domingo, 30 de setembro de 2012

HOMENAGEM A HEBE CAMARGO

Cala-se a voz de mais um pioneiro da TV brasileira, a inconfundível Hebe Camargo.
Conhecida pelo bordão “gracinha” e pela gargalhada divertida, Hebe esteve em frente às câmeras por 60 anos, atravessando gerações e entrevistando artistas de variadas épocas em seu famoso sofá.
Para saber mais sobre Hebe Camargo, favor consultar: http://gente.ig.com.br/hebecamargo/#topoBiografia.
Vai fazer muita falta na TV brasileira!
Com o objetivo de homenageá-la, reproduzimos abaixo reportagem do Jornal Hoje que fala de sua vida e de sua carreira.
Descanse em paz, gracinha.


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=oUtCGfCRiTU


HOMENAGEM A TED BOY MARINO

Falar em Ted Boy Marino é falar de uma época em que heróis eram mesmo heróis e vilões, vilões. Época de torcer e sofrer muito, mas ver o bem vencer o mal. O que já não ocorre hoje em dia...
Para além das lutas, Ted era aquela figura simpática e companheira que foi um dos Trapalhões e depois esteve ao lado da formação mais famosa como figurante.
Ele andava esquecido nos últimos tempos, mas para nós não...
Para saber mais sobre Ted Boy Marino, favor acessar: http://www.museudatv.com.br/biografias/Ted%20Boy%20Marino.htm.
Com o objetivo de homenagear Ted Boy Marino, exibimos abaixo um vídeo que foi feito em sua homenagem pelo Baú da TV no Youtube.
Descanse em paz Ted, para sempre nosso herói.



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=PDub1jGi2cM

O INFERNO DE UM ANJO - CAPÍTULO 18 - PARTE 2 - COLABORAÇÃO: PAULO SENA


O INFERNO
DE UM ANJO

Romance-folhetim



Título original:
L’enfer d’unAnge


Henriette de Tremière/o inferno de um anjo

(Texto integral) digitalizado
e revisado por Paulo Sena

Rev. G.H.
BIBLIOTECA GRANDE HOTEL


- Mas não posso! - proferiu o barão Ernesto, que antepunha sua honra sobre tudo. - Luís Paulo não me pertence mais, agora, mas sim à justiça! Não se pode ocupar de outrem quando ele próprio, apesar de tudo o que disse, deverá responder à acusação de uma tentativa de morte e, eventualmente,receber o castigo!
Ao ouvir aquelas terríveis palavras, Luís Paulo cobriu o rosto com as mãos, arrasado. O conde Fernando, perplexo, malgrado seu, ante a sincera dor do rapaz, voltou-se para o barão e disse:
- Não o atormente mais, por hoje. Compreendo o quanto deve estar chocado com o que aconteceu, mas não deve esquecer que Luís Paulo é seu filho. Espero que aceite ser meu hóspede por esta noite e acredito que estamos todos necessitando de repouso. Amanhã falaremos com calma e de cabeça fria sobre o acontecido, e estou certo de que tudo se esclarecerá.
Quando o conde Fernando, curvado sob o peso de sua preocupação, saiu da biblioteca, o barão disse ao filho:
- E agora, que estamos a sós, explique-me uma coisa: Você mesmo quis que eu o fizesse internar na clínica do doutor Démon, para que descobrisse o que acontecera a uma certa moça. Posso saber como se chama ela?
- Não há nenhuma dificuldade, chama-se Maria... Seu sobrenome, eu não sei.
- Quem são seus pais? De onde é ela?
- Sei apenas que veio a Nova Orleans para obter notícias da mãe que, embora não fosse louca, parece que estava internada no manicômio desse médico maldito!
- Estórias! - cortou o velho - você já me quis impingir isso, mas basta! A clínica do doutor Démon não é um cárcere, mas um lugar onde se tratam doentes mentais! Estou certo de que a moça por cuja causa você fez tantas tolices não passa de uma sirigaita mentirosa que, por qualquer motivo o fez agir como você agiu, absurdamente!
- Papai, está enganado! Se o senhor tivesse conhecido Maria, não falaria assim! É doce e gentil, e eu tive compaixão do seu sofrimento e do seu triste passado!
Nervosamente, com as mãos nas costas, o barão permaneceu silencioso por alguns instantes, medindo à largas passadas, o salão. Finalmente, detendo-se, disse:
- De qualquer maneira, estou decidido a procurar agora mesmo o doutor Démon para esclarecer isso tudo e verificar se você disse a verdade. Enquanto isso, ordeno a você que não saia daqui e espere o meu regresso, antes de tomar qualquer decisão. Advirto-o, porém, de que, no momento em que verificar quão é falso o que você me contou, não terei escrúpulo nenhum em cumprir o meu dever!
- Pode fazê-lo, papai, faça como deseja! De nenhum outro modo, o senhor poderá se convencer, com maior exatidão, da minha inocência!
Embora já fosse noite alta, o desejo do barão de esclarecera situação era tal que, servindo-se de sua carruagem, não hesitou em se dirigir ao manicômio do doutor Démon.
Enquanto o veículo atrelado por bons cavalos corria veloz dentro da noite, Luís Paulo, na biblioteca do palácio condal, aguardava o retorno do pai, não totalmente tranquilo.
Tinha visto quanto o doutor Démon era hábil em simular, e temia que o malvado indivíduo inventasse outro qualquer expediente diabólico para falsear a verdade e desviar as pesquisas que pudessem conduzir à descoberta de algo que o comprometesse.
O tempo de espera pareceu uma eternidade ao rapaz. Apesar de tudo, porém, ele tinha fé no triunfo da verdade que, estava certo, haveria de vir à tona.
Olhando distraidamente os tições ardentes que se consumiam pouco a pouco na lareira do salão, pensava:
"Se meu pai conseguir esclarecer a situação, estarei finalmente livre e minha adorada Maria estará salva!”
Mais uma hora decorreu lentamente e, depois, ouviu o ruído de uma carruagem que percorria a alameda central do jardim.Não podendo dominar a impaciência, Luís Paulo abriu aportada biblioteca e atravessando rapidamente o vestíbulo, mal teve tempo de ver o pai que, no escuro e com a cabeça baixa,descia do veículo.
-Papai! - gritou.
Mas o barão Ernesto lhe cortou a palavra com um gesto imperioso:
- Cale-se,miserável! Agora estou mais convicto de que foi você quem apunhalou a pobre Flora Sardon! Você sabe mentir muito bem, e eu consegui verificá-lo! Tanto o doutor Démon, que de resto é uma excelente pessoa, como seus auxiliares, asseguraram-me que você fugiu do manicômio há alguns dias, conforme, aliás, já me haviam dito!
- São uns farsantes! - reprovou Luís Paulo, não podendo dominar a ira que o invadia. - Mentem! Todos eles mentem! Diga-me, então: deixaram que visse a moça? Que disse Maria a você?
Como única resposta, o velho fidalgo pôs diante do filho um papel:
- Tome, leia e verifique qual é a vontade daquela que você quer proteger, e que disse amar!
O jovem passou um rápido olhar pelo texto, que, mediante um engodo, o doutor Démon obrigara Maria a escrever,e sua fronte se cobriu de frio suor.
- Não é possível que ela tenha escrito isto! Este documento é falso! É parte de uma diabólica maquinação, cujo objetivo não posso entender!
- Mas eu entendo muito bem! - retrucou o barão. - Apesar da hora inoportuna da visita, o doutor  Démon mandou chamar a moça e ela, diante de mim, confirmou o que havia escrito!
- Não compreendo! - Balbuciou Luís Paulo - não entendo mais nada...
Suas últimas palavras foram abafadas pelo ruído de outro veículo que chegava. O barão foi à janela e disse, com um tom de voz um pouco mais doce e paternal:
- Desculpe-me, Luís Paulo, tive que chamar a polícia! Embora Fernando não o creia culpado pelo crime de que Flora foi vítima, todas as provas são contra você. Se há qualquer coisa que quis esconder-me, deverá dizê-la agora, diante dos representantes da lei. Eu cumpri com o meu dever.
Dois minutos depois, Pedro, o mordomo, surgia à porta da biblioteca, dizendo, com voz pouco firme:
- Com licença, senhor barão... Um inspetor da polícia, acompanhado de dois esbirros, procuram seu filho...


