terça-feira, 18 de setembro de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 19 - SEGUNDA PARTE - AUTORA: SÔNIA FINARDI


C: Mas que confuson é essa? Nara? O que você quer aqui?
Silvia entra logo atrás dela:
S: Desculpe, Dr. Claude, eu tentei impedir que ela entrasse...
C: Tudo bem Silvia. Non se preocupe. Eu cuido disso.
Silvia sai da sala e Nara vai ao encontro de Claude, na intenção de lhe dar um beijo na boca, mas Claude a impede, deixando-a furiosa.
N: Meu querido Claude!  Fugindo dos meus carinhos? Você não costumava fazer isso. Pelo contrário, você os provocava!
C: Nara, o que você veio fazer aqui, hã?  Nós non temos nada pra falar. Nem pra fazer. Quanto aos seus carinhos, eu dispenso.
N: Você não fala sério... Eu te conheço, muito bem... Aquela mulherzinha não deve dar conta do recado com você... e passa as mãos pelo rosto de Claude, provocando-o.
C: Aquela mulherzinha tem nome: Rosa. Rosa Geraldy, minha esposa. E eu non admito que você a insulte.
N: Céus! Você não me parece o mesmo... querido... Mas eu posso resolver isso facilmente – E senta-se na cadeira, virando de frente pra ele, enquanto sobe o vestido, mostrando boa parte de suas pernas...
C: Nara, pare com isso, hã? Você pode aparecer sem roupa aqui. O máximo que eu farei será pedir pra você se vestir! Agora, só me confirme, hã? Você está aqui, porque deseja as ações que eram de seu pai, oui?
N: Uma das coisas é isso mesmo. A outra é você!
C: Enton, você vai embora daqui, muito decepcionada. Porque nenhuma dessas coisas é possível. Nem as ações e muito menos eu estamos à sua disposiçon!
N: Como assim, as ações não estão à minha disposição? Se meu pai morreu, elas agora são minhas... é minha herança!
C: Seria, se seu pai non as tivesse vendido, antes de morrer, hã?
N: Se ele vendeu, então o dinheiro da venda é meu. Dá no mesmo. Onde está depositado esse dinheiro?
C: Mon Dieu, Nara! Você só pensa no dinheiro. Nem perguntou por que ele teve que vender...
N: E que diferença isso faz? Desde que eu veja a cor do dinheiro... e se forem verdes, será perfeito!
C: Você me enoja! Ainda bem que o Dr. Egídio morreu, pra non ver no que você se transformou...
N: Quanta bobagem... eu quero saber onde está esse dinheiro!
C: O dinheiro da venda foi usado pra saldar algumas dívidas dele, com hospital, enfermeiro particular, remédios e com o funeral. O que sobrasse, seria destinado a uma instituiçon de caridade, o que foi feito.
N: O que? O meu dinheiro foi pra alguma entidadezinha que cuida de favelados?
C: Mon Dieu, Nara! Se era só isso que você queria, já pode ir hã? Non tem ações, non tem dinheiro, non tem nada pra você aqui!
N: Claro que tem... você! – E se aproxima dele novamente, se insinuando descaradamente.
Antes que Claude pudesse se esquivar ela o abraça. Nesse momento, Rosa entra na sala, trazendo a lista dos fornecedores.
R: Claude! Eu não acredito no que estou vendo!
C: Calma, chérie! Non é o que parece, o que você está pensando non!
Nara se delicia com a cena. “Tá ficando melhor do que eu queria!” – Pensa.
R: Não! Não é o que estou pensando! É o que estou vendo mesmo! Você e essa... essa  sem vergonha! Abusada! E aqui, Claude?
N: Quanto drama!
R: A conversa ainda não chegou no chiqueiro! Cala a sua boca!
C: Rosa, respira hã? E pensa bem no que você viu, quando entrou... Ela se jogou em cima de mim, me abraçando. Eu não correspondi a isso...
R: E se eu não tivesse entrado, ela ia te beijar, ou sabe-se mais o que... e você também não ia “corresponder”? Meu Deus, Claude! Me poupe!
C: Rosa, você quer parar de entrar na armaçon dela? É isso que ela quer, jogar você contra mim!
R: Claude! Eu não acredito que você teve coragem, de receber-la aqui, depois de tudo que ela fez a você e ao pai dela! Eu acho melhor deixar vocês a sós, pra terminar o que começaram. – Rosa se vira para sair, tentando esconder as lágrimas, mas Claude percebe e a segura pelo braço.
C: Você non vai a lugar algum, mon amour! Quem vai sair daqui é Nara. Mas antes ela vai me ouvir. Eu também tenho algumas verdades pra dizer...

