quinta-feira, 6 de setembro de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 17 - SEGUNDA PARTE - AUTORA: SÔNIA FINARDI


Rosa atende ao telefone:
R: Alô! Ah!  Janete, é você. Bom dia !
J: É... Rosa, eu acho que não vai ser um bom dia pra você, não, amiga! Seu pai veio te procurar e quando viu que você não estava aqui, ficou furioso... ele deve estar indo pra aí, Rosa... Só liguei pra te prevenir...
Nesse momento, Claude abre a porta e dá de cara com Seu Giovanni e D. Amália, mas não percebe a fúria do sogro.
C: D. Amália, S. Giovanni! Bom dia! Que surpresa! Entrem por favor!
G: O dia não tem nada de bom, dotore!
Rosa olha pra porta e percebe que o clima vai esquentar...
No telefone:
R: Janete, eles acabam de chegar... eu vou recebê-los... pela carinha da minha mãe, a coisa vai ferver...
J: Ai, Rosa... eu liguei no seu celular, mas só dava caixa postal... desculpa amiga!
R: Que isso, Jane! Valeu pela intenção, olha eu vou lá, senão o S. Giovanni, vai engolir o Claude com os olhos... depois te ligo... tchau...
J: Tchau, Rosa! Boa sorte!
“É eu vou precisar de muita sorte” – Pensa Rosa enquanto desliga o telefone e dá um longo suspiro.