- Está bem. Mande-os entrar.
O mordomo se afastou para dar entrada a um homem alto de feições severas, seguido de dois outros, uniformizados.
- Luís Paulo de Rastignac - disse o recém-chegado, sem sequer cumprimentar - em nome da lei, declaro-o detido,sob acusação de tentativa de homicídio contra a senhorita Flora Sardon!
- Mas eu não atentei contra ela! - replicou Luís Paulo, lançando um olhar angustiado em direção ao pai. - Posso fornecera prova da minha inocência!
- Se é assim, terá ocasião de demonstrá-lo perante o juiz de instrução - cortou o inspetor. - Por ora, acompanhe-me!
Resignado, de cabeça baixa, Luís Paulo se dirigiu para a porta.
Não havia, porém, ainda transposto o umbral, quando o velho barão se aproximou e, cercando-o com os braços, atraiu-o contra o peito, soluçando:
- Filho, meu filho! Rogo a Deus que você não seja realmenteculpado... Mas, seja como for, dê-me um abraço antes de ir!
Incapaz de reagir ante aquelas palavras, com os olhos cheios de lágrimas, Luís Paulo se deixou estreitar pelos braços paternos, enquanto, respeitando a dor dos dois homens, os agentes da lei esperavam. Por muito tempo, depois da partida do pobre moço, o barão Ernesto permaneceu imóvel, de pé, enquanto na biblioteca reinava um silêncio profundo, tétrico, angustioso...


PARA MEDITAR

“Na juventude, aprendemos; na maturidade, compreendemos.” (Marie Von Ebner-Eschenbach)

