No capítulo anterior...
Janete: Vocês dois se preveniram?
Rosa: O que? Não, amiga, você não tá pensando que
eu... Não, não, não.
Janete: Responde, o Claude usou camisinha?
Rosa: Droga! Não, não pode ser.
Janete: Pelo visto não, né?
Rosa: Não, nas duas vezes que transamos, ele... A
gente não pensou nisso.
Janete: Então, você tá pensando no que eu to
pensando, né?
Rosa: Eu não posso estar grávida, Jane. Não
agora, não do Claude.
Janete: Faz assim, eu vou descer, vou na farmácia
da esquina e vou comprar dois testes diferentes pra você.
Rosa: Vai, vai logo, por favor.
(20:03
– Apartamento de Rosa)
Janete: Ai, Rosa, sai logo desse banheiro.
Rosa saiu parecendo uma estátua, estava séria,
gelada. Caminhou atá a cama, onde Janete estava sentada, respirou fundo e
entregou o teste à amiga.
Rosa: Positivo nos dois.
Janete: Ah! Eu não acredito. Amiga, você esta
grávida, que maravilha! (disse abraçando Rosa)
Rosa: É, grávida.
CAP- 20
Após
a confirmação da gravidez Rosa continuava ali sentada na cama, paralisada.
Janete: Aí, Rosa que cara é
essa?
Rosa: Como que cara é essa?
Janete, eu to grávida entendeu? Grá-vi-da.
Janete: E não tá feliz? Rosa
tem um bebezinho bem lindo crescendo aí dentro de você.
Rosa: Eu sei, Jane, eu...
Eu tô feliz sim. Mas essa gravidez me pegou de surpresa. Não sei se to
preparada pra ser mãe.
Janete: Toda mãe está
preparada.
Rosa: Ai, Jane, eu tô com
medo. Sei lá minha vida mudou por completo, todos os planos que eu fiz.
Janete: Rosa você não tá
pensando em tirar essa criança está?
Rosa: Não, Jane, tá maluca?
É meu filho ou filha.
Janete: Então porque o medo
Rosa?
Rosa: Janete, o Claude não
gosta de criança. Ai, meu Deus! Ele querendo a liberdade, por isso terminou com
a noiva, agora está preso a um filho e a mim.
Janete: Rosa você tem que
contar pra ele, sua barriga vai crescer.
Rosa: Eu vou contar pra
ele, mas só quando eu tiver coragem. Agora eu tenho que ir ao médico amanhã pra
fazer o exame de sangue. Eu sou uma burra mesmo, uma tonta. Eu devia ter me
prevenido. Droga!
Janete: É amiga, quando tava
no bem bom lá com o bonitão nem se lembrou de camisinha, né? Agora não adianta
se arrepender.
Rosa: E você acha graça,
né?
Janete: Imagina, Rosa, uma
criancinha linda.
Rosa: É no fundo, sei lá,
parece que já sinto ela aqui dentro.
Janete: Ah! Eu vou ser titia.
Janete
abraçou Rosa e foi a primeira vez que ela sorriu depois do resultado.
(21:06 – Mansão de Claude)
Claude
tomou um banho e estava na sala mexendo em seu computador, trabalhando como
sempre. A campainha tocou e Dádi foi atender.
Dádi: Dr. Clodis, seu
Frazão.
Frazão: Boa noite, Dádi.
Dádi: Boa noite, Dr.
Frazão.
Frazão: Mon ami, você me
deixou no sufoco lá na construtora, né?
Claude: Tive que levar Rosa
pra casa, ela passou mal de novo.
Frazão: Ela deve tá com algum
problema.
Claude: Eu sei e issi tá me
preocupando.
Frazão: Eita, que amor roxom,
hein? E aí, me conta o que aconteceu com você e ela pra estarem nessa paz?
Claude: Ha, há, sabia que
você non ia aguentar ficar sem saber. Eu passei o feriado com ela, só issi.
Frazão: Como assim passou o
feriado com ela? Assim do nada?
Claude: Depois daquela briga
no dia seguinte antes da viagem que tinha marcado com Nara eu fui pedir
desculpas. Enton ela tava bêbada e...
Frazão: E você aproveitou e
levou a menina pra cama.
Claude: Non, que issi, hã? Eu a ajudei a tirar a bebedeira, depois ela
me contou uma história de vida que eu non sabia, enton decidi non viajar mais e
ficar com ela.
Frazão: Nossa deve ser uma
história bem comovente.
Claude: Foi ton bom, Frazon,
acho que nunca me senti ton bem. Saímos pra jantar, fomos a um parque de
diversões, assistimos filmes e até fomos à praia.