Claude olha para Nara e começa a falar:
C: Nara, você non é bem vinda aqui. Aliás, você non tem mais motivos para estar aqui. Seu pai vendeu as ações para o Frazon depois do AVC. Ele precisava do dinheiro para se cuidar. Então esqueça essa história de ações. Aproveita e me inclua na sua lista de esquecimentos. Você se tornou uma pessoa fria, vingativa, insensível...
N: Se você me ajudar, eu posso voltar a ser como antes!
R: Mas é muito safada!
C: Eu non tenho o mínimo desejo de te ajudar, Nara! Eu amo Rosa. Ela é a mulher de minha vida: honesta, inteligente, tem caráter, sabe compartilhar e respeitar seus desejos, emoções e sonhos. Os dela e os meus. Você é incapaz de compreender isso. Porque você é oca por dentro. É fútil. O que a gente viveu foi só sexo. Como você mesma fazia questão de deixar claro. Você destruiu qualquer chance entre a gente quando me trocou por alguns milhões.  Mon Dieu! Você crê mesmo, que eu poderia querer alguma coisa, com alguém que dá um golpe financeiro no próprio pai, deixando-o à beira da falência?
N: Pára, seu imbecil! Eu não preciso de lição de moral sua! – e caminha para a porta.
C: Eu non acabei ainda: seu pai morreu de desgosto, Nara! Ele non suportou tanta indiferença sua! Se ele estivesse vivo, com certeza morreria de ver a que ponto de vulgaridade você desceu! Aplicando golpes pelo mundo! Sustentando um homem, se é que se pode chamá-lo de homem, sem ofender a espécie humana.
N: Eu não sou obrigada a escutar sermão de você. Você é igual ao meu pai: um sonhador idiota, querendo construir casas pra gente pobre, miserável. Eu odeio pobreza! Fica ai com sua mulherzinha perfeita!
C: Sabe Nara, olhando bem pra você agora, eu posso afirmar que qualquer garota de programa por aí é mais honesta, vale mais que você!
N: Eu odeio você, Claude! Odeio esse seu jeitinho de falar, odeio sua mulherzinha também....e você ainda vai se arrepender de me ofender tanto assim!
C: Isso é uma ameaça, Nara? Porque quem deve se sentir ofendida são as garotas de programa de serem comparadas a você!
N: Entenda como quiser! – E sai, pisando duro, tentando aparentar uma calma que não sentia.
Claude olha para Rosa, respira fundo e a abraça, como se estivesse se salvando de um naufrágio.

Na recepção.
Frazão e Janete cruzam com Nara na porta do elevador. Nara não diz nada e logo aciona o elevador.
F: Mas o que essa aí queria aqui, hem?
J: Eu acho que não é “o que” e sim “quem” ela queria... Sílvia o que aconteceu?
Sílvia explica desde o início até a entrada de Rosa na sala.
F: Santa Madalena!! Ninguém se mexe do lugar! Vocês estão proibidos de passarem por aquela porta, até segunda ordem.