SESSÃO BISCOITINHOS - O MENINO E O CACHORRO


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=MqHeYAdCpzQ


sábado, 29 de setembro de 2012

AGRADECIMENTOS DA LETE À TURMA

**** Lete Souza ****:http://www.youtube.com/watch?v=pQ742o18yDo
28 Set 12, 03:46
**** Lete Souza ****: Bjssssssssssssssssssssss com carinho!!!!!!!
28 Set 12, 03:46
**** Lete Souza ****: Maisss uma vez Obrigaaadaa por fazerem parte desse diaaaaa que foi taããao importante pra mim!!! Muitaaa Alegriaaaa no ♥ de vcsss !!! muitasss Alegriaaaaaaaaas !!!! Saibaa que jamais esqueço vcs!!!!!!!
28 Set 12, 03:44
**** Lete Souza ****: Meussssssss mil Agraaaaaadecimentossss minhaaa familiaaa virtual!!!!!
28 Set 12, 03:44
**** Lete Souza ****: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
28 Set 12, 03:44
**** Lete Souza ****:http://www.youtube.com/watch?v=pQ742o18yDo
28 Set 12, 03:42
**** Lete Souza ****: ♥ Bjsssssssssssssssssssssssss mil!!!!!!! Eu Amo vcsssssssss sempre amados biscoitinhos e biscoitinhas!!! Lete Souza...
28 Set 12, 03:41
**** Lete Souza ****: Obrigada vocês por existirem! Vocês são muito especial paraaa mim!!!!!!!!!!!!! Obrigaaaaaaaaaaaaaadaaaaaaaa por num esquecerem de mim!!!!!!!!
28 Set 12, 03:40
**** Lete Souza ****: Se você ficar perdida... Seus amigos para semprem a guiará e a animará.Considero vcs todossss um desses amigos... Amigosss para sempre..
28 Set 12, 03:39
**** Lete Souza ****: Seus amigoa para sempre ficam ao seu lado... nas horas difíceis, nas horas tristes... Principalmente nas horas que você está confusa. Se você virar e for embora... Seus amigos para sempre o seguiram.
28 Set 12, 03:39
**** Lete Souza ****: Quando você está deprimida E o mundo parece escuro e vazio, seus amigos para sempre animam seu espírito, fazendo com que aquele mundo escuro e vazio de repente pareça iluminado e preenchido
28 Set 12, 03:38
**** Lete Souza ****: As vezes em nossas vidas encontramos Amigos ... Que convence você de que existe uma porta destrancada só esperando para que você abra. Estas são Amizades para Sempre
28 Set 12, 03:35
**** Lete Souza ****: Mariaaa e Marizinhaa muito obrigaadaa ... Quee papai do céu de tudo em dobro ah vcs!!!!! *--* Jeee Obrigaadaa m,aninho pelo carinho!! Amo todos vcs!!!
28 Set 12, 03:35
**** Lete Souza ****: Mariaaa e Marizinhaa muito obrigaadaa ... Quee papai do céu de tudo em dobro ah vcs!!!!! *--* Jeee Obrigaadaa m,aninho pelo carinho!! Amo todos vcs!!!
28 Set 12, 03:34
**** Lete Souza ****: Feeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!! Obrigaaaaadaaa pelo seu carinho viste??? Adoreiii!!!!! é muito bom receber esse seu carinho em uma data tãao importante!!!! Obrigaada de coraçaããaaaaaaaaao!!!!!!!!! :D
28 Set 12, 03:34
**** Lete Souza ****: Boaaa tarde meus Amigoss do ♥ eu vim Agraadecer por todo carinho de vcss mas Acho que desaprendi a comentar Aqui rsrsr eu num toh conseguindo!!1 mas vou mandar meus Agraadecimentos por Aquii!!! =}

PARA MEDITAR

“O mundo é um grande palco de teatro, onde todos nós somos os principais atores diante do grande espetáculo da vida.” (Nelson Rodrigues)

SESSÃO FOTONOVELA - COMPRA-SE UM MARIDO

A fotonovela que reproduzimos abaixo foi publicada na revista Sétimo Céu em número que desconhecemos no ano de 1973.
Nossos agradecimentos à amiga Maria do Sul que nos doou esse material.
Boa leitura!


















sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O INFERNO DE UM ANJO - CAPÍTULO 18 - PARTE 1 - COLABORAÇÃO: PAULO SENA