Frazão: E rolou alguma coisa
entre vocês?
Claude: Você só pensa nissi
é? Non, quer dizer por pouco. Apenas alguns beijos.
Frazão: Então vocês estão
juntos?
Claude: Non, sei lá, eu non
sei o que eu tô sentindo, tô confuso.
Frazão: Soube que terminou
com Nara.
Claude: Como você soube
dissi?
Frazão: Janete me contou que
a Rosa contou a ela.
Claude: Você e sua noiva hã,
dois fofoqueiros.
Frazão: E você e sua esposa
são dois sacanas, ha,ha.
Claude: Olha mais respeito
hã?
(22:40 – Apartamento
de Rosa)
Depois
de tomar um banho Rosa conferiu mais uma vez o exame de farmácia e aquele
resultado continuava lá.
Ela
colocou na caixinha dentro de uma gaveta e sentou na poltrona. Com as pernas
encolhidas olhava a noite da janela.
Rosa: “E agora o que eu faço? Meu Deus o senhor deve ter um bom motivo pra me
mandar essa criança. Como eu vou contar pro Claude? E se ele reagir com raiva?
E se ele pensar que engravidei de propósito. Ah, mas se ele não quiser esse
filho eu vou criar sozinha. Não vou te abandonar nunca, meu amor, nunca. Eu até
pensei em ligar pra ele mais cedo, mas a coragem sumiu, é melhor dar um tempo.”
(22:51 PM – Mansão
de Claude)
Claude: “Depois que o Frazon saiu, eu jantei rápido e subi pro quarto. Estava
muito preocupado com Rosa, o que será que ela tinha? Mon Dieu, que vontade de
cuidar dela, de deitá-la em meus braços e protegê-la. Quantas e quantas noites
passei com ela e dormia afastado naquele sofá e agora o que eu mais desejava era
tê-la ao meu lado, colada em meu corpo. Enton, depois que escovei os dentes,
deitei na cama e não resisti, liguei pra ela. Tocou, tocou, tocou e nada dela
atender, enton, depois de três tentativas, mesmo preocupado, desisti e tentei
dormir.”
Rosa
estava sentada em sua cama com o queixo apoiado nos joelhos e as mãos ao redor
das pernas dobradas. Olhava para o celular que tocava com o nome de Claude. Ela
não quis atender, estava nervosa. As lagrimas começaram a escorrer pelo seu
rosto. Sabia que se atendesse, contaria a Claude.
Assim,
depois que o telefone parou de tocar, ela deitou, abraçou seu leão de pelúcia e
adormeceu.
(06:57 – Apartamento
de Rosa)
Ela
acordou bem melhor, estava sem enjoo e com a aparência maravilhosa. Depois de
tomar um banho, se arrumar, ela foi tomar café. Janete não estava, tinha ido à
feira e havia um recado na geladeira.
Futura mamãe mais
linda do
Mundo fui para a feira
comprar
Algumas frutas, afinal
você precisa
Se alimentar bem. Vou
direto para
O trabalho, mas vou
mandar um entregador
Levar as coisas. Beijo,
se cuida, Janete.
Rosa
respirou fundo e foi ver alguma coisa pra comer. Mas Janete tinha deixado tudo
pronto, torradas, geleia, suco.
Rosa
estava comendo, quando a campainha tocou. Ela, ainda lambendo os dedos, correu
e abriu a porta.
O
entregador era um homem não muito alto, estava cima do peso, tinha os olhos
claros, cabelo branco, mas com vestígios de loiro, tinha as bochechas coradas.
Rosa: Bom dia!
Entregador: Bom dia! A senhora é
Rosa Petroni?
Rosa: Sim sou eu, minha
amiga Janete mandou você entregar. Entra, coloca ali sobre a mesa.
Entregador: Sim, senhora.
Enquanto
aquele homem estranho colocava as compras sobre a mesa Rosa procurava algum
dinheiro na bolsa pra entregar a ele.
Entregador: Desculpa perguntar,
mas a senhora é dona de uma construtora famosa aqui não é?
Rosa: Sou dona da metade
dela, por quê?
Entregador: Vi a foto da senhora
em um jornal a um tempo atrás. Essa construtora é uma das melhores do país pelo
que sei.
Rosa: Sim, pelo menos é o
que dizem os jornais e as pesquisas. Aqui o dinheiro, muito obrigada.
Entregador: Obrigado à senhora.
O
homem saiu e Rosa voltou a comer tranquila. Depois que acabou seu café, ela pegou
sua bolsa e seguiu para a clínica.
