desilusão de saber que ela o enganara, zombando dele, servindo-se dele como de uma escada para ascender aos seus sórdidos fins, tendo por certa a errada informação que lhe dera, de boa fé, o conde Fernando.
Naquele momento, porém, depois de tantos dias de solidão, de tanto sofrimento, o fato de ter a seu lado uma bela criatura, causava-lhe uma estranha sensação, tornava-o sonhador e crescia a sua sede de amar e ser amado.
Denise sentiu que os braços do marido a apertavam mais, que seus lábios se tornavam mais amorosos e confiantes, trocando com ela os primeiros beijos desde seu matrimônio.
Mas no justo momento em que os beijos de Luís Paulo se tornavam mais apaixonados, e seu abraço mais apertado, o relógio da igreja onde eles haviam se casado, se fez ouvir, no profundo silêncio da noite com suas tristes badaladas, como se dobrassem pelos defuntos.
E foi naquele justo instante que Denise, com um recuo inesperado, libertou-se dos braços de seu marido.
Luís Paulo, confuso, com as faces levemente coradas, ficou imóvel, indeciso, a olhar a bela criatura que fugia dele com um brilho de medo nos olhos.
- Minha menina! - disse - Que tem? Ofendi-a por acaso sem o querer? Não quer que eu a beije?
Denise, atrapalhada, balbuciou:
- Desculpe-me, querido... Mas hoje levei um susto tremendo quando vi uma anciã cair na rua. É por isso que estou tão impressionável. Os velhos e as crianças inspiram-me tanta compaixão! Sei que sou uma tola, mas não pude me dominar. Talvez esteja precisando descansar.
- Tem razão, minha querida - disse Luís Paulo, calmo e compreensivo. - E eu, egoísta, só pensava no prazer de apertá-la em meus braços! Deve dormir e procurar esquecer esse triste acontecimento de hoje. Vou-me embora, agora mesmo, e chamarei Rosane para que ela prepare um banho morno, que acalmará seus nervos e a fará dormir bem.
Sem esperar que Denise respondesse, o jovem barão, cheio de cuidados, depois de ter beijado carinhosamente o rosto de sua mulher, saiu do aposento, dizendo:
- Boa noite, querida. Trate de dormir, descanse bem. E amanhã o sol vai parecer-lhe mais belo e também a mim, aliás. A paz voltou a reinar entre nós!
Denise, impulsivamente, ergueu a mão, abriu a boca, para chamá-lo, mas seu braço caiu novamente e seus lábios se fecharam. Com um gesto nervoso levou a mão aos olhos, a mão crispada, como se desejasse ferir a si mesma, com as unhas.
- Maldito destino! - murmurou, soluçando. - Maldita seja eu, maldita a minha impulsividade, o meu temperamento! Na primeira noite de casados quis atraí-lo para mim, fazê-lo esquecer com meu amor todas as outras mulheres, para que pudesse encontrar o esquecimento de sua paixão fracassada por Maria "Flor de Amor" nos meus lábios, nos meus carinhos! Mas agora tudo mudou. Ele começa a amar-me, ele agora acredita que sou pura como um lírio, no entanto, eu já pertenci a outro homem.
Atirou-se ao leito, de bruços, chorando, desta vez sinceramente.
- Não pude deixar de fugir dele! - soluçou. - Tive de me dominar, de simular ser o que não sou! Ele teria descoberto o meu segredo e teria me desprezado para o resto da vida!Maldita seja eu, por ter uma mãe que me colocou nesta situação. Fazendo-me fingir ser outra criatura, simulando ser quem não sou!
E até o romper da aurora Denise ficou a chorar, sofrendo terrivelmente no seu desespero de amor.
Quando, na manhã seguinte, Rosane entrou no quarto da baronesinha de Rastignac, encontrou Denise ainda vestida, estendida sobre o leito, fitando o teto com olhar parado.
As marcas da noite em claro que passara eram visíveis em seu rosto pálido e abatido.
A camareira, quando Luís Paulo saíra do quarto da esposa, e a tinha acordado, correra a preparar um banho morno como lhe fora ordenado, mas não tivera coragem de ir dizê-lo a Denise, pois ao se aproximar do quarto ouvira a patroa a se agitar e a se lamentar entre soluços e ficara receosa de enfrentar numa situação daquelas suas cóleras, que já conhecia bastante.
Também naquela manhã a filha da marquesa Renata não estava de bom humor, porque, assim que viu a camareira, foi logo dizendo, com voz irritada:
-Que quer aqui? Vá embora! Quando tiver necessidade de você, eu a chamarei!
Rosane, porém, sem se mostrar chocada, estendeu à Denise uma bandeja de prata, na qual havia um bilhete:
- Chegou agora mesmo, senhora baronesa.
Denise pegou o bilhete e disse, abrindo-o, impaciente:
- Que está esperando? Já lhe disse que não preciso de você!
Rosane, embora ardesse de desejo de conhecer o texto do bilhete, não pôde deixar de obedecer e saiu depois de fazer uma leve curvatura.
O suntuoso quarto de dormir estava imerso na penumbra, porque as janelas estavam fechadas e as cortinas corridas.
Por isso, Denise, preguiçosa demais para descer do leito, acendeu a vela de uma pequena lâmpada da mesinha de cabeceira e leu a mensagem:
Uma exclamação lhe brotou, então, dos lábios, ao mesmo tempo em que o pedaço de papel amarelo lhe escapava da mão, tal foi a sua surpresa.
Naquele pedaço de papel estava escrito isto:
"Comunico, caso lhe interesse, que Afonso Houdin foi preso, ontem à noite. Ubaldo Duroi, detetive particular."

2 comentários:

  1. Paulo, que pessoa falsa essa Denise, e Luís Paulo, assim como Fernando tão ingênuo! Estou curiosa pra saber qual a real intenção de Ubaldo!

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  2. Qual será o interesse de Ubaldo? Será que vai chantagear Denise? Vamos ver...

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