O INFERNO
DE UM ANJO

Romance-folhetim



Título original:
L’enfer d’unAnge


Henriette de Tremière/o inferno de um anjo

(Texto integral) digitalizado
e revisado por Paulo Sena

Rev. G.H.
BIBLIOTECA GRANDE HOTEL


Capítulo XVIII

O DESTINO DE UM INOCENTE

Quando o conde Fernando entrou na biblioteca, encontrou o barão numa poltrona, com a cabeça entre as mãos, numa atitude de grande desconforto... Vendo que o fidalgo olhava à sua volta com ar interrogativo, o velho acenou com a cabeça para uma porta que abria para a parte oposta àquela de onde o amigo havia entrado.
- Mandei Luís Paulo para lá. Não quis nem mesmo ouvir-lhe uma palavra, antes que você viesse... Não era necessário... Mas, diga-me antes, como está a senhorita Flora? Que disse o médico? Corre perigo de vida?
O conde Fernando encheu um cálice com licor e bebeu-o de um trago. O que acontecera, aumentando as terríveis emoções da semana anterior, parecia tê-lo envelhecido prematuramente.
- Infelizmente, a ferida é grave - disse com voz que tentava ser firme. - Mas agora, se não o desagrada, chame seu filho. Quero esclarecer de vez esta questão, embora o assunto seja muito doloroso tanto para você como para mim...
O barão Ernesto se pôs de pé e dirigiu-se para a porta, abrindo-a com decisão.
Pálido, mas franco e resoluto como quem sabe que nada tem a reprovar a si mesmo, Luís Paulo apareceu no espaço aberto.
O conde Fernando, que o conhecia desde criança e estava habituado a tratá-lo amigavelmente, disse-lhe:
- Temos que falar muito seriamente. Recuso-me a crer que tenha sido você quem golpeou a senhorita Flora, mas...
- Um momento! - interrompeu o pai de Luís Paulo, saindo de sua dolorosa meditação. Depois, com a fisionomia fechada e os olhos cintilantes, voltou-se para o jovem: - Fernando é demasiadamente bom e gentil, mas se realmente você cometeu o delito do qual Flora Sardon o acusou, não merece nenhuma defesa, nenhuma piedade! Fique sabendo que serei eu o primeiro a entregá-lo à polícia!
Embora o coração lhe batesse descompassadamente, e ainda se sentisse muito abatido pelo tratamento que lhe haviam infligido a marquesa Renata e o doutor Démon, Luís Paulo se adiantou com passo firme, fitando o pai com determinação.
- Não penso em fugir à responsabilidade, papai - respondeu com calma. - Mas previno ao senhor que as suas palavras, embora justificáveis, não me causam medo; eu sou inocente!
- Inocente! - retrucou o barão, - Esta é sempre a primeira palavra que sai da boca de um culpado! É preciso provar que é inocente! É preciso dar uma prova!
- É exatamente o que desejo fazer, papai. Pergunte-me tudo o que quiser e, eu responderei!
- Escute, Luís Paulo. - prosseguiu o velho, aproximando-se do filho e olhando-o nos olhos como querendo ler no fundo de sua alma - você sabe que tudo fiz para lhe dar uma boa educação, digna da sua posição social, e para que um dia pudesse dignamente herdar o meu título, pois bem, responda-me agora: como pôde ter esquecido tudo o que lhe ensinei?Como se atreveu a macular dessa maneira o nosso nome?...
Luís Paulo, impulsivamente, deu um passo em direção ao velho.
- Pai, o senhor me insulta, se crê que sou culpado do que aconteceu! Tive sempre em mente e no coração os seus conselhos e seus sábios ensinamentos, Deus sabe disso!
- Se é verdade que você é um fidalgo, comporte-se como tal, confessando sua culpa: por que você feriu Flora Sardon? Por que tentou assassiná-la? Responda-me, ou ai de você!
Vendo que Luís Paulo ficara desconcertado ante as duras palavras do pai, o conde Fernando que, de resto, não conseguia convencer a si mesmo de que aquele belo e honesto rapaz tivesse chegado ao ponto de apunhalar uma jovem, como qualquer malfeitor, interveio:
- Ouça, Luís Paulo, reconheço que na vida de um homem não é difícil que surja um momento em que ele possa, quase num estado de inconsciência, deixar-se arrebatar pela paixão até a extrema violência, sei bem que em casos assim,até o mais nobre e melhor, será capaz de cometer ações que,de mente serena, não conseguirá sequer justificar. Admitido isso, diga-me sinceramente: é o responsável pelo que aconteceu esta noite?
Luís Paulo ergueu altivamente a cabeça e, levando a mão ao coração, solenemente, respondeu sem hesitação:
- Juro, perante Deus, que sou inocente. Eu não apunhalei Flora Sardon!
- Creio em você, Luís Paulo. - disse o conde Fernando, convencido pelo tom de sinceridade que vibrava nas palavras do jovem. - O coração me diz que você é inocente. Dê-me a sua mão e perdoe se, por um momento, pude duvidar de você.
Com um sorriso franco nos lábios, Luís Paulo apertou a mão do nobre, dizendo:
- Obrigado, conde!
Mas seu velho pai se interpôs entre os dois, exclamando:
- Um momento! Se o conde Fernando está disposto a acreditarem você e a lhe dar essa grande prova de amizade, pode fazê-lo. Mas eu sou seu pai e não posso permitir que sobre seu comportamento paire sequer a menor dúvida! Já lhe disse que prove sua inocência. Mas se não prová-la, não terá mais o direito de me considerar seu pai!
- Mas, papai - protestou Luís Paulo - eu lhe menti alguma vez, para que agora não acredite na minha palavra? Sabe que sempre fui honesto e leal e que nunca o envergonhei com nenhuma ação má!
- Gostaria de poder acreditar! - murmurou o barão. – Ficaria contente se pudesse novamente estreitá-lo em meus braços, sem sombra de suspeita! Mas se ora duvido da sua honestidade, não é por falta de amor paterno. Tenho ainda nos ouvidos a voz daquela infeliz quando pronunciava seu nome, como sendo o do seu agressor!...
- Já lhe disse que não é possível que tenha dito meu nome!
- Está querendo duvidar do que afirmo?
- Não, mas deve ter havido um terrível equívoco!
- Se há um equívoco, devemos esclarecê-lo imediatamente!
Antes de tudo, que fazia você esta noite no jardim deste palácio?
Luís Paulo ficou um momento perplexo.
- Seria demasiado longo explicar isso... Terei de contar o que me aconteceu antes.
- Pois trate de fazê-lo, então, mas procure ser o mais breve possível!
Luís Paulo, que por momentos sentia sua fraqueza aumentar, consequência ainda do grande esforço que fizera para livrar-se das rudes mãos dos criados de Fernando, sentou-se à beira de uma poltrona e, apoiando a cabeça dolorida numa das mãos, começou:
- Se devo desculpar-me, papai, espero que me permita dizer tudo o que puder fazer luz sobre o trágico acontecimento. Desculpe se começo a defender-me, fazendo-lhe uma pequena acusação: por que o senhor não veio ao meu encontro na clínica do doutor Démon, como ficara acertado? Por que o senhor não respondeu à carta que lhe mandei?
O barão Ernesto abriu os braços, espantado.
- Como poderia responder a uma carta sua, se não recebi nenhuma? Além disso, quando indaguei do diretor da clínica sobre sua saúde, foi-me dito, para minha enorme surpresa, que você tinha fugido, aproveitando a relativa liberdade que lhe davam, já que consideravam seu estado de saúde não ser particularmente grave.
- Tudo mentira! O doutor Démon me manteve sequestrado, servindo-se da cumplicidade de uma belíssima mulher, impedindo-me qualquer contato com o exterior e chegou até a me narcotizar, a fim de ter certeza de que não me comunicaria com ninguém de fora. Os rumores que corriam a propósito das irregularidades que acontecem no manicômio do doutor Démon eram perfeitamente fundados! Quanto à mocinha pela qual corri o risco de ficar para sempre prisioneiro naquele lugar maldito, está ainda lá, nessa clínica, e não sei como fazer para libertá-la, tal é a astúcia diabólica daquele homem!
- O que você diz é inverossímil! - exclamou o barão sacudindo, incrédulo, a cabeça. - Parece-me de fato impossível que em nossa cidade um homem possa ficar prisioneiro num lugar sem que ninguém tenha notícia dele! Não estamos mais na Idade Média e tais atrocidades já foram abolidas há muito tempo!
- No entanto, papai, eu juro que é a pura verdade!
- E ainda admitindo que o que você diz seja exato – replicou inflexível, o pai de Luís Paulo, que parecia querer resgatar, usando grande severidade, todo um passado de condescendência- qual o motivo de sua presença neste palácio?
- Mas é simples: hoje, milagrosamente, consegui fugir do manicômio, burlando a vigilância dos meus carcereiros, e saí pela estrada estadual, na esperança de encontrar uma carruagem que me levasse ao centro da cidade. Mas este bairro, principalmente à noite, é pouco frequentado, e assim só depois de ter caminhado um bom pedaço, fraco como estou, pude conseguir carona numa velha carruagem que me trouxe até ao portão do jardim. Aliás, meia hora antes, eu o vi, papai,quando passou na carruagem a toda velocidade, mas embora tivesse gritado, o senhor não me escutou. Se isto tivesse acontecido, agora eu não me encontraria na situação de ter que responder pela acusação de uma tentativa de homicídio!Minha intenção era pedir auxílio ao conde Fernando, para poder arrancar aquela moça das garras do doutor Démon.
- Não podia recorrer à polícia?
- Não, papai, seria inútil, sei muito bem que esse médico malvado é bastante esperto para tomar suas precauções e transfigurar de tal modo os fatos que, no caso de uma investigação por qualquer autoridade, tudo possa aparentar regularidade no seu manicômio.
O conde Fernando pôs-se de pé e colocou a mão sobre o ombro do jovem.
- Acredito em tudo quanto o rapaz disse - exclamou – e se não tivesse acontecido a desgraça que nos reuniu aqui, teria dado, sem dúvida nenhuma, todo o meu apoio para a liberdade da moça pela qual ele se interessa. Aliás, ainda lhe ofereço, se houver tempo.
Se bem que sua cólera já estivesse em parte abrandada, e se sentisse agora mais propenso a crer nas palavras do filho,talvez porque o conde Fernando fora o primeiro a demonstrar-lhe confiança, o severo barão Ernesto insistiu:
- Você é muito generoso e prestativo, amigo Fernando, mas Luís Paulo não sairá desta sala enquanto não estiver plenamente justificado! A acusação da senhorita Flora ainda pesa sobre ele. É impossível que ela delirasse, e é preciso descobrir o motivo!...
- Contudo - respondeu o conde Fernando que, tendo já estado em contato direto como doutor Démon por causa de Marta, interessava-se pela situação de Luís Paulo – Flora não estará em condições de falar por algum tempo, infelizmente. Se eu estivesse em seu lugar, Ernesto,ajudaria meu filho a levar a cabo o que pensava fazer...

