CAPÍTULO
XXXVIII - QUANDO DOIS FORMAM “UM”
D:
Deus do céu, D. Rosa! Compraram a loja toda, foi? – Pergunta Dadi, diante de
tantas sacolas.
R:
O Claude, Dadi! Tudo que via, queria comprar e, olha, foi difícil parar nisso
que você tá vendo.
Claude
se aproxima das duas. Para em frente de Rosa, faz uma careta pra ela e diz,
olhando para a barriga dela:
C:
Crianças, non escutem o que elas dizem... tudo invençon, hã?
R:
Não é não, crianças! Seu pai é um exagerado! São só dois, Claude, e você queria
comprar tudo em dobro pra cada peça! Rsrsrsrs
C:
“Só dois”? Hummm, da próxima vez, enton, vamos tentar três... ou quatro, que
tal?
R:
Claude! Olha a Dadi.
D:
Liga não, D.Rosa, que não tô ouvindo nada, visse?
R:
Dadi, eu vou deixar tudo aqui. Essas sacolas de roupinhas, depois eu tenho que
lavar.
D:
Oxe, D. Rosa... eu cuido delas... lavo, passo, tudo bonitinho, visse?
R:
Obrigada, Dadi... eu sei que isso não é serviço seu.
D:
Faço questão, D. Rosa.
R:
Então, obrigada de novo! Ah, Dadi! Não precisa fazer nada pro jantar. A gente
comeu por lá mesmo. Mais tarde, eu como uma fruta, ou um lanche... Considere-se
dispensada.
D:
Sim, senhora. Mas não deixe de comer alguma coisinha mais tarde.
C:
Rosa, vamos subir? Você precisa descansar, hã? Andamos muito pelo shopping –
Ele pega Rosa pela mão e vai andando pra escada.
R:
Claude! Eu tô grávida, não doen... Ai, espera, espera... ai! ai!
C:
Que foi, chérie... onde tá doendo? – Claude fica nitidamente pálido, enquanto
fala.
R:
Calma, amor! É só uma cãibra... mas, dói muito... Não dá pra eu andar...
espera...
C:
Non falei? – Ele diz, ao mesmo tempo em que a pega nos braços - Acabou a
diverson... pro descanso! E a leva para o quarto, aliviado por ser somente uma
cãibra.
No
quarto, ele coloca Rosa na cama e tira os sapatos dela, ajeita os
travesseiros...
C:
Sabe que non é a primeira vez que faço isso? – Ele mexe nos cabelos dela.
Colocar você na cama, tirar seus sapatos... Só que na primeira vez, não foi
nessa cama.
R:
Não... E eu não estava grávida e nem com uma cãibra horrível!
C:
Non passou ainda? Enton, eu vou fazer uma massagem em sua perna.
Ele
pega o creme que Rosa usava e antes de começar a espalhar o creme nas pernas
dela:
C:
Chérie, melhor você tirar a saia... o creme pode sujá-la, hã?
R:
Então, me ajuda... tá realmente doendo muito... – Ela desabotoa a saia e ele a
ajuda a tirá-la.
C:
Deita mais na cama... relaxa chérie... É só massagem mesmo, oui? Eu non me
aproveitaria de você assim.
R:
E quando você se aproveitaria de mim?
C:
Mais tarde eu te mostro, d’accord? Quando você puder se movimentar sem
problemas...
Então
ele começa a deslizar suas mãos pelas pernas dela, massageando desde os pés até
as coxas.
R:
Hummm, isso tá muito bom... não para não...- Ela fecha os olhos – Claude, por
que você acha que é um casal?
C:
Non sei... apenas sinto, mon amour. Eu estava lendo e no seu próximo ultrasson
já vai dar pra saber o sexo... Você quer saber antes deles nascerem?
R:
Não sei... não pensei nisso ainda... você quer?
C:
O que você decidir eu concordo... melhorou? Passou a dor?
R:
Tá passando... faz mais um pouquinho – ela continuava de olhos fechados – Onde
você leu isso?
C:
Eu comprei um livro pra me informar e poder te ajudar. É aquele que eu tava
lendo hoje de manhã. Nossa, tem tanta coisa que eu non sabia, non fazia idéia.
Sabia que eles podem sentir se son amados ou rejeitados?
R:
Hum-hum...
C:
Como é que pode alguém rejeitar uma parte de si mesmo? Ah! Se a gente souber o
sexo antes, podemos escolher os nomes e parar com essa história de chamá-los de
“crianças”, “bebês”. Assim eles vão se acostumando com os nomes... criando
identidade! Rsrsrs... Que você acha, Rosa?... Rosa?
Mas
Rosa já dormia, embalada pela voz de Claude e, claro, pelos toques de suas mãos
massageando seus pés, suas pernas...
Claude
para a massagem e cobre Rosa. Pega o tal livro e vai até a poltrona na intenção
de ler mais um capítulo. Porém, seus olhos pousam em Rosa e ele sem pensar duas
vezes, joga o livro sobre a poltrona e se deita ao lado dela.
Rosa
adormecera deitada de costas. Claude estava apenas de camiseta e cueca. Ele se
deita de lado e coloca sua mão cobre o ventre dela, como sempre fez... Mas ele
não dorme. Apenas fica olhando, deslizando sua mão pela barriga dela, por um
bom tempo. E desta vez, desta vez, ele pensava em como uma coisa tão natural
podia mexer tanto com a emoção de alguém, o quanto Rosa ficara exposta ao perigo
naqueles quatro dias... o quanto ele temera em perdê-la, a ela e aos gêmeos...