(09:01 – Construtora)
Claude
acabou chegando atrasado e tinha uma reunião marcada às oito e cinquenta. Ele
entrou às pressas e esbarrou em um faxineiro.
Claude: Pardon.
Faxineiro: Olha por onde anda.
Claude
respirou fundo, mas resolveu não ligar para aquela ousadia, então seguiu para a
sala de reuniões.
Claude: Pardon o atraso
senhores, o trânsito essa hora é complicado.
Frazão: Bom dia, Claude, não
se preocupe eu e meus amigos aqui estávamos conversando sobre futebol.
Claude: Enton, vamos lá.
(09:15 – Clinica)
Rosa
estava nervosa na sala de espera, balançava a perna agoniada, quando a
recepcionista falou que ela podia entrar.
Rosa: Bom dia, doutora.
Doutora: Bom dia, senhora
Geraldy.
Rosa: Ah! Não, apenas Rosa,
por favor.
Doutora: Então, a senhora acha
que está grávida?
Rosa: É sim, fiz um exame,
aliás dois exames de farmácia e os dois deram positivo.
Doutora: Quais os sintomas que
a senhora anda sentido?
Rosa: Bem, começou com um
enjoou, depois uma tontura, enjoou de novo, fome excessiva.
Doutora: É, pelos os sintomas
pode ser uma gravidez. Venha, vou pedir pra enfermeira coletar um pouco do seu
sangue e em alguns minutos vamos saber.
Depois
de meia hora, Rosa estava de volta à mesa da doutora, que já estava com os
resultados dos exames na mão.
Doutora: Bem, Rosa, pelo
resultado, sim você está grávida. (disse com um sorriso no rosto)
Rosa: Ai, meu Deus! Grávida,
é sério?
Doutora: Sim, de mais ou menos
um mês e meio.
Rosa
deu um sorriso largo, já estava começando a se acostumar com a ideia de ser
mãe.
Doutora: O papai já sabe dessa
desconfiança que você tinha?
Rosa: Ah! O pai... (disse
abatida)
Doutora: Oh, me desculpa fui
indiscreta. Há muitas mães solteiras, hoje em dia, e acho muito bonito.
Rosa: Não, que é isso
doutora? Ele ou ela tem pai sim, mas ele ainda não sabe.
Doutora: Aposto que vai ficar
muito feliz.
Rosa: Vai sim... É vai...
Doutora: Vou passar algumas
vitaminas pra você e um remédio para esse mal estar. Aqui tem uma tabela para o
seu pré-natal, começaremos nessa mesma data no mês que vem, ok?
Rosa: Ok! Mês que vem já
vai dar pra saber alguma coisa sobre o bebe.
Doutora: Com a tecnologia sim,
vamos poder vê-lo em 3D, mas o sexo ainda é muito cedo.
Rosa: Só de poder ouvir o
coraçãozinho dele já vai ser maravilhoso.
Rosa
almoçou com Janete no shopping e seguiu para a construtora.
(13:50 –
Construtora)
Rosa
estava feliz, mas muito nervosa. Ela tinha tomado a decisão de mostrar os
exames a Claude e contar da gravidez. E caso ele não aceitasse a criança,
estava disposta a vender suas ações na construtora e ir criar, sozinha, seu
filho na Itália.
Silvia: Boa tarde, dona Rosa.
Rosa: Boa tarde, Silvia.
Ela
respirou fundo e se dirigiu até sua sala. Claude estava sentado em sua mesa,
assinando uma pilha de documentos. Ao vê-la seu coração, acelerou e um brilho
invadiu seus olhos.
Claude: Rosa! Boa tarde.
Rosa: Oi, Claude, boa
tarde.
Mergulhar
naqueles olhos castanhos dele, sentir seu perfume amadeirado impregnado naquela
sala mexeu com todos os sentidos de Rosa. Ela queria abraçá-lo, queria apoio.
Claude: Mon Dieu, hoje, a
manhã foi um caos. Estou exausto, cheguei atrasado e tinha aquela bendita
reunion logo cedo. Ainda quando entro no elevador, a esposa do Luiz, o
responsável pelo Departamento de Pessoal, estava com o filho no colo, tinha
mais ou menos uns 7 meses. A criatura non parava de chorar, aquele choro
enjoado. Mon Dieu me deu uma dor de cabeça que tô até agora.
Rosa: Ah! Um bebê... É assim
mesmo.
Claude: Foi ao médico?
Rosa: Fui sim.
Claude: E o que ele dissi?