SESSÃO CAPAS E PÔSTERES

A capa que reproduzimos abaixo foi publicada na revista Amiga TV Tudo nr. 133 de 05 de dezembro de 1972.
Boa diversão!


SESSÃO FOTO QUIZ

A foto da semana passada é da atriz Vera Fischer.
Agora tentem descobrir quem é a garotinha da foto.
Eis algumas pistas:
1) É atriz e nasceu no ano de 1982.
2) Já participou do Zorra Total interpretando a si mesma.
3) Em novelas, estreou em Páginas da Vida e participou, dentre outras, em: Negócio da China, Tempos Modernos e Passione, todas na Rede Globo.
Boa sorte!


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DA LETE - COLABORAÇÃO: FERNANDA SOUZA


FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 20 - TERCEIRA PARTE - I - AUTORA: SÔNIA FINARDI

CAPÍTULO XX- TORNADOS - PARTE III

No hospital, após serem examinados, Claude e Rosa conversam com Paulo. Frazão e Janete já foram para suas casas.
P: Eu preciso colher o depoimento de vocês dois e da sua empregada lá na delegacia. O delegado quer estar presente, então não vou poder fazer aqui como combinei.  Dez horas, está bom?
C: D`accord. Nós estaremos lá.
R: Paulo, a arma dele ficou lá em casa.
P: Eu vou mandar o meu parceiro pegar hoje mesmo... E o objeto que você feriu ele também foi uma faca, certo?
R: Foi. Mas é uma faca de coleção, vai poder me devolver?
P: Vou ver o que posso fazer, Rosa. Ah! E aquela blusa que você estava, também preciso dela, são provas contra o Julio.
C: Ele vai ficar preso, non é?
P: Ele vai ficar apenas detido, por enquanto na delegacia. Assim que o promotor aceitar a denúncia ele pode ser transferido para um presídio. Mas se ele conseguir um juiz que assine o habeas corpus, ele será solto. Qualquer advogado de porta de cadeia pode fazer isso pra ele.
R: Como assim? Ele quase me violenta e me mata e pode ser solto?
P: Infelizmente é assim. A polícia prende, faz a parte dela. Mas as leis existem. E tem leis e leis nessa nossa justiça brasileira. E a Justiça faz a sua interpretação.
C: Sem contar que ele pode usar o Coutinho, chérie. São farinha do mesmo saco, hã? Bem, podemos ir, investigador?
P: Sim. Estão liberados. Até amanhã.