De volta à sala.
C: Rosa? – Diz ele, ainda abraçado a ela. – Você está tremendo, que foi chérie?
R: Essa Nara é muito atrevida! Descarada! Eu estou tremendo de raiva, de ter visto ela se oferecendo pra você. E se eu não chegasse, Claude, o que teria acontecido? Você sentiu algo?  Algum... algum... – E deixa a frase no ar, sem coragem de completar a pergunta, virando-se de costas para ele e se afastando.
C: Desejo por ela? Ele conclui e caminha até ficar atrás dela. – Non. A única mulher que eu desejo, está na minha frente, de costas pra mim, tentando non chorar. E sabe por que eu desejo essa mulher? Porque eu a amo. Um amor que vem lá do fundo de minha alma e me faz querer ser melhor todos os dias... pra continuar merecendo o amor dela também!
Ela se volta para ele e seus olhares se encontram. Rosa já não esconde as lágrimas que escorrem pelo seu rosto.
R: Alguém lá em cima, deve gostar muito de mim... Pra ter colocado você na minha vida, no meu caminho. Será que eu mereço ter você? – Diz tentando parar de chorar.
C: Merece! Merece sim, e eu vou provar isso, hã? – E limpa as lagrimas dela com seus polegares, tomando sua boca num beijo que demonstrava toda a intensidade que suas palavras exprimiram... as mãos de Rosa, vão por entre os cabelos dele,  esquentando ainda mais o clima...
C: Non é só desejo, é fascinaçon, chérie! Você é minha fascinaçon! Nunca duvide disso!
Eles continuam trocando carinhos e quando se dão conta estão no sofá.
R: Melhor parar por aqui, meu amor... antes que alguém nos interrompa...
C: Non... eu quero você, hã? E desliza suas mãos pelo corpo dela.
R: Eu também quero... mas já pensou se o Frazão, ou a Janete entram de repente? Outro dia a Silvia quase enfartou, coitada. Achou que ia ser demitida...
C: Só mais um beijinho, oui? E seu corpo prende o de Rosa, não deixando alternativa pra ela.
Alguns minutos depois, eles ainda no sofá, conversam.
R: Outra ameaça, Claude. Eu estou com medo e você não está levando a sério. Primeiro o Júlio, agora a Nara. Eu sinto que eles não estão falando por falar. Eu estou com medo do que eles possam fazer.
Claude olha para Rosa.
C: D`accord. Se é pra você ficar mais tranqüila, a gente vai hoje mesmo prestar uma queixa contra eles, hã?
R: Eu fico sim, mais tranqüila. – Diz, encostando seu rosto no ombro dele e beijando seu pescoço...
C: Cuidado, chérie! Alguns locais estão com trânsito impedido, temporariamente, para evitar acidentes... foi você mesma quem pediu isso! 
R: Desculpa! Eu...
C: Non, nada de desculpa, agora... mais tarde você tenta de novo, oui? –Interrompe ele, maliciosamente sedutor.
R: Eu só tava pedindo desculpas pela gola da sua camisa...  meu baton ficou nela. Rsrsrsrs.
C: Ficou é? Melhor você explicar pra Dadi, senon ela vai ficar pensando coisas, hã?
Do lado de fora, Frazão e Janete  se aproximam  da porta, como parece tudo calmo, ele bate:
F: Com licença, podemos entrar?
C: Claro, Frazon. Aconteceu alguma coisa?
F: Eu que te pergunto, mon ami... eu cruzei com a Nara, quando cheguei. Ela aprontou alguma por aqui?
R: Que você acha?  Ela veio atrás do Claude... e das ações que eram do pai dela.
J: Mas que ordinária! Ai, desculpa, Claude...
C: Non por isso, Janete. Ela foi bem ordinária mesmo. Até nos ameaçou, non foi chérie? E por falar nisso, nós vamos agora registrar uma queixa contra eles.
F: Eu tenho um amigo, o Paulo, ele é um investigador muito bom. Se vocês quiserem eu vou com vocês até a delegacia que ele trabalha. È aqui perto.
R: Ótimo, Frazão. Melhor mesmo alguém em que a gente possa confiar!
F: Eu vou ligar pra ele, confirmar se ele está na delegacia agora. Um momento, meus queridos. – ele conversa com o investigador e combina a ida deles pra lá.
F: Ok. Tudo acertado. Vamos?

Enquanto isso, “no lado mau da cidade”, Nara entra no seu flat, batendo a porta e gritando pra quem quisesse ouvir.
N: Maldito francês! Maldito! Maldito! – E começa a jogar tudo que encontra para o chão - Eu vou acabar com a sua felicidade! Eu juro que vou! Que ódio! Que raiva! Ahhhhhhhhhh!
Júlio aparece, com cara se quem acaba de acordar...
Jú: Mas que gritaria é essa, Nara? Quer acordar São Paulo inteira é?
N: Cala a boca você também, seu inútil! Acordar!? São quase cinco horas da tarde! Deve ter sido muito “cansativa” sua saída! Eu estou cheia de você, Julio!
Jú: Se for pra eu ficar acordado e escutar suas reclamações, eu prefiro mesmo dormir, ou me “cansar” por aí! Você tá muito estressadinha... que foi o francês não caiu na sua lábia?
N: É pior que isso! Aquele idiota AMA mesmo aquela mulherzinha! E ela... CONFIA, CONFIA! nele. É diferente da gente... eles se completam, dá pra sentir a sintonia que tem entre eles... mas eu vou acabar com essa sintonia... e você vai me ajudar!
Jú: Isso é despeito, Nara? Ou inveja de algo que você nunca teve de nenhum homem, especialmente do francês? Porque você só se interessa por sexo, não se envolve emocionalmente. É fria, distante de afeto!
N: Pára, Júlio! Chega! Eu acabei de ouvir isso dele, mas de você eu não tenho porque ficar ouvindo! Você é igualzinho a mim... por isso nos suportamos! Agora, presta atenção, no que você tem que fazer...
Jú: Desde que não seja matar alguém, é só pedir, querida!
N: Matar? Não! Isso seria muito fácil e simples! Eu quero ver esses dois separados! E ele, eu quero ver arruinado, como homem e como empresário!
Jú: Sabe, Nara... todos esses anos juntos e agora eu estou vendo que não se deve ter você como inimiga!
N: Continue pensando assim, Júlio, e você não terá problemas... comigo!
Jú: Então, diz aí, qual é o seu plano fabuloso?
N: Nós vamos começar, desmoralizando a sua queridinha, ou melhor, a queridinha dele, você pode fazer isso como achar melhor.... depois.... blá, blá ,blá...