E sem perceber os seus pensamentos tomam sua voz:
-
Mon Dieu... son dois pedacinhos... de Rosa e de mim... Vocês son uma mistura
linda, feita com amor... um grande amor... entre o papai e a mamãe e esse amor
non vai acabar nunca... Só vai crescer, porque ela me faz o homem mais feliz do
mundo... me presenteou com um sonho lindo, o sonho mais lindo que eu podia
ter... vocês. E só podia ser com ela, hã? Sabiam que, até quando a gente briga,
ela me faz feliz?Porque depois a gente faz amor e...
Ele
encosta o ouvido nela e continua:
-
O que é fazer amor? Ah Mon Dieu... melhor perguntarem pra sua mãe depois, hã?
Ela vai saber explicar melhor que papai, oui?
R:
Ah, vai ser assim, Dr. Claude Geraldy? – Ele se assusta ao ouvir a voz dela e
acaba sentando na cama.
C:
Rosa... chérie... eu tava só conversando um pouquinho com eles, desde que parte
você tá ouvindo, hã?
R:
Desde “ela me faz o homem mais feliz do mundo...”
C:
Serafina Rosa Petroni Geraldy, isso é muito feio! Ficar escutando a conversa dos outros, hã?
Non foi assim que seus pais te ensinaram non.
R:
Ehhh, não mude de assunto não, francês... quer dizer que “eu” vou ter
que explicar “certas coisas” para as crianças sozinha? – Ela fica
de joelhos, na cama, e fala apontando o dedo para ele.
C:
Non. Quem disse isso, hã? – Ele se arrasta até encostar na cabeceira da cama.
R:
Você disse... acabou de falar “melhor perguntarem pra sua mãe, depois hã”? “Ela
vai saber explicar melhor que papai, oui?...” Imita a voz de Claude.
Usa
um tom ameaçador e vai passando as pernas sobre as dele, ficando bem pertinho
do rosto de Claude.
C:
Rosa... foi só uma maneira de falar...eu non sabia o que dizer... quando eles
perguntaram aquilo.
R:
Eles perguntaram é? Eu não ouvi nada. – Ela começa a passar sua mão pela nuca
dele.
C:
Ah... mas era uma conversa reservada, oui? Um segredinho entre pai e filhos,
mas agora que você já sa... – Rosa não deixa ele terminar e encosta seus dedos
nos lábios dele.
R:
Xiiiii... depois a gente resolve isso... quem explica o que pra quem... - Ela vai beijando ele até chegar
em seu ouvido - Sabia que já passou aquela dorzinha chata da cãimbra? – Sua
respiração é pesada.
Mais
tarde, depois do amor, eles descem pra comer alguma coisa.
Enquanto
Rosa separa algumas coisas:
C:
Rosa, você non vai pôr geléia de goiaba em nada do que vai comer, non é? Ele
pergunta ao vê-la pegando pão, queijo, presunto, bolacha...
R:
Hummm! Boa ideia! Acho que vai ficar bom
também! Ela diz só pra ver a reação dele.
C:
Mon Dieu! Eu e minha boca... melhor você non misturar porque da última vez que
você comeu pão com queijo, os gêmeos non gostaram non...
R:
Fique tranqüilo, papai agora não tô com vontade de geléia não. Não quero nada
doce...
C;
Que alívio, hã? Non é nada fácil segurar sua cabeça, quando você... passsa mal
rsrsrsrsrs
R:
Amor... eu pensei sobre o que você falou sobre saber o sexo dos bebês... Eu
acho que a gente deve saber antes mesmo... Pra parar de se referir a eles como
se estivessem longe da gente: as crianças, os gêmeos... fica muito... frio!
C:
D’accord, chèrie! Eu também penso assim, só non queria te pressionar por isso.
Quando a gente for fazer os exames, ficaremos sabendo. Isso se eles deixarem...
non se esconderem.
R:
“A gente” for fazer os exames? Você quer ir comigo ao médico?
C:
Oui! Eu quero ser um pai presente, hã? Quero acompanhar tudo isso que tá
acontecendo dentro de você! A não ser que você non queira que eu vá...
R:
Claro que eu quero! É que vocês homens não gostam dessas coisas normalmente.
Nós vamos adorar sua presença. – Ela sorri abertamente pra ele.
C:
Eu penso que todo homem devia ser mais interessado na saúde de sua família e na
própria saúde. Esse livro que eu estou lendo é muito bom. É uma aula pra
transformar um homem em pai. Não no sentido biológico da situaçon, como é que
era mesmo? “Non basta ser pai, tem que participar!” É isso. Essa frase explica
tudo...
R:
Nossa! Eu acho que os seus hormônios também foram afetados! Rsrsr Você tá tão...
tão sensível, preocupado...
C:
Olha quem fala! Você, depois que ficou grávida, tá toda “camaleão”,
hã?
R:
Camaleão? Nunca ouvi isso!
C:
Non, porque acabei de inventar! Rsrsr Quer dizer que você muda muito de
repente! Qualquer coisinha e, pronto, você muda de humor, passa do alegre para
o triste em segundos... Mas, por outro lado, você tá cada vez melhor na cama,
hã? E lança “aquele” olhar sobre o corpo dela.
R:
Claude! Eu acho que eles ouviram, isso... e querem saber o que significa... -
Ela o desafia com o olhar.
C:
Ahhh... - Ele devolve o olhar - isso papai explica: prestem atençon, crianças,
eu quis dizer que a mamãe... tá dormindo tempo demais... é isso: cama =
dormir... tudo a ver... touche, hã? - E faz uma careta pra ela... - Falando
nisso hora de dormir... son mais de meia noite e amanhã será um longo dia, chérie...
R:
D’accord... Passou no teste! Um a zero pra você! Por enquanto, meu amor.
C;
Ah, então você confessa que era um teste? ... – E vão subindo para o quarto...
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