Ao chegarem em casa, Rosa e Claude encontram o parceiro de Paulo à espera, para recolher a arma, a faca e a blusa. Ele coloca cada objeto em um saquinho, lacra e vai embora.
D: Vocês querem comer alguma coisa? Eu preparo rapidinho.
R: Não, Dadi, obrigada. Tudo que eu quero é tomar um banho e dormir. Se é que eu vou conseguir dormir.
C: Eu também non to com fome non, Dadi. Pode ir dormir. Você também deve estar cansada.
D: Então, uma boa noite pra vocês, vice!
C&R: Boa noite, Dadi.
Rosa chega perto da mesa, onde ainda estão os enfeites que ela separou. Claude chega perto dela, segura suas mãos e quebra o silêncio
C: Rosa, eu nunca senti tanto medo de perder alguém, como eu senti hoje. Non sei, de repente me veio uma necessidade de estar contigo, alguma coisa aqui dentro – e toca o coração – me dizendo que eu precisava estar perto de você, te proteger..
R: Eu entrei em pânico E pensava tanto em você. E ao mesmo tempo tinha medo do que você faria com ele... Eu acho que ele estava drogado além de bêbado.
C: Só de lembrar o que eu vi, quando entrei... quando escutei sua voz pedindo socorro! Mon Dieu, eu senti vontade de jogar ele pela janela, hã? – Ele abraça Rosa, que fica com a cabeça apoiada em seu peito.
R: Mas você quase deixou ele inconsciente, de tanto apanhar! Ainda bem que ele não estava mais armado, porque ele teria atirado em você, pra matar...Amor, vamos subir?
C: Vai na frente, chérie. Eu vou ligar para o Freitas. Melhor ele acompanhar a gente amanhã. Frazon tá mais acostumado a cuidar da parte comercial, administrativa. Eu subo já, hã?
R: Tá bem. – Dá um selinho nele e sobe.
Claude conversa com Freitas, explica o que aconteceu e pede a presença dele na delegacia no dia seguinte, o que Freitas concorda imediatamente.
Quando Claude entra no quarto Rosa já tomara banho e está deitada, tentando ler.
C: Freitas vai estar lá amanhã conosco, chérie.
R: Que bom, mais segurança pra gente.. Vai tomar seu banho vai... Eu preciso muito dormir abraçadinha com você!
C: D `accord. Eu acho que nunca mais vou soltar você dos meus braços, chérie...
Claude toma seu banho, põe seu pijama e vai deitar-se. Rosa se acomoda em seus braços.
R: Amor... eu  não consigo parar de pensar no que o Julio disse sobre o meu pai... eu realmente não tenho idéia do que possa ser...
C: Enton a gente vai ter que perguntar pro S. Giovanni. Talvez non seja nada e ele tenha falado só pra te deixar assim. Pra fazer terrorzinho, hã?
R: Pois ele conseguiu...
C: Rosa... eu to preocupado contigo... você non pode reagir assim, guardar tudo ai dentro hã? Isso non faz bem...
R: Eu sei. Mas estou tão transtornada que não consigo ler, nem chorar...nem dormir!
C: Vem cá... fecha os olhos e  procura relaxar. - E começa a mexer nos cabelos dela. Aos poucos Rosa consegue relaxar e acaba adormecendo. Claude a acomoda melhor na cama e também não consegue dormir. Ele fecha os olhos e fica pensando em como proteger Rosa.
Mas o sono de Rosa é agitado e ela logo acorda. Começa a virar de um lado pra outro.
R: “Melhor eu sair da cama, antes de acordar o Claude” – Pensa e vai se levantando. Porém:
C: Rosa, porque você tá saindo da cama?
R: Porque não queria justamente isso: te acordar.
C: Você non me acordou... porque eu non dormi ainda. Enton, volta aqui. - E a faz deitar-se novamente, dessa vez ele a acomoda de lado (de conchinha), entrelaçando suas pernas com as dela e sua mão recai sobre o abdômen dela.
C: Vamos pensar em outras coisas... Por exemplo, na cegonha, hã? Que tal? – E começa a acariciar seu ventre. – Já posso imaginar você cantando pra ele dormir...
R: Ele?
C: Ou ela. Ou os dois... Mon Dieu, será que eu daria conta de dois??
R: Claude, você quer tanto assim ter um filho?
C: Por que, você non quer?
R: Quero, só não sei se é o momento certo... com tudo isso que ta acontecendo...
C: Isso tudo vai passar... confia no nosso amor, chérie... – Ele busca a boca de Rosa e a beija.
R: Continua falando dos nossos filhos...
C: Ahhh, já ta gostando mais da idéia, hã? Enton, a gente vai levar eles lá pro Parque do Sol, eu quero ensinar eles a andar de bicicleta, empinar pipa é bom também, hã? Jogar futebol... E continua imaginando e falando o que vai fazer... E assim embalados nessa imaginação e nos carinhos um do outro, finalmente dormem.

No dia seguinte, na delegacia.
O delegado toma pessoalmente os depoimentos. Freitas e Antoninho acompanham todo o procedimento.
Primeiro Dadi. Em seguida, Rosa. Claude é último a ser chamado.
Paulo chega assim que Claude entra para depor. Ele se aproxima de Rosa:
P: Rosa, bom dia! Você já depôs?
R: Bom dia, Paulo. Sim, o Claude está lá agora. Por que, alguma novidade?
P: Não... é que eu queria falar com você, pode ser?
R: Claro, fala.
P: Aqui não. Vem na minha sala.
Rosa o acompanha até a sala. Uma típica sala de investigador: mesa abarrotada de papéis e pastas. Ele retira sua arma e guarda na gaveta.
P: Senta um pouco.
R: Eu não posso demorar. Eu quero estar lá fora quando o Claude sair da sala do delegado.
Paulo olha para o lado desgostoso:
R: Rosa eu vou direto ao assunto, que tal um jantar? -Rosa se surpreende com o convite.
R: Ah! È isso! Claro, eu vou ver com o Claude quando ele pode e...
P: Não, Rosa, você não entendeu bem, eu quero... sair pra jantar  com você, te conhecer melhor e...
R: Pára por aí, Paulo. Eu sinto muito, mas acho que você está confundindo as coisas. – Ela levanta e vai até a porta.
- Eu agradeço seu empenho nessa história toda, mas é só isso. Eu sou casada , amo e respeito meu marido. Me desculpe ser tão franca assim, mas é melhor você não criar ilusões a meu respeito.
Paulo respira fundo e nitidamente triste fala:
P: Eu é que peço desculpas, Rosa. Sabia que não ia rolar mesmo. Mas arrisquei. Não sei o que me deu... nunca me insinuei pra nenhuma mulher casada, mas não resisti à você. Se eu tivesse uma chance de mostrar o que estou sentindo por você...
R: Não insista, por favor! Eu fico lisonjeada, mas não posso te oferecer nada além de amizade.
P: Mesmo depois dessa conversa?
R: Paulo, você parece ser um bom homem, bom policial. Tenho certeza que sabe ser um bom amigo também. E vai encontrar alguém que corresponda ao que você merece, mas infelizmente esse alguém não sou eu...
P: Você é especial mesmo! Se eu tivesse te conhecido antes, seria diferente... e eu seria a pessoa mais feliz do mundo por  ter você ao meu lado. Se tiver alguma coisa que eu possa fazer por você é só pedir!
R: Na verdade, tem sim. O Júlio ainda está detido aqui não é?
P: Sim, ele está numa cela, aguardando o advogado dele. Talvez ele seja transferido ainda hoje.
R: Então, será que eu poderia falar com ele?
P: Depois de tudo que ele te fez, você ainda quer falar com ele?
T: Eu preciso de respostas sobre o que ele falou lá em casa, do meu pai!
P: Deve ser muito importante pra você querer isso. Vamos lá. – Eles saem em direção ao corredor. – Vou ver o que consigo com o delegado.