Na delegacia.
Claude, Rosa e Frazão entram na sala do investigador Paulo.
F: Paulo, esses são meus amigos e companheiros de trabalho, Claude Geraldy e sua esposa, Serafina Rosa Geraldy.
P: Muito prazer! – E aperta a mão de Claude. – Depois se dirige à Rosa, não sem antes olhá-la dos pés à cabeça, o que também não passa despercebido por Claude. – Senhora Geraldy, como está?
R: Insegura, Dr. Paulo.
P: Eu não sou doutor. Podem me chamar só de Paulo. E porque essa insegurança?
C: Deixa que eu explico, chérie. Claude não gostava do jeito que ele estava se insinuando para Rosa. - Investigardor Paulo, essa história é longa... tudo começou quando eu  e minha esposa fechamos  um contrato com os americanos... um contrato de dez milhões de dólares...
P: Dez milhões de dólares? Uau!
C: Enton, o contrato foi assinado numa recepçon e lá nós encontramos Nara, Júlio e Coutinho que são... blá... blá...blá...
C:... e hoje foi a vez de Nara aparecer em meu escritório, exigindo umas ações que eram do pai dela e que foram vendidas antes de sua morte. Como não conseguiu, ela nos ameaçou, também.
R: E eu estou muito preocupada, porque essa mulher está descompensada! Ela saiu de lá com ódio mortal nos olhos. Ela pode ser capaz de muitas coisas!
P: Sua esposa tem razão, Sr. Geraldy. Uma mulher despeitada é capaz das piores vinganças. Nós vemos isso, quase todos os dias... E alguns homens também perdem a noção... – E olha pra Rosa. – Mas vamos lá. Eu mesmo vou registrar a denúncia. Vai demorar um pouco... algum problema?
C: Nenhum, problema. – “desde que você tire os olhos de minha Rosa” – Pensa Claude, mordido de ciúmes.
Quase uma hora depois Paulo termina de registrar a denúncia, imprime uma cópia e pede que eles leiam se está de acordo. Eles lêem, concordam com a maneira como ele redigiu e assinam o documento.
C: É só isso?
P: Uma via é de vocês. - E entrega a cópia para Rosa.-  A outra fica arquivada aqui na delegacia e uma terceira cópia é salva diretamente no sistema da polícia. Não há como ignorar. Qualquer coisa que eles aprontem, serão identificados na hora. E qualquer suspeita vocês entrem em contato comigo aqui na delegacia ou pessoalmente. Eu vou passar o número do meu celular, caso tenha uma emergência.
R: Já podemos ir, então?
P: Sim, já estão liberados.
R: Então, muito obrigada, por enquanto, Paulo. Não me leve à mal, mas eu espero não precisar dos seus serviços rsrsrsrsrsrs - Diz estendendo a mão para ele, que demora um pouco pra soltá-la.
C: Éh... muito obrigado pela atençon, hã? Vamos, Rosa. Frazon está esperando lá fora.
Frazão está esperando no carro. Até chegarem no carro:
R: Claude, você foi muito mal-educado com o Paulo, saindo daquele jeito. Ele foi tão atencioso com a gente!
C: É, eu vi! Ele foi atencioso demais! Principalmente com você, hã? Até o celular dele ele deu o número! Ele non reparou que você é casada, non? E comigo? E você, toda empolgadinha com ele!
R: Claude! Eu só estava sendo gentil e educada! Você é que está com ciúmes, de novo!
C: Eu? Com ciúmes? – E olha pra ela, com fazendo uma cara de desentendido... Non to non!
R: Tá sim... seu bobo! – Ela pára, já perto do carro, passa os braços ao redor de Claude e o beija, ardentemente – E sem motivos! Porque eu te amo. E nunca vai haver espaço no meu coração pra outra pessoa! Só você!
C: Hummm, acho que vou ter mais crises de ciúmes a partir de hoje. Assim eu ganho um beijo e uma declaraçon de amor! – E  vai beijá-la, quando escuta:
F: Meus queridos, eu sei que vocês se amam, mas isso aqui ainda é uma delegacia! Não dá pra esperar chegar em casa, não?
C: Pára de ser invejoso, Frazon... Porque non trouxe a Janete? Aí você tinha a quem beijar também, hã?
Da porta da delegacia, Paulo os observava.
“Se eu a tivesse conhecido antes! Ou se ela não fosse casada... Seu idiota, se ela não fosse casada, não teria motivos pra vir até aqui!”

Um comentário:

  1. Sônia, muito bom esse capítulo, mas confesso que estou temerosa com essa dupla do mal! O que eles vão aprontar, deve ser coisa muito séria! Vou aguardar pra saber, curiosa.com.

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