Na sala.
G: Onde está a minha filha?
R: Pai! Mãe! Aconteceu alguma coisa?
A: Filha... - Mas é interrompida pelo marido.
G: Aconteceu, Serafina... que brincadeira é essa aqui no jornal, hum? –E mostra um jornal, onde se via a foto de Claude e Rosa, na recepção ao lado da manchete.
Claude e Rosa se olham. Rosa lê em voz alta:
[red]“ Casal Geraldy assina contrato milionário com empresários americanos”
“O empresário do ramo da construção civil, o engenheiro Claude Geraldy e sua esposa, a arquiteta Serafina Rosa Geraldy assinaram, na noite de ontem, um contrato, de milhões de dólares, que serão usados na construção de casas populares, para pessoas de baixa renda, numa parceria Brasil/EUA. O fato se deu durante uma recepção promovida pelos americanos e que contou com a presença de vários outros profissionais do setor, e alguns convidados especiais, como a atriz Roberta Velmont (...)”
C: Mon Dieu! S. Giovanni, D. Amália, a gente pode explicar, hã?
G: E que explicação o senhore tem pra essa pouca vergonha aqui? O senhore tá de roupão, sozinho com minha filha, na sua casa... e ainda tem roupa em cima do sofá, Amália! E eu acho que é a mesma da foto, Dio Mio! Eu não quero pensar o que estou pensando, Amália mia!
R: Calma, pai... eu posso explicar tudo!
A: Calma, Giovanni, olha o coração!
G: Meu coração tá ferido, Amália... de tristeza, de decepção...
C: Vamos sentar e conversar, hã? Vocês non querem um café, uma água??
G: Não! Queremos apenas uma explicação pra isso que está no jornal. Lá no bairro, estão todos comentando, falando de você Serafina!
C: Chérie, acho que chegou a hora, hã? Eles precisam saber da verdade...
A: Que verdade, filha?
R: Pai, mãe... o que você leram é verdade.. O Claude assinou mesmo um contrato ontem, pra construção das casas, a gente já tinha comentado, lembram?
G: Sei... mas e o resto, filha? Essa história de esposa? Vocês mentiram pras pessoas? Você está morando com este dotore sem se casar, Serafina?
Rosa olha pra Claude, pedindo socorro...
C: S.Giovanni, sua filha non fez nada de errado... Na verdade, Rosa e eu já estamos casados.
G&A: Casados?   Mas como? - continua Giovanni. – Vocês se casaram às escondidas?
R: Pai, calma. Senta um pouco. Eu vou explicar direito. O Claude precisava do visto de permanência pra poder fechar esse contrato. E a única, a última alternativa dele era se casar com uma brasileira... porque não tinha mais tempo pra recorrer. Então a gente se casou “in extremis”, assim de urgência. Mas tudo dentro da lei.  A gente só adiantou as coisas, pulou uma etapa...
G: Você se casou por causa de um contrato, Serafina!? Por dinheiro? E ainda diz que está dentro da lei! Dio Mio! E a lei de Deus, a moral e os bons costumes onde ficam?
R: Não, pai! Não foi por dinheiro! Eu casei, porque eu amo o Claude, e não ia deixar ele perder a chance de realizar o sonho dele, de construir essas casas. Eu sabia que o Senhor não entenderia, por isso não falei nada!
G: E aquela história de ficar noivo, lá em casa, foi só pra enganar a gente?
C: S. Giovanni, ninguém está enganado ninguém aqui, hã? A gente ia contar hoje mesmo pra vocês. Eu queria contar antes, mas Rosa quis esperar a assinatura do contrato, queria contar com calma, pra vocês entenderam a situaçon... E o noivado é pra valer. Eu sei que Rosa quer casar na igreja. Isso a gente vai fazer mesmo.
A: Ah. Serafina! Porque você não me contou? Eu ia te entender, filha!
R: Desculpa, mãe! Eu fiz o que achei melhor...
G: Você mentiu, enganou a gente, escondeu que estava morando com ele e ainda tem coragem de dizer que fez o melhor, Serafina? Eu estou muito decepcionado. Não foi essa educação que nós te demos, filha!
E: Pai! Eu não prejudiquei ninguém. Eu sabia que você não ia entender. Você nunca entendeu, nunca me perdoou por eu sair de casa, estudar, querer construir uma vida diferente! Por isso não contei antes! E não ia fazer diferença. O senhor não consegue entender que eu já cresci, e posso tomar minhas decisões sozinha!
G: E o pessoal do bairro, falando de você? Você não se importa? Não tem vergonha?
R: Ah! Tinha que ser isso! O que os outros falam! O que os outros vão pensar! Eu não me importo com que os outros falam ou pensam de mim, pai! Porque eu sei que sou uma pessoa honesta!
G: Ouviu isso, Amália? Ela ainda me culpa, por querer o bem dela! Por me preocupar com ela! O que um pai não sofre por causa de uma filha ingrata!
R; Ah, não! Pai! Agora eu sou uma filha ingrata?
A: Calma, Giovanni... eles já explicaram. Eles já estão casados! São marido e mulher! E estão felizes!
G: Uma felicidade escondida dos próprios pais! Eu sempre te ensinei a falar a verdade, Serafina! A verdade... Vamos Amália, não tenho mais nada a falar com eles...
C: D. Amália, S. Giovanni, non saiam assin, hã? Vamos conversar mais um pouco, esclarecer melhor suas dúvidas!
G: Não! Eu já esclareci tudo que precisava. E já vi, também, mais do que eu queria ver! – E vai em direção à porta.
R: Mãe... era por isso que eu não queria falar... ele não entende, é um cabeça dura! – Diz Rosa com lágrimas nos olhos!
A: Calma, filha! Dá um tempo pra ele... O Senhor também, Doutor Cloude. Ele vai entender. Demora um pouco, você conhece ele, Serafina. Gosta de controlar todo mundo!
G: Amália! Chega de segredinho! Vamos embora!
A: Tá vendo filha?! Eu aprendi a viver com os defeitos dele. Isso é o amor, não é filha? Eu sei que você está feliz! Eu sei que vocês se amam... Doutor, não deixa minha Serafina sofrer por causa disso. Cuida dela...
C: Eu vou cuidar, D. Amália, sempre. Eu amo Rosa!
A: Eu nunca duvidei disso, meus filhos! Melhor eu ir antes que ele fique mais agitado. Tchau Serafina! Tchau Dr. Cloude. Paciência, tá?
R: Eu vou tentar mãe. Tchau.
Eles saem. Claude abraça Rosa.
R: Você entendeu agora, porque eu não quis falar antes? Meu pai é daqueles italianos que querem dirigir a vida de todo mundo...
C: É o temperamento dele, Rosa. Além do mais ele já tem uma certa idade... a gente precisa compreender. No tempo dele, as coisas eram diferentes, essa queston de moral, da opinion dos outros era muito valorizada... coisa  de europeu mesmo...
R: Ah! Então você, que também é europeu, concorda com meu pai? Também se importa com a opinião dos outros? Com as “fofoquinhas” de vizinhos?
C: Eu non disse isso. Desde que eu non esteja fazendo mal a ninguém, o que eu faço é só de minha conta. Non me interessa o que podem pensar ou falar... E você, chérie, é muito parecida com S. Giovanni: sempre impulsiva, non?
R: É, eu sei... às vezes eu falo sem pensar... e você sabe, não é? Enfio os pés pelas mãos!srrssr
C: Vem, vamos comer alguma coisa!
R: Ah, eu até perdi a fome.  Fiquei muito chateada com isso tudo!
C: Mesmo assim, hã? Vem... nem que for só um suco. Você fez tudo ton perfeito... com tanto carinho... e eu prometi pra sua mãe cuidar de você, oui? Rsrsrsrsrs
Rosa acompanha Claude e eles aproveitam o café, da melhor maneira possível.