No flat/hotel.
Coutinho atende o celular e depois de uma rápida conversa, desliga.
Cou: Nara! Acorda! O seu querido Júlio fez besteira!
N: Eu quero que ele morra! Me deixa dormir!
Cou: Ele está preso, Nara. Detido em uma delegacia.
N: Mas o que foi que o idiota fez agora? Assaltou uma joalheria?
Cou: Ele invadiu o apartamento do francês e tentou violentar a esposa dele. Só esqueceu que estava sendo vigiado. Foi pego em flagrante.
N: Deixa ele apodrecer na cadeia!
Cou: Você se esquece que ele pode abrir o bico e contar todo o plano. E aí, meu bem, em vez da Suíça, você me encontraria na Bolívia!
N: Maldita hora em que eu voltei pra esse paisinho chamado Brasil! Só me deu dor de cabeça. E agora? O que você tem que fazer?
Cou: Eu vou mandar um advogado que me deve alguns favores lá. Não posso nem pensar em aparecer. Com a prisão desses bicheiros no Rio de Janeiro, eu fiquei ainda mais exposto... Estou pensando seriamente em sumir daqui por uns tempos!
N: Sem os dez milhões de dólares? Nem pensar! Falta pouco, agora! Questão de dias pra essa transferência! Aí a gente vai! Quanto ao Júlio... ele que se entenda com os “amigos” dele.