Rosa: Nada demais, disse
que eu tô apenas com uma anemia leve, receitou algumas vitaminas, só isso.
Claude: Tem que se alimentar
direito, chérrie.
Rosa: Eu sei.
Claude: Bem, eu vou lá na
sala do Frazon, tenho que entregar essa papelada a ele.
Rosa: Certo.
Claude: O que foi?
Rosa: O que foi o que?
Claude: Tem certeza que é só
uma anemia?
Rosa: Tenho sim.
Claude: É que você tá
estranha, pra baixo.
Rosa: Eu tô só cansada, não
se preocupa.
Claude: Tudo bem, já volto.
Claude
pegou os papéis e foi até a sala de Frazão.
Claude: Aqui eston os papéis.
Frazão: Rosa chegou?
Claude: Chegou sim. Acredita
que ela tá com anemia?
Frazão: Essas mulheres ficam
fazendo regimes doidos e dá nisso.
Claude: Eu fico preocupado.
Frazão: Ah! Tá louco pra
cuidar da sua esposinha.
Claude: Que issi Frazon, para
de falar besteira.
Frazão: Ah! Claude tá na sua
cara.
Claude: Vou tomar um café.
Frazão: Me espera, eu vou
também.
Claude
e Frazão seguiram para a mini-sala de estar para tomarem o café. Enquanto
Frazão preparava o dele, Claude observou o faxineiro com quem esbarrou logo de
manhã.
Claude: Frazon, você conhece
aquele faxineiro ali.
Frazão: Não, deve ser novo na
companhia de limpeza.
Claude: Muito estranho ele.
Frazão: Você acha?
Claude: Hoje pela manhã
esbarrei sem querer nele e ele non foi nada educado. E olha que pedi pardon,
hã.
Frazão: Não deve saber que
você é o dono disso aqui.
Claude: Non sei non, ele fica
olhando pra tudo com um jeito. Bem, deve ser besteira da minha cabeça.
Assim
o dia se passou e tudo correu bem no trabalho. No final do expediente, Claude e
Rosa saíram juntos da sala. Enquanto caminhavam pela recepção, Rosa reparou no
tal faxineiro.
Rosa: Aquele faxineiro ali,
eu acho que o conheço.
Claude: Conhece?
Rosa: Não sei, hoje teve um
entregador lá em casa muito parecido com ele. Mas, deve ser impressão minha,
vamos.
Claude: Vamos.
No
estacionamento, os dois caminharam lado a lado até seus carros.
Rosa: Bem, eu já vou.
Claude: Espera. (disse
segurando no braço dela)
Rosa: O que?
Claude: Janta comigo hoje à
noite lá em casa?
Rosa: Não sei, Claude, eu tô
muito cansada. Não sei se vou estar disposta a sair de casa. Fica pra próxima.
Claude: Tudo bem. Boa noite.
Rosa: Boa noite.
O
jeito estranho de Rosa não passou despercebido por Claude. O brilho que antes
ela tinha no olhar ao vê-lo continuava ali, mas o olhar estava triste,
distante.
Rosa
entrou em seu carro e no caminho percebeu que um carro a seguia. Ela ficou com
medo, mas continuou dirigindo. Só relaxou quando perto do seu apartamento o
carro dobrou em uma rua.
(19:30 – Apartamento
de Rosa)
Rosa
tomou banho e estava na sala vendo TV. Janete se arrumava, pois ia jantar com
Frazão.
Janete: E aí amiga como
estou? (disse dando uma voltinha)
Rosa: Se eu fosse homem
pegava.
Janete: Minha maluca
favorita. E aí contou pro Claude?
Rosa: Não, eu ia contar,
mas perdi a coragem.
Janete: Ai, amiga, não fica
com essa carinha, pensa no bebe.
Rosa: Acredite, é no que eu
mais tenho pensado.
Janete: Bem, eu já vou, se
não vou me atrasar. Não tenho hora pra voltar, tá?
Rosa: Eu tenho a companhia
do meu filho. Divirta-se.
Janete
deu um beijo na amiga, pegou sua bolsa e saiu.
Rosa
levantou foi até a cozinha pegar um copo de água, então, a campainha tocou.
Rosa: Janete deve ter
esquecido as chaves e veio buscar.
Rosa
colocou o copo sobre o balcão e foi atender. Ao abrir a porta, seu coração foi
a mil. Ele estava lá parado em sua porta.
Rosa: Claude?!
Claude: Eu sei que non devia
estar aqui, sei que devia respeitar a sua vontade de se afastar de mim, mas eu
ia acabar enlouquecendo se non viesse até aqui.
CONTINUA...
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