Rosa liga pra sua mãe, avisando que não irá ao almoço “em família”, primeiro pela situação e segundo por outro compromisso e fica sabendo que Antoninho também não vai e já imagina por qual razão. Depois de algumas horas, eles vão almoçar na casa de Roberta Vermont, o que fora combinado na recepção.
No almoço estão presentes Roberta, Sérgio, Alabá, Hugo, Antoninho, Rosa e Claude. Frazão e Janete, apesar de convidados, preferiram não ir.
Eles passam a tarde conversando, Rosa acaba revelando a Sergio e Roberta a história de seu casamento e a reação de seu pai. Sérgio diz a ela que S. Giovanni vai acabar entendendo, que é só ciúme de pai. Roberta está cada vez mais encantada com Rosa. Por sua nobreza de caráter, seus valores. Ela conta sobre os filmes de sua carreira, seus prêmios. Depois terminam a tarde num jogo de cartas. Rosa e Claude ganham quase todas e ela esquece por esse tempo de seus problemas.
Ao cair da tarde, eles resolvem voltar pra casa. Rosa pede pra Claude passar no apartamento que ela dividia com Janete, pois queria conversar com amiga. Eles passam por lá, ficam por um tempo e voltam pra casa. Já passava das vinte e três horas...
Assim que entram no apartamento, o telefone toca. Rosa atende. Claude sobe para o quarto.
R: Alô!
T: Silêncio...
R: Alô???!!!
Apenas uma respiração pesada...
R: Ah! Era só o que faltava... trote à essa hora da noite! Oh, pivete,vai passar trote na sua mãe! Ela merece!
E desliga o telefone.
Ela dá uma olhada se tudo está certo na sala e na cozinha e sobe  para  o quarto. Tudo que ela quer no momento é tomar um banho e dormir...
Claude já estava de banho tomado.
R: Você acredita que era um trote? Algum idiota, que ficou só respirando... e era de um telefone público!
C: Só pode ser algum “aborrescente” que non tem o que fazer!
R; Eu vou tomar um banho... rapidinho... me espera?
C: Claro, ma chérie!
Rosa toma seu banho e sai vestida com seu pijama de bichinhos, ainda de cabelos presos. Ela os solta e começa a escová-los. Claude só aprecia sua esposa.
C: Já te disse que te amo muito, hoje?
R: Não... mas ainda dá tempo... você tem dois minutos pra isso – Diz  sorrindo enquanto  olha para o relógio e se deita  na cama...
Claude desliza suas mãos pelos cabelos dela, por sua face, aproxima sua boca e diz bem vagarosamente, ao seu ouvido:
C: Serafina Rosa, eu te amo muito... muito mesmo... E a beija.
R: Você é o amor da minha vida... te amo demais...
Depois Rosa se aninha em seus braços e eles dormem no aconchego um do outro.
Há alguns quilômetros dali, numa esquina próxima a um hotel, Júlio coloca o fone no gancho enquanto planeja sua vingança...

Um comentário:

  1. Sônia gostei do "chilique" de Giovanni, que italiano impulsivo! Está tudo muito bom, mas Júlio está pronto pra dar o bote, o que será que vai aprontar? Legal! Bjs.

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