De volta à delegacia.
Claude termina de depor e junto com Freitas e Antoninho se informam melhor sobre o destino de Júlio e os futuros procedimentos.
Del: O inquérito foi instaurado. Assim que concluirmos as investigações, o processo é passado à promotoria e ai segue pela Justiça. Provavelmente ele vai ser julgado e não só por esse fato. Ele está envolvido em outras questões também... isso só piora o lado dele.
Fre: Nós agradecemos sua colaboração, delegado e de toda sua equipe. Esperamos que realmente a justiça seja feita.
Del: É o que todos nós desejamos. Sujeitos como esse não podem estar na sociedade, pois não conseguem conviver em grupo.
C: Enton, obrigado, passar bem, hã?
Eles saem da sala. Rosa os aguardava no corredor, ao lado de Paulo. Freitas e Antoninho se despedem e voltam pra seus escritórios.
R: Claude, eu pedi pra falar com o Júlio... – Ele não gosta da idéia:
C: Rosa ele já demonstrou que não se importa nem com a vida dele...
R: Eu preciso saber o que ele quis dizer sobre meu pai!
C: Eu vou com você, melhor você non ficar sozinha com ele.
R: O Paulo foi pedir autorização para o Delegado, vamos ver se ele concede.
Alguns minutos depois, Paulo sai da sala.
P: Vinte minutos, Rosa. Foi o que eu consegui.
R: Melhor que nada. Obrigada de novo, Paulo.
P: Não por isso. Venham, eu vou levá-los até onde ele está
Era uma sala pequena, com grades no lugar da porta, um colchão no chão e uma velha cadeira.
P: Acorda rapaz! Você tem visitas!
Julio levanta a cabeça e ao se deparar com Claude e Rosa, fala cinicamente:
Ju: Uau! A que devo a honra de tão ilustres presenças no meu... aconchego? Tá querendo que eu termine o que comecei?
C: Mas você non vale nada mesmo, seu caf...
R: Calma, Claude. Infelizmente eu preciso falar com você, Júlio. Mas espero ser a última vez que escuto sua voz.
Claude se ajeita num canto da sala, sem tirar os olhos de Julio
Ju: E quem disse que eu quero falar com vocês?
R: Eu quero que você me explique essa história do meu pai... o que é que você sabe que eu não sei? Porque você entrou com um processo alegando ser herdeiro do casarão?
Ju: Primeiro, porque eu preciso de dinheiro. E segundo, porque eu sou mesmo herdeiro do casarão, assim como você!
R: A bebida e a droga devem ter afetado seu cérebro... o casarão não tem herdeiros. Os antigos donos deixaram ele para os meus pais como usufruto até eles morrerem.
Ju: Tem certeza, Serafina? Você continua ingênua, acreditando em contos de fadas! Ninguém dá nada de graça pra ninguém. Tudo tem um preço. E você foi o preço desse casarão!
R: Fala de uma vez o que você sabe! Eu não estou entendendo mesmo!
Ju: Você nunca se perguntou por que é tão mais velha que seus irmãos? Nunca estranhou o fato de ser tão diferente deles?
R: O que isso tem a ver Julio? Filhos são assim mesmo, às vezes vem rápido, às vezes demoram mais e às vezes nem chegam...
Ju: Como você é estúpida! – Ele altera o tom de voz. – Sua burra! Os Petroni não são seus pais! Você não é uma Petroni!
Rosa empalidece e procura um lugar para sentar: a velha cadeira. A única que há por lá. Claude se aproxima dela. Rosa apenas olha pra Julio. Aquelas palavras ainda ecoam em seus ouvidos, mas não fazem sentido em seu coração.
Ju: Difícil acreditar, não é? Mas eu vou te contar. Vou fazer um “favor” ao S. Giovanni! Contar uma verdade enfim. Presta atenção porque vou falar de uma vez e sem interrupções, ok?
Rosa apenas concorda com a cabeça. E procura apoio em Claude, que coloca suas mãos nos ombros dela.
Ju: Aquele casal de italianos que veio morar aqui no Brasil tinha um filho. Isso você já sabe. Seu pai, ou melhor, S. Giovanni, veio com os pais dele, que eram empregados do casal. Eles eram Amadeo e Esperanza Delatorre. O filho chamava-se Riccardo Delatorre. Seu pai biológico Serafina!
R: Não! De onde você tirou essa idéia maluca?!
Ju: Quieta! Eu disse sem interrupções, você é surda? Ao que parece os italianos queriam esquecer a Itália, pois pouco falavam dela com o filho. Por mais que ele perguntasse. Então quando ele terminou os estudos, pesquisou muito, por anos. E descobriu meu pai, um primo distante. Nessa época ele já estava na Policia Federal sem os velhos saberem, pois eram contra. Ele foi indicado para a Interpol. Missão: resgatar o meu pai da Itália e trazê-lo ao Brasil, pois a máfia estava caçando o meu pai. Isso foi um choque pra ele, mas aceitou a missão, porque iria finalmente conhecer algum parente. Só que alguma coisa saiu errada, alguém da equipe dele se vendeu. E seu pai morreu tentando resgatar o meu pai, que também foi morto. É, a máfia não perdoa! Isso eu to sentindo na pele.
C: E como é que você sabe de tanta coisa? – Pergunta, desconfiado.
Júlio ignora Claude.
Ju: Quando nossos pais foram mortos, eu já estava no Brasil com minha mãe, no Rio de Janeiro. Devia ter uns cinco anos. E você devia estar nascendo, Serafina.
R: E porque sua mãe procurou os italianos, então?
Ju: Ela estava sempre esperando a hora certa, até que achou um meio fácil de se sustentar: vender a si mesma. E fazia questão de jogar na minha cara que a culpa era minha. E preferiu esquecer os italianos.
R: Porque você está inventando tudo isso, Júlio? Você já me fez tanto mal, no passado, não bastou? O que mais você quer de mim?
Júlio olha para Rosa, por um instante um lampejo de arrependimento passa por seus olhos. Mas ele logo volta à sua realidade, com sorriso falso, irônico.
Ju: Eu só quero o que é meu de direito. Sou tão herdeiro quanto você! Quando seu pai foi pra Itália, não sabia que sua mãe, a biológica, estava grávida. Ela procurou os italianos e eles a acolheram. Sua mãe morreu no parto. O casal já era velho. Os Petroni se prontificaram a adotá-la como filha legítima. Em “agradecimento” o casarão ficou pra você. E eles com o usufruto. Mas você nunca soube, não é mesmo?
C: E como é que você pode saber de tanta coisa? – Insiste Claude.
Ju: Ah! Eu pesquisei muito também. Só que ao contrário de minha mãe eu vim atrás do que era meu! Mas seu Giovanni Petroni, mesmo tendo os documentos em mãos se negou a crer na minha história... Eles conhecem toda a história, Serafina. Eles mentiram pra você.
R: E por isso você me usou, me violentou? Por causa de uma casa?
Ju: No começo era só uma questão de vingança. Mas você me atraáa e muito. Só que aquela conversa de “só depois de casada”, “tenho hora pra chegar em casa”, “já chega Júlio”, foi me cansando. Aí conheci Nara... e o resto você já sabe.
Rosa finalmente se levanta da cadeira e anda de um lado para outro. Ela chega próxima a Julio e dispara:
R: Não pode ser verdade, me prova isso Júlio! Você tem como provar toda essa história?
Ju: S. Giovanni tem documentos que provam quem é você! Peça a ele. O grande defensor da moral e dos bons costumes!
C: E por acaso você viu esses documentos?
Ju: E porque você acha que o velho não gostava de mim? Eu entrei na casa enquanto vocês estavam numa festa do bairro. E procurei até encontrar. Só que ele me pegou, e só não me chamou de santo. Ameaçou chamar a polícia, então eu sumi por um tempo. Depois voltei e conquistei você, Serafina. Foi muito fácil, você era muito sonhadora, inocente mesmo!
R: E você pretendia o que me seduzindo, Júlio?
Ju: Que você me desse o casarão de papel passado. Nem que eu tivesse que casar primeiro e depois me divorciar.
Rosa, num impulso levanta a mão para uma bela bofetada. Mas Júlio a segura pelo pulso:
 Ju: Eu só quero o que é meu. MEU! ENTENDEU SERAFINA? – Grita ele, apertando o braço dela. Claude intervém:
C: Solta ela! Você é louco! Insano! Non pode estar falando sério!
Nesse momento, Paulo aparece.
P: Acabou o tempo. Vocês têm que sair!
R: É, eu preciso de ar puro pra respirar! Esse aqui tá me sufocando! Adeus, Júlio e, por favor, esquece que eu existo!
Eles se afastam de lá. Claude abraça Rosa.
R: Paulo, mais uma vez obrigada!
P: Espero que tenha encontrado as respostas que queria.
R: Não, estas foram as respostas que eu não queria. E pra cada uma delas novas perguntas.